Forever *One-shot* escrita por EviGrangerChase


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Oláá galerinha!! Essa é uma one que eu fiz depois de uma ideia que surgiu quando terminei de ler pela milésima vez PJO e HDO. Espero que gostem, fiz ela com bastante carinho!! Sei que ela tá meio grandinha, mas se gostarem, mandem reviews hahah Kisses *.*



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POV Annabeth

A noite do Solstício de Verão não estava muito quente, mas estava estrelada. Uma brisa fresca fazia meus braços nus se arrepiarem, não estava acostumada a usar vestidos, ainda mais longos como o que estava usando.  Me aproximei de Percy para me esquentar e ele passou um braço por minhas costas distraidamente, seu abraço era quente e aconchegante.

Percy estava entretido em uma conversa com Jason, mas eu não estava muito ligada no assunto. Até poucos minutos atrás estava conversando com Piper, comentando a demora dos outros a chegar. Estávamos em frente ao Empire State Building, esperando nossos amigos para subir, mas a demora estava nos preocupando. Provavelmente estávamos atraindo monstros, ainda mais que Jason e Percy estavam ali.

— Deveríamos entrar e pedir ao porteiro para avisar que já subimos – falou Piper enquanto mexia em uma mexa de cabelo, mostrando seu nervosismo. Por ser filha de Afrodite, Piper já tinha uma graça natural, mas nessa noite ela estava linda. Ela usava um cropped branco, sem estampas, mostrando uma pequena parte do abdômen. Sua saia era longa em um tom claro de rosa, ressaltando a pele morena. O cabelo longo e escuro estava semi-preso e caia por seus ombros. A maquiagem leve mostrava que não queria chamar atenção, apesar de isso ser difícil para ela. 

— Eu concordo, não estou gostando muito de ficar aqui esperando – falou Jason. Ele também estava bonito. A camisa social azul realçava a cor dos olhos e os óculos davam um charme especial.

Segurei a mão de Percy e seguimos com Jason e Piper para o saguão do Edifício.  Estava um pouco desconfortável em meus sapatos de salto, mas não era impossível. Olhei para Percy e vi que ele me encarava e erubesci pela intensidade de seu olhar. Lembrei-me de algo que fez meu coração saltitar feliz e meus olhos quase lacrimejarem novamente. Os olhos verde-mar estavam ainda mais intensos devido à camisa verde, mas não era isso que havia me emocionado, e sim a lembrança do que pensei que poderia ter sido nosso último dia. Em meio as ruínas do templo dedicado a Poseidon e Atena, em Atenas, Percy havia me beijado por um longo tempo e dito: “A rivalidade termina aqui. Eu amo você, Sabidinha”. E eu acho que alguma coisa ainda estava derretida dentro de mim depois disso.

Antes que pudéssemos falar com o porteiro, as vans do Acampamento Meio-Sangue pararam em frente a porta. Dezenas de campistas, tanto do acampamento grego como do romano, desceram das vans em trajes de gala. Sim, isso foi uma exigência escrita no convite recebido algumas semanas atrás por alguns campistas. As vezes os deuses eram um pouco exagerados, mas como era uma festa olimpiana, ninguém reclamou muito.

Mas você deve estar se perguntando por que está acontecendo essa festa. Acredite ou não, é para comemorar a vitória sobre as forças de Gaia. Isso mesmo, quase um ano depois os deuses resolvem comemorar. Acho que imortais não possuíam muita percepção de tempo.

De qualquer forma, foi bom rever meus amigos. Frank e Hazel vieram na frente. Frank, não sei se estava mais alto ou eu que havia esquecido, usava uma camisa roxa, da cor dos romanos e vinha de mãos dadas com Hazel, que parecia mais velha do que seus 14 anos. Usava um longo vestido roxo, com apenas uma alça cheia de pedrinhas. Os olhos dourados brilhavam como ouro líquido e os longos cabelos cacheados estavam soltos e caiam pelas costas.

Logo atrás vinha Reyna, conversando com Rachel. Eu nunca havia visto Reyna com alguma outra roupa que não fosse uma armadura, mas hoje ela estava com um lindo vestido dourado brilhante e com um decote ousado. Usava algumas joias de pedras roxas, e os longos cabelos castanhos caiam em ondas pelas costas. Já Rachel usava um simples vestido verde, com seus cabelos ruivos brilhando como chamas. Ela parecia mais alegre depois que recuperara o poder do Oráculo de Delfos, e seus olhos também pareciam mais verdes e brilhantes.

No meio de alguns campistas, vi Will e Nico de mãos dadas. Bom, era difícil não ver Will com sua camisa amarela, completamente diferente de Nico, que estava todo de preto. Nico havia ficado mais simpático e amigável depois que começara a namorar Will, acho que estava fazendo bem para ele.

E por último, veio o casal mais improvável de todos. Leo entrou de mãos dadas com Thalia. Eu sei, eu sei, você vai dizer que Leo estava com Calipso e blá-blá-blá, mas a verdade é que ela nunca quis realmente ficar com ele e alguns meses atrás deixou Leo sozinho e magoado. Depois de tudo que ele fizera por ela, era uma imensa ingratidão ir embora com desculpas fajutas. O acontecido ainda fazia minha mão coçar de vontade de bater naquela carinha de anjo que Calipso exibia, não só por Leo, mas pela maldição que ela me lançara no Tártaro. No entanto, justo no dia que Calipso foi embora, as Caçadoras estavam passando um tempo no Acampamento Meio-Sangue, e Thalia acabou se envolvendo demais, e quando viu, não havia mais volta e teve que deixar a Caçada. Mas eles não pareciam se importar, sorriam felizes ao virem até nós.

Leo estava um pouco chamativo, usando uma camisa vermelha e suspensórios, mas Thalia estava linda em um vestido cinza escuro e que ia clareando até ficar branco no final da saia. Os cabelos agora estavam compridos e ela havia feito alguns cachos, que caiam pelos ombros.

Cumprimentei todos eles com um abraço e subimos em grupos pelo elevador. Fiquei em frente a um espelho e pude ver meu reflexo. Eu estava praticamente irreconhecível depois que Piper me ajudara a me vestir. Meus cabelos louros caiam em ondas pelas costas, e meu vestido em tons claros de azul e branco deixava meus olhos cinzas quase a mesma cor. No dedo anelar da mão direita eu usava o anel que Percy havia me dado, uma delicada corujinha de olhos de safira.

A subida passou rápido e o Olimpo estava lindo como sempre, iluminado por tochas que não se apagavam. Passar de mão dadas com Percy pelas ruas que eu havia desenhado me encheu de orgulho, afinal, quem sabe agora teríamos um pouco de sossego.

Passamos pelas enormes portas douradas e nos deparamos com os 12 deuses sentados em seus tronos, com mais de três metros de altura, em silêncio, esperando por nós. Alguns nos olhando, outros distraídos com alguma coisa. Não é fácil ver os deuses em silêncio, ainda mais todos reunidos em um solstício, e aquilo fez um arrepio percorrer minha pele, como se de alguma forma eu fosse culpada.

Olhei para cada um dos deuses. Zeus, ao centro, parecia o mais velho, com a barba preta misturada a fios grisalhos, vestia  uma camisa da cor das nuvens e terno bem cortado; Hera, sua esposa sentada ao seu lado, estava com sua expressão de desagrado usual, os longos cabelos castanhos caiam em cachos, presos por uma coroa dourada, e seu vestido branco brilhava como se pavões passassem por ele; ao seu lado, Deméter tinha uma expressão indecifrável, com longos cabelos louros presos em um coque elegante e um simples vestido bege; minha mãe, Atena, ao seu lado, abriu um sorriso ao me ver, trajava um longo vestido azul escuro e brilhante, com os cachos negros caindo pelas costas; ao seu lado, Ártemis usava um longo vestido prata e os cabelos castanhos-avermelhados caiam soltos pelas costas, parecia triste ao olhar para Thalia; Afrodite sorria como se não pudesse estar mais feliz em nos ver, trajava um vestido vermelho justo e decotado, seus longos cabelos loiros caiam em cascata pelos ombros; e por último, deste lado, Dionísio, com a expressão de desinteresse usual, mas mais bem arrumado do que normalmente, vestindo uma camisa roxa por baixo de um terno e mais magro e jovem do que aparecia no acampamento.

Do outro lado de Zeus, estava sentado Poseidon, mais jovem do que normalmente aparecia e que por um momento de deixou confusa tamanha era sua semelhança com Percy, exceto pela barba que começava a aparecer, e sua camisa verde era alguns tons mais escura que a do filho; ao seu lado, Ares, com o cabelo cortado estilo militar, usava óculos escuros e não fazia muita questão de usar roupas de gala, já que usava jaqueta e botas de couro enquanto limpava ; Apolo, ao seu lado, também  usava óculos escuros, mas sorria para os semideuses como se fossem velhos amigos, os cabelos louros despenteados combinavam com a camisa branca parcialmente aberta e o blazer preto desabotoado, parecia mais tranquilo agora que voltara a ser deus; Hefesto até que estava bem arrumado, com uma camisa marrom, mas não dava muita atenção para nós, pois trabalhava rapidamente com alguma coisa que tinha em mãos; e Hermes estava sentado despreocupadamente enquanto mexia em um smartphone, usava uma camisa rosa claro com as mangas dobradas até o cotovelo.

Percebi que Hades estava sentado ao fundo, totalmente de preto. Acho que depois da Batalha de Manhattan o deus do Mundo Inferior havia ganhado espaço para participar de todas as reuniões, não apenas do Solstício de Inverno. Vi Héstia sentada ao lado da lareira, sorrindo para nós.

— Sejam bem-vindos, heróis – falou Zeus, com sua voz retumbante de trovão enquanto os demais semideuses chegavam.

Fizemos uma mesura com a cabeça e o tronco, afinal não estávamos com roupas adequadas para nos ajoelharmos e os deuses não pareceram se importar.

— Sabemos que já faz quase um ano que a Batalha contra os gigantes de Gaia terminou, - continuou Zeus - mas nossos heróis merecem um prêmio por sua bravura, seja por acreditar em seus ideais ao defenderem seus Acampamentos sem querer a guerra ou por terem atravessado o Oceano para evitar o despertar da Terra.

E assim alguns meio-sangues, tanto gregos como romanos, foram chamados por seus pais para se apresentarem e receberem um presente.

— Reyna Ávila Ramírez-Arellano – chamou uma voz feminina vinda de trás dos tronos e que não pertencia a nenhuma das deusas ali sentadas. Vi que quem havia falado era uma mulher jovem, de cabelos curtos e castanhos, trajando um simples vestido dourado e deduzi que era a mãe de Reyna, Belona, a deusa romana da guerra. Olhei para minha mãe, como que em um reflexo involuntário e percebi que ela olhava para a deusa com uma expressão indecifrável, podia ser tanto indiferença como raiva. Optei pela indiferença, estava cansada de brigas.

— Mãe – exclamou Reyna surpresa para a mulher. Pelo jeito, ela nunca havia encontrado a mãe. Se aproximou lentamente da deusa.

— Sim, minha filha – falou Belona, com um sorriso. – Você se provou ser uma guerreira e merece minha benção. – Na mão da deusa surgiu uma lança dourada, semelhante a que todos os outros romanos usavam, mas essa emanava um poder diferente. – Receba este presente e continue a guiar sua legião para a vitória. É uma lança mágica, e te proteger e te ajudar nas batalhas.

Reyna pegou a lança com a mão trêmula e esta virou um bracelete dourado que a pretora romana colocou no braço.

— Obrigada... mãe – falou com insegurança, mas a deusa sorriu e abriu os braços para a filha, que se afundou no abraço da mãe. Antes que elas pudessem se afastar, outra voz chamou vinda das sombras.

— Agora, Nico di Angelo – falou Hades saindo das sombras e ficando em tamanho de um humano normal. Nico se aproximou do pai, trêmulo. Dava para ver o medo da rejeição estampado em seu rosto, mas a face de Hades era de gesso. – Meu filho, você provou que tão forte como eu imaginava que fosse, além de provar que meus filhos podem ser felizes. As viagens nas sombras lhe esgotam, por isso, use sempre isso – e levantou um cordão com uma ônix – para que fique mais resistente a elas.

Nico pegou o cordão timidamente, mas não houve qualquer intenção de ambos os lados para um abraço, então o filho de Hades voltou para seu lugar ao lado de Will. Aconteceu tão rápido de comecei a pensar se não havia imaginado essa cena.

Por fim, Zeus falou:

— Que se aproximem agora os sete semideuses da Grande Profecia.

Lentamente eu, Percy, Jason, Piper, Leo, Frank e Hazel nos aproximamos do centro da Sala dos Tronos. E nosso respectivos pais olimpianos ficaram em tamanho normal.

E então os deuses presentearam seus filhos. Hazel ganhou uma nova espada de cavalaria de Plutão, cravejada de rubis no punho, lembrando gotas de sangue, e mais leve do que sua antiga, além de ter uma aura que fazia com que tivéssemos vontade de nos afastar da lâmina de ouro.

Marte deu a Frank uma nova armadura, encantada para nunca amassar nem ser perfurada, não importando o que a atacasse, e um novo arco, o que não deixou o deus da guerra muito feliz, mas aparentemente Apolo havia encantado para que nunca errasse o alvo.

Leo ganhou de Hefesto algumas coisas de metal, com pedaços de bronze, ouro, prata e cobre. Não entendi muito bem o que era ou para que servia, mas o filho de Hefesto quase pulava de felicidade. Aparentemente era alguma coisa para ajudar nas invenções de Leo. Assim que voltou para seu lugar, começou a mexer rapidamente e ignorou o que estava acontecendo.

Piper ganhou de sua mãe algo que surpreendeu a todos, afinal, espera-se que Afrodite dê coisas relacionadas ao amor para seus filhos, como poções e coisas do tipo, mas para Piper ela deu uma espada de bronze celestial. O punho era trabalhado em delicadas pedras rosas e vermelhas, que mais tarde, quando olhei de perto, percebi que eram pequenos corações. Com essa espada, Piper não precisaria mais lutar com a espada dentada que pegara do boréada Zetes. Depois de Reyna e sua mãe, foram as únicas a se abraçar.

— Jason Grace, Perseu Jackson e Annabeth Chase – falou Zeus – a vocês três, o presente ofertado será diferente. Os demais deuses concordam que vocês três merecem o maior presente que os Olimpianos podem oferecer por terem liderado duas das maiores guerras já vividas por nós. A vocês três, oferecemos a imortalidade.

E então um silêncio mortal se abateu sobre todos os presentes. Parecia que a Sala inteira estava prendendo o fôlego. Percebi que ainda segurava a mão de Percy e a apertei. Minha mente, que sempre corria com inúmeros pensamentos havia pifado. Não sei quanto tempo se passou, mas Jason foi o primeiro a quebrar o silêncio.

— Senhor Zeus, meu pai, e demais Olimpianos, agradeço de todo coração a oferta, mas sinto que ainda tenho muito para viver – e falando isso olhou para Piper ao seu lado, que tinha os olhos apreensivos e apertava com força o cabo da espada nova. Entendi como Piper se sentia, havia passado por isso alguns anos atrás quando a mesma oferta foi oferecida a Percy pela primeira vez.

— E o que podemos fazer por você? – Falou Zeus, utilizando um tom menos sério do que o que tinha antes, quase com sarcasmo, mas a expressão era terrivelmente séria.

— Acho que apenas me ajudar na tarefa de construir templos para os demais deuses e continuar guiando seus filhos para os Acampamentos já está bom – respondeu Jason, em tom sério, igual ao do pai.

— Que seja – falou Zeus com um gesto de indiferença. – E vocês dois, o que me dizem? Ou será que o sr. Jackson ainda é bom demais para aceitar nossa oferta, que nunca na história foi oferecida duas vezes a um mortal?

Demorei um pouco para perceber que falava comigo e com Percy. Resolvi ignorar sua tentativa de nos irritar. Virei-me de frente para meu namorado e olhei em seus olhos. Pensei no que podíamos estar perdendo. Havíamos passado o último ano inteiro estudando para entrar na faculdade; pensei em meu pai, minha madrasta e meus dois irmãos; se aceitássemos não poderíamos envelhecer normalmente, vendo nossos filhos e netos crescerem. Mas ao mesmo tempo outras imagens passaram por minha cabeça, como o sumiço de Percy, a queda até o Tártaro, o medo de viver com monstros atrás de nós. Lembrei-me que os deuses também viviam disfarçados entre humanos, trabalhando como mortais, fazendo faculdade e...

— Gostaria que respondessem hoje... – apressou Zeus, me arrancando dos pensamentos. Dei uma última olhada para Percy, algo me dizia que ele havia pensando praticamente nas mesmas coisas que eu e sabíamos o que responder.

— Senhor Zeus – falou Percy – nós aceitamos.

E Percy me olhou com um sorriso que não pude deixar de retribuir.

— Isso é fantástico, vou poder matá-lo quantas vezes quiser porque ele sempre vai voltar do Tártaro para eu matar ele de novo e de novo... – falou Ares sorrindo.

— Ninguém vai mandá-lo para o Tártaro novamente, ou então terão que me enfrentar – disse Atena em um tom ameaçador que calou Ares, mesmo ela estando na nossa altura e Ares com mais de três metros. Fiquei surpresa ao ver minha mãe defendendo Percy, ela nunca havia gostado muito dele por ser filho de Poseidon. Será que o que Percy falou em Atenas havia mudado alguma coisa? Olhei para Percy e ele parecia tão surpreso quanto eu.

— E a fúria dos mares também – falou Poseidon com o tridente reluzindo de poder em sua mão, o que me deixou com vontade de puxar Percy e sair correndo.

— Está bem, está bem, já entendemos – falou Zeus, entediado. – Vamos acabar logo com isso.

Percebi que os outros cinco semideuses do Argo II haviam recuado, deixando-nos sozinhos no centro. Apertei a mão de Percy com força e ele retribuiu enquanto ficávamos de frente um para o outro.

— Perseu Jackson e Annabeth Chase, a partir de hoje vocês passam a assumir as responsabilidades dos deuses e a viver como imortais. – Zeus parecia estar lendo as palavras em um teleprompter, mas conforme falava, percebi uma luz tênue envolvendo a mim e a Percy. – Seus símbolos serão a espada e a adaga, e o pégaso negro seu animal sagrado. Entre suas principais tarefas estão guiar os heróis em suas jornadas, com conselhos e advertências, e ajudar no treinamento de semideuses nos acampamentos, seja em lutas corporais, esgrima e até mesmo no conhecimento das histórias da Grécia Antiga.  Sendo assim, o Olimpo abre as portas a vocês.

A última frase, dita em grego antigo, foi repetida pelos demais deuses em uníssono enquanto batiam suas armas no chão.

Uma luz realmente forte praticamente me cegou e fechei os olhos, percebi que era a luz que estava nos envolvendo. Senti uma força incomum percorrer meu corpo e meus sentidos se aguçaram. Meu coração agora bombeava icor por meu corpo. Em momento algum soltei a mão de Percy, e senti que isso nos conectou de uma maneira profunda, deixando-nos permanentemente ligados um ao outro. Vi toda a vida que teria tido com Percy se não houvesse tomado essa decisão, nosso casamento com um bolo azul, nossa primeira filha de cachos pretos e olhos verdes, e nosso segundo filho, de cabelo loiro e olhos cinzas.  Também vi nossa morte, talvez com quarenta e pouco anos, talvez cinquenta, e aquilo me entristeceu.

Quando a luz foi diminuindo, abri os olhos e a explosão de cores, sons e cheiros me deixou quase tonta. Olhei para Percy e demorei para acreditar que ele estava ainda mais lindo do que antes. Usava uma toga azul escura que ia quase até o tornozelo, coberta por um manto verde água, preso por um broche de ouro. Na cabeça tinha uma coroa de louros verdes, e nos pés calçava sandálias, típicas dos gregos. Na sua mão, Contracorrente estava destampada e brilhava desafiadora.

Foi então que olhei para a minha roupa e quase não me reconheci. Eu estava usando uma toga branca e azul clara, de uma alça só e com um cinto de ouro, assim como o bracelete em meu braço. Percebi que segurava um delicado e esvoaçante tecido branco em meus braços. Meu cabelo estava preso apenas na parte de cima, enfeitado com um delicado ramo de louro, e meus cachos caiam pelas costas. Também calçava sandálias, mas o que mais me surpreendeu foi o que eu segurava em minha mão direita: minha adaga, perdida a mais de um ano no rio Cócito, no fundo do Tártaro. Percebi que essa seria nossa imagem se alguém algum dia fosse nos retratar na forma grega. (n/a: terceira imagem)

Não consegui resisti e puxei Percy para um beijo, foi rápido, mas todos os semideuses presentes e alguns deuses explodiram em palmas, e eu finalmente me senti feliz e segura como nunca havia me sentido antes.

***

O que aconteceu a partir daí, nem minha nova mente imortal consegue descrever. Fui abraçada por meus amigos e por quase todos os campistas, que choravam, nos parabenizavam, ou até mesmo xingavam – no caso de Clarisse e alguns outros filhos de Ares/Marte. A principal pergunta era o que estávamos sentindo de diferente. Particularmente, eu não sentia diferença nenhuma de quando eu era semideusa, mas se isso era um bom sinal ou não, aí eu já não fazia ideia.

Depois que o tumulto abaixou, deu-se início a festa. Estava conversando com Percy, que havia feito Contracorrente retornar a forma de caneta, quando apareceram as duas pessoas mais improváveis de serem vistas juntas. Atena e Poseidon.

— Minha filha, estou tão orgulhosa – falou minha mãe me abraçando. – Sei que já conversamos depois da batalha contra os gigantes, mas queria dizer novamente o quanto fiquei feliz por você ter recuperado a Atena Partenos. Das minhas filhas, você é a maior, e agora posso demonstrar favoritismos, afinal, você é uma deusa a partir de hoje – falou sorrindo, e não consegui deixar de ficar feliz também, afinal, era minha mãe.

— Viu Atena, meu filho conseguiu superar todos os desafios e venceu – falou Poseidon para minha mãe enquanto dava tapinhas no ombro de Percy e sorria. Achei que Atena fosse ficar brava, mas ela apenas sorriu.

— É verdade, admito, ele me surpreendeu. Acho que está começando a merecer minha filha – falou brincando. Aquilo foi tão bizarro que minha mente quase deu curto circuito.

— Esperem aí – falei para os dois olimpianos na minha frente – vocês não são mais inimigos mortais, ou coisa do tipo?

— Na verdade não, vocês acabaram com nossa maior rivalidade em Atenas. Nossa principal disputa começou ali com nós, e terminou por meio de nossos filhos– falou Poseidon enquanto passava um braço ao redor dos ombros de Atena, algo que Percy costumava fazer comigo. Olhei para Percy para ver se estava acontecendo algum tipo de brincadeira, mas pelo jeito ele estava entendendo tanto quanto eu. 

— Quer dizer que com um beijo terminamos com uma rivalidade de milênios? – Perguntou Percy incrédulo. Uma risada melodiosa surgiu de trás de minha mãe.

— Não foi só um beijo, bobinho – falou Afrodite, aparecendo em sua total beleza e graça, sorrindo como se estar ali fosse sua maior alegria.  – O amor supera qualquer ato de ódio, seja antigo ou atual. E o amor de vocês é puro. O que sentiram lá foi verdadeiro.

— Exatamente – concordou Atena.

— Desde quando você concorda com Afrodite? – Perguntei para minha mãe, ficando cada vez mais confusa.

— Você não é melhor amiga da minha filha? – Perguntou Afrodite. Achei a pergunta válida, então concordei. – Atena, Poseidon, vocês se importariam se eu conversasse a sós com eles?

— Não, tudo bem, temos a eternidade para conversar agora - falou minha mãe. A ideia me deixou um tanto assustada, mas logo aceitei. Percebi que Afrodite ainda observava minha mãe e Poseidon indo embora, e pude jurar que eles se deram as mãos. Será que...? Não, a ideia era absurda demais. Provavelmente minha mente estava pregando uma peça em mim.

— Esses dois... – murmurou Afrodite ainda olhando os dois.

— Esses dois o quê? – Perguntou Percy. Seu rosto estava tão confuso quanto o meu deveria estar.

— Nada não – falou Afrodite rapidamente, voltando sua atenção para nós. – Muito bem, meu casalzinho preferido – seu rosto brilhou tanto com a emoção que quase fiquei cega de novo. – Eu sei que uma vez prometi tornar a vida de vocês interessante, e foi o que fiz, não é? – Evitamos responder, era uma pergunta desnecessária, afinal, interessante não resume nem metade. Afrodite não pareceu se importar e continuou um pouco mais séria. – Mas agora que vocês são imortais, quero dar a vocês minha benção. Não é para qualquer um que ofereço ela, mas vocês são especiais e merecem depois de tudo. Vocês serão muito felizes a partir de hoje, nessa nova vida, e não terão os mesmos problemas que os demais deuses tem com relacionamentos. E quem se colocar entre vocês, terá problemas comigo também – terminou com uma piscadela e um sorriso, então não sabia se ela estava falando sério ou não. Não senti nada de diferente e Percy também parecia não estar entendendo muita coisa.

Afrodite virou-se para ir embora, mas pareceu ter se esquecido de alguma coisa e virou-se novamente. Fiquei com um pouco de medo, afinal, ela era meio bipolar. Podia retirar sua benção e nos jogar uma maldição eterna. Mas não foi isso que aconteceu.  

— Vocês podem voltar a usar a roupa de antes, sabem? Vocês estavam lindos, apesar de que essa roupa também fica legal em vocês. Eu sei que ás vezes essas togas não são muito confortáveis. E dessa vez vou ajudar, depois vocês têm que aprender a fazer sozinhos – e com um aceno de mão voltei a usar meu vestido azul e branco, e Percy sua camisa verde e calça preta. Minha adaga havia sumido, com sorte eu iria reencontrá-la em algum lugar depois.

Virei-me para Percy e passei meus braços por seu pescoço, e ele colocou suas mãos em minha cintura. Não sei o que ele estava ouvindo, mas eu ouvia uma música lenta e começamos a nos balançar no ritmo dela. Olhei em seus olhos e pensei que talvez não teríamos a vida que tínhamos imaginado, mas certamente tínhamos pela frente uma tão boa quanto, só dependia de nós. Podíamos cumprir nossos deveres durante o verão e as férias de inverno nos acampamentos, e durante o ano fazer faculdade e trabalhar, quase como se fossemos normais.

Nos beijamos e senti como se tudo de repente ficasse completo, mesmo que antes eu não houvesse sentido nenhuma falta. Senti que, mesmo com toda a eternidade pela nossa frente, o “para sempre” ainda não seria suficiente para passar com esse Cabeça de Alga.


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Notas finais do capítulo

E então povo, o que acharam? Deixem seus reviews!!
Bjoos Évii *.*



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