Já vestido entrei no local do acampamento e peguei uma maçã para comer. Fui falar com Thalia sobre o porquê de elas estarem desmontando acampamento.

     -Me decidi, -ela disse. –Vou com vocês e as caçadoras vão com Lady Artemis em direção à Califórnia, o mais longe possível disso.

     -As coisas estranhas também estão acontecendo lá, Thalia.

     -Estraga prazeres! –Ela me deu língua e foi falar com uma caçadora.

     Eu fui para perto de Anna que estava debruçada sobre um mapa com Annabeth e Robert junto. Era um mapa com indicações de rodovias e estradas. Alguém havia marcado com marca-texto amarelo uma rota até Nova York.

     -É por ai que voltamos?

     -Sim, e partimos daqui a pouco. –Falou Annabeth.

     -Ok. Onde está o Percy? –Ela me olhou, depois olhou em volta e de volta a mim.

    -Na verdade eu não faço a menor ideia, a algum tempo ele disse que iria dar uma volta.

     Me distanciei do grupo. Reconheci minha mochila jogada em um canto, fui até ela e sentei ao seu lado. Fiquei pensando no conteúdo da carta enquanto observava Robert ao lado das garotas.

     “Vamos raciocinar.” Pensei comigo mesmo. “Quais seriam os motivos para meu pai me pedir para não confiar no Robert? ... Quais os meus motivos para confiar no Robert? Não sabemos que ele é de verdade, de quem ele é filho, se ele esta apenas se fazendo de idiota ou não sabe de nada do nosso mundo mesmo... Pensando bem, dessa vez nem vai ser tão difícil fazer o que papai pede!”

     Do nada começo a ouvir um barulho estranho vindo da floresta que me desperta de meus pensamentos. Era como... como... Como se Percy estivesse sendo atacado pelas três fúrias! É, era isso que acontecia.

     Percy vinha recuando de costas enquanto as três o atacavam juntas. Sem pensar corri até os quatro com minha espada na mão. Era muito bom sentir a adrenalina percorrer cada misero centímetro do meu corpo, isso me incentivava ainda mais.

     Pulei no pescoço de uma delas que flutuava e cravei minha espada em seu peito, não exatamente no coração por que a minha sorte não era tanta. A fúria com raiva me jogou no chão, eu cai obviamente, mas minha espada continuou cravada em seu peito.

     Annabeth veio correndo em seguida e, invisível, puxou minha espada da fúria e jogou a para mim. Eu a peguei no ar e voltei a luta.

     A flecha de ouro de Anna acertava os monstro e depois desaparecia, repetindo esse ato várias e várias vezes. Contudo além das flechas conhecidas de Anna, haviam flechas comuns de bronze celestial, que hora e outra apareciam em forma de chuva aos montes em cima das fúrias.

     As três agora estavam espalhando sua raiva por todo o acampamento. E as caçadoras não paravam de atirar suas flechas. Todos nós estávamos ficando cansados, principalmente Percy que já lutava com as três a mais tempo.

     -Thalia! –Gritei chamando minha prima que estava próxima. –Me de cobertura! –Ela chegou mais perto de mim e começou a lançar raios na direção das fúrias.

     Ajoelhei-me e enfiei com toda minha força minha espada no chão. Convoquei em grego forças de antigos guerreiros para nos ajudar na batalha. Quando puxei minha espada do chão uns vinte fantasmas saltaram para fora do pequeno buraco e ficaram em formação esperando minhas ordens.

     -Levem aquelas bruxas de volta para o Hades! –Eu os ordenei e eles se dividiram em três grupos de ataque. Pelo uniforme percebi que os soldados haviam lutado por Napoleão.

     Poucos minutos depois os espíritos se encarregaram de levar embora as fúrias. Como forma de pagamento joguei na pequena fenda no chão um misto quente.

     Me deitei na grama observando o céu escuro apesar do sol brilhar fracamente. Anna veio e se deitou ao meu lado.

     -Você sabia que esta com a cabeça sanguando? –Ela perguntou, e logo após minha cabeça começou a latejar.

     -Acabo de saber. –Falei desanimado. –Olha o tempo, não que eu goste de dias felizes e ensolarados, mas isso esta me deixando aflito.

     -Ainda mais a mim que gosto de dias “felizes e ensolarados”.

     Ouvi uma caçadora passar chorando por nós. Me virei para ver o que estava acontecendo e vi uma pequena multidão de pessoas em volta de alguma coisa. Me levantei junto com Ana para ir ver o que era. “Não deve ser boa coisa, cheira a morte.” Pensei.

     As garotas abriram caminho para eu passa e vi a menina morena que havia nos trazido aqui, seu nome era Jane, Janett, Jenifer...

     -Jéssica! –Anna falou horrorizada se ajoelhando ao lado da menina. Anna olhou para mim, assim como Annabeth, Percy e Thalia.

     Cheguei perto dela e toquei sua testa e depois falei baixo para meus amigos.

     -Não há nada que possamos fazer. Vocês tem dois minutos e meio. Não se preocupem, –tentei sorrir. –Ela vai para o Elísio.

     Me afastei do grupo e voltei a deita no chão gramado. Por mais incrível que possa parecer, é mais difícil para mim do que para eles lidar com a morte. Nunca mais na vida vão voltar a ver a menina outra vez, já eu posso acabar passeando pelo reino de meu pai e encontrar Jéssica, a fantasma, vagando por lá. E é claro que não vai ser uma cena muito agradável de se ver, assim como meu encontro com Bianca.

     Depois de umas duas horas de choradeira mais o almoço conseguimos deixar tudo certo para a nossa saída. E é claro que essa só aconteceu após o devido enterro da menina, no qual fui chamado de insensível por três meninas. Fomos indo embora em silêncio e eu tive a sensação de que estava esquecendo alguma coisa.

     Quando passamos pela porteira do parque, eu me virei para meus amigos, e na hora lembrei do que eu havia esquecido.

     -Filho da puta! –Eu gritei. –A ele vai ver só!

     -O que foi Nico, você me assustou!

     -Sanders, cadê ele?

     -Quem? –Perguntou Thalia.

     -Robert, Robert Sanders, cadê ele?