Don't Wanna Know escrita por Queen Jeller


Capítulo 38
Capítulo 38 - Canção para o sol


Notas iniciais do capítulo

Quem é vivo sempre aparece. Esse é o antepenúltimo capítulo dessa história. E a última cena havia sido escrita de uma maneira muito diferente no passado, mas conforme fui montando esse capítulo, achei que ficou certinho da maneira que eu montei. Espero que gostem.



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Pouco a pouco a rotina foi se refazendo entre eu, Roman e agora Aubree. Era mágico tê-la em casa todos os dias além de Roman, mas também bastante cansativo para todos nós. Mesmo assim, sempre arrumávamos tempo para nós e para nossos amigos. Como a gravidez de Jane estava ficando cada dia mais evidente, fosse pela barriga aguda demais ou pelos efeitos hormonais, sempre que podíamos estávamos na casa dos Wellers, fosse para ajudá-los com algo na casa ou simplesmente pela boa companhia. 

Conforme os meses foram passando, eu e Aubree fomos ajudando Jane com o enxoval e Roman auxiliando o Kurt com a montagem dos móveis e mudanças no quarto. Com seis meses de gravidez, tudo estava pronto para Nikki e Lucca. Com isso, os dois ficaram um pouco mais em paz e eu e Roman decidimos aproveitar essa tranquilidade durante um final de semana para viajarmos para um resort com Aubree. 

Escolhemos ir para Los Angeles por causa da praia, decidindo aproveitar ao máximo o verão e a piscina. Seria nossa primeira viagem em família, o momento ideal para que eu pudesse conversar com a garota sobre o que havia ocorrido na casa dos Weller um tempo atrás. Desde que eu a chamei de filha, ela parou de me chamar de tia, mas eu ainda não tinha tido coragem de perguntar a ela se ela gostaria de ser minha filha. Embora Roman me encorajasse, eu tinha medo que ela me visse mais como namorada do seu pai do que como uma mãe e não queria impor a ela que aceitasse aquele status só por gostar de mim. Entretanto, eu já havia adiado demais essa conversa e, para que as coisas não ficassem mais estranhas, eu resolvi falar com ela logo após o nosso primeiro dia ali. 

Após o almoço, Roman dormiu por estar cansado da praia. Ele estava de bruços e, a poucos metros dali, Aubree brincava na beira da piscina que tinha na varanda de nosso quarto, jogando água para cima com os pés. Também com roupa de banho, me sentei ao seu lado, colocando os pés dentro da água e ela se aproximou um pouco mais de mim. 

— Sabia que meu pai parou de dormir no horário de almoço quando a senhora viajou pra casa do Tio Reade?

Aquela não era a melhor maneira de se começar uma conversa séria, mas como ela viu que eu estava ali para falar, eu permaneci e deixei que ela ditasse o primeiro tópico. 

— Acho que foi uma época difícil para todos nós, né?! —  Fui franca. —  Mas já acabou, graças a Deus. Agora estamos aqui e temos vários verões para aproveitar.

Ela suspirou fundo.

— Ainda bem que acabou mesmo. Meu pai sentia muito a sua falta — Ela deu uma pausa — e eu também.

— Por causa do orfanato ou por causa do seu pai?

— Nenhum dos dois. Eu gosto de ter a senhora na minha vida.

— Eu também gosto de ter você na minha…

Ela me interrompeu com uma pergunta bem direta.

— A senhora promete que nunca mais vai embora? —  Ela perguntou olhando no meu olho e continuou, agora segurando minha mão, antes que eu continuasse. — Eu já perdi uma… mãe antes, e pra mim você é minha mãe já, não quero perder você. 

Eu a abracei forte em resposta e senti que seu coração palpitava tanto quanto o meu. 

— Prometo que não vou. — Afirmei ao me afastar e segurar seu rosto. — E aproveitando que você falou em mãe, eu quero que você saiba que você já é uma filha pra mim. Caso você e o seu pai queiram, nós podemos legalizar isso, tá?

— Como assim legalizar?

— Colocar nos seus documentos, assim como foi entre você e seu pai.

— Como um casamento? — Ela questionou deslumbrada e não pude não rir.

— Mais ou menos. 

— Claro que eu quero. Claro que meu pai quer. E mesmo se ele não quisesse, eu ainda ia querer. — Ela respondeu afobada, até que questionou. — O que precisamos fazer?

— Bem, assim como seu pai foi atrás de papéis e aprovações para ser seu pai, eu também faria o mesmo processo para responder como sua mãe. 

— Entendi. Aí eu iria poder te chamar de mãe? — Era nítida sua empolgação.

— Você pode me chamar de mãe quando quiser. E eu, posso te chamar de filha?

— A senhora meio que já fez isso, né? — Ela rebateu com gracinha — Mas eu adorei.

— Então agora somos mãe e filha. — Eu completei beijando sua testa e Roman apareceu atrás de nós com a cara amassada, mas com o sorriso de quem claramente tinha ouvido parte da conversa.

— Finalmente acordou. — Aubree apontou e todos nós rimos.

— Não poderia deixar de viver esse momento familiar. — Ele ressaltou enquanto passava as mãos nas minhas costas e cheirava o topo da cabeça de Aubree.

Éramos a recém família mais feliz daquela costa dos Estados Unidos

***

A primeira noite ali foi uma das mais memoráveis. Eu, Roman e Aubree jantamos na praia e, sob um som acústico, dançamos e relembramos aos risos o dia do casamento de Jane e Kurt, em que finalmente ficamos juntos. Enquanto apoiava meu rosto em seu ombro e ele sussurrava parte da música de maneira desafinada em meu ouvido, eu pensei em como nós havíamos transformado uns aos outros em todo esse tempo.

Aubree me ajudou a ver mais pureza nas pessoas e Roman me fez entender o que era perdoar e seguir em frente. Éramos uma família maravilhosa e só tínhamos coisas maravilhosas a viver dali em diante, eu sabia bem disso. Após fazermos o músico cantar uma das músicas favoritas da Aubree, do Marron 5, fomos dormir. 

O dia seguinte foi cheio de aventuras, já que fomos a um parque aquático, mas a missão acabou deixando Aubree cansada e ela dormiu bem cedo. Para não perdermos o dia, eu e Roman pedimos um vinho e ficamos bebendo na varanda, observando o sol ir embora e agradecendo por aquele dia maravilhoso. 

O céu tinha mais estrelas que o dia anterior quando Roman veio em minha direção com mais uma garrafa de rosé. Com uma camiseta fina branca e uma bermuda preta, ele transpirava beleza, mas parecia mais sério que minutos atrás.

O fitei tentando entender porque ele estava daquele jeito, mas não consegui pescar o que estava ocorrendo. Para animá-lo um pouco mais, me sentei em seu colo logo que ele sentou e o beijei. Poucos minutos depois ele se afastou com um sorriso e, com o olho congelado ao meu, olhou para detalhes do meu olho e nariz com certa admiração. 

— Você é a mulher mais linda que eu já conheci.

— Então é porque conhece poucas mulheres. — Pontuei rindo e ele apertou minha cintura. 

— Quem disse que quero conhecer muitas? Já basta para mim conhecer você.

— Bom saber. 

Desviando um pouco o olhar, ele bateu nas minhas costas para que eu levantasse e se levantou, me dando as mãos. 

— Vamos dançar?

Eu ri.

— A gente, dançar?

— Claro, por que não?

— Porque não fazemos isso. É clichê. Não somos clichê.

— Dançamos noite passada. E eu sou clichê. Ou piegas, como você achar melhor chamar. 

Me puxando pra mais perto dele e me abraçando, ele sussurrou no meu ouvido.

— E quero viver todos os clichês possíveis da minha vida com você.

Não pude não sorrir pelo jeito adorável com o qual ele sempre se declarava pra mim e aceitei que ele me conduzisse. Era um momento tão agradável. A brisa da praia batia gelada na nossa pele, mas o calor pós-praia dos nossos corpos fazia com que a sensação não fosse ruim. Para além da temperatura, era bom demais me sentir confortável e genuinamente feliz nos braços daquele homem tão bom e tão puro.

— Sou tão feliz por ter você, sabia?! — Afirmei afastando meu rosto do seu peito e olhando bem diretamente nos seus olhos claros. — Nunca pensei que me sentiria em casa ao lado de alguém, mas é assim que eu me sinto estando aqui com você e com a nossa filha, que agora é nossa, não só sua.

— Desde que te revi que eu sabia que ela queria que você fosse mãe dela. E fico feliz que isso se realizou, não só por ela, mas por mim também. Me perdi por tanto tempo, mas me reencontrei quando te conheci. Eu já tinha uma ideia do que eu queria, mas eu não sabia que era possível existir alguém que me completasse tanto. Você fez possível. 

— Te amo. — Falei e dei um selinho em seu nariz.

— Quem tá apelando pros clichês agora? — Ele brincou.

— Não gostou? — Perguntei de maneira sonsa.

— Eu amo você e tudo que você faz.

— Então pronto. — Finalizei voltando a me aconchegar no seu peito enquanto nos balançávamos de um lado para o outro.

 “Quando eu te vi na rua caminhando

Você mudou alguma coisa no meu canto

Eu suspeitei que podia enfim viver

Quando você tomou a casa do seu jeito

Você mudou tanta coisa no meu peito

E hoje eu canto, eu danço, eu bebo

Eu acredito de novo no amor

Meu amor, meu amor

 

Roman começou a cantar essa música buscando dar um tom ao nosso momento e deu. Cada letra daquela canção então desconhecida me fazia pensar no nosso relacionamento: quando nos reencontramos, quando eu passei a lentamente me sentir confortável nos braços dele e depois quando fiz da casa dele a nossa casa, mudando várias coisas nos móveis — e em nós. A letra também falava sobre se sentir aceso, vivo novamente por causa de um amor e havia ainda a promessa de sempre lembrar disso, nos melhores e piores dias. 

— Essa é a declaração mais linda que eu já recebi. — Sussurrei com lágrimas nos olhos, mas ainda sem olhá-lo no olho quando ele terminou de cantar. Se dependesse de mim, eu nunca mais sairia daquele momento. 

— Lamento que a letra não seja minha, é de uma banda chamada Vanguart, mas desde que eu a escutei que eu pensei em você. Eu te fiz e refiz tantas vezes em minha mente e em meu coração antes de te conhecer, Tash. Muitas vezes pensei que você poderia não existir, mas aqui está você: não só existe como me ama. Uma mulher fantástica, incrível, doce e que me aceitou com meus defeitos, depois de algumas brigas, claro. — Rimos — Sou o homem mais sortudo do mundo se você… — ele limpou a garganta e afastou-se um pouco para olhar no meu olho — aceitar casar comigo. 

— Isso é um pedido? — Meu tom de voz transparecia meu nervosismo e ele juntou ainda mais nossos corpos.

— Acho que eu não consigo mais esperar até o final dessa nova viagem.

— Então faça a pergunta, Senhor Kruger.

Ao ver a resposta se formando em lágrimas e sorriso no meu rosto, ele tomou minha mão e se ajoelhou.

— Tem que ser clichê assim como eu sou.

— E eu amo cada parte de você assim, bem clichê.

Com o joelho no chão, ele colocou a mão no bolso e tirou duas alianças de lá.

— Agora, Natasha Zapata, você aceita casar comigo?

O respondi com um beijo e, quando nos separamos, finalmente verbalizei aquilo que queria fazer desde que havia voltado para ele.

— Eu não aceitava mais passar um minuto da minha vida sem ser sua noiva, meu amor.

Após trocarmos alianças em meio às lágrimas, checamos se Aubree estava segura em seu quarto de varanda conjunta com a nossa e fomos oficializar o pedido na nossa cama. Passamos o resto da noite despidos de roupas e de sentimentos, e quando o sol já estava nascendo, a única coisa que restava entre nós era a certeza de que tudo ali perduraria até depois do fim das nossas vidas. 


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Notas finais do capítulo

O que acharam dos nossos noivinhos? Tô com um misto de sensações por estar finalizando essa história. Imagino que talvez sintam falta dos momentos deles com Jeller, mas eles serão melhor descritos no próximo capítulo. Dessa vez eu quis focar exclusivamente na família deles.
Me deixem saber o que vocês acharam, por favor!



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