Preço do Amanhã escrita por Cristabel Fraser, Sany


Capítulo 44
Please Don't Go


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde!!!! Quem ainda está por aqui levanta a mão O/
Pois é tributos após um ano sem atualizar, cá estou com um pequeno milagre de natal atrasado kkkkk. Gente minha vida deu uma guinada entanto. Como sabem fiquei sem computador (e ainda estou. esse aqui é o da minha irmã e não moramos próximas) Consegui enfim concluir o capítulo 44. Como disse minha vida mudou muitooooo... em outubro do ano de 2021 descobri estar grávida pela primeira vez. Eu desejava muito isso. Em 1 de julho desse ano minha princesa Mariana nasceu e a vida muda total né rss. Mas vim passar o natal com meus pais e como aqui tem um monte de colinho pra minha bb, consegui concluir esse capítulo. Vou tentar concluir PA até a semana que vem ou antes. Espero de coração que gostem do capítulo e desde já agradeço a cada comentário. Vcs são TDB e prometo responder a todos.



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Todas as flechas que você jogou, você jogou fora

Você continuou se apaixonando, então um dia

Quando você caiu, você caiu em mim

Quando você caiu nas nuvens, você me encontrou

 

Oh, por favor não vá

Eu te quero tanto

Eu não p(osso deixar

Eu perco o controle

 

Tire esses amantes que restaram do seu caminho

Eles parecem esperançosos mas você, você não deveria ficar

Se você quiser que eu quebre e te dê as chaves

Eu posso fazê-lo mas não posso te deixar ir

(Please Don't Go - Barcelona)

 

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Pov. Peeta

 

Três semanas se passaram desde que Katniss voltou para o 12 e fiquei para meu tratamento, mas sinto-me distante. Ela me liga via vídeo todos os dias. No entanto, na maioria das vezes, apenas digo o necessário. É perceptível a angústia em seus olhos. Visto a promessa que fiz de melhorar para sermos novamente uma família. Pensei que seria mais fácil após as sessões de terapia e a extração do soro que usaram em mim no telesequestro. E tudo que sinto é um buraco se abrindo cada vez mais na alma. Não consigo expressar o quanto de peso que ainda pareço carregar.

O dr. Aurelius não ajuda muito quando pede para eu falar sobre o que passei aqui na Capital. Ele, na verdade, não diz muito e a sala em que nos encontramos, ouvimos apenas os ponteiros do relógio.

— Diga-me Peeta, ainda tem pesadelos relacionados aos eventos do seu telessequestro ou o sequestro dos outros vitoriosos? – Como não respondo, insiste. — Peeta, eu fiz uma pergunta. Ainda tem pesadelos?

— Não – digo sucinto e com a voz baixa.

— Já fazemos isso há um tempo. Sabemos que está mentindo - ele suspira. — Parece meio desligado hoje. Aconteceu algo por esses dias?

— Não – minto.

— É um civil agora. Com seu histórico, o governo precisa saber que você não vai… - Ele faz um gesto como se socasse alguém. — Sei que não gosta das nossas sessões, mas é a condição para seu perdão e seu retorno pra casa. Me conte seu último pesadelo.

— Eu não tive pesadelo – insisto. Ele suspira e faz o que esperava. — Ah, que isso! Sério? Vai fazer o lance do caderninho? Porque isso é desnecessário – bufo.

— Se não fala, eu escrevo.

— Ta bom… Eu cortei alguns nomes da minha lista de reparação ontem. Não se preocupe, usei as suas três regras. - Me adianto, pois ele me olha com o senho franzido.

— Então, regra número 1: VOCÊ NÃO PODE FAZER NADA ILEGAL. Regra número 2… ?

— Qual era a regra número 2? - finjo não lembrar.

— NINGUÉM SE MACHUCA. Essa é muito importante.

— Então, porque não é a regra número 1? - suspiro e continuo meu relato. – Eu não machuquei ninguém. Eu juro – friso bem minha fala.

— E quanto a regra número 3? O objetivo de fazer reparação é cumprir a regra número 3.

— Você é muito desconfiado, doutor.

— Bom, é o meu trabalho.

— É claro que cumpri a regra número 3.

Reflito como me desculpei com os guardas que tentaram me segurar quando Katniss acertou a flecha na Coin. Quase matei um asfixiado.

— Então você fez tudo certo, mas isto não o ajudou com os pesadelos.

— Eu não tive pesadelos – ressalto.

— Olha, um dia você vai ter que se abrir. Vai perceber que algumas pessoas vão querer te ajudar e vai ter que confiar nelas.

— Não confio em ninguém.

Na verdade, eu sempre confiei na Katniss mas até isso o Snow tirou.

— Tem conversado com a Katniss ou com algum dos seus familiares?

— Falei com a Katniss ontem – ele nega com a cabeça.

— Você não fala com ela há uma semana. E isso a tem preocupado.

— Enlouqueceu doutor…

— Não usamos nunca essa palavra.

— Tem falado com a minha mulher? - Percebo minha voz se alterar mais do que devia. Sinto meu sangue bombear rápido.

— Ela também faz sessões comigo. Ou se esqueceu desse detalhe? - Sei que preciso me controlar, mas a repentina raiva que sinto é inevitável. — Katniss está preocupada e sente sua falta.

— Não posso ir pra casa e me transformar em um monstro na frente das crianças ou até mesmo dela. - Já estou de pé e com os punhos cerrados.

— Acalme-se Peeta. - Ele faz um gesto com as mãos para eu me sentar. — Você é um bom homem. Nunca pense ao contrário. Não atraia essas palavras até você. Palavras tem poder.

— Fala isso pra me deixar calmo. - Me inclino para frente e sei que o encaro com escárnio. — Acha mesmo que não me lembro de cada pessoa que matei. Que fiz sangrar. Até mesmo quase matei a pessoa que mais amei na vida? Acha que tudo isso vai sumir da noite pro dia? Pois não vai. - Desabo na poltrona em que me encontrava sentado há pouco.

— Sei tudo o que passou e o que está passando em sua mente, Peeta. Não disse que seria fácil e também nunca afirmei que era impossível voltar a vida que tinha. - Tento me acalmar, começando pelo ritmo da minha respiração. – Procuro dizer aos meus pacientes que devem viver um dia de cada vez. Faça algo para distrair. Algo que goste. Que te faça bem. Sei que gosta de pintar. Cozinhar. Você tem muitos talentos. Explore-os. Assim eu tenho certeza de que irá conseguir.

— Diz como se fosse simples – o corto.

— Não é simples. Cada um dos vitoriosos que passaram pelos Jogos Vorazes nunca voltarão a ser o que eram. Nem tente. O que posso afirmar, é isso, viva um dia de cada vez.

Saio da sala e assim que chego em meu quarto ligo para Katniss e peço desculpas por sumir. Ela chora e não quero isso. Tento distraí-la.

— Como o nosso Distrito está? Soube que máquinas e materiais tem chegado em cada distrito para reconstrução.

— Esdras disse que projetou uma nova padaria, mas quer fazer parceria com você. - Sinto meu peito ser invadido por antigas lembranças. – Como você não tem falado com ele…

— Aceito! - confirmo, sentindo meus olhos marejarem.

— Sério? - Katniss também não está diferente de mim quanto as emoções. – Meu Deus, Peeta. Ele vai adorar a notícia.

Reflito nas palavras do doutor Aurelius.

— Tenho certeza de que, cada um está tentando seguir com a vida – falo otimista.

— Com certeza estão.

Então ela me conta que Prim e sua mãe estão ajudando a montar um novo hospital e que sua mãe abrirá um boticário para ajudar como uma medicina alternativa. Doryan sempre faz companhia para o Haymitch e que o mesmo arranjou outros gansos barulhentos. Quando me pergunta sobre meu retorno digo apenas ¨breve¨.

 

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Não paro de estralar meus dedos. Parece que estou sobrevoando há séculos, mas escuto que estamos sobrevoando o 12.

— Acabamos de chegar, Peeta. - Me assusto quando o soldado da Capital avisa. — Precisa de ajuda para carregar seus pertences? - nego com a cabeça. Não quero parecer escoltado por soldados da Capital, por mais gentis que são comigo. Escutei o doutor Aurelius os instruindo para não forçarem nada. — Então, boa sorte e tenha uma vida plena. - Faço uma leve reverência com a cabeça, seguido de um meio sorriso e desço da nave.

Caminho rumo a entrada do Distrito 12. Passo próximo onde um dia foi o Prego. Noto o amontoado de entulho e cinzas. Nem consigo imaginar como tudo aqui ficou durante o bombardeio. Quando estou passando pelo Centro automaticamente paro frente a padaria. A sensação é uma só.

Tristeza.

Sinto falta do meu pai todos os dias. Em pensar que tinha tanto a aprender com ele. Mesmo sendo tão comedido e pacífico, aprendi muito.

— Peeta! - Ouço a voz inconfundível. Ao me virar quase sou derrubado pelo seu aperto. — Não acredito que é você, irmão.

— Esdras você vai quebrar os ossos que ainda me restam. - Ele se afasta e me ajuda a pegar do chão, a mochila que carregava e caiu com o impacto do seu abraço. — Não esqueça que você ainda é maior e mais forte do que eu.

— Hmm… não tenho certeza disso. Você bem que está forte – diz, dando um leve soco no meu ombro direito. — Porque não me avisou que chegaria hoje?

— Eu não avisei ninguém.

—Tem alguém que vai desmoronar a hora que te ver.

Sei que meu sorriso saiu tenso.

— E a Delly, como está?

— Está bem. Ajudando na escola como voluntária. Brandon mora conosco. Montamos um quarto e parece que se agradou bastante.

— Tenho certeza de que, estão sendo ótimos pais pra ele.

— Pois é, estamos tentando.

— É muito bom te ver de novo, irmão.

— Temos muito o que conversar, mas sei que agora você terá que dar atenção a alguém – fala, quase me empurrando.

Continuo meu caminho e quando adentro a Vila dos Vitoriosos avisto Katniss com Benjen nos braços e logo Hope correndo atrás de algo e ao me aproximar mais, noto Buttercup. É uma cena tão simples. No entanto, desabo de joelhos no chão e sinto meus olhos arderem.

— Papaaai… - Hope é a primeira me ver e vem correndo ao meu encontro. Abro meus braços para recebê-la. — Porque demorou tanto? – Seus olhinhos estão marejados. — Achei que não voltaria nunca mais.

— O papai estava… estava… - As palavras não saem. Parece que um nó se formou na garganta.

— Eu sei, você estava melhorando dos machucados. A mamãe me contou.

Quando afasto Hope, noto a silhueta próxima a mim e ao me levantar com minha filha nos braços, Katniss está chorando copiosamente.

— Você voltou pra mim… - Nos abraçamos e ficamos os quatro assim por alguns segundos. As emoções que tanto reprimimos vai de encontro com as lágrimas. — Porque não me avisou que viria hoje? - diz, com a voz embargada.

— Fiquei com medo de falar e dar tudo errado. - Em seus braços Benjen se mexe e ela se afasta para que eu possa vê-lo.

— Esse é o Benjen. Benjen, esse é seu pai.

Ele parece forte e saudável e quando tento descer a Hope se nega a se afastar.

— Mais tarde eu o seguro – ela assente e caminhamos para casa.

Olho em direção a casa de Doryan e Haymitch. Mais tarde ou amanhã, falo com eles.

Subo para tomar um banho e ao me olhar no espelho não me reconheço mais. Ainda que na Capital deram um jeito com as queimaduras. É perceptível algumas delas. Cicatrizes ainda carrego várias. A que mais temo é a que está em minha mente. Afasto os pensamentos, notando minhas mãos apertarem com força a cerâmica da pia do banheiro. Sei que é um grande processo e preciso me manter focado. Após um longo banho, ouço batidas na porta e ao abri-la, Hope se encontra eufórica.

— A tia Prim está aqui!

Ela me puxa pela mão e fico apreensivo dela nos derrubar escada abaixo.

— Bem-vindo de volta – entoa ela. Prim, assim como eu, tem muitas cicatrizes. Somos bestantes do fogo. — Até que não está tão ruim como pensei – brinca, franzindo de leve o nariz.

— Jamais ofuscarei você, Primrose Everdeen.

Nos abraçamos. É um alívio vê-la respirando. Sei que o mundo de Katniss gira em torno da irmã.

— Se prepare, já estamos planejando um jantar de boas-vindas.

Não sei se consigo me socializar tão rápido. Entretanto, essa é a minha família e sei que, passaram o inferno para estarem aqui.

— Acho que nasci preparado – brinco.

— Não se gabe muito, Peeta Mellark.

O dia passa rápido e a noite coloco Hope pra dormir e em meio a seus protestos de querer passar mais tempo comigo, asseguro que vamos nos divertir no dia seguinte. Rapidamente dorme. Quando entro no quarto, Katniss está colocando Benjen no berço.

Sei que já faz tempo que não a toco como amante. E, mesmo tendo uma lembrança de ficarmos debaixo do chuveiro, enquanto estava sob os efeitos do chip que implantaram em mim, me aproximo dela e logo envolve seus braços ao meu redor.

— Preciso de você, Peeta… - sussurra, aproximando os lábios dos meus. — Eu preciso.

— Não sei se consigo…  - Ela me cala com um ardente beijo.

— Eu sei que consegue.

Suas mãos se deslizam debaixo da camiseta que visto. Sinto fortes arrepios e algo dentro de mim parece despertar. Distribuo beijos e carícias onde sei que gosta. Ela geme baixinho. Logo estamos nos amando.

Os pesadelos vem durante a noite e ao acordar, percebo Katniss me encarando assustada.

— Vou ficar bem.

— Vou buscar um copo de água…

— Eu pego – digo rapidamente. — Preciso ficar um pouco no sótão.

Ela assente com a cabeça. Acredito que não vou conseguir voltar a dormir. Tudo está do mesmo jeito que deixei. Claro que, Katniss cuidou da limpeza. Retiro o tecido amarelado de uma das telas e sem pensar muito, inicio as pinceladas.

Viva um dia de cada vez.

As palavras do doutor Aurelius ecoam em minha cabeça. Quando finalizo a pintura noto as chamas querendo tragar a mim e a Prim. Reconheço a cena. Não foi apenas um pesadelo. Foi mais uma lembrança do dia em que a salvei. Sinto alívio mesmo que minha mente grita o contrário.

Tivemos uma segunda chance e temos que aproveitá-la da melhor forma. Pelo menos vou tentar.

 


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Notas finais do capítulo

Beijos e até o último capítulo. Tenham todos um feliz 2023. Que seja mais leve e melhor que 2022. Amo vcs!!!!!



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