Edward PDV.

Dois desenhos.

O modo como Bella me respondeu não me deixou com raiva, mas sim, surpreendentemente preocupado com ela. “Não se meta nas nossas vidas!”. Sinceramente não era o que eu queria ouvir. Na verdade, teria sido muito melhor ouvir que eu parecia um gay, que eu era ridículo ou simplesmente o silêncio de Bella a ter escutado aquelas palavras. Bem, talvez tenha sido um equívoco ter apostado em vir pra Forks. Mas o pior: Bella tem razão. Eu não tenho direitos de interferir em nada na vida deles.

Porém, contradizendo tudo que acabo de dizer, decidi subir para o quarto. Mas o que eu queria mesmo era passar pelo quarto de Bella e ver se ela ainda estava tão mal quanto parecia. Mas, assim que entrei pela porta, ela me recebeu com os olhos quase saltando pra fora de susto.

–Desculpe. Atrapalhei você? – falei.

– Não! – ela respondeu automaticamente. Seu rosto estava corado.

– Eu só... Eu só queria chegar na minha parte do quarto...

Ela não me deixou sequer terminar de falar, veio até mim e me empurrou até a porta arranjada na parede dela.

– Certo, pode ficar aí enquanto eu troco de roupa! Tchau! – ela me jogou pra dentro e eu só ouvi o som de ela trancando a porta.

Pensei em pedir que me deixasse ficar na sala, mas não queria atrapalhá-la. Deitei na cama e tentei relaxar. Havia sido um bom primeiro dia por aqui, contudo. Porém, meus ouvidos, sem querer bom demais, começaram a ouvi a voz de Bella, vinda do outro lado da parede. O que eu podia fazer? Eu ouvia bem, ora!

“Jake!” – Bella ficou um tempo calada. “Poderia ser lá perto...”. Provavelmente ao telefone, Bella escutava o tal Jacob falar. “Certo. A gente se vê!”. A ouvi colocar o fone no gancho.

Mas que doidice você está fazendo, Edward! – resmunguei pra mim mesmo. Desconcentrei-me do quarto de Bella e abri minha pasta. Por coincidência, (ou ironia), o desenho que eu fazia durante a aula do Molina (antes de Bella chegar) caiu na minha cama. Peguei e analisei-o. não estava tão mal pra alguém que está há bastante tempo enferrujado...

O rosto que eu fiz tinha uma forma alongada e fina, porém, os olhos saíram iguais aos de Alice. Pensei em modificar o formato do rosto para se parecer melhor com o rosto dela, mas não conseguia achar coragem para mexer naqueles traços iniciais, assim, apenas cortei no papel os esboços dos cabelos dela, mas não conseguia acertar seus fios realmente lisos.

Frustrado, passei a página e comecei um desenho novo. Porém, lá estava de novo o rosto fino e o cabelo com ondas. Dei o braço a torcer e não lutei contra a inspiração. Já estava rara nos últimos tempos. Não posso desperdiçar seja ela qual for. Segui os traços que eu pré-visualizava no papel até que a garota do desenho começou a parecer bem convincente, quase atingindo o padrão que eu achava ser legal antigamente.

Fiquei entusiasmado com o desenho a cada instante, a casa esfumaçada. Procurei então os olhos de Alice, mas eles não estavam vindo agora, simplesmente aquele formato arredondado não saia perfeitamente. Vinha mais alongado, do tipo helenístico. A menina do papel ganhou incrivelmente uns olhos oblíquos, mas estava muito bonito – modéstia à parte.

Logo, nem percebi ao certo as horas, mas olhei pra janela e vi o crepúsculo. Olhei pro desenho de volta e, por algum motivo, quis deixá-lo sobre a cama. Ali, esperando para ser terminado assim que eu voltasse. Eu nem tinha percebido Bella destrancar a porta, mas ela estava mesmo aberta. Assim, peguei uma roupa e toalha e fui para o banheiro. Com certeza a última coisa que eu queria era chegar atrasado para Alice. Mas, pensando do carro de Bella, posso até começar a pensar numa desculpa para a hora em que chegar...

Simplesmente esperava não ter exagerado. Uma blusa com um paletó, não me pareceu má combinação. Ah, mais que seja! Eu lá vou ter paciência pra isso! Porém, o indispensável é o perfume.

Ia voltar para o quarto quando percebi a porta trancada. Então, desci para sala e esperei que Bella estivesse pronta. Não demorou muito, Charlie chegou com sua viatura.

– Edward? – ele perguntou curioso, olhando-me assim que adentrou.

– Senhor Swan? Bella o avisou que vamos sair? – falei ingenuamente.

O rosto de Charlie simplesmente envermelhou na hora.

– Oh, não. Quer dizer. Bella convidou uns amigos dela. Seus vizinhos: Emmet e Jasper... Mais umas garotas da escola, Rosely e Alice. Vamos todos ao cinema e eu pensei que...

– Ta bom, Edward! Eu já entendi! - Charlie disse, tirando seu cinto e seu colete. r10; Renné tinha me avisado para que jantasse fora. Agora eu entendi por quê...

– Ah, sim...

– É bom ver que Bella está interagindo com as pessoas, - senhor Swan comentou sob um suspiro cansado. Sinceramente aquilo foi uma novidade pra mim. – Bella é sempre tão sozinha no seu próprio canto... Finalmente vai sair com as garotas.

Tentei ignorar que o fato de serem apenas duas garotas no meio de quatro homens, coisa que Charlie não percebeu. Contudo, esqueci que nomear uma pessoa na lista dos garotos.

– A propósito, senhor, Jacob Black também vai com a gente.

– Oh, não me diga! O pequeno Jake também vai? Há quanto tempo não vejo esse garoto! É uma coisa boa eu não encontrá-lo mesmo na delegacia! – Charlie riu de forma divertida. Agora, “pequeno Jake?”. Pelo visto, deve fazer mesmo tempo que Charlie não o vê!

– Pai? – Bella exclamou descendo as escadas. Estava usando um vestido reto e jeans, com um cinto alto, uma jaqueta e tênis-bota. Deu vontade de rir de sua espontaneidade, mas não conseguia fazer isso pelo simples fato de Bella ter ficado excentricamente incrível.

– Vai sair? Tome cuidado, amor! – disse Charlie, dando um beijo no topo da cabeça da filha.

– É. Vamos integrar Edward à população de Forks! – falou ela, divertida. Sorriu um sorriso realmente belo e sincero, inédito para mim até agora.

– Parece uma boa ideia. Sua mãe vai chegar tarde hoje, - Charlie falou com a voz rouca, senti que o clima não me precisava.

– Te espero no carro Bella. Não se preocupe, senhor Swan, pode confiar que estaremos de volta logo, - falei. Charlie me deu um meio sorriso e eu saí.

Isabella PDV.

Entre a cruz e a espada.

– Pai eu já sei. Mamãe não vai chegar tão cedo. Tome cuidado. Seu espray de pimenta já está com você? Etc. etc. etc. Eu já sei! – encurtei toda a história.

– Muito bem. Cuide-se, - ele disse simplesmente.

Dei um curo abraço nele e saí até meu carro. Estava magoada por meus pais não serem claros comigo, mas seria hipócrita por cobrar isto, pois sei que eu mesma não quero ouvir a verdade.

– Tudo bem, Bella? – Edward perguntou no banco do carona.

Arranhei a garganta antes de responder. Foquei no plano agora. Não seria nada fácil, e tudo poderia desmoronar a qualquer hora, mas eu precisava fazer o possível pra tudo sair certo.

– Hum-hum, - foi o máximo que pude dizer.

Edward ficou calado, me olhando por um tempo enquanto eu dirigia. Seu olhar em cima de mim já estava fazendo minhas bochechas ficarem quentes. Desviei minha atenção totalmente para a estrada. Vi passar a casa de Emmet e o jipe dele não estava mais lá na frente. A mesma coisa na casa do Jasper. Isso significava: não há mais tempo para voltar atrás.

Em vez de seguir rumo ao shopping, desviei o caminho (já em Port Angeles). Como Edward não conhecia nada aqui, sequer reparou. Porém, a culpa estava fazendo eu sentir dificuldades em respirar.

Ok concentre-se Bella. Você vai deixar o Edward no restaurante onde Rosely está (e espero que esteja mesmo). Depois você vai encontrar Jacob e ir ao cinema. A essa altura Alice e Jasper devem estar no maior papo e Rosely já deve ter dado uma desculpa a Emmet e dito para ele voltar pra casa... Eu espero.

Desci frente ao restaurante italiano. Edward pareceu desentendido.

– Tem certeza que é aqui Bella? – perguntou ele, vindo abrir a porta pra mim, o que foi uma babaquice que eu nunca pensei que ia achar legal da parte dele. (Meu deus! Eu estou começando a ficar estranha com essa coisa cavalheiresca e educada que Edward tem!).

– Foi aqui que Rose me disse pra ficar... – falei. Temi minha voz falsa.

– Então vamos entrar? – ele disse segurando meu ombro.

Caminhei pra dentro do restaurante, mas antes de entrar, meu celular começou a vibrar na bolsa. Segurei Edward antes que ele entrasse também quando vi ser o número do telefone de Rosely. Atendi com o coração aos pulos: tinha dado merda!

– Alô?r10; Bella, você esta aí no restaurante já? – ela sussurrou na outra linha.

– Como assim “aí no restaurante”? Cadê você?!

– Desculpe, mas a coisa aqui com Emmet está difícil! Ele contratou um músico que está tocando aqui na praça de alimentação pra mim! Por Deus, eu acho que não vou consegui sair daqui a temo!

Juro: quis fuzilar Rosely pelo telefone ou por telepatia!

– Bella eu estou trancada no banheiro, preciso sair e encarar o Emmet. Sou a Deusa do amor, e não quero machucar ninguém! Por favor, a gente se fala amanhã! – ela tagarelou e desligou na minha cara. Ok, a bomba ficou pra mim!

– Bella, o que houve? Está pálida! – Edward disse, tocando meu rosto. Meu deus, eu não tenho coragem pra prosseguir! O que eu faço?

– Bella? – uma foz perfeitamente familiar me chamou em outra direção. Temi olhar pra trás, mas o fiz mesmo assim.

Ok. Era nessa hora que Edward deveria estar com Rose, Jake viria e sairia comigo. Estaria todo mundo feliz enquanto eu morreria de felicidade. Mas agora, acho que estou me esvaindo de vergonha!

Agora definitivamente Rosely me paga!