—Rose, sai desse quarto agora, você precisa comer mocinha. –Bufo irritada, será que não se pode nem mais ler em paz nessa casa?

—Daqui a pouco mãe, só vou terminar esse capitulo.

Ouço os passos dela se afastando pelo corredor e suspiro aliviada, é a segunda vez que ela bate no meu quarto hoje.

“Por que as pessoas sempre têm que me interromper na melhor parte do livro?”

Volto a me concentrar em Orgulho e preconceito, estou totalmente envolvida na narrativa quando escuto meu celular apitando. Quando olho, vejo que é uma mensagem de Mia.

“Rose, acabei de ver o Adrian beijando uma garota do primeiro ano, acredita? Do primeiro ano...Nossa que imbecil”

Sorrio pra tela e começo a digitar.

“Não é como se fosse alguma novidade que Adrian é um galinha né? Tenho pena da coitadinha, mas com a fama dele, a cidade inteira já deveria estar tomando cuidado kkkkkk..”

Sei por que Mia fez isso, ela quer saber se eu não me incomodo, afinal ela e Lissa simplesmente acham um absurdo eu nunca ter me apaixonado. Eu sempre tive alguns rolos, mas nunca nada serio, o mais perto que cheguei de um relacionamento foi com Adrian, ficamos por três meses juntos. Mas eu sabia que ele não prestava e eu também só queria me divertir um pouco. Eu nunca fiz questão de me apaixonar, sempre achei isso idiotice, acho que é por isso que nunca disse sim pra qualquer um que pudesse eventualmente vir a ser o “cara certo”, Lissa diz que eu sou assim porque ainda não encontrei a minha cara metade, o cara que vai me fazer suar frio. Acho isso uma tremendo besteira, mas na maioria das vezes pra não contraria-la eu só aceno e finjo que estou concordando.

Decido levantar da cama e descer pra comer algo, já que daqui a pouco tenho que ir à escola terminar um trabalho de história. Dizem que existe certa euforia em estar no ultimo ano, mas pra mim tudo continua chato como sempre. Assim que chego à cozinha, vejo que minha mãe não está em casa, ela é medica, então deve ter recebido alguma ligação do hospital.

Meu pai morreu quando eu tinha onze anos, e desde então somos só nós duas.

Pego uma salada de frutas na geladeira e como, quando termino subo pro quarto e troco de roupa, olho no relógio e me desespero, estou atrasada.

A escola fecha as 17:00, se eu não for agora, não vou conseguir terminar o trabalho a tempo pra entrega-lo amanha.  Saio correndo pela casa pegando o que preciso, pego as chaves do carro e vou no limite da velocidade permitida. Assim que chego à escola saio correndo em direção a biblioteca, mas como não podia deixar de ser, acabo trombando em alguém e caio com tudo no chão, espalhando todo o meu material.

—Ai meu Deus, desculpa moça. –Olho pra cima e me deparo com um cara simplesmente lindo, ele tem olhos chocolate e um cabelo castanho escuro, percebo que ele me encara preocupado.

—Não, tudo bem! Eu tava distraída, não te vi. –Sorrio pra ele, que logo em seguida sorri de volta. Fico encantada, mas logo me lembro do trabalho.

Merda, o trabalho...

Começo a juntar as minhas coisas o mais rápido possível e ele me ajuda, assim que me levanto começo a correr, somente olho pra trás a tempo de vê-lo olhando pra mim confuso.

—Obrigada e desculpe. – Grito pra ele e me viro pra continuar em direção à biblioteca.

No caminho pra lá, uma pergunta fica martelando na minha cabeça.

“Quem é esse garoto?”