Don't Wanna Know escrita por Queen Jeller


Capítulo 33
Capítulo 33 - É você


Notas iniciais do capítulo

Feliz 2021, leitoras. ♥ Este ano essa história será finalizada. Espero que, no final de tudo, ela seja boa para vocês. Meu coração dói em pensar em finalizar essa história, mas já ta na hora. O roteiro dela já está todo pronto. Devemos ter 39 ou 40 capítulos. Obrigada a quem acompanhou até aqui.



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— É tão bom ter você de volta, sabia? — Despertei com a voz dele sussurrando isso em meu ouvido. 

Sua leve pele encontrava a minha enquanto ele encaixava a cabeça em meu pescoço. Como eu havia sentido falta da sua barba, na sua pele tocando a minha nesse um mês que passou. Quando ele me abraçou pela cintura, segurei firme seu braço, passando meu nariz pela sua pele, desnorteada para sentir seu cheiro e sentir cada pedaço dele novamente de uma maneira desesperada.

— Eu senti tanto a sua falta, Roman. Não sei como já suportei 30 dias sem você.

Quando disse isso, senti seu pomo de adão se mexer e um vento frio me bateu. Logo seu corpo sumiu e, quando me virei, percebi que aquele era apenas mais um sonho que eu tinha. Não importava quantas consultas psicológicas obrigatórias por Reade eu fazia, ele não saia da minha cabeça, agora nem mais dos meus sonhos.



Reade POV

 

Eu e Tasha éramos como unha e carne, unidos por uma irmandade que talvez somente a religião explicasse. Se eu sentisse uma dor, ela também sentia comigo. Foi ela quem me encorajou a ir atrás de Sarah corrigir os meus erros depois que derrubamos a Sandstorm. Portanto, ela era a grande responsável pela felicidade que eu tinha em minha vida atualmente. Era agridoce, contudo, tê-la em minha casa naquele momento. Estávamos passando por um momento novo com o nascimento do Simon e era ótimo ter ela ajudando a Sarah a cuidar do meu filho, mas eu sabia que ela não estava bem.

 

Quando ela chegou em minha casa, um mês atrás, disse que precisava proteger Roman e Aubree e que por isso iria morar temporariamente em Nova Jersey e trabalhar comigo. Não explicou, não me deixou pedir ajuda dos nossos amigos e tentou fingir que estava tudo bem. Porém, nesses 30 dias que se passaram, todos os dias eu a vi sangrar. 

 

Eu via como seu olhar ficava distante sempre que Sawyer falava em alguma amiguinha, provavelmente lembrando de Aubree, e eu já havia visto que toda noite ela usava o celular de Sarah para ver o Instagram do Roman e checar se ele estava bem. Ele havia arquivado todas as fotos e inutilizado o perfil desde que a morena saiu de sua vida, mas ela ainda ia lá, em busca de um sinal ou de uma esperança. 

 

Eu já até havia aprendido a desvendar seus diferentes olhares de tristeza. Naquela manhã, quando bati em sua porta, vi um novo olhar, mais perdido, como se ela tivesse reencontrado a felicidade e depois a tivessem tirado isso dela. Eu e Sarah já havíamos decidido que íamos tentar dar um fim nisso. Em uma semana, faríamos o batizado de Simon aqui em Nova Jersey. Tasha seria madrinha e não teria como fugir disso. Kurt seria padrinho, logo, Jane também viria. O mais difícil era trazer Roman até aqui, mas Sarah disse que faria de tudo para que ele viesse com Aubree. 

 

A ideia de Sarah era fazer tudo às cegas, mas eu sabia que Tasha odiava surpresas negativas, então me preparei mentalmente para contá-la no horário de almoço. Era um dia particularmente quente e ela estava como sempre esteve desde que chegou: afogada no trabalho. Eu sabia que ela amava o que fazia, mas também sabia que ela estava fazendo aquilo para cobrir seu problema pessoal.

Mas ela já não era a mesma Tasha de antes. No trabalho, sim, seguia focada, era uma ótima dupla, inteligente e ágil, mas eu via como ela estava pela metade ao final do expediente. Não havia mais sorrisos, chamadas para bebida ou para assistir algum jogo da Liga de Futebol Americano. Era como se ela tivesse existindo, mas não mais vivendo. Eu entendia esse sentimento, o mesmo que eu senti ao ter de deixar Sarah por conta da Sandstorm, e por esse motivo era mais doloroso ainda assisti-la definhar. 

 

Quando bateu às 12h30min, fui até a sua mesa, desliguei seu computador. Ela me retribuiu com olhar de reprovação, mas não tinha mais para onde fugir.

— Precisamos conversar. Vamos almoçar. — Intimei.

— Estou sem fome. — Ela respondeu e eu então rebati.

— Não foi uma pergunta, foi uma intimação.

Ela levantou reclamando que não precisava conversar, que estava indo ao psicólogo, mas eu insisti que ela gostaria de saber o que eu tinha a falar. Esperei que nos servíssemos e só depois que começamos a comer que eu comecei a entrar no assunto.

— Sarah quer fazer o batizado do Simon neste final de semana. Eu gostaria que você não pegasse nenhum caso.

— Tudo bem, amigo. Com certeza fico disponível para o pequeno. — Ao ver meu olhar diferente, ela perguntou. — Tem algo mais que queira me falar?

— O time todo vem: Jane, Kurt e Patterson, como você pode imaginar. E…

— Pode chamar. O filho é seu e eu estou me preparando para reencontrá-los, mesmo que eles não entendam o que eu fiz.

— O Roman também vem com a Aubree. — Falei de repente.

— Reade... — Ela falou depois de alguns minutos me olhando em silêncio. — Não sei se estou preparada para isso.

— Por isso estou lhe avisando. Uma hora isso ia acontecer. Você veio pra cá, precisa lidar com as consequências dos seus atos.

Ela baixou a cabeça e, de repente, pareceu que a comida já não tinha sabor para ela. 

— Eu já estou lidando, todos os dias que fico longe da maioria das pessoas que amo.

Seu olhar desencontrou o meu e facilmente dava para notar seu pensamento distante.

— Foi ideia da Sarah. — Confessei. — É que ela tem se preocupado com você e com ele. Disse que ele está fazendo terapia, que sabe que ele não te fez mal e que essa pode ser uma chance de vocês se reconciliarem.

— Fico feliz pelas intenções da Sarah, mas não existe reconciliação, Reade, pois a gente não brigou. Na verdade, eu gostaria que as coisas fossem simples assim, mas não são. Eu te falei, eu vim pra cá para protegê-lo. 

— Proteger de que, Tasha? Nós derrubamos a Sandstorm. O que pode ser mais perigoso que a Sandstorm, a ponto de você estar tão feliz e de repente você vir para cá, mudar seu nome no FBI e se fechar no seu mundo. Eu até pensei que vocês iriam formar uma família.

Ela deu um riso infeliz.

— Se eu pudesse falar, eu já teria resolvido, Reade. Não é tão simples. E eu também pensei. — E ao ver meu olhar, revelou. — Eu pensei que estava grávida antes de vir para cá, mas não estava.

— Por isso você fugiu? Medo disso? Roman não queria ser pai?

— Não, Reade. Roman super queria. Era medo de que nunca mais eu pudesse sonhar em ter isso.

— Não entendo.

— Não posso te fazer entender, bro. Desculpa. Se me der licença, — ela começou, se levantando — perdi meu apetite. 

Antes que fosse embora do refeitório, porém, ela virou-se para mim.

— Obrigada por me avisar. Vou me preparar.

 

*****

 

Eu veria o Roman em uma semana. Eu veria o Roman em uma semana. Eu veria o Roman em uma semana. Era somente nisso que minha cabeça conseguia pensar. Com suas fotos arquivadas no Instagram, pouco consegui saber sobre ele, apenas que tinha começado terapia e que a adoção da Aubree tinha dado certo.

 

Será que já tinha conseguido começar a nos superar, diferentemente de mim? Será que estaria mais bonito que na última vez que o vi? Deus, como queria tocá-lo, como queria me desmanchar em seus braços, falar da saudade que eu sentia. Antigamente, provavelmente me sentiria culpada por querer ser tão vulnerável nos braços de um homem. Depois de passar esse mês longe dele, pela circunstância que foi, eu já não ligava mais para isso. Entretanto, eu não poderia ter essa postura. Teria de me contentar em vê-lo distante e pronto. Seria o bastante naquele momento, desde que eu o visse bem, que não brigássemos e desde que eu pudesse abraçar Aubree. Naquele momento, aquilo iria me nortear.

 

O restante da semana foi um grande devaneio. Sempre que me entretia com algo, o tempo passava rápido, mas quando eu parava para lembrar que iria rever o amor de minha vida, é como se o relógio decidisse me castigar por eu tê-lo abandonado e quase parasse. E esses lentos minutos foram longos durante os cinco dias seguintes.

 

Não tinha como negar, a informação tinha me desconcertado, mas como não? Como não ficar louca ao pensar em reencontrar a pessoa com quem eu queria viver o resto dos meus dias e saber que eu não poderia sequer tocá-la? Por este motivo, acabei trocando o trabalho de campo pelo burocrático durante a semana, pois temia que estar desconcentrada pudesse colocar eu ou meus companheiros novos em risco. 

 

Bebi em quase todos os dias, na esperança que o álcool me ajudasse a apagar aquelas lembranças maravilhosas que eu tinha daquele sorriso entre aquela barba loira. Quando o sol ia embora e a lua subia, quando eu ia de encontro a minha cama, sentia como se o álcool só tivesse inflamado todos os meus sentimentos. 

 

Após cinco dias de martírio, o dia D chegou. 

 

Roman POV

 

Desnorteado com o sonho que tive, acabei levantando para ir beber água e tentar controlar minha respiração, conforme a terapeuta havia me aconselhado. Uma respiração mais controlada, contudo, não me fazia pagar a imagem que estava em minha cabeça: Tasha deitada, pensativa, em um quarto estranho e o sorriso que se acendeu em seu rosto quando eu a toquei.

 

Nesse mês que passou, conquistei a guarda da minha filha, tudo estava bem no trabalho, mas eu ainda sentia um vazio que eu sabia que somente ela preencheria, mais ninguém. Quando a noite caía, eu tinha tudo que eu havia pedido antes a Deus, mas faltava aquele sorriso dela ao meu lado e isso doía. Antes que aquilo me tocasse de modo negativo, porém, voltei para o quarto e fui dormir.

 

Acordei com o telefone tocando. Era um número de outro estado. Se não me falhasse a memória, de New Jersey. Seria Tasha? Meu coração quase sai pela boca ao pensar nisso. O que ela falaria? O que eu responderia? 

 

Atendi em desespero, sem saber o que fazer, mas ciente que eu só queria escutar a voz do amor da minha vida, demonstrando que estava bem, mais uma vez. Encontrei uma voz conhecida, mas não a que esperava — e queria tanto — escutar.

 

— Oi, Roman. Tudo bem? Espero não ter te acordado. É a Sarah, irmã do Weller.

— Oi, Sarah. Não acordou. — Menti. — A que devo a honra de sua ligação?

Ela riu desajeitada do outro lado da linha.

— Eu gostaria de te fazer um convite. Gostaria que você viesse ao batizado do Simon com a Aubree. Não aceito não como resposta.

— Mas por que eu diria não? — Brinquei.

Ela ficou muda por um tempo e então revelou.

— A Tasha vai estar aqui. Não quero que isso seja um empecilho para você. Você é da família do Kurt, então também é da minha família e gostaria que você viesse e sei que Aubree vai amar estar aqui com o primo.

Engoli a seco a informação. Eu fiquei tão angustiado por essa informação nos primeiros dias. Era bom saber que ela estava com conhecidos, pelo menos. 

— Ela concorda com a minha ida? — Questionei nervoso. Será que Tasha queria me encontrar e aquela era uma maneira indireta de fazer isso?

— Ela não precisa concordar. É um evento envolvendo meu filho.

— Sarah, a Tasha me largou. Se eu a conheço, —  pontuei com deboche — não sei se ela iria gostar desse tipo de surpresa. Ela foi para longe de mim, significa que ela não me quer por perto. Não agora.

— Eu posso não saber de muita coisa, Roman, mas sei que essa última coisa que você disse é mentira. Não sei o motivo pelo qual Tasha veio morar aqui, sim, ela está morando aqui — revelou a loira —  mas ela te quer por perto sim. Você não sabe como é doloroso ver ela sentindo sua falta e não poder fazer nada.

— Se doesse tanto, talvez ela já tivesse voltado.

— Não diga isso, Roman. Me parece que algo ameaça você a ponto dela renunciar da sua companhia, pelo menos por agora.

Não sabia o que responder. Desde que Tasha se foi, venho tentando com ajuda terapêutica superar isso. No fundo, gostava de pensar que ela se foi porque quis e pronto. Logo, era doloroso demais pensar que, talvez, ela tivesse ido por pressão, para me proteger de qualquer coisa, que ela sentia toda noite o mesmo vazio que eu sentia. Era devastador imaginar que ela estava se definhando, assim como eu, só para me proteger. Mas me proteger de que? Sabia que Sarah não saberia me responder. Alguém além de Tasha saberia?

Ao ouvir meu silêncio, Sarah continuou.

— Espero que pense nisso. Consegue me confirmar se vem até quarta-feira? 

— Uhum. — Foi a única coisa que consegui responder antes de desligar o telefone.

 

Era final da tarde de quarta-feira quando liguei para Sarah para confirmar minha presença com Aubree. Tinha tentado não pensar muito naquilo, mas sempre que não estava com Aubree, era em Tasha que eu pensava. Ela era a segunda mulher mais corajosa que eu já havia conhecido, só perdia para minha irmã. O que a faria temer a felicidade? Perdi duas noites de sono pensando nisso, mas sabia que somente ela poderia me responder isso. E se somente ela pudesse me responder, eu estava pronto para ir buscar as respostas.


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Notas finais do capítulo

Não vou mentir, pensei muuito em modificar esse capítulo, pois achei ele 'morno', se comparado aos dois anteriores, mas acho que vocês precisam entender como cada um deles viveu no tempo que não se viram, por isso decidi postá-lo. Espero que gostem, apesar disso, e entendam a proposta.



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