- Jenny! Que bom que você chegou. Onde você estava, menina? – Andressa perguntou quando eu cheguei em casa, toda preocupada.

- Fui dar uma volta. – Falei, tentando disfarçar as lágrimas.

- Nós ficamos preocupados com você. – Disse Collin.

- Dane-se. – Falei e subi para o meu quarto.

Mais tarde...

Senti uma náusea e, no início, pensei que era nada, mas depois saí correndo em direção ao banheiro.

- Jenny? Você ta bem? – Andressa perguntou, na entrada do banheiro.

Ela segurou meu cabelo enquanto eu vomitava.

- Jenny, eu sei que esse negócio de estar grávida e ainda se afastar do seu namorado ta sendo muito difícil pra você, mas você não pode fugir das pessoas que estão tentando te ajudar.

- Eu sei. Desculpa, Andressa. É que eu estava bastante triste aquela hora...

- Tudo bem. – Ela disse e eu vomitei de novo. – Eu sei que isso é difícil, mas você vai ter que agüentar durante 9 meses.

- Andressa, posso lhe fazer uma pergunta? – Perguntei quando a náusea havia ido embora.

Ela assentiu.

- Por que você está me ajudando tanto?

- Bom, em primeiro lugar porque você é a minha cunhada, então isso é quase um dever meu. Segundo porque... Bem, eu sei pelo que você está passando. Quando eu tinha mais ou menos a sua idade, engravidei. O meu namorado não quis assumir a paternidade e me abandonou. Sabendo que meus pais iriam me matar, eu resolvi fazer um aborto. E até hoje eu me arrependo profundamente disso. Eu acabei com uma vida, entende? E eu simplesmente não quero que você cometa o mesmo erro que eu. – Ela desabafou.

Dei um sorriso reconfortante para ela.

- Acredite, nem por um segundo eu pensei nisso.

Fui para a sala e me joguei no sofá.

- Você está bem, Jenny? Precisa de alguma coisa? – Collin perguntou.

Levantei a sobrancelha.

- Ta me paparicando agora, Collin?

- Jenny, você está grávida. – Fiz uma careta ao ouvir aquela palavra. – Só estou querendo o seu bem.

Pensei um pouco naquilo e sorri. Eu podia ter o que queria, era só pedir.

Collin ficou me encarando por um tempo.

- Que foi? – Perguntei.

- Eu só não consigo acreditar na burrice que você fez. Como você deixou o Zack viajar sem dizer a ele que está grávida?

- Se ele soubesse que estou grávida, ele iria desistir de correr atrás de seus sonhos para ficar aqui comigo. Conheço bem o meu namorado. – Falei, um pouco triste.

- Jenny, a vida é dele. Você deveria deixá-lo fazer suas próprias escolhas. Uma coisa dessas não se esconde. Namorados não deveriam guardar segredos, certo?

- É para o bem e a felicidade dele.

- Só te digo uma coisa... – Ele me avisou, como um pai. – Quando ele descobrir que você escondeu isso dele, não irá te perdoar nunca.

- Ok, vamos parar de discutir isso, por favor. – Pedi irritada, mas no fundo, eu sabia que ele estava certo.

5 meses depois...

Três semanas depois de Zack ir embora, teve 2 feriados seguidos que ele passou comigo. Infelizmente, depois disso ele teve que voltar para a Austrália.

Desde então, eu nunca mais o vi, pois ando inventando desculpas esfarrapadas para não vê-lo. Por mais que eu queira abraçá-lo e beijá-lo com todas as minhas forças, eu não posso. Tem essa barriga idiota no meio.

- AAAAHHH!! Tira isso da minha frente! – Gritei.

- Jenny, eu preciso ver o seu peso. Faz parte do exame para ver se está tudo certo. – A médica falou, calma.

- Mas eu não quero saber quanto eu engordei!

- Ok, então vamos fazer o seguinte. Você tapa os olhos e só eu vejo o seu peso, ok? – Ela propôs.

- Ah, eu também quero ver! – Marcela pediu.

- Você não vai ver porcaria nenhuma. Fecha esses olhos agora! – Ordenei.

- Da pra gente ir logo com isso? A ultrasonografia ta marcada pra daqui a 20 minutos. – Andressa falou, impaciente.

Fechei os olhos e pus minha mão nos olhos de Marcela enquanto subia naquela balança.

Eu já imaginava que devia ter engordado uns 5 kilos, só não queria ter certeza disso.

- Prontinho. – A médica falou, indo para sua mesa. – Acabamos por hoje. Só peço que me traga a ultrasonografia depois para eu ver se está tudo certo.

- Ok. – Nós três falamos juntas.

Saímos da sala da médica e lá na sala de espera estava Collin, Matt e Meg.

- Vamos pra onde agora? – Collin perguntou, aparentemente cansado.

- Ultrasonografia. – Andressa falou e foi dar um beijo em seu namorado.

Ali, rodeada de casais, eu me sentia sozinha. Como todas as noites que eu não conseguia dormir, porque estava sentindo falta do cafuné e do abraço de Zack.

Balancei a cabeça para afastar aqueles pensamentos.

- Será que a gente não pode parar para comer? Eu estou faminta. – Pedi.

- Primeiro de tudo: A gente parou numa lanchonete antes de vir para cá. Segundo: Você quer que apareça batata frita na ultrasonografia? – Andressa perguntou.

- Afe... – Reclamei.

Em frente ao consultório, Emily e Annie nos esperava.

Todos nós entramos na sala da ultrasonografia e a doutora me olhou, espantada.

- Essa é a minha família. – Expliquei.

- Ok... Deite-se por favor. – Ela pediu e começou a passar aquele líquido gelado na minha barriga. – É... Parece que está tudo bem. Você vai querer saber o sexo da criança ou quer surpresa?

- Quero saber logo. Odeio surpresas. Como eu vou comprar o enxoval do bebê se não sei se é menino ou menina? – Eu disse.

- Hm... Tem algo estranho aqui. – A médica analisou. – Jenny, você está grávida de gêmeos!

- O QUE? – Eu sentei na cama, assustada.

Olhei para a minha família. As expressões variavam. Umas felizes, outras assustadas...

- Sim e é um casal. Uma menina e um menino. – A médica disse.

- Eu vou ter que cuidar de 2 crianças? – Perguntei, apavorada.

- Você não ta sozinha. – Marcela sorriu.

- Aquele Zack mandou ver, hein... Te engravidou duplamente. – Collin comentou.

- Collin! – Andressa o repreendeu.

- Ai meu Deus, eu vou ser avó duas vezes. – Os olhos de Emily brilharam.

- Deixa eu escolher as roupas da menina? Ela vai ficar radical. – Annie pediu.

- Não! Assim ela vai virar uma gótica que nem você. Eu que vou escolher as roupas dela. – Marcela disse.

Annie e Marcela começaram a discutir. Collin e Matt apostavam pra ver quem nascia primeiro, o menino ou a menina.

- Pelo menos você vai ter as duas experiências, Jenny. Além do mais, todos nós vamos te ajudar a cuidar dessas crianças. – Andressa tentou me acalmar.

Meg brincava com a minha barriga enquanto tentava perguntar a todos o que eram gêmeos, só que ninguém respondia.

- Aqui estão os seus bebês. – A médica virou a tela do computador/televisão (Eu realmente não sei o que é aquilo) para mim.

Nesse momento, todos pararam para olhar a tela.

- Essa é a menina e esse é o menino. – A médica apontou para a tela.

Tentei entender alguma coisa naquela tela, mas não consegui ver nada.

- Olha, eu to vendo a mãozinha do menino. – Emily disse.

- Só se a mãozinha que você ta vendo é o pezinho que eu estou vendo, né. – Annie falou.

- Não gente, aquilo é o cotovelo. – Marcela disse.

- Que cotovelo, o quê. Aquilo é o joelho. – Matt falou.

- Joelho? Aquilo não é a cabeça da menina? – Andressa perguntou.

- Eu sinceramente não estou entendendo nada. – Collin falou.

- Idem. Como vocês conseguem identificar coisas nessas imagens esquisitas? – Perguntei.

Eles ficaram um tempão discutindo o quê era o quê ali.

Depois, fomos todos lanchar na doceria da Charlotte que nos esperava com um tabuleiro lotado de croissants.

Olhei para a mesa perto da janela e me lembrei da minha pequena guerra de comida com Zack.

Eu sentia tanto sua falta.

O que eu mais queria naquele momento era de seu abraço caloroso, de seu beijo e de seu sussurro dizendo que tudo ia ficar bem.

Mas, eu tava fazendo aquilo para o bem dele.

Eu e a minha mania de me preocupar mais com os outros do que comigo mesma...