TWD - Quinta Temporada escrita por Gabs


Capítulo 8
Cinco e Meio


Notas iniciais do capítulo

"Ele foi mordido"



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Antes de entrar pela porta principal da casa, já que a garagem estava fechada, dei algumas batidas fortes na porta, chamando o que quer que tenha lá dentro para vir me ver.

E ao não receber nenhuma, praticamente escancarei a porta antes de entrar.

O hall da casa estava todo revirado, havia porta-retratos quebrados no chão, cacos de vidro em todos os lugares possíveis e conforme eu caminhava sob eles, um barulho horrível de coisa se quebrando ainda mais ecoava pela casa. E se antes os caminhantes não me escutaram, agora eles escutaram.

O primeiro lugar que eu fui, logicamente foi para a cozinha. Lógico que por conta da minha baixa expectativa, eu não me surpreendi ao vê-la de ponta cabeça, com parte dos armários quebrados e completamente abertos, a geladeira estava fechada e sinceramente, eu não me arriscava em abri-la. E ao ver que não tinha nada de comível naquele lugar, fui para a sala, na esperança de encontrar alguma arma perdida ali, mas, assim como a cozinha e o hall, o cômodo estava todo revirado, claramente mostrando que outra pessoa já havia passado por lá e pego tudo que tinha de bom ali. Quase nem cheguei a entrar na sala e já sai, indo diretamente para o banheiro. A primeira coisa que abri foi o lugar onde normalmente se guarda as escovas de dentes e remédios, o armário do espelho. Uma pequena alegria brotou dentro de mim assim que vi alguns vidros de remédios e sem nem ver o que eram ou para que serviam, eu os peguei e os enfiei dentro do saco de lixo preto. Depois de revirar todo aquele banheiro e constatar que não havia mais nada, caminhei em direção aos quartos.

Quando terminei de vasculhar a casa inteira e finalmente saí, meu saco de lixo estava apenas meio pesado. Não havia encontrado quase nada, tinha alguns remédios que achei no banheiro, uns anticoncepcionais que encontrei na suíte do casal, algumas roupas que talvez serviriam, uma daquelas facas de colecionadores cheias de frescuras e finalmente, uma lanterna que dei sorte de achar no meio de todo aquele pó desgraçado que estava cobrindo grande parte da garagem.

Mais à frente, na calçada, enquanto desviava de alguns corpos de caminhantes mortos e tentava não pisar em seus sangues, vi que Michonne, Glenn e Rick estavam conversando. Todos os três estavam com seus sacos de lixo mais ou menos na metade, um parecia mais pesado do que o outro e tudo que eu conseguia pensar era: “Que tenham achado coisas melhores do que eu”.

— Podemos colocar os portões das garagens para tapar a falha. – Mich dizia, apontando levemente para a casa de onde tinha saído – Colocamos um carro contra eles até consertarmos. – E assim que notou que eu estava me aproximando, ela se virou para mim – O que acha? Pode funcionar.

Michonne estava mais esperançosa agora. Eu não sabia o que eles tinham conversado durante a minha saída, mas parecia tinham plantado mais esperança dentro daquela mulher.

— Este lugar é cercado por uma floresta. – Rick comentou, antes mesmo que eu pudesse ter a chance de responder à pergunta dela – Não há campo de visão.

— Eu também percebi isso. – Murmurei e ao escutar Michonne respirar fundo, parecendo se controlar para não revirar os olhos, completei – Pode ter certeza que qualquer coisa pode chegar sem percebermos. Deve ter sido o que aconteceu aqui, pessoas chegaram, acabaram com todo mundo e saquearam o lugar.

E assim que eles fizeram menção de começar a caminhar, eu os segui.

— Foi o que houve conosco. – Glenn acrescentou, caminhando ao meu lado, balançando a cabeça negativamente

— Então podemos começar a derrubar as árvores. – Michonne disse, caminhando um pouco mais à frente de nós e assim que parou, se virando para nos olhar, ela completou, parecendo estar a um ponto de perder a paciência – Usaremos elas para erguer os muros. Vejam. – Ela olhou ao redor, antes de se virar e caminhar a passos largos até o buraco no muro, o qual realmente precisava ser arrumado se fossemos ficar lá

Ao segui-la de perto e passar pelo muro, precisei olhar mais de uma vez para ter certeza de que eu não estava louca. Haviam metade de corpos ao nosso redor, jogados no chão, pernas e mais pernas jogadas ali. Olhei ao redor, ignorando o cheiro de cadáver e cravei meus olhos na onde Rick e Michonne olhavam, para os muros. Quem quer que tenha atacado esse lugar, veio por aqui, acertaram todos os muros, abalaram as estruturas e apenas deixaram o resto de concreto espalhado junto com corpos.

— Não importa. – Glenn comentou com a gente

— O quê? – Rick perguntou, desviando o olhar do muro para olhar novamente para os corpos ao nosso redor

— Se você tivesse ou não a matado. – Glenn lhe respondeu e eu quase resmunguei, irritada por sempre voltar ao assunto do Grady – Não importa se foi você, eu, a Gabriela ou o Daryl que a matou. Não importa.

— Washington. – Michonne disse do nada, se virando para nos olhar – O Eugene mentiu sobre a cura. Mas ele pensou em Washington por algum motivo.

— Mas ele estava mentindo. – Murmurei, tentando não soar tão irritada

Claro, eu não fiz o que Abraham fez ao Eugene quando me contaram sobre a grande, grande mentira que aquele homem gordinho nos contou. Mas fiquei muito, muito brava e despejei litros e litros de xingamentos para aquele professorzinho de ciências metido a cientista.

Isso não foi nem o começo.

Lembro da reação de todos quando descobrimos.

Jason só faltou cuspir fogo, e Glenn teve que segurar o militar para que ele não voasse na garganta de Eugene, enquanto Sam se certificava de afastar tudo que poderia matar uma pessoa de perto do seu melhor amigo.

Lembro perfeitamente dos berros da Kylie, dos objetos sendo jogados na direção do professor de ciências e vários, vários palavrões. Tantos que se um dia eu cheguei a achar que era eu que possuía a boca mais suja entre eles, me enganei tremendamente. Aquela mulher de Chicago não negava suas raízes.

— Sobre a cura. – Michonne disse logo depois de mim, afirmando com a cabeça poucas vezes – Mas ele percebeu que em Washington podemos ter uma chance. – Ela desviou o olhar, e olhou para Rick – Estamos perto. E se houver gente lá? Em? – Michonne nos perguntou, alternando o olhar entre nossos rostos – E se for um lugar em que podemos ficar seguros? Estamos a 160 quilômetros de distância. É uma possibilidade. – Ela disse firme, crispando seus lábios – É uma oportunidade. – Aumentou seu tom de voz, nervosa – Ao invés de ficar aqui! Ao invés de só sobreviver! Porque, no momento, sobreviver se parece com isso! – Ela apontou para os corpos desmembrados espalhados ao nosso redor e depois olhou diretamente para Rick – Você não quer ter outra oportunidade?

Ao fundo, o velho e conhecido gemido chegou aos nossos ouvidos e todos nós olhamos para o mesmo lugar, apenas para ver o caminhante se aproximar pelas árvores.

— Vamos sair daqui. – Rick disse e arrancou um suspiro pesado de Michonne, enquanto Glenn já fazia seu caminho de volta para dentro da comunidade destruída – São 160 quilômetros de distância. – E assim que o olhamos, ele completou, sério – Vamos para Washington.

Quando abri minha boca para falar que para mim tudo bem, um grito estridente chegou até os nossos ouvidos, de Noah, pedindo por socorro.

Glenn foi o primeiro a sair correndo, pois já estava lá na frente e assim que nos juntamos a ele, correndo em direção aos gritos do menino, vários pensamentos ruins surgiram em minha mente.

Enquanto corria, seguindo meus amigos e os gritos de ajuda de Noah, amarrei o saco de lixo no cós da minha calça, no lugar onde eu deveria usar cinto e não uso, para ter minhas mãos livres. Nós cortamos caminhos pelos jardins das casas e assim que me pareceu que estávamos perto dele, mais um grito soou, onde dois caminhantes estavam parados e mais um se aproximava.

— NOAH, AGUENTE FIRME! – Glenn berrou, e também chamou a atenção dos caminhantes para nós, o que era bom

O meu amigo coreano atacou o caminhante que se aproximou dele, eu o vi acertar o taco de baseball na lateral da cabeça do morto e o empurrar em direção da parede, para enfim, cravar a faca na cabeça dele.

— Deixa comigo. – Michonne murmurou ao meu lado, sacando sua espada

Enquanto ela se aproximava do caminhante, eu tratei de sacar a minha faca e apressar meus passos para o último caminhante que estava tentando pegar Noah. O segurei pela camiseta, puxando-o pelas costas para mim e afundei minha faca em sua nuca, levantando-a um pouco de um jeito que pegaria em seu cérebro. Joguei o caminhante morto para o lado e tirei o pallet que Noah estava usando como escudo de cima dele, jogando-o em cima do caminhante que tinha acabado de matar. Ao fundo, enquanto limpava minha faca na calça e a guardava no coldre, enquanto Glenn estendia a mão para ajudar o menino a se levantar, escutei Rick ajudar Michonne a matar o caminhante que seria “dela”.

— Você está bem? – Glenn perguntou ao menino, ajudando-o a ficar de pé

— Tyreese! – Foi a única coisa que ele disse

— Onde? – Perguntei rápido, olhando para o seu rosto

— Na minha casa. – Noah me respondeu, como se eu soubesse onde era a casa dele – Ele foi mordido.

Mal tive tempo de sentir o chão se abrir sob meus pés e tive que correr atrás do menino, junto com os outros três da minha família.

Ty...

Passei pela porta da casa de Noah como um foguete e assim como os outros, segui a voz de Tyreese. Nós o encontramos em um quarto de criança, de pé, apoiado em uma mesa, segurando seu braço mordido com muito, muito sangue escorrendo. Seu rosto estava pálido, mostrando o quanto sangue que ele havia perdido e ele... ele estava conversando sozinho.

Ele estava alucinando.

— Não acabou. – Tyreese dizia, olhando para um ponto fixo à sua frente, como se tivesse outra pessoa ali, estava completamente ofegante, e então abaixou a cabeça e começou a chorar, antes de levantar seu braço mordido e ensanguentado para a parede – Não acabou. – Ele repetiu, muito mais sério do que antes – Eu não dei as costas. Continuei acompanhando as notícias para eu poder ajudar! Não vou desistir. Está me ouvindo? – Ele quase gritou – Não vou desistir.

— Ty! – Eu o chamei alto, tentando fazer com que ele nos visse ali

Tyreese respirou fundo, abaixou o braço e segurou a mordida com a mão, deu uns passos para trás, antes de voltar a levantar o olhar e encarar o nada a sua frente.

— Pessoas como eu... – Ele disse, para sua alucinação – Pessoas como eu podem viver. Ninguém vai morrer hoje.

— Droga. – Rick murmurou depressa, atravessou o quarto com rapidez e empurrou Tyreese em direção a parede, o irmão mais velho da Sasha caiu sentado no chão, ofegante – Me ajudem aqui!

Glenn foi o primeiro a se mover e em questão se segundos, ele ficou do lado de Tyreese, enquanto Rick segurava e erguia o braço mordido de Ty para ver o que poderia fazer.

— Segure ele! – Rick ordenou firme

— Pode deixar!

— Michonne!

O coreano segurou com força Tyreese, tentando evitar que ele se mexesse enquanto Michonne sacava sua espada, passava por mim e se aproximava deles.

— Um golpe, limpo! – Rick disse alto novamente, puxando o braço de Tyreese para ele – Vai!

E com um grito de Ty, com um simples gesto com a espada de Michonne, o braço do homem foi amputado. Com rapidez, Glenn pegou uma pequena coberta que estava em cima da cama onde havia um garoto morto e embrulhou o braço amputado de Tyreese com ela. Ele ajudou Rick a levantar o homem do chão e com mais rapidez ainda, nós praticamente voamos para fora daquela casa, com o irmão mais velho parcialmente desmaiado, apoiado nos ombros de Rick.

Nós corremos pelas ruas, refizemos todo o caminho que nos trouxe até a encruzilhada e ao chegar perto do portão, tivemos uma má surpresa. Muitos, muitos caminhantes estavam se jogando contra o portão e a única coisa que os segurava era uma corrente prendendo os dois portões.

— Temos que dar a volta! – Michonne gritou, ela tinha sido a primeira a chegar perto do portão e ver a cena  

Fui a segunda a chegar perto do portão, e assim que fiquei entre os caminhantes e meus amigos, olhei para trás, em busca de instruções.

— Quebre a corrente! – Rick praticamente gritou

— Use o taco! – Glenn disse alto e logo arremessou o taco em minha direção

Sorte minha que por reflexo, eu consegui pegá-lo antes que o taco de madeira batesse em cheio na minha cara. Ajeitei o taco em minhas mãos e me virei para o portão, depois muitos, muitos golpes o cadeado que prendia a corrente finalmente se quebrou.

— Preparem-se! – Berrei, enquanto me afastava um pouco, ao ver a corrente começar a cair no chão

O portão se abriu e os grunhidos dos caminhantes aumentaram. Com a ajuda do taco milagroso de Glenn, empurrei uma das caminhantes que estava vindo para cima de mim e assim que ela se afastou, puxei minha pistola do coldre, mal mirei e atirei. O som dos tiros da minha pistola se mesclaram ao som dos tiros dos outros e assim que todos os caminhantes caíram no chão, finalmente mortos, Rick e Glenn foram pegar novamente Ty, pois ao que parece, tinham deixado ele aos cuidados de Noah... e o menino não era lá muito forte.   

Michonne, Noah e eu corremos na frente deles pela rua, mas não fomos necessariamente uteis até chegarmos nas cercas improvisadas que passamos horas antes. Mesmo sabendo que o arame poderia furar minhas mãos, ao passar primeiro pela cerca eu logo empurrei para cima os arames no alto e com o pé, empurrei para baixo os dois arames médios. Michonne e Noah fizeram a mesma coisa que eu, um de cada lado da cerca, abrindo uma grande passagem para eles.

— Eu te ajudo. – Michonne murmurou, estendendo o braço para segurar o braço de Ty

— Com calma agora. – Glenn disse baixo, enquanto ajudava o homem a se movimentar

Pareceu que só foi eu pensar que Ty já estava mais ou menos dominando de volta suas pernas para eu vê-lo perder o equilíbrio, caindo em cima de Rick, no espaço entre as duas cercas. Glenn e Michonne seguraram o corpo meio desmaiado de Tyreese e ajudaram Rick a voltar a erguê-lo.  

— Um, dois, três!    

Assim que Rick terminou de contar, eles praticamente empurraram Tyreese para o meu lado da cerca.

— Esperem! – Glenn disse alto, e deixou de segurar o corpo dele para tentar livrar o pé de Tyreese da cerca, pois estava preso – Esperem aí.

— Vamos! – Rick resmungou, puxando Tyreese

Larguei as cercas e segurei no braço bom dele, puxando-o para mim.

— Vamos lá, amigo. – Murmurei, quando notei que seus olhos estavam começando a se fechar – Abra os olhos!

Quase caí para trás quando Glenn finalmente conseguiu soltar o pé de Tyreese e todo o peso dele veio para cima de nós. Aquele homem era enorme. O corpo de Tyreese caiu no chão, por conta de seu peso e do nosso cansaço que estava começando a ficar evidente.

— Aguente firme, cara. – Rick disse alto e rápido, lhe dando alguns tapas no peito, tentando deixá-lo acordado – Aguente firme!

— Pegue o pé dele! – Michonne falou bem alto

Escutando o som de um caminhante solitário, dei a volta no copo de Tyreese e enquanto Glenn e Michonne pegavam seus pés, Rick e eu seguramos ele pelos seus ombros. 

— Um, dois, três!

Nós conseguimos levantar o homem mil vezes maior do que nós e no nosso melhor tempo, mais rápido possível, saímos correndo levando ele com a gente, enquanto Noah nos seguia. E depois de todo o sacrifício que foi atravessar parte da floresta carregando Tyreese, quando chegamos ao nosso furgão, abri a porta do passageiro e deixei com que eles colocassem Tyreese lá dentro, enquanto praticamente corria para em sentar no banco do motorista lá na frente.

— Vamos, empurra ele! – Glenn dizia para Rick e Michonne, ele estava do lado de dentro do furgão branco, puxando o corpo de Tyreese para dentro

— Peguei ele! – Rick disse alto, ofegante, quando pareceu perder o equilíbrio

Enquanto eles colocavam Tyreese para dentro do carro, e antes de ligar o furgão, puxei o walkie-talkie e o levei até a minha boca, para avisar aos outros o que estava acontecendo e o que iriamos fazer.

Bom, eles sabiam mais ou menos o que tinha acontecido.

Já eu lhes disse com muita rapidez antes de chegar na casa de Noah.

— Carol, estamos no carro. – Anunciei, enquanto com a mão livre, ligava o furgão – Amputamos o braço dele, mas ainda temos que cauterizar e enfaixá-lo. Mantenha a Sasha e o Carl afastados. Eles não precisam ver isso.

Praticamente joguei o walkie-talkie no colo de Rick, que tinha acabado de se sentar ao meu lado na parte da frente do furgão e coloquei as mãos no volante, para dirigir. Mas ao afundar o meu pé no acelerador, o carro não andou como eu gostaria.

— O que é? – Glenn perguntou lá atrás, depressa – Vamos logo!

— Porra... – Resmunguei baixo, afundando mais uma vez meu pé no acelerador, custando para acreditar que tínhamos atolado – Vamos seu carro de merda, vamos lá...

Durante os longos segundos que meu pé estava afundado no acelerador e os pneus cantavam sem sair do lugar, achei que não sairíamos do lugar, mas ao sentir o solavanco dos pneus se soltando e o carro indo para frente, não consegui pisar no freio antes que batêssemos no carro abandonado na frente. O baque fez com que o porta-malas do outro carro abrisse e de lá de dentro, caísse várias metades de caminhantes em cima do capo do nosso furgão. Perplexa, vi o caminhante sem pernas me encarar pelo vidro, grunhindo, gemendo, com um grande W empalhado em sua testa, assim como os outros caminhantes que estavam com ele. Crispei meus lábios e desta vez, afundei meu pé na ré. Parte dos caminhantes caíram conforme eu manobrava o carro e nem liguei para os que ficaram, pois tratei de tirar Tyreese dali. Durante o trajeto que foi sair da floresta e chegar até a estrada de barro em que viemos para cá, olhei algumas vezes para o espelho do carro, tentando ver como que estava o Ty lá atrás. Tyreese parecia estar muito mais consciente, estava sentado normalmente no banco do passageiro, com os outros, sua cabeça estava apoiada no vidro e ele estava quieto, muito quieto.

Desviei o olhar dele e encarei novamente a estrada de terra, acelerando ainda mais o carro, apertando o volante com minhas duas mãos.

Merda...

— Desligue. – A voz baixa de Tyreese quebrou o silêncio horrível que estava no carro

— Vai ficar tudo bem, cara. – Falei meio alto, depressa, alternando meu olhar entre ele e a estrada – Você vai ficar bem.

E em uma dessas alternadas de olhar, vi seus olhos se fechando lentamente.

— Droga. – Glenn disse alto, se inclinando para checar os batimentos cardíacos do homem – Ele parou de respirar, o coração parou...

Lentamente, muito lentamente mudei meu pé de pedal e pisei no freio, até o carro parar completamente. Assim que o carro parou e todo mundo saiu, desliguei o motor, abri a porta do furgão e saí também, sentindo o vento fraco bater contra o meu rosto e bagunçar meu cabelo.

Com muita dor no coração, observei Glenn e Rick tirarem Tyreese de dentro do carro e deitarem ele no chão, no meio da estrada. Passei a mão pelo cabelo, nervosa, tentando não surtar mais uma vez.

Havíamos perdido Beth a pouco tempo e agora, perdemos mais um da nossa família. Mais uma irmã vai ficar sem seu elo de sangue.

O pior não foi levar o corpo morto de volta para Sasha e escutá-la chorar, o pior foi que em menos de uma semana, estávamos novamente em frente a um tumulo e desta vez, era de Tyreese. E era ter que derramar um pouco de terra em cima de seu corpo, enquanto escutava o Padre ler alguma citação que eu não conhecia da bíblia.

— Não procuramos as coisas visíveis, mas as invisíveis. – O Padre Gabriel dizia, com sua bíblia aberta em mãos – Pois as coisas visíveis duram apenas um momento, enquanto que as invisíveis duram para sempre. Sabemos que quando nossa morada terrestre for destruída, teremos uma feita por Deus. Uma casa não feita pelas mãos, eterna, nos céus.

O Padre fechou a bíblia enquanto Sasha pegava um pouco de terra com a pá para jogar em cima do seu irmão mais velho, ela nos olhou brevemente e jogou a terra, deixou a pá cair no chão e se afastou, para perto de nós.

Rick pegou a pá do chão e terminou de encher o túmulo com a terra, enquanto observava a cruz que tínhamos feito de madeira e a touca que Tyreese sempre usava.

Era mais do que oficial agora.

Mais um membro da nossa família morreu.


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Notas finais do capítulo

Infelizmente mais uma tag pra subir #RipTyreese :'(

Ps: Qualquer errinho me avisem ♥



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