Edward PDV.

Certo, o estranho do Black tinha que aparecer agora?

­– Olá Jacob? – Falei, já que Bella estava embasbacada e corada.

– Jacob? – Bella perguntou de novo.

O momento era tenso e eu, pela primeira vez, não estava a fim de bancar o cara cavalheiro e certinho de sempre. Eu gosto de Bella, e não estou disposto a permitir que Jacob interfira no sentimento que Bella acabou de dizer que tem por mim, pois eu tinha a estranha sensação de que ele era muito capaz de fazer a cabeça dela.

– Hum... Eu posso voltar mais tarde... – Jacob deu o braço a torcer vendo que eu não ia sair do lado dela.

– Não, Jake, espera! – Bella interveio.

Olhei para Bella, justo quando ela me olhou, parecia aflita e desconcertada. Não era pra menos, admito, mas não dava pra ela o deixar voltar mais tarde?

– Eu volto pra ver você, ok? – Falei. Era minha vez de dar o braço a torcer. Bels queria mesmo falar com “ele”.

É! Eu sempre vou ser o tipo bonzinho, não tem jeito! Não tenho aptidão pra “cara mau”.

Inclinei-me e beijei Bella de leve. É. Talvez haja em mim alguma pequena veia maligna: a cara de Black ficou quase roxa de ciúmes.

– Obrigada, - Bella sussurrou sentando-se na cama.

Levantei e passei por Black sorrindo. Poderia até parecer provocação, mas eu não pude suportar o riso frente a sua carranca. Deixei o quarto de Bella receoso, eu não queria aquele cara junto dela.

Desci pela casa aproveitando para por logo a mala no carro de Carlisle, que estava passeando com Esme em algum lugar, enquanto eu não estava pronto para ir.

Na sala, dona Renné estava arrumando as almofadas do sofá. Passei por ela e coloquei minha mala no carro, voltei e decidi puxar alguma conversa com ela para não ser indelicado.

– Bom dia dona Renné? – Comecei.

– Oh, como vai Edward, filho? Ansioso pela mudança?

– Não sei, talvez. A senhora por acaso já sabia das pretensões de minha mãe quando me aceitou aqui? – Perguntei suspeitando.

Renné corou, parecendo até com Isabella. Disfarçou indo arrumar o outro sofá.

– Conheço Renné há tanto tempo que, devido a nosso afastamento indesejado, não pude renegar qualquer espécie de aproximação entre a gente. Então, certa vez ela me ligou e me contou sobre Carlisle. Achei uma ótima notícia! Ela me disse que não sabia como lhe falar disso e então surgiu a ideia toda de trazer você pra cá. – Renné me contava entre sorrisos, em sua imbatível gentileza. – Assim, concordei de primeira e convenci Charlie no outro dia. Sua mãe nos garantiu sua educação e seus bons-modos. E ela não estava mentindo...

Renné passou por mim dando um toque nos meus ombros e passou para cozinha.

– Jacob está com Bella? – Perguntou ela de lá.

– Sim, está. – Tentei disfarçar o máximo possível meu desgosto.

– Edward, filho, você poderia me fazer um favor? – Renné cochichou voltando pra perto de mim.

Não seria qualquer favor, dava pra ver nos olhos dela e no corado em suas bochechas. Tentei não estranhar muito e assenti.

– Er... Bem... – Ela hesitou. – Acontece que não gosto muito de Jacob e Bella sozinhos... Não estranhe, mas, sou mãe e tenho ciúmes... Você entende não é?

Fiz que sim com a cabeça. Esse papo estava estranho, mas não poderia deixar de concordar com Renné.

– Então, Edward, por favor, não deixe que Bella se iluda com esse rapaz. Sei que ela se deixa levar pela amizade que eles têm, mas Jacob não é bem o tipo certo para minha filha... – Renné pediu ficando mais vermelha a cada instante. Enquanto eu ouvia embasbacado.

Renné começou a rir de si mesma, desconcertada.

– Ai, que estranho não acha? Nós dois tendo essa conversa? – Ela riu.

– É um pouco... – Tentei descontrair rindo também.

– Então, Edward, eu vou indo... Até mais rapaz! – Ela subiu nas pontas dos pés e me deu um beijo no rosto. Depois saiu porta afora.

Fiquei apalermado na sala. O que havia sido aquilo?

Bem, não me importo, eu entendi. Pelo menos Renné pensava como eu, isso era o que importava.

Dei meia volta e, quando estava indo para as escadas de novo, deparei-me com Bella descendo os últimos degraus, amparada por Jacob. Investi até ela e tomei seu outro braço. Quando Bella soltou Jacob e se apoiou em mim, tive a ridícula e machista sensação de triunfo. Mas, admito, era uma sensação boa.

– Meninos, tudo bem, eu posso andar, - Bella disse.

Deixei-a em solo firme e ela virou para encarar a Jacob e a mim. Seu rosto ficou um perfeito tomate.

– Hum... Bem... Alguém aqui quer coca? – Ela disse.

Jacob e eu assentimos ao mesmo tempo. Era uma situação ridícula.

Isabella PDV.

Explicar para Jacob que eu aparentemente estava com Edward não foi fácil. Ele disse que era legal e que estava feliz por mim, mas não estava. Sempre que eu estava que Jacob, percebia que ele era do tipo de cara que tinha as garotas que lhe interessava. Era quase óbvio que ele se interessava por mim, mas, naquele simples “legal, estou feliz por você!”, isso ficou mais evidente.

Jacob não estava feliz por mim, com certeza, e, se eu o conhecia bem, ele não ia desistir. E isso ficou confirmado quando ele me chamou para descer e fez questão de me ajudar a andar... Como se eu precisasse...

Contudo, o pior mesmo é que... Estranhamente eu não estava desgostosa com essa situação. Era simplesmente algo que eu nunca tinha imaginado passar: dois garotos afins de mim ao mesmo tempo.

Eu não estava conseguindo crer no que eu estava sentindo, mas, se for pra ser sincera, eu estava gostando de sentir meu coração batendo por Edward, e sentir a atração (que eu sempre tive!) por Jacob.

Quando chegamos às escadas, ouvia o riso de minha mãe e de Edward. Essa aí já que queria alguma coisa, concluí. E, com a antipatia que minha mãe tinha por Jacob, eu poderia até imaginar os sentimentos inversos que ela possa ter por Edward... Enquanto meu pai é o contrário.

Minha mente estranhamente travessa pensou em algo que, no meu normal, eu me envergonharia de pensar:

Se minha mãe jogava no time do Edward, se meu pai jogava no do Jacob, e ambos gostavam de mim, e eu gostava de ambos...

Nossa, Bella, você está dando uma de Rosely?

Senti-me corar instantaneamente, logo, dei um jeito para tirar esses pensamentos pecaminosos da minha cabeça:

– Hum... Bem... Alguém aí quer coca? – Falei.

– Aham. – Os dois disseram juntos.

Entrei na cozinha, seguida por eles. Enquanto isso, minha cabeça não parava de pensar que eu estava sendo uma cretina. Eu acabava de me declarar a Edward (ou quase isso). Realmente não posso mentir: ele me conquistou. Mas também, como evitar a atração que Jake lança sobre mim?

Eu não sei dizer se o que tenho é um amor duplo, isso nunca me ocorreu! Mas realmente eu... Eu... Estava a fim de experimentar.

Continua...