POV Riley

Eu estou sentada no meu quarto pensando naquele papel que eu encontrei e esperando meus pais me chamarem pra jantar. 

Contrato de adoção. Essas palavras ficavam rodando na minha mente. Mas eu precisava ter certeza. 

Não é possível. Eu sou os dois. A mistura perfeita dos meus pais. Meus pais.

— Riley! - Minha mãe chamou da cozinha. - Auggie! Venham jantar. 

Todos à mesa. A família perfeita. Meu pai falava alguma coisa sobre as provas bimestrais, minha mãe tinha falado do trabalho e como estão tratando ela diferente desde que ela recebeu a oferta pra trabalhar em Londres.

— Como foi seu dia, querida? - A voz da minha mãe soou doce como sempre.

Foi ótimo! Eu sai com meus amigos depois da aula, ajudei o Auggie com a lição dele e descobri que sou adotada. — Pensei.

— Eu fui pra aula. Depois fui com meus amigos pra lanchonete. Ajudei o Auggie com a lição dele. Fiz minhas atividades. O mesmo de sempre. - Dei um sorriso sem graça.

— A Riley achou minha certidão de nascimento pra mim. - Meu irmão declarou sorridente e orgulhoso.

Minha mãe pareceu prender a respiração por uns segundos.

— A certidão do Auggie? - Ela se virou pra mim e eu considerei contar toda a verdade por uns instantes.

— Ele precisava pra atividade dele. - Decidi não falar sobre isso e enrolei. - Eu sei que você não gosta que eu mexa nos seus papéis, mas eu deixei tudo no lugar.

— Foi difícil de achar? - Meu pai tentou disfarçar a preocupação. - No meio daquela bagunça. No meio de todos os casos e documentos.

— Não! - Fingi rir. - Tinha uma pasta com uma etiqueta "Documentos das crianças". A certidão dele estava bem em cima. Em cima dos papéis da minha adoção.

— A Riles me ajudou no dever e devolveu a certidão pra pasta. - O Auggie explicou. - Ela tomou bastante cuidado, mamãe.

Meus pais se olharam e percebi o alívio no sorriso da minha mãe que não demorou pra continuar o diálogo.

— E como foi o seu dia, Auggie?

— Foi um dia legal! E os meus amigos são legais. Mas a professora nova não medi a gente. Então eu não sei se estou crescendo. E a Ava me adora! E eu nem sei se é porque eu tô crescendo.

— Eu tenho certeza que ela gosta de você mesmo sem saber se você tá crescendo, Auggie! - Ela disse sorrindo.

— A Maya não vem dormir aqui? - Meu pai perguntou. - É sexta.

— Ela tinha planos com o Shawn. Eles ainda não comemoraram a entrada do pedido de adoção da Maya. Acho que vão sair os três no final de semana.

Eles continuaram conversando durante o jantar. Quando terminei o meu prato pedi licença e me levantei.

— Está tudo bem, Riley? - Meu pai perguntou. - Você não falou quase nada.

— Eu tô preocupada com meu teste de espanhol. - Disfarcei - Eu vou estudar um pouco antes de dormir.

Enrolei um pouco na internet. Estudei um pouco de espanhol e física. E fui pra cama. Quando minha mãe foi no meu quarto fingi que já estava dormindo. Mas fiquei horas encarando o teto do quarto sem conseguir fechar os olhos.

POV Stiles

Eu estava chegando a Nova York. Big Apple. Tão diferente da não tão pacata Beacon Hills. Já era noite quando eu cheguei, mas as luzes da cidade faziam parecer que ainda era cedo. 

Estava no metrô tentando adivinhar qual seria o meu terminal quando meu celular começou a tocar. Scott McCall.

— Scott? Como você tá? - Perguntei animado.

— A faculdade é difícil. Mas nada que eu não aguente. E como vai seu treinamento?

— Eu estou em Nova York! 

— O que? - Eu podia ver ele sorrindo do outro lado. - Por que?

— A nova fase do treinamento. A parte investigativa. Vai ser aqui. 

— Como foi a parte física? 

— Eu achei que ia ser um desastre. - Abaixei meu tom de voz. - Mas parece que jogar Lacrosse e salvar a cidade de seres sobrenaturais dá uma super resistência física.

— Por nada! - Ele ria. - Como estão as coisas com a Lydia?

— Está tudo bem. - Eu sorri de leve. - Talvez uma das fases do treinamento seja em Massachusetts. Burocracia.

— E quando você passa pela Califórnia? - Ele perguntou.

— Espero que logo porque eu to morrendo de saudade. - Admiti.

— E só faz uns cinco meses. 

— Na verdade, quatro meses e vinte e três dias. - O corrigi.

— Eu tenho que ir, irmão. A gente se fala depois?

— Claro! Até mais, irmão.

— Eu te amo! - Ele desligou.

Desci na estação e fui ao alojamento. Alguns dos meus companheiros já estavam alojados no prédio. Arrumei minhas coisas, tomei um banho e dormi pra voltar ao treinamento amanhã.