James Potter descia as escadas de sua casa. 

Ele tinha deixado Lily lá em cima com Harry, para que pudesse distrair o Lorde das Trevas, ou, ao menos, tentar. James sabia que precisava fazer aquilo, para dar tempo de Lily proteger Harry e a si mesma. Mordendo o lábio inferior, ele continua a descer os degraus. 

Ele sabia o que tinha que fazer.

Dar tempo a Lily.

Tempo. O mesmo tempo que escorrera tão rápido quanto a lágrima que escorria pelo seu olho naquele momento. 

James continua descendo. 

Ele vê o Lorde das Trevas. 

— James Potter...  - diz o Lorde das Trevas. - Você teria sido de grande valia para mim, sabe? Os Potter são uma família antiga, de sangue puro... Eram de sangue-puro. Agora você sujou o nome dos Potter casando com aquela... Aquela sangue-ruim suja!

— Não fale de Lily! - grita James. Ele sabia que não teria chance contra Lorde Voldemort. Ele sabia que morreria. Ele sabia que era sua última noite. Mas ele precisava dar tempo a Lily e a Harry. Ele precisava que os dois ficassem bem depois daquilo. Mesmo que... Mesmo que o preço a pagar fosse a sua própria vida. - Não ouse falar de Lily!

James aponta a varinha para Voldemort, que ri.

— Você sabe que não tem chances contra mim... Vejo em seus olhos! Se você sabe disso... Por que continua tentando? - ele fala tudo isso como se estivesse desdenhando de James.

Por amor, James não consegue impedir a si mesmo de pensar. Eu estou fazendo isso por amor. Eu preciso que Lily e Harry fiquem vivos e bem... Você não entende o que é isso. Você não entende o que é dar a vida para que outra pessoa fique bem na manhã seguinte. Você não sabe o que é fazer qualquer coisa para manter a pessoa que ama segura. Qualquer coisa. Eu amo Lily a essa ponto. Eu amo Harry a esse ponto. E eu faria qualquer coisa por eles.

— Deixe-me subir! - disse o Lorde das Trevas. - Se você preza pela sua vida... Saia da frente! - ele gritava. 

James aperta a varinha em sua mão. Ele nunca faria isso. Ele nunca deixaria alguém tocar em um fio de cabelo de Lily ou de Harry apenas para ficar vivo. Ele era um grifinório, e tinha pessoas que ele amava. Ele era um homem, e não um rato sujo que se escondia atrás do time vencedor apenas para salvar a própria pele. Como Pettigrew fizera na primeira oportunidade. Aquele que entregara a localização deles. 

James morde os lábios de raiva. 

— Eu não saio daqui. - diz James. - Me mate. Ou não. A escolha é sua. Mas daqui eu não vou sair. 

— A sua estupidez superou todas as minhas expectativas, James Potter. Eu achei que você fosse mais inteligente. 

Voldemort desdenhava de James a todo momento. James Potter era tudo menos estúpido. Ele era um dos homens mais corajosos que esse mundo já viu. Ele amou tão incondicionalmente a ponto de estar disposto a dar a própria vida para que aqueles que amava ficassem seguros pela manhã. 

E, antes que Lorde Voldemort murmurasse o feitiço da morte, James Potter respira fundo e pensa em coisas que o deixam feliz. Ele na cama com Lily ao seu lado, lendo um conto trouxa para Harry dormir. Lily beijando-o logo depois dele capturar o pomo-de-ouro na final de quadribol. Lily no quarto com um Harry recém-nascido no colo. Sirius e Remus tentando fazer com que Harry falasse o nome de cada um, todas as tentativas sendo falhas. Harry falando a sua primeira palavra, que tinha sido "Prongs", o que arrancara várias lágrimas dos olhos de James. Lily beijando-o no altar, depois dele responder "juro solenemente" no lugar de "aceito". 

— Expecto Patronum... 

Aquele patrono foi o mais brilhante de todos os que James Potter já conjurou. O cervo prateado flutuava escada acima. Ele precisava avisar Lily. Ele tinha jurado. James tinha jurado solenemente que antes do momento fatal... Ele faria o feitiço. Seu patrono iria chegar até Lily, para que ela soubesse. Para que ela se preparasse para o Lorde das Trevas subindo as escadas. 

O Lorde das Trevas exclama "Avada Kedavra". James fecha os olhos. Mas os abre novamente a tempo de ver um clarão de luz vir em sua direção.