POV Piper

Segunda-feira, meu primeiro dia no curso de artes. Estava empolgada com isso, um pouco assustada em entrar em uma sala com outros 14 alunos que poderiam ser artistas mil vezes melhores do que eu, mas empolgada com certeza estava no topo da minha lista.

Ao entrar na sala, reparei que havia uma mesa, que supus ser a do professor, e um quadro de giz de frente para um semicírculo de banquinhos altos e tripés com telas.

Haviam alguns alunos pela sala. Alguns conversavam perto da janela, outros em seus lugares nos banquinhos, uma garota lia um livro e um cara tinha fones de ouvido conectados enquanto batucava com os pincéis em sua tela.

Nesse exato momento, um homem de roupas despojadas entrou na sala. Ele tinha um estilo meio hippie, com seu cabelo longo amarrado em um rabo e sua combinação de jeans largos e sandálias.

Ele colocou suas coisas na mesa de frente pra turma, então supus que esse fosse o professor.

Ao vê-lo, os alunos foram se sentando. Eu decidi ficar perto da porta, deixando dois assentos sobrando à minha direita.

— Estão todos aqui? — ele perguntou olhando a turma. Quando todos se sentaram, percebemos que haviam três lugares vazios — Muito bem, acho que podemos dar início sem eles... Já são — ele olhou no relógio da parede — nove horas.

Quando ele começou a se apresentar como sr. Brunner, alguém bateu na porta e dois segundos depois, uma garota de cabelo castanho claro abriu a porta e colocou a cabeça pra dentro da sala.

— Com licença, estou atrasada — ela sorriu sem graça.

— Pode entrar, seja bem-vinda — sr. Brunner disse calmamente.

— Obrigada — ela entrou, fechando a porta atrás de si e tomando o lugar mais próximo, que era ao meu lado.

(...)

O curso estava indo bem. Nossa primeira lição: Arte não tem regras. 
E essa foi a base da nossa primeira aula.

Nós passamos grande parte do tempo nos apresentando e falando sobre nós. Começamos pelo professor, depois cada um foi falando.

— Ahm, meu nome é Piper, sou de Los Angeles, me mudei a pouco tempo e... A arte tem ocupado boa parte da minha vida, e eu amei cada segundo até agora — sorri.

O professor fez um gesto para a garota de cabelo castanho ao meu lado.

— Ahm... Meu nome é Calipso, eu sou de Nova York e arte é minha paixão desde criança... — ela sorriu, concluindo sua apresentação.

A aula foi bem legal. Depois das apresentações, conversamos sobre diferentes tópicos na arte. O professor nos explicou como a arte é algo que não se define facilmente, como ela é movida a paixão e todos contribuíram com pensamentos que eu achei bastante inspiradores.

— Bom, por hoje isso é tudo — o professor disse finalizando — obrigado por virem e espero vocês semana que vem — ele disse.

Todos juntaram suas coisas e se despediram, alguns saindo em grupos.

Estava juntando minhas coisas quando ouvi a garota ao meu lado murmurar para si mesma.

— Grande primeira impressão, Calipso, chegando atrasada — ela bufou.

— Acredite, já passei primeiras impressões piores — sorri.

— Ah... Eu falei isso alto? — ela pareceu sem graça.

Fiz que sim.

— Bom, melhor eu ir, não quero chegar atrasada pro resto dos meus compromissos — ela sorriu — até semana que vem — ela disse e saiu apressada.

POV Jason

— Eu só estou pedindo pra vocês não se atacarem o tempo todo — disse entrando em meu apartamento com Leo.

Depois da discussão dele com a Reyna ontem, ela não disse muita coisa, apenas falou que queria ir pra casa.

— Ela começou! Quantas vezes vou ter que falar? — Leo disse se sentando no braço do sofá.

— Não importa, os dois dão continuidade à briga.

— Não vou ouvir insultos calado!

— E não deve! Mas olha, eu gosto muito de vocês dois, e eu quero que fiquem bem, não posso conviver com essas brigas constantes.

— Então termina com ela — Leo disse, indiferente, e não foi pela primeira vez.

— Leo, não — disse, cansado de ouvir essa sugestão da parte dele — Eu só quero entender por que os dois brigam tanto — falei — é por minha causa?

Leo riu.

— Acho que nós dois gostamos de você de formas bastante diferentes.

— Tá, mas... Eu costumava passar mais tempo com você e o pessoal, talvez esteja... Sei lá, com ciúmes de eu passar mais tempo com minha namorada?

— Cara, eu não me importo de você passar mais tempo com ela, isso não te faz menos meu amigo, certo?

— Claro!

— Eu me importo com eu ter que passar tempo com ela. Sair com você é sinônimo de sair com ela, e sair com ela é sinônimo de briga.

— Então não briguem!

— É natural, Jason, ela implica comigo, eu implico com ela, eu implico com ela por implicar comigo.

— É muita implicação pra uma pessoa do seu tamanho.

— Vai me ofender?

— Leo, só entende, eu quero conviver com os dois em paz!

— Talvez ela tenha ciúmes de mim, por ser seu melhor amigo, uma pessoa incrível. Talvez ela tenha medo de te perder pra mim...

— Eu gosto de vocês dois de maneiras bem diferentes — falei, imitando-o.

Leo revirou os olhos.

— Eu posso tentar implicar menos com ela... Mas se ela fizer algo, eu revido!

— Eu acredito nisso, então podemos sair com o pessoal na sexta?

— Tá...

— Pode chamar sua amiga, Piper, se quiser — sorri. Se Leo me dissesse que estava rolando um clima entre os dois, eu não duvidaria.

— Isso foi ironia? Olha, pro seu governo, Piper é uma garota muito legal.

— Tenho certeza que você acha isso.

— E se você tentar estragar minha nova amizade tentando me arranjar com ela, você vai ter sérios problemas, Grace.

Comecei a rir, erguendo meus braços em rendição.

POV Leo

Eu decidi mesmo chamar a Piper. Mas não porque tenho segundas intenções com ela, mas sim porque gostei dela e eu quero ser amigo dela.

Não queria que Jason levasse Reyna e a deixasse junto a mim, expostos como uma espécie de experimento, pra ver se íamos nos matar. Queria levar alguém também, fora nossos amigos que estariam lá, mas eles não contam. Nico quase não fala e Hazel e Frank conseguem fazer um grupo de 4 pessoas ficar de vela.

Então, bati na porta e esperei que abrissem.

— Oi, Leo — Piper sorriu quando me viu.

— Oi — sorri — tem um tempinho?

— Estou limpando minhas coisas — ela disse — mas pode entrar — ela deu espaço pra eu passar.

— Ahm... Okay, eu vim te fazer um convite — falei enquanto andávamos pelo corredor até uma sala que me pareceu ser o escritório.

— E pra que seria? — ela disse, animada.

— Lembra do meu amigo Jason?

— Loiro? Cicatriz no lábio?

Assenti. E percebi que a sala onde estávamos prestes a entrar não era um escritório, e sim uma espécie de pequena oficina de arte. Piper tinha tinta e pincéis espalhados, uma prateleira cheia de potes empilhados e um tripé com uma tela colorida. Ela era boa no que fazia. Notei no canto da sala uma pilha de telas secas. Era ali que ela deixava sua arte pronta?

— Leo? — ela me olhou sorrindo.

— Ahm... Oi — respondi.

— O que tem seu amigo?

— Lembra da namorada chata dele?

— Você comentou.

— Pois é. Bem, ele inventou de me testar. Colocar Reyna e eu à prova. Ver se não vamos tentar nos matar, saindo sexta. Eu, ele, Reyna e uns amigos. E eu quis te chamar — sorri.

— Ah — ela pareceu surpresa — puxa... Eu... Acho que posso ir. Mas por que pensou em me chamar? — ela sorriu.

— Ué, você é minha vizinha e uma boa amiga... Se não for precipitado demais usar o termo amiga — brinquei.

— Não é — ela riu — Parece ótimo, aonde vamos?

— Paintball — sorri e pude ver Piper disfarçar um pequeno sorriso.