Psi-Cullen (Sunset - pôr-do-sol) escrita por Angel Carol Platt Cullen


Capítulo 33
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

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01 de dezembro de 2007

Chegamos e vamos até a bilheteria comprar algumas entradas. Dessa vez Carlisle tira do bolso um maço com algumas notas de reais. Apenas a quantia exata para pagar os bilhetes. Não precisamos levar reais conosco na viagem, então é bom que gastemos tudo antes de partirmos.

— Eu gostaria de comprar três entradas, por favor – ele pede para a atendente que sorri abobada.

Sei bem o que ela deve estar sentido. Eu não sinto, mas eu imagino o poder de atração que meu pai tem, mesmo sem querer ele afeta as pessoas dessa maneira, sobretudo as mulheres. As enfermeiras do hospital, por exemplo. Não só a aparência de papai, mas também a voz dele deixa as pessoas tontas, deslumbradas. Eu sinto isso às vezes, não atração propriamente, mas às vezes o olhar de Carlisle me deixa desnorteada e confusa.

Não sei por que ele não me afeta tanto. Talvez porque eu respeito muito Esme (eu não seria louca de provocá-la para me matar, eu sei que não seria tão difícil; então é medo e respeito. Claro que Carlisle poderia me forçar e eu não poderia resistir sendo apenas uma garota humana, mas ele não faria isso comigo. Ele jamais trairia a esposa e sabe que eu também amo Esme e não iria querer decepcioná-la desse modo. Talvez ela compreenderia que eu não tive como evitar. Eu não gosto dele dessa forma, só se ele me forçasse, mas então ele não seria quem eu gostava e me decepcionaria e também a própria esposa, é claro), ou porque eu o vejo apenas como o pai que eu nunca tive, ou porque eu sou assexuada. Sexo não me apela. Nada contra, mas para mim não.

Eu não sou uma adolescente comum porque se eu fosse me sentiria atraída por Carlisle assim como mamãe quando tinha a minha idade. Dizem que os hormônios dos jovens estão em plena ebulição e por isso eles são impelidos a descoberta do sexo. Se o assunto fosse abertamente tratado os adolescentes não teriam que ir descobrir por conta, muitas vezes sem a devida proteção. Sexo é uma atividade tão normal quanto andar e não deveria ser visto como tabu.

Eu sei que meus pais adotivos fazem, talvez quando eu estou na escola. Não há nada incomum nisso. Na verdade um casal com uma relacionamento sadio pratica essa relação com certa frequência. Se a atividade dura aproximadamente meia hora, e Esme e Carlisle não precisam descansar para retomar o fôlego, eles podem fazer 10 vezes enquanto eu estou na aula! Mas talvez eles não tenham tanta pressa porque sabem que tempo é algo que eles têm de sobra, mesmo que papai trabalhe. É bom que vampiros não precisem dormir também. Se eles soubessem que eu sei, não sou tão 'virgem' quanto eles imaginam...

Eu sei tanto porque li, minha mãe humana não conversava comigo sobre isso. Talvez porque tinha medo que se me falasse eu iria sair e fazer. Mas não tem nada a ver. Precisamos ter informação para evitar o que tem de ser evitado. Usar camisinha para evitar uma gravidez indesejada, mas também as temíveis DSTs. Como médico papai ficaria muito orgulhoso de mim se soubesse que eu sei tudo isso. E ainda mais por eu ter aprendido sozinha.

Mas eu sou uma adolescente incomum, fora do normal, esquisita, solitária e fria. E não sei se isso é bom ou ruim. Como tudo na vida tem pontos negativos e positivos.’

— C-claro – diz a moça prestativa, mais do que o necessário.

Se até eu percebi tenho certeza que Esme também não deixou de notar. Sabia e por isso dá um beijo em Carlisle para demonstrar que ele tem dona.

 Eu imaginava que ela era um pouco ciumenta, mas agora está confirmado. Eu demonstro meu apoio dizendo:

— Vamos papai, vamos. Não podemos nos atrasar.

— Não se preocupe, criança. Vamos chegar a tempo para nosso voo.

— Aqui – diz a garota entregando os tickets.  Eu percebo o cuidado que papai tem para não encostar na mão dela e evitar que ela crie expectativas que só irão magoá-la ao não serem realizadas. – Tenham um ótimo passeio.

Eu percebi que ela não disse bom passeio como para aqueles que compraram antes de nós. Ela não foi apenas cortês, mas disse algo a mais do que foi treinada a dizer. Obviamente tentando agradar meu pai. Mas ele nem deu bola.

— Obrigado – Carlisle agradece sorrindo educadamente e vira para nós duas.

Entramos no parque e embarcamos em um dos ônibus estacionados para levar os turistas para fazer um 'safári', percorrendo as estradas em meio à floresta.

Subimos até o segundo andar do carro porque eu quis e meus pais concordaram. Eu estou me sentindo em Londres, em um daqueles famosos ônibus vermelhos - um dia meus pais me prometeram me levar lá na terra natal de Carlisle. Eu sempre adorei neblina e vou adorar conhecer a Inglaterra. Depois que eu for vampira é claro, poderei viajar pelo mundo inteiro. Melhor ainda na companhia deles dois.

O vento em meu rosto, porque o veiculo não tem janelas no segundo andar apenas teto, faz o meu cabelo tremular. Os galhos das árvores à margem do caminho passam tão perto que eu poderia tocar neles se esticasse o braço. É inevitável pensar em quando puder correr em meio à uma floresta como essa quando for uma vampira recém-criada.

— Não coloque a cabeça nem o braço para fora da janela, sweetie— diz Esme, mais afetuosamente do que rispidamente. Ela se preocupa comigo, com meu bem-estar e isso me comove. É como se ela tivesse adivinhado o que eu estava pensando. Como se para confirmar o que ela estava dizendo, nesse momento passamos por um poste na beira da estrada. – Você pode bater em alguma coisa e se machucar.

É claro que esse não foi o primeiro. Eu já vi vários postes quando passamos por eles durante o trajeto. Não sou tão idiota para me inclinar para fora, mas fico enternecida pela demonstração de afeto dela ao se preocupar com minha segurança.

— Claro que eu não vou fazer isso, mãe. Não se preocupe.

— Eu me preocupo com você porque eu te amo – ela toca meu rosto levemente com a ponta dos dedos.

Isso me lembra o quanto eu sou frágil e quebradiça perante eles. Eles precisam ter sempre controle quando me tocam porque se não tiverem cuidado, podem me ferir gravemente. Eles são fortes, eu vi como ela me levantou no hospital como se eu fosse mais leve do que uma sombra.

Eu fico sem graça com a declaração inesperada e em público, não sei como reagir e então como sempre fico tão vermelha como um tomate. Tão eu! Custava responder para ela que também a amo. Claro que ela sabe, mas eu poderia ter dito. Por que não disse? Por quê? Eu sei por que, porque eu sou estranha e esquisita. Não sou normal. Uma pessoa normal teria respondido ou ao menos sorrido. Eu sorri pelo menos? Correspondi de alguma forma. Ou será que Esme sabe que eu sou assim e para ela eu respondi do meu jeito único?

O guia aparece na parte da frente do veículo e com ajuda de um microfone repete seu discurso em quatro idiomas: em inglês, francês, espanhol e, por fim, em português. Eu entendi quase tudo que ele falou sem ajuda da tradução e depois com o auxilio dela compreendi o que não havia entendido antes.

Pergunto para ninguém em especial:

— Será que vamos ver alguma onça? – interrogo sem tirar os olhos da mata. Eu não sei o que eu faria caso me deparasse com o predador. Eu não sei se eu iria ficar assustada ou não por estar ao lado de Esme e Carlisle.

— Provavelmente não. As onças são animais de hábitos mais noturnos – o guia responde.

Acho que eu falei mais alto do que gostaria e o fato de ele ter respondido me deixou novamente constrangida.

Mesmo que o homem não tenha falado olhando para mim, eu fiquei com um rubor tão forte que me denunciava. Qualquer um sabia que eu tinha feito aquela pergunta idiota. Mas eu não sabia. E como eu poderia saber se não perguntasse?

Bem, geralmente os animais caçadores têm hábitos noturnos. Até mesmo os vampiros. Para eles a noite é o melhor momento para atacar.

‘Morrendo’ de vergonha não falo mais nada até a excursão terminar e irmos embora para pegar nosso voo.

[Hoje eu sei que de qualquer maneira nenhum animal se arriscaria a se aproximar daquele ônibus, porque nenhum animal se aproxima de vampiros. Apenas as pessoas ficam próximas sem saber, algumas até sentem certo medo irracional, mas geralmente não percebem porque o instinto não é tão forte nos seres humanos quanto nos animais. Não teria razão para ter medo de mamãe e papai, mas nem dos outros vampiros as pessoas tem medo. Não acreditam que essas lendas são reais. Deveriam acreditar. Sua incredulidade os faz poder circular livremente no meio das pessoas. Alguns como os Cullen são inofensivos, mas há também os vampiros maus de verdade. E, justamente por não ter razão o instinto não diferencia vampiros não vegetarianos de vegetarianos.]

...XXX...

 

Logo depois fomos até as passarelas ver as cachoeiras. Tinha, é claro vendedores de capas de chuva. Carlisle comprou uma para mim apesar de eu ter dito que não precisava. Mais três dólares. Eu não queria que ele gastasse comigo, ainda mais porque eu não posso retribuir.

— Papai... – digo quando ele traz a manta para mim – não precisava.

— Não foi nada, criança. Não queremos que você pegue um resfriado – troca um olhar cúmplice com Esme.

— Mas eu não posso dar nada em troca... – continuo lamentando.

— Você já nos deu algo inestimável em toca. Ter você conosco já é a melhor retribuição. Tudo que fazemos por você não pense que você tem de nos recompensar ainda, nós é que estamos em dívida com você.

— Papai... – agora eu fico sem jeito e minha indignação de repente se torna timidez.

As quedas de água são enormes e fascinantes, realmente um espetáculo da natureza.

Vou até o final da passarela construída sobre as cachoeiras que conduz até a Garganta do Diabo. As cascatas formam uma pequena chuva de gotículas de água e uma névoa transparente. Sou corajosa para fazer isso porque sei que se tivesse algum perigo eles teriam fechado a passarela e não deixado os visitantes andarem por ela. O volume de água das cachoeiras não é tão grande, mas não é tão pouco que deixaria as pedras à mostra.

...XXX...

 

Depois ainda vamos ao parque das aves. As aves do parque eram multicoloridas e algumas até cantavam, prova de que eram bem tratadas e apesar de estarem presas estavam felizes. Os viveiros eram bem amplos e permitiam que elas circulassem quase que livremente.

Araras coloridas dividiam espaço com tucanos de bicos enormes, maiores até do que o próprio corpo, e diversas outras espécies que eu não conhecia, mas que o guia disse que faziam parte da fauna brasileira.

Eu conheço tão pouco meu país! Apenas meu cantinho, minha pequena cidade do interior.

Claro que não é desculpa, mas saber tudo sobre um país tão grande como um continente seria difícil. Isso sem falar nas diversidades regionais. Há tanto para conhecer! Ainda bem que eu terei tempo para saber quase tudo quando for uma vampira. Sempre quis poder aprender e descobrir coisas novas. O conhecimento sempre me atraiu. Sabedoria nunca é demais.

Por isso que adoro Carlisle, nós dois temos isso em comum. Vou adorar que ele me ensine tudo o que ele viveu! Sou muito parecida com a mamãe, mas também com papai. Sou como uma fusão dos dois, se eles tivessem mesmo uma filha seria como eu.

Pena que nós não tínhamos mais tempo e por isso optamos pelo roteiro simples. O parque ainda tem outras atrações, mas nós temos que ir embora se não chegaremos atrasados para nossa viajem.

— Ainda dá tempo de conhecermos a usina hidrelétrica de ITAIPU, pai?

— Não, hoje não. Mas podemos ver quando voltarmos – responde Carlisle.

— Ah, tudo bem – digo um pouco decepcionada.

Não estou tão ansiosa para conhecer meus irmãos quanto meus pais imaginam. E se eles não gostarem de mim? Eu sei que eu sou apenas uma humana, uma intrusa indesejada na vida deles. Minha presença foi imposta por nossos pais, não é algo que eles escolheram.

— Não fique triste, querida – diz Esme me envolvendo em um abraço. – Poderemos ver o lago de cima quando estivermos no avião.

— Claro, mãe.

Na saída do parque pegamos outro táxi para nos levar ao aeroporto. Embora seja tão perto que poderíamos ir à pé correndo e chegaríamos em menos de cinco minutos, bem menos. Mas seria estranho as pessoas verem três outras aparecerem de repente do nada, então optamos pelo tradicional, vamos de carro pois temos tempo e não há necessidade de pressa.

Nós não iremos levar malas então não precisamos chegar muito antes da hora da decolagem, chegamos apenas faltando alguns minutos. O avião já estava recebendo os passageiros e nos dirigimos então para o portão de embarque. Nunca estive antes em um aeroporto, quanto mais internacional! Então apenas sigo meus pais.

Subimos na aeronave e assim que eu me sento Esme me diz:

— Coloque o sinto, meu amor – é a segunda vez hoje que ela diz que me ama. Ou eu entendo assim, mas dessa vez eu respondo:

— Também te amo, mãe – digo tentando olhar bem fixo em seus olhos hipnotizantes e me concentro para não desviar, quero que ela sinta a firmeza de minhas palavras. Não é algo vacilante, eu tenho certeza absoluta do que sinto por ela.

— Oh querida! – ela toca minha bochecha ternamente. – Eu sei.

O fato de ela ter dito que sabe o que eu sinto por ela, a amo mais do que tudo nesse mundo, não diminui a importância de eu ter verbalizado. Eu sei que ela só quer me fazer saber que ela sabe que eu a amo profundamente. Só pode ser coisa de Deus gostar de alguém assim. OMG! Amo essa mulher tanto, quero ser como ela. Ela me inspira, ela me mostrou que não há nada de errado em ser doce nesse mundo cruel. Essa mulher incrível me ama mesmo eu sendo apenas uma humana desastrada e covarde!

Esme é tão perceptiva que muda de assunto ao me ver constrangida:

— Você está com medo de voar, querida?

Um ruído nos alto falantes nos interrompe, esse é o som que vem antes de a pessoa falar e por fim o comandante fala com os passageiros. Ele nos orienta a não circular pela aeronave enquanto estivermos no ar, pois pode haver uma turbulência, a menos que seja extremamente necessário e tivermos que ir ao banheiro no fundo do avião.

Eu que não vou ser doida de tirar o sinto enquanto estivermos voando a não sei quantos quilômetros por hora, só quando chegarmos às escalas. Só quando estivermos em terra firme vou me levantar.

...XXX...


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Notas finais do capítulo

- nesse capítulo eu utilizei um pouco das minhas próprias memórias de quando eu visitei as Cataratas. Não fui ao parque das aves como a personagem, mas fui a ITAIPU como a personagem não pode, mas ela vai quando voltar.
PS: Essa fanfic terá uma continuação chamada Moonlight. originalmente eu havia pensado em apenas quinze capítulos, mas ela foi crescendo e já tem mais de 30! vou abrir um novo livro para continuar contando essa estória.



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