Este ano o natal vai estar cheio escrita por Segunda Estrela


Capítulo 8
Meu avô era um santo, qualquer um que diga o contrário está mentindo




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— Sinceramente, como em tanto tempo, ninguém nunca inventou um repelente anti-você? – Perguntou Poe, olhando para Kylo Ren com sarcasmo.

— Eu tentei, mas não quiseram patentear a ideia. – Falou Han alegremente de onde estava sentado.

Todos estavam espalhados pela sala de jogos, que ficava do outro lado da casa. Enquanto Finn e Poe se desafiavam com um árduo jogo de dominó, Rey estava apoiada com a cabeça na janela, vendo a neve branca como requeijão em pão-de-fôrma do lado de fora. Bandejas de biscoitos feitos por Leia estavam estrategicamente colocadas perto de cada um deles. Mas ninguém ousava experimentar.

— É muita ousadia sua, piloto. Não aconselharia continuar a me irritar, não vai gostar de mim com raiva. – Kylo começou e acreditava que seu tom de voz era ameaçador.

— Sinceramente, não acho que posso gostar menos de você. – Respondeu Dameron, despreocupadamente bebendo um longo gole de chá.

— Mãe, seu protegido está se esforçando para me ver gritar de novo.

Leia lia um livro distraidamente, nem mesmo levantou os olhos dele quando falou:

— Crianças, comportem-se, é véspera de natal.

Han estava sentado ao lado dos amigos, conversavam animadamente enquanto jogavam cartas. Estava tão entretido e tão alegre, que parecia mais jovem.

— Lembram daquela vez que eu tinha uma corrida de manhã e nós bebemos até cair no dia anterior? E quando eu coloquei o capacete, passei tão mal que vomitei lá dentro. – E ele ria como se tivesse contado uma piada.

— Por que você fala isso parecendo que é uma coisa boa? - Lando perguntou torcendo o nariz.

*Eu lembro da cara de surpresa e de nojo de todo mundo* Comentava Chewie com libras.

Rey via a conversa ao longe, e ficava com vontade de fazer adições sobre o que sabia das histórias. Podia dizer que era uma fã. Han Solo tinha começado como piloto de arrancadas. Depois de concluir em tempo recorde um trajeto amador no circuito de Kessel, foi convidado por um patrocinador para se tornar piloto profissional de stock car. O carro que costumava usar nas arrancadas nem mesmo era apropriado, era uma lata-velha aprimorada por ele mesmo. O carro que chamavam de Millennium Falcon, e mais tarde se tornaria uma lenda. Suspirou fundo, lembrando de quando teve a chance de vê-la bem de perto.

— Ei garota. – Lando falou, acordando-a de seus devaneios. – Vem cá.

Kylo Ren percebeu que a chamavam, e estando sentado perto, ficou de ouvido em pé para saber o que poderiam conversar. Com medo de que seu pai tivesse dito alguma coisa sobre seu súbito interesse na garota para os três patetas, e agora eles estavam decidindo interferir.

— É verdade que você consertou a Falcon quando esse cara aqui não conseguiu? – Perguntou Lando, incrédulo.

— Eu não diria isso... – Han começou, erguendo as mãos.

— Foi isso sim. – Afirmou Luke, olhando para sua aluna, incentivando-a. – Ele não sabia o que fazer e quando eu chamei a Rey, ela deu um jeito.

Chewie riu olhando para os amigos. A jovem ficou sem graça, mas podia sentir os cantos dos seus lábios se erguendo com orgulho.

— Tudo bem, a menina é boa sim. – Admitiu Han Solo.

— Mas também foi uma grande honra. Puxa, consertar e depois poder dar uma volta nela. – Comentou Rey, inocentemente.

Kylo sentiu os ossos estalarem, o rosto ficar completamente lívido. Um gosto amargo tomou sua boca, como se tivesse mordido uma pilha. Levantou devagar, a mandíbula tensionada. Os olhos da mesa de pôquer o seguiram enquanto ele virava com os punhos cerrados.

— Merda. – Han comentou em voz baixa, sabendo o que estava por vir.

— Você dirigiu o carro? – Rosnou para ela. E aquele foi o pior olhar que ele lhe deu, mais do que quando zombou dela ou quando a viu da primeira vez e parecia julgá-la. Aquele olhar era completamente gelado.

— Eu... Sim, eu dirigi. – E sua voz tremeu levemente, sem nem mesmo entender o motivo. - Mas o que tem demais?

Kylo Ren virou seu corpo, e mesmo que apavorasse a todos, mesmo que apavorasse ela, não se importava agora. Seus membros vibravam de ódio e ele podia senti-lo em cada fibra. Pegou um vaso em cima da mesa de centro e o arremessou na parede, onde se estraçalhou em centenas de pedaços.

— Ben! – Gritou Leia, completamente irritada.

— Você deixou ela dirigir? Deixou ela dirigir e eu nunca pude?! – Seu tom era magoado, triste, mas principalmente, cheio de raiva.

Han olhava para ele com seriedade, não imaginava que o filho se sentiria assim. Ainda mais pelo modo como ele sempre desdenhou do carro. E houve um lapso, apenas um brilho distante de culpa em seus olhos.

O rapaz tinha o peito que inflava, subindo e descendo. Estava pronto para gritar, pronto para brigar, mas ainda assim, estava cansado. Ele não estava apenas com raiva, estava destruído. Pensou em todos os insultos, em todas as acusações que poderia fazer, até mesmo chegou a levantar um dedo em riste na direção de Han, mas não conseguiu. Dividindo o maior olhar de decepção com seus pais, ele saiu de casa sem dar nem mesmo um relance para trás.

A neve o acolheu do lado de fora. Estava frio, mas apertou o casaco contra o corpo. Suas pernas tremiam, não por causa do vento, era nervoso. Jogou-se embaixo da casa da árvore do seu avô. E socou o tronco com a maior força. Socou e socou repetidamente. Durante toda a sua vida, mesmo antes dele se encher de desprezo pelo mundo, tinha se perguntado o que tinha de tão errado nele que o fazia não parecer digno de amor.

— Ben.

Ele se recompôs, olhando para a garota que vinha na sua direção. Seu primeiro sentimento foi surpresa que ela tinha tido coragem de ir até ele.

— Saia.

— Não, eu preciso falar com você. Eu preciso explicar porque seu pai me deixou dirigir. – Seu tom de voz era quase uma súplica, e ele não notava o quão era carregado de pena.

— Não quero que justifique eles. Não quero ouvir mais uma pessoa preocupada sobre como eu sou horrível com meus maravilhosos pais.

Rey balançou a cabeça devagar, e mesmo receosa, se abaixou na neve ao seu lado. Os joelhos afundavam e ela sentia a queimação do frio, mas não se importava.

— Não estou fazendo por eles.  – E falou isso olhando diretamente naqueles olhos negros como pedras foscas. Era inquestionável, era verdadeiro. - Eu sou só uma catadora de lixo. Eu cresci em um lixão. Vivi lá até ser arrastada para uma casa com mais cinco crianças, por um homem que cuidava de nós só por causa de uma pensão do governo.

Ele não queria falar que já sabia tudo isso, não queria porque entendia o que significava a jovem se abrir para ele uma segunda vez. Kylo Ren queria ficar com raiva dela, queria zombar do seu passado, mas não conseguia.

— Seus pais não são gentis porque gostam de mim, e sim porque eles têm pena de mim. – Ela deu uma risada seca para si mesma. – Sempre esperei alguém que pudesse chegar e mudar meu destino, você não. Você é muito mais forte do que eu.

Forte. Era a primeira vez que alguém usava aquela palavra para descrevê-lo. E não fosse o olhar firme que ela lhe dava, não teria acreditado que falava sério.

— Não sou forte, eu vivo na sombra da imagem dos meus pais e do meu avô.

— Seu avô não te amaria se não te achasse bom o suficiente. – Havia uma certeza na sua voz que Ren nunca tinha conseguido ter.

Tentou não olhar mais para ela, para aqueles olhos redondos e brilhantes, para as feições agradáveis e meio infantis. Cruzou os dedos e se concentrou em contemplar a neve caindo no telhado vermelho da casa.

— Quando era jovem, Anakin, meu avô, era muito parecido comigo. Pelo menos era o que ele dizia. Por isso, eu acho que foi a única pessoa que realmente me entendeu. – Kylo Ren suspirou fundo, se deixando levar. Queria terrivelmente contar tudo para ela. – Era ele quem estava comigo quando meus pais brigavam. Quando Han ia embora para suas corridas e só voltava semanas depois. – O rapaz fez uma pausa, olhando contemplativamente para o nada. – Eu sempre soube como Han olhava para mim cheio de decepção. Você não sabe o que é crescer com seus pais achando que você é um erro, uma coisa quebrada que eles tinham o dever de consertar.

De repente, notou o olhar dela e percebeu o que tinha dito. Agitou-se.

— Eu não quis dizer isso. Quer dizer, é óbvio que você não sabe  o que é ter pais. Não! – Deu um tapa na própria testa, repreendendo-se e ficando nervoso. – Você não precisa saber. Se virou muito bem sempre sozinha. Você não tem culpa de ter sido abandonada. E eu não acho que você nasceu em um chiqueiro só porque come que nem um animal.

Ele possuía um olhar paralisado sobre si mesmo, afundou a cabeça nos joelhos e quis ir embora. Era impressionante a facilidade como conseguia ofender os outros, mesmo quando não tinha a intenção.

Rey mantinha sobre eles os olhos arregalados, as sobrancelhas erguidas de surpresa. Mas seu rosto não continha o menor resquício de irritação.

Por um segundo, Kylo Ren ficou com medo de que ela ficasse com raiva dele e fosse embora. Era impressionante o como era volúvel, um minuto antes tinha pedido para que ela fosse embora.

— Não acredito, isso foi um pedido de desculpas? Foi horrível. – E assim que terminou de falar, se entregou a uma risada leve e divertida, colocando a mão no rosto.

O tipo de risada que mostrava todos os seus dentes, o tipo de risada de quem estava completamente vivo. E ela deixou que essa risada espantasse o frio da neve, e por um momento, tudo que Kylo Ren sentiu foi calor. Não havia mais raiva, nem tristeza, nem o pesar que sempre o acompanhava, não quando ela estava rindo.

Claro, ela era bonita, mas quando ria, ficava linda.

O homem se surpreendeu com a reação dela, e por um momento só a viu rir, admirando-a como se fosse um idiota sem saber o que fazer.

— Você pode até ter suas qualidades, mas definitivamente interagir com as pessoas não é uma. – Falou a garota.

— Mas eu não tenho qualidades. Até minhas partes boas são ruins, pode acreditar.

E Rey sorriu, incrédula e olhando para ele com gentileza.

— Você não pode ser tão ruim assim, todo mundo tem algum talento.

— Eu já toquei guitarra em uma banda. – E Kylo deu de ombros e abaixou a cabeça, envergonhado. – Mas eu só fiz isso porque meu avô também tinha uma banda na minha idade.

— Imperial? É aquela dos pôsteres no seu quarto?

— Império, é. Quando eu era adolescente fiquei bem obcecado com eles. Acabei estando em duas bandas: Ren E Os Cavaleiros e Primeira Ordem.

— Ren E Os Cavaleiros? Isso soa um pouco estranho. Por que não Os Cavaleiros de Ren?

— Esse é bom também, queria ter pensado na época.

— O que tocavam?

— Indie-rock eletrônico.

Rey deu uma gargalhada e levantou uma sobrancelha.

— Você é uma pessoa muito estranha. – Mas ela não falava com o menor sentido de ofender.

— Ah, é? Que tipo de música você gosta? – Perguntou, erguendo os ombros desafiadoramente. Seus lábios se esticaram em um sorriso, mas que não alcançaram seus olhos negros.

— Eu gosto de clássica. Gosto de ouvir os sons, podendo dar minha própria interpretação para a música. - Respondeu ela.

— Qual sua favorita? E não me diga a Nona Sinfonia de Beethoven, é como dizer que gosta de rock e sua música favorita é Welcome To My Life do Simple Plan.

Rey sorria para ele. Era casto, de uma felicidade singela e inocente. Quase como se ela fosse uma criança.

Por um momento, Ren se sentiu completamente calmo. Todo seu ódio ia sumindo aos poucos, e era impressionante que ela fosse a primeira pessoa que tinha conseguido fazer isso. Alguém para jogar água fria no vulcão de raiva que ele tinha no peito.

A garota olhou para o alto, vendo a madeira velha do chão da casinha em cima das suas cabeças. E uma curiosidade espontânea tomou conta dela.

— O que tem lá em cima? Ali é onde guarda o baú com as cinzas dos seus inimigos? – Perguntou.

— Não, isso eu guardo em um cinzeiro enorme no meio da minha sala.

Ela riu, mas não podia negar que acreditou por um segundo.

— A gente pode subir? – Perguntou ela.

— O que? Por quê?

— Eu sempre quis ir em uma casa da árvore, como na dos filmes. Por favor.

— Faz anos que eu não vou lá. – Dizia sem a menor animação.

Rey segurou suas mãos, o incentivando. E foi a primeira vez que ela o tocava sem nenhuma outra intenção, sem ser porque ia cair no gelo ou porque estavam interpretando algum filme idiota que ele não conhecia.

Engoliu em seco, e lentamente, como se temesse a reação dela, fechou seus dedos sobre suas mãos. A diferença de tamanho era enorme e ele se sentiu um gigante tomando cuidado para não esmagar uma flor delicada.

Rey olhou para ele demoradamente, e conforme o silêncio se estendia, ela se perguntava se devia dizer alguma coisa. Analisou o rosto longo do homem com cuidado. Os lábios grossos, o maxilar com formato de diamante. Pela primeira vez, viu o quanto ele era estranhamente atraente. Talvez fosse o ar masculino que exalava, ou seus cabelos que caíam com ondas perfeitas sobre o rosto. Mas mesmo que não se tivesse permitido reparar antes, tinha notado agora.

— Vem, eu te mostro lá em cima. – Ren quebrou o silêncio.

E ainda segurando suas mãos, ele a guiou pela escada em espiral.

— Isso é muito elaborado, nem dá para acreditar que você fez isso sozinho com seu avô.

Ben deu uma única risada seca.

— Ele era muito bom construindo coisas. Aliás, uma vez decidimos que íamos construir um kart. Eu queria aprender a pilotar que nem meu pai. – Ele abaixou o rosto, pensativo. Esse era o motivo que tinha ido muitas vezes na loja de peças, quando Rey era criança. Ficou imaginando se isso traria alguma memória para ela. – Íamos construir um e meu avô ia me ensinar a dirigir depois. Era segredo, porque eu queria impressionar o Han quando aparecesse dirigindo sozinho.

Rey não reconhecia a história, não conseguia lembrar do rosto do garoto pálido e franzino entrando na loja acompanhado de um loiro alto com expressivos olhos verdes. Não lembrava como aquele homem a tratava com gentileza, olhando para ela com intensidade. Uma cicatriz no seu olho esquerdo, coberto por poucas rugas. O charme de outros tempos ainda visível, claro que um dia tinha sido belo.

— Mas então meu avô morreu. Não tínhamos terminado o carro. Eu peguei um pé-de-cabra e destruí tudo. Joguei o resto fora e nunca mais tentei construir nada.

A garota ficou surpresa, imaginava que ele era o tipo de pessoa que faria uma coisa dessas, mas pensou o quão triste deveria estar para destruir uma coisa que construiu com o avô. Não sabia o que era amar tanto alguém e perder essa pessoa, por isso não soube bem o que dizer. Pelo menos, imaginava que não sabia.

Por fim chegaram na cabana de madeira. Lá dentro não havia pôsteres escuros de bandas questionáveis, ou guitarras ou nada que remotamente lembrasse os tempos rebeldes de sua adolescência. Tinha um tapete estampado em um canto, uma almofada grande no outro e um baú de madeira encostado na parede.

— Ah, tem certeza que não é aqui que guarda as cinzas? – Perguntou ela, se abaixando e abrindo o baú devagar.

Ben estava tentando ficar ereto, mas sua cabeça batia no teto e ele tinha que curvar o corpo. Ele pensou um segundo se deveria deixa-la olhar dentro do baú, haviam muitas coisas constrangedoras ali.

Primeiro ela tirou uma nave cinza com um formato redondo estranho.

— Brinquedos? Que adorável. – Dizia com um sorriso.

Ele cerrou o cenho, não sabia se adorável era uma palavra que gostaria de ser descrito.

Rey viu naves, carros, droides e monstros. Todos estavam meio velhos, mas pareciam ter sido bem-cuidados no passado. Entre os brinquedos vislumbrou vidro refletindo a luz da pequena janela. Esticou seu braço e pegou um porta-retratos antigo com uma foto desbotada. Era a mulher mais linda que tinha visto, com os cabelos enrolados presos em um coque. Usava um vestido vermelho, cheio de camadas, com uma fita preta na cintura. Ela parecia surpresa, como se tivessem tirado a foto de repente. Estava abraçada com um homem alto e loiro que usava terno. Ele estava rindo jovialmente, abraçado a ela como se nada no mundo o perturbasse. Eram jovens e ela podia sentir que estavam verdadeiramente apaixonados.

— Nossa, quem são? – Perguntou Rey, encantada com a imagem que parecida saída de um filme.

Kylo Ren agachou-se, ficando de joelhos ao seu lado. Já estava ficando desconfortável demais ter que evitar bater no teto.

— São meus avós. Essa é Padmé. – Dizia ele, apontado para a moça bonita.

— Ela era linda. – Falava a garota, admirada.

— É a formatura deles. Meu avô costumava dizer que soube que casaria com ela desde o primeiro momento em que a viu.

— E quando foi esse momento?

— Quando ele tinha nove anos.

Rey estava encantada, nunca tinha ouvido falar de um amor como aquele na vida real. Por muito tempo, acreditou que nem mesmo existia.

— Isso é bonito.

Ele olhou para ela de rabo de olho, enquanto a garota se distraía com a imagem.

— Eu queria perguntar... – Ren não olhava para ela, desenhava formas aleatórias na própria perna. - Por que você aceitou beijar Hux no visco e eu não?

A garota sentiu o rosto esquentar aos poucos, enquanto os dedos esfriavam de nervoso segurando a foto.

— Eu não sei. – A voz dela saiu meio cabisbaixa, meio como um sussurro.

Se olharam longamente, os rostos próximos na cabana pequena. Os mesmos pensamentos rodeavam as mentes dos dois, se perguntando o que aconteceria caso se deixassem levar pelos impulsos que sentiam naquele momento. Rey olhava para os olhos negros que a analisavam com cuidado, sentindo o coração bater mais forte no peito. Martelava tão alto que achava que ele poderia ouvir.

Se aproximaram devagar, como se em câmera lenta, reparando a reação um do outro. Os lábios roçaram levemente, e sem saber se continuavam ou não, beijaram-se com delicadeza. E não como as pessoas se beijavam em baixo dos viscos, era um beijo de verdade. Os lábios moviam-se com sincronia, não tinha pressa, nem brutalidade. Era suave e gentil.

Ela tocou levemente o rosto do homem com a ponta dos dedos, sentindo um calor agradável percorrer seu corpo. E isso deu liberdade para Kylo enlaçar seu pescoço com suas enormes mãos. As batidas dos seus corações pareciam mesclar-se em sons. E quando se separaram, sentiram o ar ficar mais frio.

As bochechas estavam coradas, os lábios entreabertos. De repente, a garota pareceu notar o que estava fazendo e voltou aos seus sentidos. Afastou-se envergonhada, os cabelos caíram no rosto enquanto ela olhava para o chão.

Com uma coragem que não lhe cabia, ele estendeu a mão e colocou as mechas rebeldes atrás da orelha dela.

Rey levantou os olhos devagar, quase com medo de encará-lo.

— Acho melhor a gente descer. Eu tenho que limpar o vaso que eu quebrei, se não minha mãe vai me matar.


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Notas finais do capítulo

ok, eu tinha prometido não atrasar mais
perdoem