Segundo ato escrita por Paulinha Almeida


Capítulo 17
Segundo ato I


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal!
Antes de começar esse capítulo gostaria de dizer que os atrasos nessas duas semanas não foram evitáveis, infelizmente. Toda vez que os capítulos não forem postados por algum motivo, eu deixo uma notinha no meu grupo no Facebook. Para quem ainda não faz parte, segue o link:
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We're not broken just bent, and we can learn to love again

(Pink - Just give me a reason)

POV Harry

Como Ginny e eu havíamos combinado, demos tempo e espaço um ao outro, e com isso já haviam se passado quase três semanas desde que tivemos a conversa mais franca de nossas vidas.

Tive tempo de sobra para pensar sobre tudo, pesar todos os lados da situação, sem ela por perto analisar mais friamente o que eu queria e não queria para a minha vida e chegar à conclusão de que a pessoa para quem eu disse “sim” quase quatro anos atrás ainda era a que eu queria amar e respeitar por todos os dias da nossa vida.

Apesar de ter minha resposta pronta e na ponta da língua, eu não conseguia me forçar a ligar para ela ou sequer mandar uma mensagem, porque pressionar nunca havia sido o meu forte e também porque eu queria que seu sim ou não fosse tão espontâneo quanto o meu, não apenas uma decisão tomada no calor de uma conversa.

Com isso em mente, resolvi esperar. Não que fosse fácil apenas sentar e não fazer nada, mas me parecia o mais adequado para a nossa situação. Precisei controlar cada impulso de pegar o celular e perguntar sobre o seu dia ou apenas dizer um oi para saber quão rápida seria sua resposta.

Em meados de Novembro, num sábado em que o frio característico da época do ano já dava as caras, fui acordado com o toque do meu celular indicando que o Ron provavelmente já estava acordado para o seu futebol de toda semana. O motivo da ligação já era esperado, um convite para me juntar a ele. Eu não estava muito no clima de me exercitar, mas concordei em acompanhá-lo e combinamos que ele me buscaria em casa dentro de alguns minutos.

Me sentei na arquibancada ao lado da quadra e deixei meus pensamentos voarem enquanto apenas percebia a movimentação do jogo à minha frente. Pouco mais de uma hora depois, quando a rodada de exercícios terminou, concordei em ir até a casa dele para o almoço e depois ele me deixaria em casa. Fazia quase um mês que eu não via a Mione, e se bem conheço eu levaria uma bronca assim que passasse pela porta da entrada.

A vantagem de não dirigir é que você pode apenas sentar no banco do passageiro e relaxar durante a viagem, como eu fiz enquanto o Ron nos guiava pelas ruas já um pouco movimentadas do fim da manhã. Assim que viramos na rua da casa dele, no entanto, toda minha paz interior se foi.

A uma distância facilmente visível, estava estacionado o carro branco que eu reconheceria a qualquer distância e que fez meu coração acelerar com a expectativa da dona que certamente estava agora no mesmo lugar para o qual eu me dirigia. Agradeci mentalmente por ser Ron e não Mione ao meu lado, ela certamente teria notado até uma diferença na minha forma de respirar, mas ele nem sequer pareceu ter visto o carro até estarmos próximos o suficiente de sua casa.

—Essa filha da mãe não tem jeito, sempre coloca o carro em frente ao portão, como eu entro na garagem agora? - Resmungou ao meu lado.

—Deixa aqui na rua mesmo, depois você guarda. - Sugeri sem realmente prestar muita atenção no que estava dizendo.

Ele seguiu minha recomendação e estacionou atrás do carro da Ginny, não sem antes proferir algumas reclamações, e abriu o portão para que entrássemos logo que descemos do carro.

Assim que a porta foi aberta eu já conseguia ouvir as vozes na cozinha, onde uma conversa particularmente animada parecia estar acontecendo. Segui o Ron até lá com a expectativa crescente de ver aqueles cabelos vermelhos e o sorriso grande aberto outra vez.

—Obrigada por não me deixar usar minha garagem outra vez, Gin. - Ele disse sarcástico antes de abaixar para dar um beijo nela.

—Eu não sabia que você ia chegar logo, eu já estou indo embora daqui a pouco.

Ela ainda não tinha conseguido me ver, já que o Ron debruçado em sua frente estava me escondendo de seus olhos, mas eu pude ver com satisfação a surpresa estampada no sorriso que ela me direcionou assim que me notou no mesmo ambiente. Decidi deixar toda a formalidade usual de lado e dei um beijo em seu rosto, que ela não negou nem hesitou em nenhum momento antes de aceitar.

—Oi, Gin.

—Oi. - Me respondeu simplesmente, mas eu podia notar no tom de voz a satisfação contida.

Cumprimentei a Mione também e expliquei de maneira rápida que não pude aparecer antes porque estava meio ocupado e tirando um tempo sozinho em casa. Ela não pareceu muito convencida, mas não disse mais nada.

As duas já estavam almoçando quando chegamos, assim Ron e eu nos servimos e nos juntamos a elas na pequena mesa de quatro lugares ao centro da cozinha. O assunto descontraído que nos acompanhou durante toda a refeição foi tão natural e sem constrangimentos para todos que me fez sentir novamente em um dos milhares de almoços como esse, compartilhados meses atrás quando eu ainda podia chamá-los de cunhados.

Pensar nisso me fez sentir, ao invés do desconforto e nostalgia de antes, uma ansiedade gostosa por dentro, porque eu tinha a possibilidade de ter tudo isso outra vez. Olhar pra cima e ver Ginny rindo a vontade perto de mim outra vez, sem sarcasmo ou desconforto, me fez querer sorrir ainda mais.

Assim que os pratos foram esvaziados e colocados sobre a pia, Ron se virou para mim em meio a um alongamento estranho com os braços:

—Você quer que eu te leve agora ou espera eu tomar um banho antes?

—Levar onde? - Mione perguntou confusa.

—Para casa, não vim de carro. - Expliquei a ela e me virei para ele. - Toma um banho, eu espero.

A verdade é que não me faria nenhuma diferença ir embora imediatamente ou aguardar um pouco, mas eu não perderia a oportunidade de ficar um pouco mais na presença da pessoa que até o momento não tinha se manifestado.

—Se você estiver com pressa pra alguma coisa é melhor ir logo, o Ron demora no banho. - Minha amiga acrescentou a informação, embora eu já soubesse.

Antes que eu abrisse a boca para dizer que por mim tudo bem, Ginny me interrompeu:

—Eu já estou indo embora, se quiser eu te levo.

O sorriso que se abriu no meu rosto foi tão espontâneo que nem tive tempo de disfarçar. Ginny disfarçou melhor, mas eu conhecia aquele olhar cúmplice que ela tinha quando se virou para mim.

—Bom, então resolvido, a Gin te leva. - Ron chamou nossa atenção enquanto se levantada de maneira nada discreta.

Para olhar para ele meu olhar cruzou o rosto de Hermione, que me encarava com uma sobrancelha levantada, como se já tivesse entendido tudo sem que uma palavra sequer fosse dita.

—Sem problemas, por mim está ótimo. - Acrescentei por mera formalidade.

—Então vamos. - Determinou e se levantou.

A segui até a sala e fiz o mesmo quando se despediu do Ron e da Mione, depois a acompanhei até seu carro e me acomodei no banco do passageiro.

—Você vai ter que me dizer o caminho, não sei onde é.

— Tudo bem. Na próxima você vira à direita.

A Guiei pelas ruas certas até estacionarmos em frente ao meu prédio, do outro lado da rua. Durante o percurso quase não conversamos, porque eu tinha que dar as instruções do caminho, mas eu me concentrei algumas vezes em olhar seu rosto concentrado no trânsito, como tantas vezes eu poderia ter feito e nem sequer olhei para o lado.

Soltei o cinto de segurança e me virei para olhar para agradecer pela carona, mas fui interrompido antes de sequer abrir a boca:

—Sim

Eu havia entendido perfeitamente o que ela disse, mas queria ter certeza que o significado também era o que eu achava.

—Desculpe, o que?

—Sim, eu quero tentar de novo.

Ignorei o salto no meu estômago para continuar sendo imparcial, como era minha intenção:

—Você decidiu isso agora?

—Não, já faz uns dias.

Com essa resposta não consegui mais segurar nenhuma expressão de surpresa e satisfação. Me virei no banco para encará-la de frente e passei as mãos pelo cabelo tentando conter o sorriso que certamente seria muito bobo.

—E por que você não me ligou?

—Eu não queria te pressionar. - Ginny respondeu, dando de ombros e me encarando de volta com expectativa.

De repente essa distância parecia grande demais, embora fosse apenas o espaço entre os dois bancos. Precisei apenas esticar o braço para alcançar sua cintura e trazê-la também para mais perto, sem nenhuma resistência.

—Você não ia, eu também já decidi.

—Decidiu agora? - Repetiu minha pergunta

—Uns cinco minutos depois de sair da sua casa. - Nós dois rimos com a resposta.

—Você disse que ia pensar bem. - Por trás da falsa repreensão eu conseguia ver como ela havia gostado da resposta.

—Eu pensei, mas não é exatamente algo em que a gente precise investir tanto para decidir, não é?

Ela concordou apenas com um aceno de cabeça, sem dizer nada. Porque não havia mais o que ser dito, tudo o que queríamos estava ali na nossa frente.

A única próxima ação possível foi a única que eu queria desde que a vi, e não precisamos pensar para que nosso beijo se encaixasse tão bem, o ato já era mais do que conhecido por ambos. Cada beijo com ela nesse tempo em que ficamos separados tinha um gosto diferente, e o desse era uma satisfação tão grande que beirava o alívio.

Não tivemos pressa em explorar um ao outro, não detive minhas mãos de se prenderem na lateral de seu rosto ou descer novamente até sua cintura, onde apertei com mais vontade quando senti suas unhas compridas arranhando meu pescoço e lançando uma onda de arrepios gostosos pelo meu corpo.

Quando tentei me separar ela me puxou de volta e mordeu meu lábio, deixando tudo mais difícil. A verdade é que já era muito mais tempo do que eu queria sem ter tudo de Ginny, e a ideia de não ter que esperar mais por isso me fazia esquecer até de como se pensa.

Desci meus beijos por seu pescoço enquanto recuperávamos o fôlego e eu colocava meus pensamentos em ordem para formular a frase que eu estava louco para dizer:

—Quer conhecer a minha casa?

Sua risada saiu quase em meio a um gemido quando mordi sua orelha.

—Já ouvi isso uma vez.

—E disse sim. - Acrescentei apesar de ter certeza que ela nunca esqueceria.

—Estou dizendo de novo.

Prendi seu rosto entre as mãos e grudei minha boca na dela outra vez antes de nos virarmos e abrir a porta do carro.

 

POV Ginny

Absolutamente tudo naquela cena me remetia a quase oito anos atrás: nossas mãos dadas, o silêncio pairando entre nós sem um pingo de desconforto ou nervoso, apenas uma expectativa daquelas gostosas de sentir, o elevador nos levando até o quarto andar de um apartamento que eu ainda não conhecia. Era quase um déjà vu, tirando apenas a parte em que eu não precisava imaginar quão bom tudo seria, eu já sabia.

A porta se abriu para um hall pequeno cuja luz automática se acendeu assim que começamos a andar por ele. Harry apontou nosso destino e soltou minha mão apenas quando foi abrir a porta, mas eu me certifiquei de não quebrar o contato e passei meu braço por sua cintura, gesto que ele pareceu satisfeito ao receber.

—Fica a vontade. - Me disse quando abriu a porta, me dando espaço para entrar na frente.

Não disfarcei ao olhar tudo em volta, e eu sabia que ele não se importaria com nada que eu fizesse ali. Caminhei até o sofá, deixei minha bolsa ali em cima e olhei em volta cuidadosamente, absorvendo detalhes do ambiente pequeno e limpo, mas que parecia em nada combinar com o Harry ou com o estilo que eu sabia que ele gostava.

—Tão diferente… - Comentei mais para mim mesma do que para ele.

—Suficiente para mim. - Me respondeu enquanto enlaçava minha cintura e grudava minhas costas ao seu peito.

Eu pensei em responder alguma coisa, mas o beijo no meu pescoço tirou completamente o foco dos meus pensamentos e eu só consegui fechar os olhos e aproveitar a sensação da boca dele em mim outra vez.

—Eu acho que você deveria me mostrar o resto da casa, nunca estive aqui antes…

—Que mal educado da minha parte. - Concordou e começou a andar em direção à porta que só poderia ser a do seu quarto.

Aquelas mãos grandes passeando pelas minhas coxas e barriga me trouxeram em segundos as mesmas sensações que ainda existiam no fundo da minha mente, e mostraram que meu corpo responde a elas com a mesma satisfação e rapidez de antes, como se nunca tivesse deixado de senti-las.

Mal olhei ao redor quando o último cômodo do pequeno apartamento surgiu no meu canto de visão, a decoração era o de menos nesse momento e eu poderia olhar tudo com detalhes quanto toda minha vontade estivesse saciada.

A empolgação e a expectativa me fizeram apenas perceber quando as minhas roupas foram tiradas sem realmente prestar atenção nisso, as dele também pareceram estar ansiosas para sair, visto a rapidez e facilidade com que foram parar no chão. O colchão embaixo de mim poderia nem existir que eu estaria confortável da mesma forma quando seu corpo quase totalmente nu prensou o meu.

Os beijos não eram calmos e as mãos muito menos, e tudo dentro de mim gritada por mais: mais perto, mais toques, mais da pele dele contra a minha, mais forte. E a melhor parte de tudo isso é que com Harry eu não precisava nem pedir, ele sabia.

As últimas peças de roupa foram tiradas em meio a uma sessão de beijos e gemidos que fizeram a atmosfera naquele quarto aumentar em muitos graus a temperatura que já não estava nada baixa.

Tentei me acomodar sobre ele, mas fui surpreendida quando ele enlaçou minha cintura e me jogou de costas no colchão outra vez, vindo por cima de mim e me invadindo lenta e profundamente, o rosto enterrado no meu pescoço me deixando ouvir que seu gemido foi tão grave quanto o meu.

—É assim, não é? - Murmurou com a voz rouca, mostrando que se lembrava em detalhes da minha posição preferida.

Cruzei as pernas ao seu redor, indicando que nem que ele quisesse eu o deixaria sair dali e me entreguei à todas as sensações que aquele corpo causava no meu. Não repreendi nenhuma demonstração de quão gostoso nosso momento estava, desejando que durasse pelo menos para sempre. E senti-lo dentro de mim outra vez foi a confirmação de que essa era a satisfação que eu gostava, e que ninguém mais conseguiria me dar.

Meu clímax veio primeiro e segundos depois abri os olhos para me deparar com o olhar escrutinador dele no meu rosto.

—Essa cara! - Exclamou logo antes de terminar também.

Eu entendia perfeitamente o que ele quis dizer, porque aquela expressão de desejo no rosto dele também era a coisa mais excitante do mundo para mim.

Nossas respirações misturadas, o meu peito subindo e descendo contra o dele, seu rosto na curva do meu pescoço, era tudo tão irreal e no lugar certo que eu não queria me mexer e correr o risco de acordar. Mas eu sabia que isso não aconteceria, meus sonhos não seriam capazes de reproduzir com tanta perfeição todos os detalhes daquela cena e o cheiro tão familiar invadindo meu nariz a cada vez que eu respirava.

Deslizei os dedos preguiçosamente por seus cabelos quando o ritmo do meu coração começou a voltar ao normal, e sorri para o teto quando o senti deslizar os lábios pelo meu ombro num carinho gostoso.

—O seu cheiro é tão bom. - Foi o primeiro comentário dele para mim antes de afundar o rosto no meu pescoço outra vez.

Eu ainda estava de olhos fechados, e não os abri enquanto ria.

—O seu também.

Harry levantou a cabeça e espalhou alguns selinhos pela minha boca e rosto.

—E você é tão linda. - Elogiou espontaneamente.

Aquela frase fez meu coração acelerar de um jeito gostoso novamente, eu nem sabia quando tinha sido a última vez que ouvi um elogio dele assim tão naturalmente e do nada.

Afastei minha perna para que ele conseguisse sair de cima de mim e se deitasse ao meu lado, ele passou os braços pela minha cintura e me puxou mais para perto, numa cumplicidade gostosa.

—Gin?

—Sim. - Respondi sonolenta por causa do carinho constante dele nas minhas costas.

—Como vai ser agora? - A mistura de ansiedade e expectativa em sua voz não me passou despercebida, e tornou desnecessário perguntar sobre o que ele estava falando.

Me afastei de seu peito para conseguir olhá-lo e apoiei a cabeça no outro travesseiro.

—Vamos com calma. - Falei tranquilamente. - Aos poucos, respeitando essas etapas do começo, não pulando nenhum passo, é a melhor forma de começar.

Ele ponderou por alguns segundos antes de menear a cabeça levemente.

—Sim, mas não é como se não nos conhecêssemos.

—Também não é como se fôssemos as mesmas pessoas de antes. - Acrescentei e o vi assentir em concordância. - Não tem pressa, Harry, não vou a lugar nenhum, só quero que dê certo, então vamos com cuidado.

Minha resposta dessa vez pareceu deixá-lo feliz, e o sorriso que eu vi em seu rosto me fez sorrir também.

—Vamos com cuidado, tudo que eu quero é que dê certo.

Me arrastei no espaço entre nós quando ele me puxou para o seu peito novamente e me acomodei tão confortavelmente como quando chegamos em casa depois de um longo tempo fora. Eu não sabia o que viria pela frente, mas apenas o fato de nós dois querermos que isso funcione já era suficiente para eu esperar o melhor futuro possível.


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Notas finais do capítulo

Finalmente eu aqui de novo!!!!
Pessoal, desculpem a demora, quem acompanha o grupo sabe que tive uns imprevistos.
Mas enfim, capítulo chegou e tenho a impressão de que era um capítulo muito aguardado!
Não vejo a hora de ler os comentários de vocês, aguardo ansiosamente!
Beijos e até o próximo.



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