Preço do Amanhã escrita por Cristabel Fraser, Sany


Capítulo 16
Yellow Flicker Beat


Notas iniciais do capítulo

Boa noite meus queridos... Fim de domingo, primeiro dia do horário de verão e aqui estamos nós com um capitulo consideravelmente intenso.
Bom a a fic recebeu uma recomendação linda que nos deixou muito feliz, Mirandabr muito obrigada adoramos a recomendação.
Esse capitulo é dedicado a você.



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Eu já estou farta disso,
Esse é o início de como tudo acaba,
Eles costumavam gritar meu nome,
Agora eles o sussurram,
Estou acelerando, e essa é a,
Batida oscilante vermelha, laranja e amarela,
Que acende o meu coração...

Estamos no início, as cores desaparecem,
Eu nunca olho para as estrelas,
Pois há tanta coisa aqui embaixo,
Então, eu tento acompanhar a,
Batida oscilante vermelha, laranja e amarela,
Que acende o meu coração...

(Yellow Flicker Beat – Lorde)

— Katniss, quer que eu deixe algo mais preparado? – Marry pergunta enquanto organizo as roupas no closet.

— Acho que não precisa, não. Peeta vai trazer algumas coisas da padaria, acredito que só venha a equipe de sempre da Capital – digo ajeitando a última peça.

— Tudo bem então, acho que já vou indo. Caso precise de algo mais é só pedir pro Peeta me chamar.

— Obrigada Marry e tenha um bom descanso. 

Assim que ela se vai tento acalmar novamente minha ansiedade. A equipe está chegando e Peeta ainda não retornou da padaria.

— Katniss! – Escuto a voz da minha irmã no andar de baixo. Desço e logo encontro seu sorriso. – Vim ver como minha irmã e meu sobrinho, ou sobrinha estão hoje – diz com um tom animado e assim que nos abraçamos ela acaricia meu ventre que logo responde com um movimento preguiçoso. – Nossa já está um bebê esperto.

— Tem que ver quando Peeta conversa, ou faz o que você acabou de fazer.

— Estou curiosa pra ver com quem se parecerá... será que vai ter os cabelos de Peeta, ou os olhos dele?

— Menos patinha, deixe essa empolgação pra quando chegar a hora.

Convido minha irmã para ir até a cozinha comigo e conversamos enquanto coloco água pra fazer um chá.

Escuto batidas na porta e quando atendo Effie, e sua trupe vem com euforia total pra cima de mim.

— Ah, como a casinha de vocês está linda e acolhedora – comenta Effie enquanto gesticula suas mãos enluvadas cor de beterraba por todo o perímetro.

— Parece estar pronta pra receber o herdeiro – acrescenta Flavius.

— Essa é a sua irmã, Prim... nossa como ela cresceu desde a última vez que a vimos! – Octavia se aproxima dela e a abraça fazendo com que sua echarpe esvoace pelo rosto corado de Prim.

— E o Cinna?

— Ah, querida o Cinna está aqui também, deve estar tirando seus looks do carro que nos trouxe até aqui – explica indo até a porta. – Aí, está ele.

— Cinna! – digo indo abraça-lo.

— Já faz tempo. Você está bem? – pergunta ajeitando uma mexa de meu cabelo.

— Estou sim.

— E esse bebê. – Ele pousa a mão em meu ventre e dou de ombros.

— Acho que está bem.

Assim que Peeta chega fazemos um lanche e logo nos apresentam o fotógrafo.

— Este é Sirius, não sei se vão lembrar, mas ele fez todas as fotos de vocês desde o início do romance. – Effie comenta e antes mesmo que eu possa conversar com Peeta sou arrastada para o escritório – que vira o local para eu me trocar – e Cinna me ajuda a vestir a primeira roupa.

— Bem, imaginei a proporção de seu ventre e fiz roupas leves.

Não sei se estava preparada para o que viria a seguir, mas enfim vesti a primeira roupa – uma bata branca – cujo o comprimento ia até o meio de minhas coxas. Me senti um tanto incomodada, não era o tipo de roupa que estava acostumada a usar, não com tantas pessoas me vendo, aliás, minhas camisolas tinham esse comprimento, mas a uso apenas quando vou dormir.

Entro na sala um tanto envergonhada, meu cabelo se encontrava com uma trança muito bem trabalhada, meu rosto com uma clara maquiagem. Na hora da primeira foto, Sirius sugeriu que Cinna abrisse alguns botões para que meu ventre ficasse aparente. Como se não bastasse pediu que eu segurasse uma rosa branca sobre minha barriga. Sorrir... claro, era isso que eu tinha que fazer, sem a menor vontade.

— Essas fotos irão ficar maravilhosas. Na Capital não se fala em outra coisa senão o herdeiro Mellark. Estão até fazendo apostas para ver se é menino ou menina. Até estão sugerindo nomes.

O comentário de Effie acaba por fazer cair o pouco de controle que eu vinha lutando para segurar.

— Preciso de água – falo já me encaminhando até a cozinha. Respiro várias vezes para meu controle retornar. Assim que consigo retornar ao meu disfarce, bebo dois copos de água e volto para a sala. Peeta me lança um cumplice olhar. Talvez notando que minha repentina mudança fora desencadeada pelo comentário.

A segunda roupa era um vestido preto de manga três quartos, nessa pediram para Peeta se juntar a mim, e nisso tivemos que trocar alguns beijos e carícias, segundo o fotógrafo para a captura ideal.

Após a tortura eles foram se hospedar em uma das casas da Aldeia dos Vitoriosos, enfim pude respirar.

— Achei que isso nunca iria acabar – desabafo me jogando sobre o sofá.

— Você ficou esplendida em todas.

— Ah, Peeta como você é iludido.

— Realista, querida... sou realista. – Ele planta um suave beijo em minha fronte e escuto o risinho da minha irmã que só ficou observando a sessão de fotos o tempo todo. – Trouxe bolo gelado da padaria pra vocês. Quem vai querer?

— Ebaaa... eu quero – diz Prim toda animada.

— Então vamos cunhada...

— Não mesmo. Peeta Mellark é hora do jantar, se a Prim quiser, janta conosco e depois come o bolo como sobremesa.

— Ok. Tá certo... que tal convidar sua mãe pra jantar conosco também? – ele sugere.

— Está bem. Prim pode chama-la?

— Sim. – Ela sai e agora encaro Peeta com meu semblante apavorado.

— O que se passa nessa cabecinha? – Peeta inquere.

— Viu o que a Effie disse sobre o que estão pensando de nós e nosso bebê, Peeta?

— Katniss, temos que aprender a lidar com esse circo que é a Capital, sabe que eles nunca irão nos deixar em paz, a não ser, que se levante uma atração mais maior.

→←→←→←

Os primeiros sinais de neve começaram mais rápido do que poderia desejar e com ele uma equipe maior do que os da sessão de fotos. A Turnê da Vitória daquele ano prometia ser tão desgastante quando há de dois anos atrás. E, talvez fosse muito egoísmo da minha parte não querer estar com Doryan naquele momento, mas se pudesse, ficaria em casa. Ainda assim, não tinha a menor escolha em relação a isso já que a "bondade" do presidente foi tanta que uma equipe médica me acompanharia durante aquelas semanas. 
Enquanto estávamos no Distrito 12, Doryan parecia bem em frete as câmeras. Ele sorriu e falou com Caesar com naturalidade durante transmissão ao vivo que daria início a turnê. Peeta o havia preparado para aquele momento mesmo assim, quando ficou em frente a população do Distrito 11 em nossa primeira parada, notei que ele empalideceu rapidamente e enquanto lia o discurso preparado por Effie engasgou por um momento.

Ele era só uma criança e por mais que não tenha tido relação com as mortes dos tributos das duas famílias que olhavam para ele, sabia o quanto aquilo doía. E naquela noite depois do jantar oferecido pelo prefeito ele se manteve quieto e enquanto o trem se movia rapidamente em direção ao próximo distrito acordei com um grito que vinha do quarto ao lado, Peeta acordou em um pulo e saiu meio atordoado alguns passos à minha frente.

— Você está bem? - Peeta perguntou entrando no cômodo escuro e acendendo a luz, assim que me aproximei vi Doryan com os cabelos úmidos o rosto molhado de suor. Ele meneou a cabeça com o olhar perdido.

— Não é justo fazer isso, falar com eles. Eles estão de luto, queriam seus filhos e estou aqui agradecendo a Capital por mata-los, como se eu fosse algum tipo de herói. Sou de certa forma culpado pela perda daquelas famílias. Deveria estar morto. - Peeta e eu trocamos um olhar antes que ele fechasse a porta. 

— Sei que não é fácil, a turnê, todos os discursos e jantares. Ver as famílias, mas nunca, nunca mesmo se sinta culpado pelo que aconteceu, entendeu? Doryan a culpa nunca será sua. – Peeta estava com um tom de voz firme o olhando nos olhos. - Você é um sobrevivente, uma vítima, então não se culpe por algo que não foi você que fez.

— Matei aquele garoto e em alguns dias terei que olhar para família dele. Como posso fazer isso?

— Você se defendeu. - Sentei na ponta da cama e o olhei nos olhos e só vi tristeza. - Ele teria te matado se você não tivesse feito. Você não teve escolha.

—Tenho sonhos ruins à noite - confessou e me vi pegando sua mão com carinho. - Não sou forte o bastante.

— Isso não tem relação com força. Olha, eu também tenho pesadelos com  a arena. Todos nós temos - falo olhando para o loiro que concorda com a cabeça. 

— Como vocês conseguem... Esses discursos, as pessoas nos tratando como se fossemos especiais quando o que fizemos foi... Matar? Sou um assassino e não um herói.

— Você não é um assassino. Não havia escolha ali, se pudesse escolher sei que não teria feito. Você não gostou do que fez e isso te assombra, sempre vai assombrar, mas aquilo na arena não define quem você é. Esse não é o Doryan, o garoto que sorri para as câmeras e faz discursos também não. Esse é um papel, um trabalho que vai precisar fazer sempre. Deixe que eles vejam o que quiserem ver, mas essa imagem projetada de forma distorcida pela Capital não é você. Eles não conhecem você. E se possível não deixem conhecer.

— Vai ficar mais fácil?

— Um pouco, mas lembre-se, não está sozinho. Sempre vamos estar juntos nessa.

— Acho melhor você dormir um pouco.

— Não acho que consigo.

— Fico aqui até você dormir. - Assim que ele deitou comecei a cantarolar aquela velha canção que antes cantava para Prim quando ela não conseguia dormir depois de um pesadelo. Então ficamos ali até ele pegar no sono e quando voltamos ao nosso quarto Peeta parecia aéreo.

— Você está bem?

— Me sinto péssimo. Eu o ensino a mentir, a formar muros e usar máscaras. Ele é só uma criança, Katniss.

— Eu sei. Mas não se culpe, você está fazendo o que precisa fazer para que ele fique seguro.

Ele deitou e me abraçou, não precisava dizer para que eu soubesse o que ele estava pensando naquele momento. Sabia que pensava no bebê em meu ventre, e nas mentiras que o cercariam.

→←→←→←

Os dias seguintes não foram mais fáceis, seguimos viagem parando em cada Distrito e sorrindo para as câmeras enquanto observávamos Doryan ficar cada vez mais abalado, enquanto fingia estar bem. Ele lia os discursos e durante os jantares era educado e cordial com todos. E toda noite, Peeta - antes de ir dormir - passava no quarto dele onde eles conversavam por um tempo, e embora isso estivesse ajudando com os pesadelos não impediu que acordasse gritando após o discurso no Distrito 2. Sem dúvida aquele foi o momento mais difícil da turnê para ele. Olhar a família do garoto que matou, o fez ficar realmente abalado. E confesso que apesar de não gostar da Capital, fiquei aliviada quando chegamos na estação movimentada. Era nossa última parada antes de voltar para o Distrito 12, onde o último discurso seria feito, onde veríamos novamente a família da Tyah, antes do Distrito ter enfim, a festa que estavam esperando desde que anunciaram o vencedor dessa edição. Uma festa com comida à vontade. Em uma época onde a comida normalmente já começava a faltar devido ao início do inverno.

— Katniss para quando, é o bebê?

— Já sabem o sexo?

— Ainda não, ele ou ela anda fazendo mistério. – Peeta começou a responder as perguntas com o velho sorriso e carisma que só ele tinha. – Mas em oito semanas não vai ter mais como esconder.

— Algum nome em mente?

— Ainda não...

A entrevista em frente ao centro de treinamento, onde estávamos novamente hospedados, com Caesar foi rápida. E Doryan se saiu muito bem, resposta diretas e simples. Algumas vezes com um tom de humor. E confesso que estranhei quando ele não chamou Peeta, ou a mim para perguntar qualquer coisa sobre o bebê. A festa na mansão presidencial foi como a que tivemos em nossa própria turnê e estava realmente aliviada por saber que iríamos embora durante aquela madrugada.

— O presidente deseja vê-los. – Essas palavras foram suficientes para fazer com que meu coração acelerasse. Troquei um rápido olhar com Peeta enquanto seguíamos por um corredor até uma biblioteca onde Snow estava sentado em uma poltrona.

— Confesso que estou impressionado. – Começou sem ao menos olhar em nossa direção. – Poderia jurar que a história da gravidez era um truque, mas olha só... – Ele gesticulou em minha direção e automaticamente levei uma de minhas mãos em meu ventre, como se neste gesto eu pudesse protege-lo. – Vocês conseguiram ultrapassar a comoção dos jogos. Meu povo não fala em outra coisa que não seja esse bebê. As apostas em relação ao sexo, ou ao nome estão tão altas quanto as sobre os vencedores durante os jogos. Cheguei a pensar em adiar um pouco a turnê sabe? Afinal, imagina como seria interessante essa criança nascer aqui. Mas então, eu pensei porque adaptar a tradição dos Jogos ao nascimento, se posso adaptar o nascimento as tradições.

— O que? – Peeta deu um passo ficando na minha frente instintivamente.

— Espero que esteja preparada para o parto Srta. Everdeen, ou me desculpe, Sra. Mellark. – Senti duas mãos segurarem meu ombro, enquanto dois pacificados seguravam Peeta o afastando de mim, tentei me soltar enquanto via o loiro tentar fazer o mesmo.

— ELA NÃO VAI TER O BEBÊ AGORA. VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO. ME SOLTA! – Me debatia cada vez mais forte, enquanto Peeta vociferava, mas no minuto seguinte senti uma agulha perfurar meu braço fazendo com que minhas forças fossem se esvaindo.

— Podem levá-la, esperem alguns minutos e anunciem que a Sra. Mellark entrou em trabalho de parto e foi levada para o hospital com urgência.


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Notas finais do capítulo

É isso... Tem nascimento a vista no próximo capitulo... E ai quem quer estrangular o presidente???
A Bel e eu adoramos o retorno de vocês, os comentários, MPs fiquem a vontade para deixar o que estão achando.
Durante a semana os comentários do capitulo anterior serão respondidos.
Espero que vocês tenham gostado.
Ah o banner lindo do incio capitulo foi feito pela Bel.
Uma otima semana a todos.
Beijos



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