Amor é Um Clichê escrita por Tatti Rodriguez


Capítulo 5
D. Salvatore




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Minhas mãos apertavam sua cintura, tentando sufocar a pressão que eu sentia no meu peito. Suas mãos puxavam  meus cabelos enquanto nossas línguas dançavam de um modo tão sincronizado que parecia que foram feitas para se provarem. Por um fugaz momento eu pensei no quanto o beijo daquela mulher era errado... Mas logo varri aquele pensamento nojento para longe. Estava com Bonnie em meus braços, literalmente. Não era nenhum de meus sonhos, não estava dormindo ou sonhando acordado. Era real. Tão real e certeiro quanto dois mais dois são quatro, tão exato quanto o gás nobre se estabilizar com oito elétrons e eu sabia que eu jamais poderia ser um gás nobre por apenas me estabilizar com Bonnie. Uau! Isso é bom, um dia mando um buquê de flores com esse cartão, aposto que ela vai amar.

O beijo foi parando aos poucos e eu queria logo recuperar a respiração para poder poder iniciar outro beijo. Mas ela me impediu com um abraço. Eu sorri e envolvi seu corpo com meus braços enquanto apoiava minha cabeça no topo da sua. Ela respirava fundo e eu sabia que no mundo não havia ser mais feliz que eu.

— Damon...

— Hm?

— Sou apaixonada por você.

Aquilo me fez congelar!

Aquela declaração. Aquele simples verbo que mudava tudo!

Ela não estava apaixonada por mim.

Ela é apaixonada por mim.

Minha mente quis explodir com essa constatação! Não era um estado, algo passageiro. Era uma característica! Algo que já fazia parte dela!

Mas, maior que qualquer diferença verbal... Não mudava o fato de que eu era um bendito filho da mãe sortudo! A lei da atração estava pulsando em cada partícula de O² que nos rodeava. Todas as vezes em que desejei de todo o meu coração que ela pudesse ao menos me notar, veio como um raio em minha mente. Quantas vezes eu não olhava seus treinamentos de líder de torcida? Quantas vezes eu já não desejei que aquele beijo e aquela confissão se concretizasse. Eu tinha tantos planos para quando isso acontecesse!

#1: Eu a rodaria em meus braços, a deitaria neles enquanto eu a sustentaria e sorrindo de canto a beijaria, deixando nas entrelinhas o que eu queria dizer.

#2: Eu me ajoelharia em sua frente, sua mão no meio das minhas e eu abriria meu coração para ela.

#3: Eu lhe daria flores, chocolates e um grande urso de pelúcia em frente a toda a escola e diria o quão apaixonado eu sou por ela.

#6: Me imaginei fazendo uma mega pizza de coração com morangos e chocolate para demonstrar que a amava.

Entre outros.

Eu só não imaginei sentir minhas pernas tremerem e num impulso notar tardiamente as palavras escapulindo de minha boca:

— Eu sempre fui apaixonado por você, Bonnie. — confessei.

Ela se afastou para me olhar assustada. Seus rosto quente e olhos brilhantes eram as coisas que ainda conseguiam fazer eu me sentir preso à terra. Sentia que a lei da gravidade estava sendo testada em meu interior, tudo em completo 0-G (zero g / gravidade zero).

— D- desde o primeiro momento em q-que e-e-eu te v-vi. — respirei fundo me sentindo um otário por estar gaguejando daquela maneira. Eu era um fiasco. Eu desistiria de terminar minha confissão, mas ela apertou minha cintura e sorriu de maneira  doce.

— Você é tão fofo. — ela disse baixinho antes de me beijar levemente e eu decidi que ela merecia saber.

Respirei fundo. Não sei quantas vezes, mas eu respirei e cada inspirada era um beijo novo que ela me dava.

— Bonnie... — eu a chamei e eu só conseguia ver o seu sorriso tão grande. Ela era tão linda.

— Sim?

Eu havia esquecido o que eu queria falar. Meu Deus. Eu não conseguia me concentrar com aqueles olhos verdes tão perto de mim. Eu só a beijei. Só isso.

Até ouvirmos um barulho me máquina fotográfica.

— Mas eu esperei tanto por esse momento! — meu pai surgiu com minha mãe ao lado — Mas que lindos! Olha, amore! Nasceram um pro outro!

Eu não sabia onde enfiar a minha cara. Eu não sabia o que fazer. Eu só queria que nada daquilo estivesse de fato acontecendo.

Eu havia acabado de conseguir uma chance com a minha deusa Bonnie Bennett e meu pai havia conseguido destruir isso em segundos.

Eu sentia que desmaiaria, eu sentia que tudo sob os meus pés desabaria e eu queria que um buraco no chão se abrisse e eu caísse ali e nunca mais saísse de lá. Mas nada disso aconteceu.

Estava quase pedindo perdão de joelhos a Bonnie, quando ela toda animada começou a falar com meu pai.

— Eu também acho! — ela sorria — Eu estou tão feliz!

— Mas eu também! Dio mio! Como estou feliz! Ele sempre gostou de você. Ouvia ele falar de você todos os dias!

— O que ele falava?

E ela me largou para fofocar com meu pai. Minha mãe chegou perto de mim e me abraçou.

— Tomou coragem, filho? — ela apertou meus ombros de forma gentil — Estou orgulhosa, ela é uma boa garota.

E enquanto ela sorria com meu e via as fotos que ele provavelmente tirou escondido de nós, eu tinha a absoluta certeza que ela era a mulher da minha vida.

.

.

.

Apesar de ser o dia do "Pague 2 leve 3" e consequentemente o dia em que mais havia movimento na pizzaria Salvatore, eu não havia sentido a noite passar. Eu só conseguia me sentir nas nuvens. Eu só conseguia pensar no quanto eu queria beijar a Bonnie de novo e de novo.

Durante todo o turno quando nossos olhares se encontravam eu a via sorrir para mim. Ela estava ainda mais radiante ou era impressão minha?

Meu pai não parava de dizer o quanto estava orgulhoso de mim e a cada disco de pizza que fazíamos ele fazia questão de se recordar de quando ele conheceu minha mãe num dos campos de girassóis na Itália e então, enquanto ele dizia que ela era a coisa mais linda que seus olhos já haviam visto, eu me perguntei quais seriam as flores favoritas de Bonnie e acima de tudo, se ela gostaria de conhecer minha terra na nossa próxima férias do colégio.

Pensar em ir com ela à Itália, apresentar tudo o que eu conheço e conhecer coisas novas com ela fazia eu sorrir e pensar que nada poderia quebrar isso.

Mas eu estava redondamente enganado.

Havia dois pontos que eu não havia planejado.

O primeiro, foi o fato que minha mãe havia me lembrado enquanto fechávamos a pizzaria. Eu e ela limpávamos as mesas enquanto ouvíamos meu pai e Bonnie rindo enquanto arrumavam o balcão de pizzas.

— Então, filho. Agora que você se declarou à  ela, quando vai pedi-la em namoro?

Eu parei o que estava fazendo e endireitei a postura.

— O quê?

— Perguntei quando vai pedi-la em namoro. - ela deu de ombros e passou para outra mesa.

— Pedir a Bonnie em namoro...?

— Sim, ué. - ela também parara de limpar e me encarou - Ou você não pretende a pedir em namoro? Está só brincando com os sentimentos dela? Porque se estiver, Damon... Damon... Eu não te criei dessa forma, Damon!

— Calma, mãe! Não é nada disso. - me apressei a acalma-lá, ninguém no mundo gostaria de ver minha mãe irritada. - É  só que, eu não tinha pensando no pedido em si.

— E pensou no quê?

— Sinceramente, nos momentos que teríamos juntos, mas nunca parei para pensar em como a pedir em namoro.

— Hummm, então eu acho que deveria começar a pensar. - ela sugeria - Vocês estão apaixonados e pela forma como se olham, como se tratam e principalmente como parece que para ela não há ninguém além de você, eu tenho certeza que a resposta será sim.

— A senhora acha?

— Eu tenho certeza, já disse. E depois que você a pedir... Tem que pedir ao pai dela. - ela sorria mas isso fez uma pedra cair em cima de mim.

Ainda tinha o pai dela...

— Damon, já acabamos! - ela surgia detrás do balcão sorrindo para mim com aqueles olhos verdes tão intensos. - Pode me levar?

E vendo aquela baixinha que fazia meu coração bater tão forte e descompassado eu sabia que enfrentaria quem quer que fosse para ter ela ao meu lado.

.

.

.

— Obrigada por me deixar em casa. - Bonnie agradecia enquanto se soltava do cinto de segurança.

— Ainda fico sem graça por te trazer no carro da pizzaria. - corei e senti suas mãos em meu rosto puxando para colar seus lábios no meu.

— Eu acho uma gracinha. E é bom para fazer um merchandising da pizzaria. - ela piscou e eu sabia que isso era coisa do meu pai.

— Você tem que parar de andar com meu pai um pouco.

Ela riu alto e afundou o rosto no meu pescoço. Me arrepiei e sei que ela percebeu, porque a ponta de seus dedos finos passeavam pelos meus pelos arrepiados do braço.

— Damon...

— Sim? - beijei seus cabelos sedosos e apoiei minha bochecha direita ali.

— Você realmente sempre foi apaixonado por mim?

— Sempre. Realmente desde a primeira vez que eu vi você.

Ela se afastou e se endireitou no banco ao meu lado com o rosto exalando concentração.

— Me conta tudo.

— Bem...

— Bonnie! - o grito de Jeremy nos assustou e eu ri quando ela revirou os olhos - O pai pediu para entrar!

— Acho melhor você ir. - falei, não queria me indispor com o pai dela justo agora que estava tudo caminhando para o meu final feliz.

— Mas eu quero tanto ouvir você falar quando foi que descobriu que estava apaixonado por mim!

Sorri para ela enquanto colocava uma mecha de seus cachos atrás da orelha com um brinco de flor brilhante.

— Porque não fazemos o seguinte, amanhã, você quer sair comigo? - Eu queria sustentar o ar de galã que eu havia adotado, mas era de Bonnie que estávamos falando, minha fraqueza, então, tarde demais eu senti minhas bochechas corarem e comecei a gaguejar em vergonha - T-tipo um en-en-encontro.

— Eu adoraria. - ela me beijou mais uma vez antes de se sair do carro - Me manda uma mensagem combinando tudo.

A assisti entrar em casa e não conseguindo conter minha felicidade eu dirigi para casa com um sorriso grande o bastante para meu rosto doer.

Aquele era o esboço do típico dia perfeito que eu sempre sonhei para mim. Eu havia beijado a garota dos meus sonhos, da minha vida. Ela correspondia meus sentimentos. Eu estava completamente apaixonado e certo de que com ela seria completamente diferente de tudo, da outra...

Bonnie era diferente, ela era pura, boa, tinha um coração e uma alma que iluminava a todos. Ela era quem eu achava que nunca teria e nunca mereceria, eu sei que não a mereço, sei que há coisas em mim que eu tenho que enterrar e me esforçar para superar, que alguns fantasmas temos que exorcizar mesmo que seja difícil, mas a Bonnie... Ela me fez crer que era possível e que eu posso.

Enquanto eu trancava a porta da frente, eu pensei nisso. Eu me esforçaria para a merecer.

— Fez sua última entrega do dia? - A voz fria de Stefan me assustou e eu me virei para ele.

— Você deveria fazer mais barulho. Me assustou. - briguei e deixei o molho de chaves em cima do balcão da cozinha americana.

— Papai me contou sobre você e Bonnie. - ele se desencostara da pia e mordeu a maçã verde que estava em sua mão.

— Contou? - engoli em seco. Eu sabia que uma hora Stefan saberia, eu não tinha medo disso, eu só tinha medo de como ele reagiria.

— Contou. Eu devo dizer que fiquei surpreso. Você é sempre tão "tímido", não achei que teria coragem de dar o primeiro passo.

Eu não estava gostando do rumo daquela conversa. Na verdade eu não gostava de nenhum rumo que nossa conversa tomava porque nunca acabava como eu queria, sempre haveria sentimentos tempestuosos demais para lidarmos. Ele não estava pronto ainda, e quando eu via os olhos dele tão inexpressivos eu duvidava que eu também estivesse.

— Temos que arriscar uma hora. - Eu não queria, mas havia adotado a minha postura de indiferença também. No jogo que ele gostava de jogar, eu também era mestre.

— É você gosta muito de arriscar as coisas, sem se importar com as consequência, não é, Damon?

— Eu sei onde isso vai dar, então é melhor parar.

— Não gosta quando tocamos naquele assunto? - ele jogou o miolo da maçã no lixo e passou por mim - Fico pensando no que Bonnie irá achar do príncipe dela quando souber de tudo.

— Stefan...

— Ela ainda piscará aqueles olhinhos para você da mesma maneira quando ela descobrir o que você fez?

— Você adora falar apenas o seu lado da história.

— O lado da verdade?

— Não, o lado que você quer ver. - me aproximei dele e ali eu me vi como o mais velho e o maior - Chega disso, Stefan. Cresce um pouco. Quando você parar de se vitimizar, você vai poder me acusar do que quiser.

Seus olhos faiscavam e meu coração se partiu ao ver no que nos tornamos.

Incapacitado de continuar ali, segui para o meu quarto no andar de cima e no meu quarto, eu me convenci de que a tensão que Stefan criara não podia ofuscar a felicidade que Bonnie me proporcionara, apesar do crescente medo bater forte em mim. Eu precisava esquecer aquilo e o meu encontro com Bonnie me daria o escape que eu precisava.

 


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