Slytherin Past escrita por Gaia


Capítulo 2
Preparações




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Agora que a sessão eu-odeio-a-minha-vida acabou, posso contar direito o que houve depois da guerra do ano passado. Depois da morte de Dumbledore, todo mundo ficou meio desesperado, o mundo bruxo entrou em colapso e se dividiu entre os Comensais da Morte e os que tinham muito medo para sair na rua.

Eu me encaixava na segunda categoria. Conhecendo Harry Potter, eu realmente não esperava que ele conseguisse matar meu tio, quer dizer, ele nunca foi um aluno muito excepcional. Por Merlin, nunca entendi o que todo mundo via nele... Mas enfim, ele realmente era a única esperança segundo os boatos, mas Potter sumiu logo depois do enterro do diretor e, depois das férias, ninguém mais o viu.

Resumindo, estávamos todos perdidos.

Com Dumbledore morto, meus pais trouxas não me deixaram ir para Hogwarts e nós tivemos que nos mudar, já que os Comensais estavam atrás dos sangue-ruins e eu supostamente era uma. Só Suzanna, Beatrice, Rabastan e a pessoa com o nome que começa com D sabiam da verdade e eles estavam bem longe de mim.

Suzanna, sendo a pessoa estudiosa que ela é, acabou voltando para Hogwarts, que agora tinha como diretor ninguém menos que Snape. Pois é, para vocês verem como as coisas estavam mesmo feias. Deixaram aquele traidor como diretor e eu não podia fazer nada...

Enfim, nós não tínhamos contato com ela e era difícil não saber se ela estava bem. CeCe, apesar de ser sangue-pura e da Sonserina, era de uma família que tinha fortes influências no mundo bruxo, mas sempre ficaram em cima do muro em questões de tolerância a trouxas... Então os pais dela preferiram que ela ficasse em casa, pela sua segurança mesmo. Ela estava odiando mais do que todos nós, já que ficar em casa a fazia lembrar-se de seu irmão falecido.

E Jesse, bom, com tudo o que estava acontecendo eu acabei não descobrindo a verdadeira história dele, mas nesse ano ele não me escaparia... De qualquer jeito, Jesse acabou ficando fora de Hogwarts também, sabe-se lá porque.

— Mãe! – gritei, em um belo dia do verão de setembro. Eu me sentia relativamente bem por não estar me preparando para ir para o Salão Principal para a cerimônia do Chapéu Seletor.

— Fala, Lizzie. – ela me respondeu em um tom cansado de quem já não aguentava mais ouvir a minha voz. Bom, quem mandou não me deixar ir pra escola?

— Cadê a Rustie?

Ficar dentro da gaiola por muito tempo estava deixando minha pobre coruja louca. Mal ela sabia que não voltaríamos para Hogwarts e ela não voaria por ai por um bom tempo.

— Eu deixei ela sair por um tempo, parecia tão angustiada na gaiola. – minha mãe respondeu e eu soltei um pigarro.

— Mãe! – exclamei. – Estamos em plena Londres, esqueceu? A gente se mudou da área rural, as pessoas aqui da cidade não estão acostumadas a ver corujas voando por ai!

— Eu sei, Lizzie, mas ela precisa de liberdade...

Suspirei. Legal, minha mãe tinha mandado minha coruja para a morte. Em uma cidade como Londres, com certeza ela seria atropelada por um avião ou enforcada por uma pipa de algum pivete idiota. Com a esperança de que ela achasse o caminho de volta, deixei a gaiola aberta no parapeito da minha janela e sentei na minha cama.

Apesar de gostar das minhas férias prolongadas, me custava pensar que muitos trouxas estavam morrendo à toa e Hogwarts provavelmente vivia em caos nas mãos de Snape. Tudo por causa do idiota do meu tio.

Perdida em meus pensamentos, não percebi quando minha mãe entrou no quarto com uma bandeja cheia de delícias. Eu sabia que ela estava tentando compensar todos os anos que mentiu pra mim, mas não reclamava.

Depois que eu cheguei, eu confrontei meus pais sobre o meu passado e eles admitiram que mentiram sobre me adotar, mas que não sabiam de mais nada sobre meu passado. Eu não os culpava, quer dizer, se um bruxo chegasse pra mim e falasse que era melhor eu mentir para a minha filha do que ela descobrir que é sobrinha do pior bruxo de todos os tempos, eu também mentiria.

Mas eu também não podia negar todos aqueles mimos, certo? Peguei a bandeja e agradeci.

— Seu primo Bolinha ligou, ele está vindo com aquela sua amiga pra cá.

— CeCe, mãe, com a CeCe. – resmunguei, em sete anos, ela ainda não sabia o nome das únicas amigas que eu tinha na escola. Mas eu podia deixá-la chamar Jesse de Bolinha, porque era simplesmente muito engraçado para deixar passar.

Rustie ainda não tinha voltado quando eles entraram no meu quarto de mão dadas. Ótimo, era tão legal ficar de vela.

— É tão estranho não estar em Hogwarts! – CeCe disse, assim que me viu. Depois se jogou nos meus braços e se esparramou na minha cama com um suspiro que me parecia de tédio.

— Oi pra você também, Ce. – murmurei, dando um soquinho nela.

Jesse me abraçou e eu sorri para ele.

— E ai, prima?

Apesar de CeCe ser a mulher na ocasião, Jesse era o que mais percebia a minha tristeza. Ele provavelmente achava que eu ainda estava mal por causa de Dumbledore, então não questionava a minha expressão de dor, mas sempre a notava. E isso era mais do que eu podia pedir de alguém.

— Estou bem. – respondi com um sorriso forçado. – E você?

— Também.

CeCe começou a assobiar e eu revirei os olhos achando graça, ela se entediava muito fácil. Peguei a mão dela e a fiz sentar.

— Qual é o plano para as nossas férias prolongadas? – eu perguntei e Beatrice riu, animada.

— Você quer dizer nosso plano para a vida, né? Precisamos decidir no que vamos trabalhar, já que não vamos nos formar. Fora que estamos em plena guerra e...

Arregalei os olhos e CeCe soltou um gritinho histérico.

— Jesse! – ela berrou. – Que tipo de pensamento é esse?

— Realista...?

— Não! Não, não, não! – ela disse e negava com a cabeça como se as palavras não fossem suficientes. – Escuta, ganhamos um ano de graça para não fazermos absolutamente nada da vida. Então, se esse caos acabar e voltarmos pra Hogwarts ano que vem, dai sim nós nos formamos e decidimos o que faremos. Mas esse ano foi um presente, ok? Não podemos desperdiçar!

Eu gostava da forma que a CeCe via as coisas, mas eu quase consegui imaginar Su dizendo o quão absurdo aquilo soava.

— Eu concordo. – falei, para afastar meus pensamentos dolorosos, porque sabia que eles me guiariam para outra pessoa se eu não parasse.

Jesse bufou.

— Tem tantas coisas erradas nesse pensamento... – ele começou, mas parou assim que viu nossas expressões. – Tudo bem, tudo bem. O que faremos, então? 

CeCe sorriu, excitada e deu um selinho no seu namorado, fazendo meu coração apertar ainda mais. Eu estava muito deprimida para pensar em alguma coisa para fazer nas férias. A verdade era que eu podia ficar o dia inteiro de cama sem me importar.

— Eu não sei. – ela disse, claramente decepcionada consigo mesma. – Queria que Suzanna estivesse aqui, ela sempre tem boas ideias...

Vi a expressão de CeCe ir de animada para completamente miserável e percebi que ela estava tão deprimida quanto eu. Ela só sabia disfarçar melhor.

— Meninas, vocês acabaram de mandar eu ter pensamento positivo... – Jesse disse, segurando a mão da namorada com força. – Eu sei que é difícil, mas talvez Hogwarts não esteja tão ruim assim. Além do mais, Suzanna é da Sonserina, duvido muito que Snape esteja pegando no pé dela.

Eu e CeCe suspiramos ao mesmo tempo e sorrimos. Era verdade, não podíamos nos dar ao luxo de pensar no pior.

— Viu, Liz, finalmente escolhi um namorado mais inteligente que eu. – ela disse e eu ri. Era verdade.

Jesse realmente era inteligente e ele já tinha percebido há um tempo que estávamos escondendo alguma coisa dele. Eu não podia passar as férias inteiras com ele sem contar sobre tudo o que aconteceu. Ele merecia saber pelo menos que eu não era sua prima de verdade...

Dei um olhar cheio de intenções para CeCe, mas ela retrucou com um alerta, comunicando silenciosamente que não queria que eu contasse. Obedeci, afinal, ela sabia mais sobre o que era melhor para ele do que eu e, não ousaria contestá-la.

— Eu já volto. – Jesse disse. – Seus pais queriam dar algumas coisas para os meus pais, eu disse que ia subir só pra te dar oi...

Eu e CeCe acenamos automaticamente com a cabeça e a loira virou-se pra mim assim que a porta fechou-se atrás de Jesse.

— Liz! O que raios você está fazendo?! Você não tinha que encontrar os seus pais? Você-Sabe-Quem está atrás de você e você está simplesmente brincando de férias? – ela exclamou indignada, constantemente olhando para a porta para ver se Jesse voltava.

Eu já sabia daquele destino desde o ano passado. Eu sabia que eu ia atrás dos meus pais mais cedo ou mais tarde, tinha prometido a Rabastan. Mas eu estava adiando aquilo o máximo possível. Talvez porque eu não quisesse realmente conhecer os meus pais verdadeiros.

— Por isso eu me mudei. – murmurei, mesmo sabendo que ela estava certa. – CeCe, o que eu devo fazer? Sair por ai sozinha tentando achar meus pais com a dica completamente vaga que Rabastan me deu? O mundo bruxo está em guerra, nenhum lugar é salvo!

— Muito menos a sua casa, Liz! – ela disse. – Escuta, precisamos sair daqui. Você precisa confiar em Rabastan, se ele disse que ficar com os seus pais é mais seguro, precisamos achá-los! 

Respirei fundo.

Nós não precisamos fazer nada. Se eu for atrás dos meus pais, eu vou sozinha, não vou te arrastar comigo. – afirmei.

— Claro, porque você vai sobreviver sozinha. Nem tente insistir, eu vou com você. Eu e Jesse somos sangue-puro, se alguém pegar a gente, ainda temos chances de sairmos impune. Se você for sozinha, vai inventar o que?

Ela tinha um ponto.

— Você soou como Suzanna... – murmurei cabisbaixa.

— Eu também queria que ela fosse com a gente, só Merlin sabe como seria de grande ajuda, mas não podemos tirá-la de Hogwarts, lá ela está salva. – CeCe argumentou e eu acenei. Apreciei o fato dela querer se arriscar para me deixar com os meus pais, eu não sabia que ela era tão altruísta.

— Eu nem sei por onde começar. – admiti.

Beatrice sentou-se na minha escrivaninha e pegou um papel e lápis.

— Pelo começo. Que desculpa inventaremos para Jesse? – ela perguntou e eu me surpreendi com o seu tom indiferente. Ela não estava brava comigo por não contarmos a verdade para o meu primo.


— Vamos... Eu não faço a menor ideia.

— Eu não sei como você foi para a Sonserina. – CeCe suspirou e escreveu alguma coisa no papel. Pensei em explicar pra ela exatamente os motivos, mas queria poupá-la da minha morbidez. – Deixa que eu cuido de Jesse. O que você vai fazer com os seus pais?

Pensei rápido. Se eu fosse realmente em uma jornada suicida para encontrar meus pais verdadeiros, eu teria que proteger os meus adotivos, eles não podiam ficar em casa à mercê das torturas dos Comensais da Morte para descobrir onde eu estava.

— Vamos colocar feitiços de proteção na casa e colocar alguns vampiros para fingirmos que eles estão doentes. E mandá-los de férias. Se eles viajarem, enquanto acharem que eles estão doentes, não deixarão rastros, certo? – perguntei, incerta. CeCe concordou.

— Sem Suzanna aqui, essa é a melhor ideia que temos. – ela anotou mais algumas coisas no papel.

— Não é meio burrice anotar todos os nossos passos em um papel? E se alguém achar? Como Jesse ou um Comensal da Morte? – perguntei, achando graça.

Beatrice revirou os olhos.

— Vou queimar esse papel, né, Liz? É só para agora. Preciso de uma mapa mental.

Suspirei, não ia discutir com as metodologias de CeCe, ainda mais que ela estava se propondo a me ajudar.

— Onde vamos arranjar vampiros? – ela perguntou.

— Travessa do Tranco. – respondi imediatamente, lembrando da Borgin & Burkes. – Precisamos passar na Borgin & Burkes de qualquer forma. Preciso saber onde está Rabastan, só ele sabe onde meus pais estão. Achando Rabastan, achamos meus pais.

— Mas o que exatamente Rabastan disse pra você? Que você ia se lembrar de alguma coisa e que isso ia te ajudar a saber a localização deles. Acho que ele não quer ser encontrado, Liz. – CeCe retrucou e eu revirei os olhos.

— Eu não estou nem ai para o que ele quer ou não, ele que me envolveu nisso. Não vou ficar forçando minha mente para me lembrar de alguma memória vaga. É mais fácil encontrá-lo e perguntar.

Ela bufou, estava prestes a retrucar, quando a porta se abriu e Jesse entrou. Eu e ela nos encaramos com um olhar de súplica e percebemos que aquilo seria mais difícil do que pensávamos.


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Notas finais do capítulo

Oie, cap novo pra vocês ♥
espero que tenha gostado!

Beijão



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