Preço do Amanhã escrita por Cristabel Fraser, Sany


Capítulo 20
Love and Heat


Notas iniciais do capítulo

Hey, boa tarde turminha boa... estão pulando muito nesse carnaval, ou estão igual a eu, curtindo de casa kkkkk. Bem como sabem a Sany e eu estamos em uma maratona bem merecida a vcs. Aliás, gostaram do capítulo 19? PA fez niver de um ano em 14 janeiro, mas infelizmente ñ podemos fazer essa maratona antes, então cá estamos e a proposta é postarmos 3 capítulos. Com este já foram dois e agora fal um... espero que curtam o capítulo que com tanto carinho eu e a Sany editamos a vcs.



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Estar sozinho não é tão ruim assim
Mas a parte mais difícil é rir quando está triste
E agora eu coloquei no final da história
eu sinto o mesmo... Eu sinto o mesmo

Amor e ódio são todos, parte da emoção
E eu vi você sentado naquela janela
Você cantou uma música, eu cantava junto

Eu te dei tudo que eu tinha e agora ele se foi
Você me deu tudo que eu precisava ser forte
Por que vale a pena eu vou sempre ser o sortudo
O sortudo... O sortudo

(Love and Hate - Feat. Beba Céspedes)


 

A cena era lancinante demais. Em um poste de madeira, que não havia reparado quando passamos ali pela manhã, com as duas mãos sobre a cabeça amaradas por uma corda e de joelhos, está meu melhor amigo. As costas estão vermelhas com seu sangue, a pele em carne viva. Um esquilo morto encontra-se pendurado em um ponto mais alto.

Sinto meu coração acelerar, ainda assim, não consigo assimilar o que está acontecendo até que o som do chicote batendo na pele me tirou do transe em que estava, e pude sentir o nó se formar em meu estômago enquanto caminhava abrindo espaço entre as pessoas.

— Parem! – Minha voz saiu em um grito agudo e desesperado, chamando a atenção de todos. O pacificador com o chicote, entretanto, parecia não ter ouvido já que ergueu o braço chicoteando novamente o moreno. – Pare! – berro e vendo que não será o bastante entro na frente do meu melhor amigo sem pensar em mais nada, a não ser impedir que o chicote o atinja novamente.

— Sai daqui Katniss. – A voz dele sai em um sussurro cansado, posso ver em seu rosto suado que ele não vai aguentar muito mais. Gale está a um passo de perder a consciência.

— Saia da frente. – A voz do pacificador é firme.

— Já disse para parar.

— E quem seria você, para impedir que a lei seja cumprida? – Olho em direção a voz fria e autoritária, com os dois braços atrás das costas, caminhando lentamente em minha direção posso ver o novo chefe dos pacificadores. Não respondo e sei que não preciso, pelo olhar dele, sabe exatamente quem sou eu.

— Lei?

— O infrator foi pego com uma caça. E todos sabem que caçar é estritamente proibido. Então sai da frente do criminoso, ou fique e receba a sentença com ele. – Me mantenho firme na frente dele. – Certo, continue. – Fecho os olhos preparada para receber o golpe quando vejo o braço do pacificador se erguer.

— Ei calma. – A voz de Peeta está ligeiramente aflita, mas posso ouvir com firmeza. – Ninguém vai bater na minha mulher.

— Sua mulher? Ótimo, a família inteira vai se intrometer no cumprimento da lei e da ordem do Distrito. Quer se juntar a eles?

— Você não vai tocar nela.

— Talvez para você, eu deva emitir uma ordem de prisão e um açoitamento exclusivo.

— Com licença. – Haymitch se aproximou quase que naturalmente. – Chefe, desculpe, mas acho que você não vai querer seguir por esse caminho.

— E você seria?

— Haymitch Abernathy, vitorioso e mentor desses dois. E sinceramente, eu odiaria ter que ligar para Capital e explicar que dois dos mentores mais esperados dos Jogos não iriam esse ano, porque foram açoitados sem cometer nenhum crime justificável.

— Eles estão impedindo o cumprimento da lei.

— O acusado...

— Infrator.

— Certo, o rapaz é primo dela, sem dúvida ela agiu sem pensar. Você deve ter ouvido falar que ela teve um bebê há pouco tempo... na Capital, aliás, é o assunto do momento. Uma fase pós parto difícil, sabe? Os hormônios ficam a flor da pele. A criança não dorme direito à noite e isso deixa ela insuportável as vezes.

— E ele está passando por uma fase pós parto também?

— Não, mas ele convive com ela. Entendo que o rapaz foi pego em um ato punível, sei que está aqui para cumprir a lei, mas acredito que por ser réu-primário já teve o suficiente. Ao menos que a sentença seja de morte, e nesse caso sabemos que não seria aplicado as chicotadas. Nesse caso seria chamado o pelotão de fuzilamento. - Haymitch se aproxima dele e sussurra alto suficiente para que só quem estivesse próximo ouvisse. – O recado foi dado.

O chefe dos pacificadores pensa por um momento, seu olhar percorre a multidão antes de fazer um gesto com uma das mãos.

— Dessa vez vocês podem ir, mas não haverá uma próxima vez, entenderam? Não me interessa quem sejam. A punição será muito pior do que algumas chicotadas. – Ele começa a andar, parando em seguida. – Seu primo não é mais réu-primário. Então se eu ver ele com qualquer tipo de caça, pode ser um passarinho, as medidas serão outras e acredite ele irá implorar por chicotadas.

As pessoas rapidamente esvaziam o local, o medo é nítido e não os julgo. Peeta negocia um pedaço de madeira de uma vendedora de frutas e junto com Haymitch e mais dois mineiros - que permaneceram no local - o carregam em direção a casa da minha mãe. O caminho parece muito mais longo do que realmente era. Assim que vejo a entrada da vila corro na frente chamando minha mãe com urgência.

O olhar dela sobre ele é indecifrável, mas logo assumi uma postura mais séria e decidida começa a dar ordens.

— Coloque ele aqui. – Ela abriu espaço na mesa da sala de jantar. – Prim me ajuda aqui. – Minha irmã entrega Hope para Doryan, que logo tratou de leva-la para outro cômodo. O que sem dúvida foi a melhor escolha, visto que assim que minha mãe começou a mexer nos ferimentos ele começou a gritar de dor. – Sabia que isso não demoraria a acontecer, todas essas mudanças... Haymitch preciso da garrafa do que tiver de mais forte na sua casa, e de todo gelo que conseguirem arranjar. – Peeta foi com Haymitch em busca do que foi solicitado e me aproximei mais da mesa.

— Vai ficar tudo bem Gale, minha mãe vai cuidar de você. – Em um primeiro momento achei que o álcool era para as feridas, mas assim que Haymitch entregou a garrafa para minha mãe, ela logo tratou de dar para ele beber.

— Isso vai ajudar a não sentir tanta dor. Não tenho nada forte o bastante para anestesia-lo.

— Dê o que tiver, ele está sentindo dor! E álcool não vai fazer passar – digo nervosa.

— O que tenho aqui não vai fazer efeito algum. Ele precisa dormir e o álcool vai apaga-lo. – Vejo o quanto ele está fraco e nem ao menos consigo prestar atenção enquanto os mineiros, que vieram conosco, contam o que aconteceu.

— Por sorte não o pegaram na floresta, ou com alguma arma. Ele disse que o esquilo estava do outro lado da cerca, que o atraiu até esse lado, e o matou com um pedaço de madeira, mesmo assim, é considerado furto. Mas se ele estivesse com mais alguma coisa, seria sem dúvida um tiro na cabeça que teria recebido.

— Eles não podem fazer isso! – Minha voz não esconde a aflição em imagina-lo morto por um tiro na cabeça.

— Era assim que funcionava antes do Cray assumir como chefe dos pacificadores, e sinceramente agora que ele não está mais no cargo, acho que veremos muito mais disso por aqui. – Haymitch diz enquanto minha mãe e Prim continuam trabalhando nas feridas.

Peeta agradece aos dois mineiros e os acompanha até a porta, quando volta ele olha em minha direção parando o olhar na minha mão, que retirava alguns fios de cabelo do moreno da testa.

— Vou até a casa dele. Acho que a Hazelle precisa saber.

Não sei quanto tempo levou para que ele voltasse com Hazelle, ainda assim, fiquei feliz ao ver que ela não entrou com as crianças. Seu olhar sobre o filho é de cortar o coração, quando troco de lugar com ela.

— Pronto, não há mais nada que possa fazer. O tempo não ajuda muito. Ele vai precisar de gelo, neve ajudaria sem dúvida... – O som da campainha chama nossa atenção e assim que vou até a sala para ver quem é, vejo Madge.

— Fiquei sabendo e trouxe isso para seu amigo. – Ela entrega um frasco com alguns comprimidos. – São da minha mãe, ela disse que eu podia trazer para ele. Vem da Capital, é morfina vai ajudar a aliviar a dor.

— Obrigada, Madge. – Agradeço e ela se vai.

Minha mãe coloca um comprimido na boca de Gale que engole sem muita consciência. Ele está de bruços e em instantes seus murmúrios vão cessando.

Está realmente tarde quando deixo a casa da minha mãe. Gale continua dormindo e Hazelle está com ele. Por mais que não queira deixa-lo, sei que ela precisa desse momento com ele.

Entro em casa, encontrando Peeta e Haymitch sentados na sala em silêncio, o último com um copo em mãos.

— Cadê a Hope?

— Está dormindo. Os irmãos do Gale também, os coloquei no quarto de hospede. – Peeta diz com a voz séria e cansada ao mesmo tempo.

— As crianças estão aqui?

— Sim, achei que não seria bom para elas verem o irmão assim, então as trouxe – concordo com a cabeça. Sinto meu corpo pesado e estou completamente exausta.

— Agora que os dois estão aqui, posso falar. Vocês enlouqueceram? Tem ideia do que poderia ter acontecido hoje?

— Haymitch...

— Não! Ele poderia ter matado os dois, então nesse momento, sua família, sua filha estaria sendo despejada daqui, sem direito a um tostão. Órfã de pai e mãe.

— Queria que eu o deixasse lá?

— Queria que tivesse pensado antes de agir. Os tempos são outros e sem dúvida, hoje não vai passar em branco. A partir de agora estamos em uma situação ainda pior do que antes, e olha que achei que não era possível.

— Tomarei mais cuidado daqui pra frente – digo querendo me retirar.

— Ótimo, agora preciso ir. – Peeta acompanha Haymitch até a saída e tranca a porta, quando retorna, me olha de uma forma estranha e sobe sem nem me esperar.

Tomo meu banho e depois vou até o quarto de Hope e a pego do berço para amamenta-la, mesmo que esteja dormindo.

— Você ainda gosta dele. – Me assusto com Peeta encostado no batente da porta.

— Do que está falando?

— Gale, você o ama posso ver o quanto se preocupa com ele.

— Assim como me preocupo com você. – Hope termina de mamar e não acorda. Com cuidado volto a deposita-la no berço. Certifico se as janelas estão bem fechadas e vou em direção ao nosso quarto. Sinto seu olhar sobre mim assim que me aconchego debaixo do edredom.

— Gosta mais dele do que de mim? – Peeta ainda se encontra em pé e começo a ficar irritada com o rumo da conversa.

— Se eu gostasse mais dele do que de você, estaria casada com ele e Hope não seria sua.

— Não é como se tivesse tido escolha, você não teria se casado comigo em outra situação.

— Peeta... Olha minha vida tomou um rumo inesperado e ponto. Estou casada com você, não há nada a discutir. – Ele abre a boca e não o deixo falar mais nada. – Venha dormir. – Sem protestar se aconchega ao meu lado e passo meu braço sobre ele. Prefiro não voltar a pensar no que seria minha vida em outra situação, não há sentido nenhum, não mudaria nada.

 

→←→←→←

 

Na manhã seguinte encontro Hazelle no mesmo lugar que a deixei, assim que me vê ela pergunta dos filhos e a tranquilizo dizendo que estão em minha casa com Peeta e Prim.

— Você deveria ir até lá, comer alguma coisa, descansar um pouco.

— Não quero incomodar seu marido, ele foi extremamente gentil ontem.

— Não vai incomodar, acredite ele está esperando você lá. – Ela vai relutante e assim que me vejo sozinha com Gale me sento na cadeira, e quando estou próxima de seu rosto, seguro sua mão. – Me desculpa, isso tudo é minha culpa.

— Como é sua culpa, se fui pego? – Sua voz sai fraca, mas é um alívio ouvi-la.

— Gale... senti tanto medo quando te vi sendo chicoteado – confesso sem prestar a atenção na aflição que soa a minha voz.

— O novo chefe dos pacificadores, não é tão pacifico, né?

— Lembra que uma vez você sugeriu de fugirmos do Distrito? Deveríamos fazer isso.

— E para onde iríamos? Sua família aumentou, se esqueceu?

— Eu os levaria para longe, além do 12.

Lembro das duas mulheres que Peeta e eu encontramos na floresta.

— Não existe nada além do 12, a não ser ruína, Catnip.

— Talvez exista mais do que isso. – Afasto alguns fios teimosos de seu cabelo e ele sorri.

— Quer que eu fique um pouco com ele? - A voz de Peeta me faz sobressaltar. Seu olhar sobre mim agora é abatido.

— Vou ver se consigo mais gelo.

Me levanto da cadeira e passo por Peeta sem encará-lo. Assim que consigo pegar gelo. Ajeito tudo nas mantas que minha mãe separou para colocar sobre os ferimentos e quando estou retornando para a sala de jantar, escuto uma conversa dos dois.

— Não se preocupe padeiro, ela ama você.

— Sim, mas também ama você.

— E com quem ela está casada mesmo?

— Ela teria levado as chicotadas por você, em um instante estava ao meu lado e no outro, estava entre você e um pacificador, sem pensar em pestanejar.

— Katniss não costuma pensar muito antes de colocar alguém, acima de si mesmo... Ainda assim, é com você que ela vai ficar. Além de toda coisa com a Capital, vocês têm uma filha, e acredite ela não teria uma filha com alguém que não tivesse algum sentimento, ela não é assim. Katniss não é qualquer garota.

— Será que sou tão previsível assim? Gale sabe o que sempre pensei sobre eu não querer ter esse tipo de vínculo. E meus sentimentos por Peeta, são reais? Será que o amo? - Considere-se o vencedor.

— Ela estar comigo pela Capital, ou pela minha filha, não é exatamente uma vitória. A amo o suficiente para desejar que ela me ame de volta...

Sacudo minha cabeça, que já está em desordem pelo acontecido de ontem e adentro o cômodo, como se não estivesse escutado nada. Troco as mantas e coloco a que acabei de abastecer com o gelo nas costas de Gale, e me viro para Peeta.

— Vou pra casa ver como Hope está – ele assente e me despeço de Gale.

As coisas estavam diferentes agora. Peeta não precisa se sentir inseguro. Gale sabe que tenho uma vida, mesmo se quisesse não deixaria isso para trás. Se eu fugisse do 12, com toda certeza tentaria levar todos comigo.

 


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Notas finais do capítulo

Hummmm... alguém aí notou um ciuminho do loiro e dona Katniss sendo Katniss? Preparem-se para o próximo capítulo que será postado ainda nessa semana... Obrigada pelo carinho de cada um, beijos e continuem comentando, adoramos saber o que estão achando.