Damon e Elena - Casamento de Mentirinha escrita por Emma Salvatore


Capítulo 23
Consequências




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— É tudo culpa sua! – Caroline gritou, se atirando em cima de mim. – Você é o culpado! Você!

Stefan a segurou e a tirou de cima de mim.

— Caroline! Se acalma! – exclamou.

Levantei-me da cadeira e os encarei.

Uma hora atrás, havia ligado para Stefan e avisei do acontecido. Eles tinham acabado de chegar ao hospital. Já estava esperando essa reação de Caroline. E não podia deixar de concordar com ela dessa vez.

— Você tem razão, Caroline – disse. – A culpa é toda minha. E não importa o quanto você me culpe, não será maior do que a culpa que eu sinto.

Saí de perto deles imediatamente. Fui a um corredor vazio e desabei no chão.

Quando recebi a ligação sobre o que acontecera com Elena, vim correndo ao hospital. Mas não consegui vê-la. Os médicos já haviam levado-a para o centro cirúrgico.

Soube que ela batera o carro com um caminhão e derrapou. Embora os médicos não soubessem exatamente descrever o estado dela, tinham certeza de que era grave. Tão grave que podia levá-la a morte.

E tudo por minha culpa. Culpa das minhas palavras, das minhas mentiras.

Senti algo descer por minha face. Toquei meu rosto. Eu estava chorando.

Havia anos que não derramava uma só lágrima. A última vez que chorei foi quando perdi minha mãe. E agora estava desesperado com a possibilidade de perder Elena.

O que eu faria sem ela?

Por quê? Por que eu era tão idiota?

Por que eu tive de que ser tão estúpido?

Gritei enquanto batia com a cabeça na parede. Isso não podia estar acontecendo!

— Damon – olhei para cima e vi Stefan me olhando de forma complacente.

Ele ajoelhou-se ao meu lado e pôs a mão em meu ombro.

— Acho que não cabe nem perguntar como você está – ele falou apontando com a cabeça para o meu rosto.

Encostei minha cabeça na parede e fechei os olhos. Realmente não cabia perguntar como eu estava. Eu sentia como se o mundo tivesse se acabando e eu não estava nem lutando para sobreviver. Sem Elena, por que valeria a pena lutar?

— Olha, sobre o que Caroline disse – Stefan recomeçou. Tinha até esquecido de sua presença ali. – Ela estava de cabeça quente, é claro que você...

— Ela estava certa – interrompi, encarando-o. – Isso que está acontecendo com Elena é minha culpa! Só minha.

Fechei os olhos novamente enquanto mais lágrimas caíam. Não imaginava como alguém poderia sentir tanta dor.

— Damon, cara, você não pode se culpar por isso. Vocês discutiram e Elena saiu de cabeça quente e aconteceu. Foi um acidente, Damon – Stefan tentou argumentar.

Abri os olhos e o encarei.

— Não foi uma simples discussão – falei, sério. – Eu disse para a mulher que eu amo que eu preferia dormir com outras a estar com ela. Agora me diga, Stefan, não é realmente minha culpa?

Stefan me olhava de olhos arregalados.

— Você o quê?  

Não entendi o porquê da pergunta logo no começo, mas segundos depois compreendi.

— Sim, Stefan, eu a amo – confessei. – Eu a amo e agora estou aterrorizado com a possibilidade de perdê-la. Eu não posso perdê-la, Stefan. Não consigo mais viver sem ela. Não... Não posso.

As lágrimas desceram violentamente dessa vez e meu primo envolveu-me em seus braços. Chorei copiosamente em seu ombro enquanto ele inutilmente tentava me consolar.

— Você não vai perdê-la, Damon – garantiu. – Elena é forte. Vai sobreviver a isso.

— Não ligo se ela não conseguir me perdoar pela estupidez que eu falei, só quero que ela viva. Só quero que ela viva. Ela é tudo que tenho. Tudo. Não posso... Não... – chorava como bebê, era fato. Mas eu não conseguia conter essa angústia, esse desespero dentro de mim.

O que eu faria se Elena morresse?

*

Depois do que pareceu ser uma eternidade – Stefan disse que foram 4 horas – o médico responsável por Elena veio até nós e nos avisou que ela já não corria mais risco de vida, mas ainda não podia dizer que não haveria sequelas. Teríamos que esperá-la acordar.

— Posso vê-la? – perguntei no mesmo instante.

Meu choro já tinha cessado há horas com a ajuda de um calmante. No entanto, a angústia dentro de mim só crescia.

O médico pareceu pensar um pouco.

— Pode. Mas por pouco tempo. Nós não sabemos o que está acontecendo com ela – ele disse.

Concordei imediatamente. Faria qualquer coisa para apenas olhá-la.

— Acho que você não deveria ir – Caroline falou quando comecei a acompanhar o doutor.

— Como?

— Exatamente isso. Acho que você será a última pessoa que Elena desejará ver – ela afirmou.

A Loira tinha razão, mas eu precisava vê-la. Precisava.

— Caroline, por favor – Stefan pediu. – Acho que Damon deve ser o primeiro a ir, depois nós vamos. Care, você sabe que estou certo.

Um pouco relutante, Caroline concordou e eu não perdi tempo. Acompanhei o médico até quarto onde estava Elena.

— Lembre-se das recomendações – ele falou baixinho quando eu passei pela porta.

Assenti sem tirar os olhos da cama no centro do quarto.

Elena estava ali, dormindo, serena, linda. Ela tinha aparelhos ligando sua respiração, mas quis acreditar que era apenas um tipo de prevenção, não algo essencial.

Aproximei-me de seu leito e segurei sua mão. Ela estava fria, imaginei que isso era por causa desidratação.

— Ah, Elena, você não sabe o alívio que me dá te ver agora. Ver seus batimentos cardíacos normais, ver você viva— sussurrei para o seu rosto.

Fiz um carinho em sua mão e sussurrei sem olhar para o seu rosto dessa vez:

— Espero que algum dia possa me perdoar. E espero que algum dia possa acreditar que eu realmente te amo.

Uma lágrima silenciosa desceu pela minha face. Estava aliviado e, ao mesmo tempo, triste.

Não consegui mais olhar para o seu rosto. Imagens da nossa briga estavam vindo a todo vapor. Portanto, concentrei meu olhar apenas em sua mão e nos meus dedos, que faziam carícias nela.

Acho que fiquei alguns minutos entretido com isso e não percebi outros movimentos na cama.

— Damon?

Olhei para cima imediatamente. Os olhos de Elena estavam abrindo lentamente, se acostumando com a luz.

— Onde... Onde estamos? – perguntou, confusa, olhando para todos os lados que conseguia.

— No hospital – respondi. – Você sofreu um acidente logo depois da nossa... – engoli em seco –, briga.

Ela assimilou as informações devagar. Parecia estar lembrando-se desses momentos.

— E o quê você faz aqui? – perguntou um tanto áspera.

Respirei fundo. Ainda segurava sua mão.

— Olha, Elena, eu queria te dizer que tudo aquilo que eu falei não passava de uma...

— Damon! – Ela me interrompeu com uma expressão bastante assustada. – Damon, eu não estou sentindo minhas pernas.

Vi o pânico em seu olhar e comecei a sentir o mesmo. Massageei sua coxa no mesmo instante.

— Tem certeza? – perguntei, torcendo para que ela estivesse errada.

— Não sinto nada! – exclamou, assustada.

Desci minhas mãos para sua perna. Olhei para ela que balançou a cabeça.

Logo em seguida massageei seus pés. Nada.

— Damon... – ela sussurrou desesperada. – Eu estou paralítica.

Não! Eu não aceitava isso.

— Você não está! Vou chamar o médico agora mesmo! – saí do quarto correndo e o encontrei na sala de espera, conversando com Stefan e Caroline.

Os três olharam para mim.

— Vocês precisam vir aqui agora.

Não precisei falar duas vezes. Imediatamente, os três me acompanharam.

— Elena! – Caroline saudou com alegria ao vê-la acordada.

Elena não conseguiu responder. Sua face estava congelada pelo pânico.

— Dr., Elena não está conseguindo sentir as pernas – comuniquei com uma falsa calma. – É algum efeito retardatário da cirurgia?

Caroline arregalou os olhos, chocada. Stefan tentou apresentar um semblante calmo, mas fracassara.

O médico aproximou-se rapidamente de Elena e tirou uma caneta do bolso.

Ele passou por toda a perna direita dela, perguntando por fim:

— Nada?

Ela assentiu. Passou a caneta na outra e perguntou novamente. A resposta de Elena continuou sendo negativa.

O médico suspirou.

— Eu estou mesmo paralítica, não estou? – Elena perguntou com uma falsa aceitação.

— Receio que sim – respondeu. – Vamos ter que fazer alguns exames para saber se é reversível ou permanente. Acredito que seja reversível.

— E caso seja, o que será preciso fazer para que ela volte a andar? – perguntei. Faria qualquer coisa para que Elena pudesse voltar a usar as pernas novamente.

— Fisioterapia é o primeiro passo. E depois com tempo, podemos tentar outras coisas – ele respondeu. – Se quiser posso indicar um ótimo fisioterapeuta. Um dos melhores do país. No entanto, receio que não irá sair barato.

— Não importa. Pago o que for! – falei determinado.

— Não! – Elena protestou. – Não quero que você gaste mais nada comigo!

— Isso não está aberto a discussões, Elena. Vou fazer tudo que estiver ao meu alcance para que você volte a andar – garanti.

— Damon, é a minha vida! E não quero você metido nela. Não mais – ela contrapôs. Sabia que não desistiria.

— Não quero me meter na briga de vocês, mas Sra. Salvatore, a senhora deve levar em consideração o seu estado. Vai precisar de todo suporte que puderem lhe prover. Esse fisioterapeuta é excelente e precisará de alguns instrumentos que não serão necessariamente baratos – o médico falou.

— Posso ficar na casa de Caroline. Não é mesmo, amiga? – Elena olhou para a Loira.

Caroline lhe lançou um olhar culpado.

— Desculpe, Elena. Você sabe que eu adoraria que ficasse na minha casa, mas tenho que pensar no melhor para você. E neste caso é você ficar na casa de Damon.

— Não! – Elena exclamou. – Não vou ficar na casa dele.

— Elena, pense – Stefan pediu, aproximando-se dela. – Damon é o único aqui que pode te prover de melhor tratamento. Você deveria pensar nisso. Acima de seu orgulho, da sua mágoa, deveria pensar em você.

Elena fechou os olhos por um momento, refletindo as palavras de Stefan. Ela sussurrou, sem abrir os olhos:

— Não acho que Damon irá cuidar de mim. Ele não se importa comigo.

Aquilo doeu.

Abri a boca para tentar falar algo, mas Stefan foi mais rápido.

— Tenho certeza de que ele se importa. Confie em mim.

Elena abriu os olhos devagar e, olhando para mim, assentiu:

— Tudo bem. Vou para a sua casa.


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