POV Jason

Alguns dias se passaram e eu ainda não havia tomado uma decisão. Tinha pensado muito em Reyna, em como me sentia em relação a ela, a Leo, aos meus amigos... Estava tudo embolado em minha mente e eu não conseguia pensar direito.

— Jason, seu pai ligou, ele disse que quer dar uma olhada nos documentos que você assinou ontem — a assistente pessoal do meu pai, que no caso me orientava diariamente aqui, entrou na sala.

— Diga que vou mandar por email — falei me encostando na cadeira.

— Tudo bem... Você está bem? Precisa de algo? — ela me olhou, preocupada.

— Não, obrigado — sorri — Só estou cansado.

— Tá bem — ela sorriu e saiu.

Precisava muito relaxar, então resolvi sair e procurar uma pessoa.

(...)

Não nos víamos com frequência, mas não porque não queríamos, porque ela morava do outro lado da cidade, e viajava muito pelo país. Foi para viver uma vida assim, fazendo o que bem entendia, viajando, que minha irmã mais velha recusou o cargo de presidente da Olympus.

Bem, isso e o fato de ela não se dar bem com nosso pai e querer ficar o mais longe possível dele e da nossa madrasta.

— Jay — Thalia sorriu ao abrir a porta do apartamento. Ela tinha o cabelo curto bagunçado, como se tivesse acabado de acordar.

— Oi — sorri de volta.

— Entra aí — ela deu espaço — O que te traz aqui?

— Problemas — suspirei — e eu não sei ao certo, pensei que pudesse me aconselhar...

— Claro que posso — ela sorriu — Bem, espero poder... O que houve?

— Reyna. Ela e Leo brigam muito, você sabe, mas semana passada eu me irritei com eles, pedi um tempo à Reyna, e não falei com Leo ou com ela desde então.

Thalia me ouvia atentamente.

— Eu não sei o que fazer. Se eu voltar ao normal, eles vão continuar brigando, não adianta conversar. Eu não quero ter que escolher, Leo é meu melhor amigo, conheço ele desde o colégio.

— E a Reyna? — Thalia perguntou.

— A Reyna... É minha namorada, eu sinto que devo defende-la, mas eu fico dividido. E ultimamente, tenho ficado imparcial nas brigas.

— Você ainda a ama?

— Amo...

— Você hesitou.

— Não, eu... Eu não sei.

— Ainda quer continuar com esse relacionamento?

— Eu não sei.

— Ainda quer ser amigo de Leo?

— Claro que sim.

— Tá aí sua resposta — Thalia sorriu — Pensa em como sua vida é, e em como seria sem cada um deles.

— Reyna e eu nos conhecemos há quatro anos e desde então minha vida tem sido ainda mais organizada. Eu realizei tudo o que planejara, acabei a faculdade, comecei a trabalhar na Olympus, tenho um relacionamento estável... Tenho tudo sob controle.

— Talvez seja esse o problema — ela disse se sentando no braço do sofá.

— Como assim?

— Você está entediado. Tem tudo organizado, é tudo previsível, até mesmo as brigas.

— E isso é culpa da Reyna?

— Eu não disse isso. Só que... Como é a vida com o Leo?

— Ah, somos melhores amigos. Leo é aquele tipo de amigo imprevisível, que pode te ligar às duas da manhã e dizer "vista-se, vamos sair em uma aventura". Ele podia nos meter em problemas, mas eu sempre arrumava um jeito de nos tirar deles, e mesmo se não conseguisse, ele é meu melhor amigo, a pessoa em quem eu confio pra tudo, sempre valeria a pena entrar nas confusões divertidas que ele arrumava.

Thalia sorriu, e então eu percebi que saiu meloso demais, mas passou a minha ideia: Leo é meu melhor amigo.

— Olha, não estou dizendo pra terminar com Reyna, só estou dizendo o que eu deduzi. O pensamento também é válido a respeito do Leo. Vocês se conhecem a tanto tempo, passaram por tanto juntos, e eu sei que ele não é muito normal. Vocês já se meteram em boas encrencas por causa dele.

Isso tudo me ocorreu de repente.

Ele nos metia em problemas e eu nos tirava deles, era natural, funcionava pra nós dois. Mas a Reyna... Depois dela, isso mudou quase que por completo, ela não deixava que eu entrasse nas confusões de Leo, por causa dela eu não queria, e por isso, deixei Leo na mão muitas vezes. Ela me manipulava.

POV Piper

Durante a aula de artes, estava observando a janela. Lá fora, o céu estava nublado e ventava.

— Piper — ouvi alguém me chamar à minha esquerda. Quando me virei, vi que era Calipso — Oi — ela sorriu — tem um lápis pra me emprestar?

Fiz que sim e entreguei um lápis a ela.

Ela gesticulou um obrigada e voltou sua atenção para seu caderno.

Percebi que ela não estava escrevendo, e sim desenhando no caderno. Ela fazia alguns traços aleatórios e desenhava um rosto.

Era como estar de volta ao colégio​. Só que era mais irônico, Calipso ignorava algumas partes da aula de artes pra fazer a própria arte.

À medida que ela desenhava, ia percebendo o quão talentosa ela era. Claro, somos todos artistas aqui, mas eu acho legal ver as obras dos outros sendo feitas. É uma das melhores formas de se aprender técnicas novas.

Quando voltei minha atenção pra aula, o professor falava de diferentes estilos e suas respectivas épocas. Nunca fui com a cara da parte teórica disso tudo, mas estou aqui pra aprimorar meus talentos e vou levar até o fim.

POV Jason

Passei as últimas horas vagando pela cidade, tentando tomar a decisão certa.

Eu sabia que se voltasse pro trabalho, não focaria em nada, se fosse pra casa, me ocuparia de alguma forma, então apenas sai pra caminhar.

Eu precisava escolher. Sabia que o relacionamento com Reyna me fazia mal, de certa forma.

Decidi não pensar. Havia tomado minha decisão, e fui adiante com ela, antes que mudasse de ideia.

(...)

Bati na porta e esperei que atendessem.

— Jason? — Reyna me olhou.

— Oi — falei, sem saber ao certo o que fazer em seguida — Precisamos conversar.

— É — ela disse — acho que precisamos — e me deu espaço pra entrar.