O nascer de uma nova vida

Parte Quatro - A nova vida de uma guerreira

Final 

Com o sol começando a raiar no horizonte, acordo com a ponta de seus dedos passeando pelos fios finos do meu cabelo, indo em direção a minha nuca, com o recente contato uma estremecida percorreu pelo meu corpo, levanto a cabeça em direção a soluço e vejo um lindo sorriso em seu rosto.

Invés de levantar imediatamente, continuamos deitados na cama improvisada, apenas apreciando aquele pequeno momento juntos, antes de partimos para o leste. Mas com o tempo passando, tentei varias vezes o convencer de que já estávamos além do horário e de que alguém acabaria vindo aqui para saber o por que de estarmos demorando, mas ele ignorou o que falei.

—Como está sua perna ? - Perguntei já desistindo de convencer a ele a sair daquela cama.

—Não sinto dor alguma. Gothi é mesmo a melhor curandeira. Não sei exatamente o que ela fez ou o que colocou debaixo dessas ataduras mas funcionou - Respondeu

—Que bom que melhorou. - Disse dando um beijo em seu rosto - Vou procurar heather e saber se ela pode me conseguir alguma roupa e me falar onde eu possa tomar uma banho - Falei enquanto me levantava sozinha da cama - Você deveria fazer o mesmo - Completei

—Pedir a heather uma roupa e tomar um banho ? - Perguntou com ironia

—A parte do banho sim. Já a parte de você pedir a heather uma roupa, isso fica a seu critério - Disse enquanto ria da imagem que se formou na minha cabeça de soluço usando as roupas dela.

—Engraçadinha - Respondeu me puxando novamente para a cama improvisada e começando a fazer cócegas por todo meu corpo, como se fosse uma espécie penalidade pelo que falei.

—Para soluço ! Eu não aguento mais ! - Pedi gritando em meio as minhas gargalhadas provocadas por ele.

Soluço foi parando aos poucos, tive vontade de bater nele por me fazer rir daquela forma, eu já estava chorando de tanto rir, ele enxugou as poucas lágrimas que caíram e o desejo de acabar com ele, passou no mesmo instante em que começou a me beijar. Sua mãos que antes estavam me provocando gargalhadas, agora apertavam meus cabelos e a minha cintura com força. Seu beijo delicado se tornou voraz ao ponto de quase machucarem meus lábios. O barulho de uma pessoa fingindo estar tossindo nos fez separar e encerrar aquele momento. Virei meu rosto para o lado por vergonha e quando olhei novamente Heather e Dagur nos encaravam.

—Não são namorados hein ? - Disse heather debochando das vezes em que eu havia feito aquela afirmação.

—Não somos namorados, bom não ainda. - Respondeu soluço antes de mim depois de ver o quanto eu estava envergonhada.

—Fico feliz por vocês mas quase todos já estão terminando de se preparar e vossa alteza não pode ser exceção. Mudando o assunto, encontramos uma cavalo para você montar. Ele só não está muito receptivo. A propósito como está a perna ?

—Melhor, não sinto dor e já posso andar - Afirmou

—Mas não poderá forçar muito, ordens da gothi.

—Onde ela está ? Gostaria de agradecer por ter me ajudado.

—Gothi retornou ontem a noite para sua casa. Ela disse se precisarem dela poderíamos chamar.

Depois que nossa breve conversa terminou, dagur levou soluço para ver o cavalo que eles haviam conseguido para nós fazermos a viagem. Assim que eles saíram, pedi uma roupa a Heather e tive a sorte de termos tamanhos parecidos, perguntei onde poderia tomar um banho e ela me levou até um pequeno lago, não muito longe do acampamento e disse que ficaria de olho para ninguém me interromper. Agradeci e disse que tentaria terminar o mais rápido possível.

Mergulhei na água azul que estava pouco gelada e segundos depois escutei o barulho de uma pessoa se jogando em seguida. Olhei para a direção mas não vi quem pulou até que por de trás de mim, uma mão tocou minha cintura e senti uma respiração no meu pescoço que deixou meu corpo completamente arrepiado.

—Heather é uma péssima vigia.

Ele riu quando eu disse isso e logo em seguida me virou para ficarmos um de frente para o outro.

—Não sei o que irá acontecer mas tudo pode mudar depois de hoje milady.

—Eu sei. - Afirmei - Se algo ruim ou bom acontecer, espero estar ao seu lado.

— Estará milady.

Nos olhamos, seus olhos verdes que me encantaram desde o primeiro momento em que eu vi, pareciam estar maiores. Naquelas águas azuis, mais uma vez ele me beijou. Ele gostava de mim e eu gostava dele, essa era a única certeza que eu tinha naquele momento.

A preparação para a partida estava quase completa, todos iam para um lado e para o outro. Apenas restavam poucas barracas de pé. Vesti as roupas que Heather tinha me dado que felizmente não eram pretas como as dos outros daquele dia essa era vermelha. Junto com as roupas ela tinha deixado um machado bem parecido com o dela estava sobre um mesa.

—Sabe usar um desses ? - Perguntou Heather entrando na barraca em que eu me trocava

—Quer me testar ? -Respondi pegando o machado e já imaginando o que viria a seguir.

Apenas para mostrar uma a outra do que eramos capazes, começamos a lutar. Em meio aos golpes pude ver as pessoas nos olhando com surpresa e admiração, soluço era uma deles que observava as minhas habilidades como lutadora. Fiquei impressionada com a agilidade que Heather tem mas eu não ficava em desvantagem. Terminamos nossa ''luta'', quando percebemos o quanto de tempo teríamos que gastar tentando derrotar uma a outra. Os que nos olhavam, aplaudiram por nossas performances.

—Não sabia que lutava tão bem milady. Foi Incrível.

—Obrigada - Disse com orgulho, segurando o machado em minha mão.

Perna de peixe apareceu indo em direção a Heather e a perguntou se ela estava bem. Eu percebi algo entre eles naquele momento, na forma que se olhavam eu não poderia deixar aquela chance escapar.

—Seu namorado é bem preocupado com você Heather - Falei com o mesmo tom que ela usou comigo.

Heather olhou para mim corada de vergonha mas com fúria, achei que ela iria partir para cima de mim com o machado porém não fez, pois percebeu que eu apenas estava dando o troco pela mesma coisa que fez comigo. Quando o momento de descontração acabou a hora de partir havia chegado. Tudo estava pronto mas antes de irmos soluço e heather encorajaram as pessoas com um belo discurso. Falaram a todos palavras encorajadoras e finalizaram dizendo que aquele era apenas o começo de uma nova era para o reino.

Montei junto com soluço no cavalo que dagur havia conseguido para ele. Era bem forte, sua pelagem era escura como a noite e por coincidência tinha olhos verdes assim como os dele. E em carroças e cavalos seguimos por entre as antigas ruínas do sul e fomos para o leste.

A viagem foi um pouco longa como esperado e também bastante cansativa. Horas galopando fizeram com que todo meu corpo ficasse dolorido. Chegamos pela metade da tarde e como estava planejado todos já estavam prontos para seguirmos para a reino. Fiquei surpresa com o tanto de armas que eles tinham, perguntei como era possível em tão pouco tempo eles terem conseguido tudo aquilo. Dagur me falou que o vilarejo do leste fabrica armas já faz um bom tempo, eles vendem geralmente a caçadores, lenhadores e até para pessoas que gostam de fazer justiça com as próprias mãos. Mas todo esse comércio sempre foi escondido já que não era permitido que os vilarejos produzissem suas próprias armas, todas deveriam ser compradas no mercado do reino.

Descansamos apenas por pouco mais de uma hora. Os que não iriam conosco, como os mais velhos, ficaram com as crianças e se prontificaram a ajudar em alguma necessidade.Com mais números em nossa grande marcha, prosseguimos pela estrada.

Ao anoitecer, já nos encontrávamos localizados a poucos metros da grande entrada, muitos guardas se encontravam lá, isso iria dificultar um pouco as coisas. Precisamos invadir o reino como planejado. Soluço e heather iriam atrás de thord e eu iria as masmorras para tentar salvar o rei.

Sabia que iria perder tempo naquela batalha na entrada para o reino. Então disse a soluço que enquanto eles atacariam a frente, eu iria dar a volta e tentar invadir pelo sul do reino, tentaria no ultimo muro do lado esquerdo que ficava mais próximo do castelo. Mesmo não gostando da ideia ele sabia que eu estava certa, então nos despedimos naquele instante, desejamos boa sorte um ao outro e o prometi que tudo iria ficar bem com seu pai, já que durante toda a viagem até aqui, sua feição era de pura preocupação e tenho certeza que não era apenas com a invasão.

Com as ordens de Dagur, que para sorte de todos havia aprendido a lutar e a se defender com seu pai que fora antigamente um dos guardas do castelo, todos se prepararam para atacar. Eles me deram apenas alguns minutos, teria que ser o tempo suficiente para chegar até o outro lado. Com um breve beijo eu me despedi de soluço.

Minha deixa havia chegado, comecei a correr o mais rápido que pude mas ainda me escondendo onde podia para não ser vista por nenhum dos guardas que caminhavam ao lado do castelo fazendo sua ronda. Quando estava a poucos metros do muro em que eu teria que escalar, um grande estrondo se propagou por todo o reino, era o ataque começando. Todos os gurdas saíram correndo na direção do barulho, aquela era minha chance.

Fui em direção ao muro e comecei a subir. Agradeci mentalmente ao meu pai por ter me ensinado a escalar quando era criança e na verdade não era a primeira vez que eu escalava aquele lugar. Quando era pequena, eu subia algumas vezes aqui para saber como era o castelo, eu gostava de observar uma realidade que era completamente contraria a minha, meu pai ficava enfurecido, mas eu não ligava. A subida sempre e a parte mais fácil pois agora teria que pular daquela altura e se eu não fizesse da maneira correta, acabaria me machucando muito.

A queda não foi das mais leves que já levei porém não foi das piores, apenas arranhei um pouco da minha perna. Estava dentro do reino mas por minha sorte, não via ninguém na parte de trás do castelo. Corri para a lembrança que eu tinha da entrada para as masmorras tive que dar quase uma volta completa quando enfim a encontrei. Mesmo sabendo que boa parte dos guardas estavam batalhando na entrada do reino, achei estranho não ter encontrado ninguém ali.

Entrei pelos corredores das masmorras, ouvi um barulho de pessoas chegando e me escondi rapidamente em uma cela vazia. Dois guardas passaram por mim e seguiram para um outro corredor que ficava de frente a cela em que eu estava. Mais dois guardas retornaram, diferente daqueles que foram ''Estão trocando de lugar'' pensei. Assim que percebi que os dois guardas que retornaram foram embora eu sai de dentro da cela e fui caminhando pelo corredor que eles haviam passado.

Uma cela que reconheci como o local em que eu havia ficado quando estava presa aqui estava com as portas abertas, cheguei mais perto e pude ver os dois guardas ao lado do rei que se encontrava no chão. Eles olharam para mim e reconheci os dois que acenaram com a cabeça no dias em que dormi no palácio. Eles sorriram ao me ver.

—Ele está vivo ? - Perguntei aflita ao ver Stoico naquele estado

—Sim, apenas não deve ter comido nada desde que está preso. - Falou um deles

—Não sabia que ele estava tão fraco. Irão me ajudar a tirar ele daqui ? É por isso que estão aqui. Estou certa ? - Perguntei aos dois, que manearam a cabeça em afirmação. - Tudo bem. Me ajudem. - Disse enquanto o tentava levantar.

Com o rei sendo carregado pelos guardas, saímos de dentro dos corredores da masmorra. O som da batalha na frente do reino se tornou evidente novamente.

—O que está acontecendo ? - Ouvi o som da voz falha do rei que tentava despertar.

—Vossa majestade - Falou um dos guardas - Estamos lhe tirando da masmorra.

—Vai ficar tudo bem. - Falei olhando para ele, que quando me viu sorriu. Mas logo a tristeza tomou conta de seu rosto.

—Estava sonhando com meu filho - Continuou com a voz fraca.

—Logo irá encontrar com ele Vossa majestade. Ele está batalhando na entrada do reino agora mas em breve vai vê-lo - Disse tentando acalmar a angustia que ele estava parecendo sentir.

—Soluço está aqui ? Vivo ? - Perguntou tentando ficar de pé

—Sim está. Por que pergunta isso ?

—Thord depois de me jogar na masmorra disse-me que ele estava morto, achei que era mentira, mas soluço não retorno desde que lhe salvaram, então acabei acreditando que talvez algum ruim possa ter acontecido.

—Ele está vivo e bem, bom, apenas machucou um pouco a perna e as costas, mas está bem - Afirmei e seu rosto se iluminou com minha resposta.

—Quero vê-lo, agora ! - Insistiu tentando se levantar, mas estava fraco demais e os guradas o seguraram novamente.

—Depois, eu prometo que irá ver ele mas agora tem que se proteger. - Disse - Além do fato que está fraco - Completei. O rei concordou comigo e já completamente fora da masmorra, estávamos de frente para o grande e belo jardim em que eu tinha matado o governador.

—Senhorita ? - Reconheci a voz de Meire - Estou feliz que está bem. A senhorita faz parte do que está acontecendo na entrada? - Os guardas nos mandaram irmos para os esconderijos por causa do ataque mas eu não fui. Então fui até a sacada e consegui ver a luta que está acontecendo, lá de cima. - Disse apontando para acima de sua cabeça.

—Sim estou. Conseguiu ver o quando eles já avançaram Meire ? - Perguntei

—Estão quase na praça senhorita.

—Que bom, então o plano está indo como o esperado. Meire, sabe de alguma forma para tirarmos o rei daqui ? Acho que eles esqueceram de planejar essa parte - Falei apontando para os dois homens que estavam atrás de mim- E eu também - Conclui

—Tem a entrada para os empregados, acabei de passar por ela, mas está sendo vigiada. Desde que Soren está no comando do castelo pelo decreto de Thord, ele resolveu colocar guardas para ficarem de olho em nós.

—Quantos guardas são ?

—Três senhorita.

—Um para cada um então ? - Falei me dirigindo aos dois guardas. Compreendendo o que disse, falei para levarem o rei até perto da saída que Meire nos falou e deixarem ela tomando conta dele enquanto nós três iriamos nos livrar dos guardas.

Não foi fácil, os guardas tem um bom treinamento mas conseguimos nocautear todos. Carregar o rei que devido que agora com a fraqueza acabou desmaiando, estava sendo um trabalho árduo, um homem daquele tamanho exigia bastante esforço. Meire nos acompanhou por todo o trajeto. Percebi uns olhares de afeição entre ela e um dos guardas que ajudavam no resgate e entendi o real motivo de ela estar ali.

Porém pouco antes de sair, tive um susto ao ver soluço sendo arrastado por thord para dentro do castelo. Sem ter tempo para pensar em algo disse aos que me olhavam sem saber o motivo do meu espanto.

—Deixamos alguns cavalos na entrada do reino, se não me engano há uma carroça entre eles. Coloquem o rei nela e o levem em direção a estrada principal a que fica em frente a entrada e sigam para o norte, entrem na floresta e encontraram uma caverna com uma lamparina apagada do lado de fora no chão, lá é um lugar seguro para o rei por enquanto. Entenderam ? - Afirmaram com suas cabeças - Algum de vocês conhece a gothi e sabe onde ela vive?

—Eu senhorita - Falou um dos guardas - A procurei algum tempo atrás para cuidar da minha mãe doente.

—Vá até ela. O rei irá precisar da ajuda dela.

—Mas e a senhorita - Disse Meire - Não virá conosco ?

—Não posso deixar que algo de ruim aconteça com o príncipe. Lembrem-se o rei depende de vocês, agora vão ! - Mandei e não demorou segundos para obedecerem a minha ordem.

A imagem de soluço machucado estava martelando na minha cabeça. Com a adrenalina tomando conta de mim, segui de volta para o castelo.

No meu retorno para dentro do reino, fico me esgueirando pelos cantos para não ser descoberta, naquele instante só podia contar com o machado que estava carregando em minhas mãos. Depois de verificar algumas janelas para localizar onde eles estavam, em uma delas pude observar uma sala mais reservada do castelo. A corte inteira se encontrava, Soren também. Soluço ajoelhado ao chão e sua perna que antes estava curada e coberta por ataduras agora novamente sangrava.

Quando decidi tentar entrar sem ter um plano concreto, uma mão cobriu minha boca e me puxou para trás, me levando até uma vegetação que era mais do que o suficiente para se esconder completamente. Golpeie a pessoa que estava me encurralando e vi heather parada agachada na minha frente.

—Calma ai loirinha - Disse dagur me soltando

—Não sabia que era você, desculpe. O que está acontecendo ? Era para vocês capturarem thord e não o contrário. - Perguntei a heather

—Depois que os guardas da entrada foram derrotados o resto do nosso pessoal ficou lutando contra os outros que chegaram logo depois enquanto nós três fomos tentar capturar Thord. O problema é que ele não estava na casa dele. Fomos então procurar em outros lugares mas em um momento de descuido Thord e seus guardas nos encontraram. Quando vimos o príncipe já estava sendo arrastado para o castelo. Enquanto eu e Dagur ficamos lutando contra os guardas, assim que os derrotamos viemos até aqui.

—Você conseguiu salvar o rei ? - Perguntou Dagur

—Sim, tive uma ajuda, ele está seguro agora. Espero. Mas agora precisamos acabar com isso tudo. Temos que salva-lo. Dagur porque não volta para a batalha ajude a quem puder e depois tente trazer eles para o castelo, sei que iremos precisar de ajuda. Entendeu? - Dagur gesticulou afirmação e saiu em direção de onde o som de espadas estava vindo

—O que está planejando ? - perguntou heather enquanto nos aproximávamos de uma das entradas para o castelo.

—Não sei ao certo mas não vou ficar parada enquanto o soluço corre o perigo de perder a vida.

—Espera, soluço ? Esse é o nome do príncipe ?

—Isso não é hora para rir hetaher, mas sim esse é o nome dele.

—Vou fingir que não sei. - Falou enquanto tentava segurar o riso.

Entramos pela porta que dava para a saída do jardim, passamos pelo grande salão. Me lembro de estar aqui na noite do baile. Como é possível tanta coisa ter mudado tão rápido. Apenas a alguns dias atrás minha única preocupação era apenas me vingar do homem que matou meus pais, agora estava invadindo o castelo em meio a uma batalha para salvar o príncipe que aproposito era meio que meu namorado. Estava perdida nos meus pensamentos, quando heather me acordou para a realidade novamente me perguntando se eu estava bem, afirmei a ela que sim e continuamos nos escondendo pelos cantos do castelo para não sermos pegas.

Meu pai tinha me ensinado como me esconder quando íamos caçar juntos. Mas hetaher tinha uma habilidade furtiva incrível, ela ia ter que me ensinar algumas coisas quando tudo isso chegar ao fim. Depois de passarmos por diversas salas encontramos a que eles estavam.

''Membros da corte '' Ouvíamos a voz de Soren quando chegamos perto da porta. ''O príncipe assim como seu pai, planejava o nosso fim. Tanto que depois de pensarmos que ele estava morto, retornou com uma armada de aldeões, para nos derrotar. '' Continuou

Desde a primeira vez que vi soren nas masmorras não gostei dele. A cada coisa que eu ouvia escondida apertava ainda mais o machado que estava em minhas mãos e a única vontade que conseguia sentir naquele momento é que eu queria enfiar aquela arma na cabeça dele e o partir ao meio.

Heather me cutucou e apontou para o lado esquerdo quando viu a sombra de alguns guardas vindo em nossa direção, nos separamos imediatamente para tentar encontrar algum lugar para se esconder, ela foi pela esquerda e eu direita. Encontrei uma pequena porta e sem pensar entrei.

Estava escuro e não sabia o que exatamente havia ali. Andei um pouco para trás até que me desequilibrei e quase cai, como não conseguia ver nada me abaixei e senti alguns degraus, percebi ser uma escada que levava para alguma parte inferior do castelo. Ignorando aquilo, olhei pela fechadura da porta e cerca de seis guardas passaram por mim e depois que foram, esperei mais alguns instantes e sai dali.

Voltei para o local em que estava e Heather ainda não retornou do lugar que ela tinha se escondido. Esperei mais alguns segundos até ouvir sua voz me chamando demorei até perceber que vinha do alto. Olhei para cima e a vi fazendo sinal para que eu subisse. Dei a entender que não sabia por onde conseguiria chegar até lá e ela me apontou uma pequena porta e fui em direção.

Abri a porta e o local era exatamente igual ao que eu havia me escondi dos guardas, só que invés da escada que levava para a parte inferior está ia ao andar superior do castelo. Sem medo subi degrau por degrau o mais rápido possível.

—Astrid encontrei uma entrada - Disse Heather assim que a vi

—Até onde ela vai ? - Perguntei

—Abri uma pequena fresta para saber o que tinha aqui de trás e vi que leva até a ante sala de onde eles estão com o príncipe.

—Então vamos por ai.

Seguimos por entre a porta que ela encontrou começamos a ouvir novamente as vozes vindas dos membros da corte que estavam reunidos

''E a luta que acontece lá fora ?'' Perguntou alguém e a voz de thord ressurgiu com uma resposta ''Não se preocupem, meus guardas iram dar um jeito naquela gente. Eu os instrui para que não tenhamos nenhum prisioneiro''

Heather segurava seu machado com força, podia ver em seu rosto a raiva estampada.

—Eu vou mata-lo - Susurou para não ser ouvida.

Apenas uma porta nos separava deles. Começamos a abrir bem devagar, olhei pela pequena fresta e todos estavam de costa para nós, tinha uma cortina bem perto então tratamos de nos esconder ali mas continuamos a ficar agachadas. Olhei para meu lado esquerdo e direito nenhum guarda estava presente naquele lugar.

Entendemos naquele momento o que seria necessário então hetaher me encarou e com um aceno nos separamos. Cada uma foi para um lado diferente eu sabia que ela escolheria thord, e para o meu prazer soren estava próximo a mim.

Cheguei mais perto, vi soluço no chão, senti pena ao o ver nesse estado, parecia estar desmaiado. Nenhum dos que estavam ali ainda haviam percebido nossa presença, estavam imersos na discussão sobre como seria de agora em diante. ''O rei está preso nas masmorras, para mim deveríamos jogar este aqui junto com pai dele e deixarmos apodrecendo naquele lugar e depois conversamos sobre o reinado de thord'' Falou soren

Com esta ultima frase, Heather deve ter se irritado o suficiente, pois ela já estva partindo para cima de thord e eu não esperei nenhum segundo a mais para atacar Soren. Quando nos viram seus rostos ficaram completamente pasmos até perderam um pouco a cor. Peguei meu macho e joguei na direção de soren que por algum milagre conseguiu desviar.

Para minha surpresa desagradável, aquela criatura parecia saber lutar e muito bem. Todos da corte vendo o ataque acontecendo na sua frente, resolveram fugir como covardes mas as portas principais forram arrombadas a força bruta e Dagur e alguns de seus cavaleiros surgiram. Essa pequena distração fez com que eu recebesse um golpe bem forte na minha cabeça, acabei ficando tonta e caindo no chão.

Apaguei pelo que pareceu apenas alguns segundos, Soren não estava mais ali, Heather ainda lutava com Thord mas ninguém se intrometia , Dagur e os outros estavam com a corte detida e soluço ainda se encontrava no chão. Corri até ele sentindo meu coração angustiado e temeroso para saber se estava bem ou não.

—Soluço - Falei quando cheguei a ele e minha desconfiança de que ele poderia estar desacordado estava correta - Soluço soluço - Continuei insistindo. O medo cresceu dentro de mim. Toda a sensação que havia sentido com a partida dos meus pais estava de volta. Segurei em sua mão, e senti um leve aperto.

—Astrid ele está... - Começou a perguntar heather

Olhei para ela, mesmo estando retido por hather, thord nos olhava com um grande sorriso no rosto que se desfez assim que eu falei que o príncipe está vivo. Mais algumas pessoas chegaram para nossa sorte e dagur deu instruções para levarem todos a masmorra.

Mais uma vez a mão do soluço apertou a minha, dessa vez seus olhos se abriram, olhei novamente para aquele tom de verde que fazia meu coração bater ainda mais rápido. Ele sorrio ao me ver, quando tentou se levantar percebi um machucado na parte detrás da cabeça dele.

—Quem fez isso ? - Perguntei mas já tendo um suspeito em mente - Soren não foi ?

—Sim. Acordei alguns segundos atrás assim que vi ele golpeando você, tentei me levantar mas não consegui por causa da minha perna. Soren antes de fugir me fez esse machucado.

—Iremos pegar ele tenho certeza - Afirmei - O quanto de dor está sentindo ?

—Não muita - Mentiu

—Dagur pode me ajudar ? - Pedi enquanto tentava levantar soluço

Ele veio até mim, como o príncipe não podia andar, dagur o carregou até o seu quarto. Mostrei o caminho e o ajudei a colocá-lo na cama. Peguei alguns panos no banheiro os molhei e tentei limpar um pouco do ferimento na cabeça e na perna dele que parecia estar um pouco escura. Aquilo me preocupou bastante.

Falei para dagur trazer gothi aqui, expliquei a ele o que tinha acontecido antes, sobre o rei, falei o local que eu havia mandado eles irem bem longe e seguro. E implorei para ele ir o mais rápido que pudesse. Voltei a focar toda minha atenção em soluço, heather apareceu alguns minutos depois afirmando que iria tomar conta das coisas até que tudo se organizasse.

Passei algumas horas deitada com soluço em sua cama, acalmando ele, lhe dando água e tentando deixa-lo acordado, até que depois desse tempo, bateram na porta e dagur entrou com uma espécie de baú e gothi apareceu do seu lado. Senti um pequeno alivio passando pelo meu corpo. Ela chegou mais perto de soluço, analizou o ferimento da perna dele, como não havia areia no local ela fez alguns gestos que apenas dagur conseguia decifrar.

—Gothi diz que alguns ferimentos não podem ser curados com o seus remédios - Com uma grande respiração ele continuou - Ela terá que retirar a perna. Para o próprio bem dele.

—Tem que ter outra forma - Perguntei desesperada ao ouvir aquilo

A senhora com o cajado balançou a cabeça em negativa e fez mais alguns getos

—Ela diz que está muito machucada, não há remédio que conhecemos que possa dar um jeito nisso. Ela tem que fazer para evitar alguma infecção.

—Faça - A voz do soluço repercutiu por todo o quarto.

Me aproximei dele novamente, pedi que nos deixarmos a sós e assim que saíram eu não me aguentei e comecei a chorar.

—Vai ficar tudo bem milady - Tentou me consolar limpando as lagrimas que caiam do meu rosto.

—Sei que vai. E vou estar aqui para você. Vou ficar tão perto de você que vai acabar enjoando. - Falei enquanto tentava parar meu choro e o abraçando o mais forte que conseguia.

Uma semana se passou desde os acontecimentos daquela noite. As coisas estavam estáveis. Todos que ficaram no vilarejo do leste chegaram na manhã seguinte. Os habitantes do reino, não sabiam ao certo como tudo aconteceu ou o motivo. A dois dias atrás quando o rei retornou e soluço teve uma pequena melhora com ajuda os dois conseguiram ir até a praça da cidade e dar uma explicação a eles que estavam iludidos com as promessas que thord havia feito. Mas o rei e o príncipe garantiram suas posições como lideres. E afirmaram ao seu povo que a monarquia ira mudar. Mesmo assim, ainda tinha pessoas que não acreditavam na palavra de stoico e soluço até tudo ser completamente esclarecido e finalizado ontem com o julgamento de thord e dos membros da corte.

Todos que pertenciam a corte foram condenados a morte dentro das masmorras, eles iram ficar presos e perecer de fome até morrerem. Heahter ainda queria se vingar por tudo que o pai dela fez a todos. Mas depois de dagur passar horas tentando convencê-la do contrario, ela fingiu ceder e na calada da noite foi até a cela em que ele estava e o matou.

Somente rainer o recente membro da corte que ajudou o príncipe recebeu uma honraria por sua morte. A família ficou triste ao saber do ocorrido mas orgulhosa também por ele ter ajudado.

Soren que ficou desaparecido durante quatro dias eu queria ir atrás de dele e procura-lo como dagur estava fazendo mas nada nesse mundo iria me fazer sair de perto do soluço agora. Ele ainda estava se recuperando.

Depois de cinco dias, soren foi encontrado em uma casa que pertencia a um dos guardas que foram destituídos por traição. Ele ainda tentou escapar mas dagur conseguiu capturar e leva-lo até o castelo. O rei deixou eu ter o prazer de joga-lo eu mesma na masmorra e ele ficou abalado quando lhe contei da morte de seu querido e amado thord.

Enquanto estava sentada na cama pensando em tudo que aconteceu nesses últimos dias e terminando de me arrumar para descer até o grande salão, pude ouvir a musica que começava a ser tocada e não demorou muito para alguém vir a minha porta.

—Como está se sentindo ? - Perguntei ao soluço que entrava no quarto que agora era meu.

—É difícil me acostumar com essa coisa - Respondeu apontando para a perna falsa que agora o ajuda a andar. - Podemos conversar ? - Perguntou enquanto sentava ao meu lado na cama.

—Sobre o que quer conversar - Disse sorrindo, não consigo evitar um sorriso quando vejo os olhos dele. Soluço tocou na minha mão e falou

—Sei que quis parar de dormir no meu quarto apenas porque as pessoas estão começando a falar de nós dois. - Falou olhando fixamente para mim - E me lembro que enquanto estávamos no acampamento e dormimos juntos pela primeira vez você me disse exatamente ''Adoraria ser sua namorada''

Meu coração estava ''pulando dentro de mim, quase saindo pela minha garganta, tenho certeza que estava muito corada.

— Então, astrid - Disse beijando minha mão e continuou - Milady, quer me dar o prazer de ser minha namorada?.

Desde a morte dos meus pais, eu não havia me sentido tão feliz como me sinto agora. Sem pensar me joguei em cima do soluço e o beijei com toda a força que tinha.

—Sim !- Afirmei lhe beijando novamente.

—Bom milady, acho que precisamos descer, se não daqui a pouco meu pai vai ficar desesperado por eu não aparecer. - Falou se levantando da cama e estendendo a mão me levando para fora do quarto. - Está pronta? - Perguntou quando chegamos em frente a escadaria que iria até o baile no grande salão.

—Sim, estou - Afirmei 

E depois de tudo pelo que eu passei ao longo de todos esses anos e principalmente nos últimos dias sabia que as coisas de agora em diante seria diferentes, será uma nova vida para mim mas sei que terei coragem para enfrentar qualquer coisa se ele estiver ao meu lado. E sei que ele estará.