CAPÍTULO 8  — NOSSO FIM.

NARRADO EM TERCEIRA PESSOA.

                  Lágrimas deslizavam por seu rosto fino, logo que ela dirigia sua caminhonete velha rumo a pousada onde trabalha. Quase duas semanas haviam se passado desde aquela festa desastrosa, e ainda sim, a dor continuava em Bella, aliás, parecia que ela só aumentava a cada dia. A garota que vivia de sorrisos fáceis e coisas simples, estava praticamente destruída. Além de toda dor proveniente do afastamento literal de Edward, a mesma ainda tinha que lidar com o fato de que Jasper não voltou a dar as caras na fazenda, ou seja, os dois não treinaram nenhuma conciliação, e essa não parecia nem de longe ser a intenção dele.

           Amar doía. Ela concluiu isso no distante que foi abandonada por todos naquela noite, exceto por Rose. Ela achava que ele só libertava, mas, ele machucava sim. Ou melhor dizendo, as pessoas que fingiam tê-lo. Aquilo só aumentava por saber que agora, Alice, praticamente a odiava.

            As coisas estavam desabando e ela tentava a todo custo não ir ao fundo do poço com elas. Não podia dar aquele desgosto ao seus pais. O desgosto de saber que ela caiu na ilusão mais clichê de todas, e agora estava acabada por isso. Perto deles, fingia ser a Bella de sempre, mas, quando se afastava, abraçava o sofrimento por um breve período, e deixava o choro vir.

                Estacionando em frente ao seu trabalho,  a mesma suspirou e tentou se recompor, usando os retrovisores para isso. Rose também não merecia ver que ela não estava superando nada. A mesma vinha sendo incrível com ela, ao lhe conceder consolo a cada vez que se viam, então realmente não merecia saber que seu trabalho não estava fazendo efeito.

          Pegou sua bolsa com designer artesanal, fechou a porta de carro e seguiu para a entrada do estabelecimento, forçando sorrisos para os hóspedes que saiam do local. Avistou Rosalie no balcão do restaurante, instruindo alguns garçons, e reuniu todo seu dom teatral, para fingir estar bem.

—Hey. — cumprimentou suavemente, e a loira desviou sua atenção para ela, a avaliando com cuidado, e logo depois dispensando o cara com quem falava.

—Hey você. — disse de volta, de forma calma. — Andou chorando de novo? — indagou já tendo certeza disso, Bella nem se deu ao trabalho de negar.

—Sim, você adivinhou.— se sentou em um dos bancos de frente para ela, e suspirou.

—Sabe que Edward Cullen não merece nem uma gota de lágrima sua, certo? E Alice...Céus! Nenhuma amiga que não tenta nem ao menos ouvir uma explicação da outra, merece uma gota de lágrima desperdiçada. — Rosalie iniciou seu discurso, totalmente incrédula. — Okay, talvez você mereça chorar pelo Jasper, mas, isso porque ele é incrível...Só que, ele também te ama demais para querer que você chore por ele... — começa  a tagarelar e Bella morde os lábios.

—Não estou chorando por eles. Estou chorando por mim...Pelo que eu fiz...É tudo minha culpa, ouvi meu coração, e então deixei ele ser despedaçado por Edward e no processo acabei com o do Jasper, e com o da Alice. — desabafa frustrada, e Rose revira os olhos, aquilo era previsível.

—Você fez uma coisa estúpida? Sim! É o que fazemos! Nós humanos, estamos sempre errando, e então tentando de novo, é um ciclo absurdo, mas, é a vida...Sim, e talvez eu sempre esteja aqui para te lembrar desse erro, mas, é porque eu espero que ele sirva de aprendizado para você, não uma coisa para você se culpar...Edward Cullen é o idiota egocêntrico dessa história, ele e a família riquinha irritante dele...Você só foi vítima da sua própria esperança, é até meio bobo...De qualquer forma, eu já disse e repito; Você é incrível, Bella. Então calma. Respire fundo. Seu coração é nobre demais para ser quebrado por pessoas tão fúteis. — A Hale falou aquilo com toda sinceridade.

—Você é uma grande amiga, Rose. — Bella comentou sorrindo de verdade depois de muito tempo.

—Você me obriga a isso. — a outra debocha e então sem aviso prévio a puxa para um abraço repleto de apoio e carinho. — E quanto a Jasper, ele realmente te ama...E em algum ponto, será isso que o trará de volta...Para você. — ela garantiu quando se separaram.

—E se eu não quiser que ele volte? E se eu não quiser continuar o machucando? — Bella indagou a ponto de chorar de novo.

—A escolha não é sua, Bella...Você própria é o exemplo perfeito de que não controlamos nossos corações...Jasper te escolheu, e está arcando com a escolha dele, assim como você está arcando com a de escolher Edward. É uma droga, mas, é a verdade. —  deu mais uma lição de moral, e Bella teve que concordar com isso.

—Preciso trabalhar, e então fingir que não sou uma idiota que se apaixonou pelo cara errado. — declarou e Rose assentiu.

[...]

     Devia ter comido alguma coisa estragada, era o que Bella pensava ao vomitar pela segunda vez naquela noite. No banheiro de seu quarto, ela observou seu reflexo pálido no espelho. Estava péssima. Quando sua mãe gritou para que ela fosse jantar, respondeu que estava sem fome, mas, essa não era razão pra não ter ido, o cheio do tempero dela embrulhou seu estomago.

       Lavou seu rosto, com a intenção de que sua expressão melhorasse, então se apoiou na bancada da pia, suspirando.

             Já não bastava todo seu desgaste emocional, agora também estava péssima fisicamente.

         Pensou em Edward e novamente se sentiu enjoada. Aquilo era uma droga. Porque tudo estava revirado. Tudo era mais simples antes dele aparecer em sua vida. Suas decisões. Suas ações e as consequências delas.

            Ia continuar com seus pensamentos reflexivos, quando um barulho vindo de sua janela a despertou disso. Estranhando saiu do banheiro, e foi rumo a seu quarto.  Surpresa foi pouco para definir o que sentiu, quando lá se deparou com a imagem de um Edward Cullen hesitante lhe esperando. Deu alguns passos para frente e encarou o motivo de sua atual decepção. Talvez a única que já tenha tido.

—Estive...Estive esperando que aparecesse na fazenda, para podermos conversar sobre o mal entendido daquela festa...Digo, eu sei que fui um... — Bella não deixou que Edward continuasse o discurso que provavelmente ensaiou por muito tempo.

—Por que? Você queria que eu continuasse insistindo em um relacionamento, em que já ficou obvio que o destino é o fracasso?  Por que eu faria isso, Edward? Por que você é rico, e poderia me dar muitas coisas por debaixo dos panos? Por que eu me sujeitaria a continuar, um namoro em que o cara não é firme o bastante para dizer para os seus pais que me quer? — ela indagou sendo a mulher forte que era.

—Eu tentei ficar longe de você, okay? Tentei me convencer de que aquilo devia realmente ser o nosso fim, que seria melhor para nós dois que não tentássemos mais...Mas, eu não consigo, eu não quero...Eu não sei o que sinto de verdade por você, mas, eu acho, que é amor. — as palavras dele deveriam consolar alguma parte dela, mas, não foi esse efeito que elas tiveram.

—Eu nunca tive um plano de aventura para minha vida, nunca pedi algo mais excitante do que eu já tinha...Meu plano, era seguir a vida que meus pais tiveram e ser feliz com isso...Mas, então, eu conheci você e fui contra todos os conceitos que eu tinha sobre pessoas da sua classe e status, tentei criar uma imagem de você, em que não fosse o babaca que eu achava que era...Mas, você é, Edward...Não sei se posso acreditar no seu amor, mas, sei que posso acreditar no meu...Porque desde o momento que decidi contrariar quem eu sou para ficar com você, eu te amei...Mas, eu não posso continuar sendo a pessoa que finge que não vê como as coisas são de verdade...E na realidade, só existe uma verdade; Você e eu, não nascemos para ficar juntos...E não, isso não tem a ver com o fato de você ser rico, e eu ser uma pobretona, tem a ver com o fato de que você até pode me amar, mas, nunca conseguirá arcar com esse sentimento...Porque você tem medo de decepcionar as pessoas que em geral deveriam te aceitar exatamente do jeito que você é.  — Bella não o poupou daquilo. — E agora, eu te aconselho, a sair do meu quarto, cruzar aquela  cerca, e fingir que o que tivemos nunca aconteceu. — com a voz embargada ela diz.

—Esse é o nosso fim? Está desistindo do que temos? — aquilo era tão contraditório, Edward sabia que acabar aquilo era o mais certo a fazer para ele, mas, ele não queria isso. Ele queria Bella, não importava quantas complicações viessem com aquilo. Mas, ela estava certa, ele tinha medo.

—Esse é o ponto; Nunca tivemos nada, porque você é um covarde, Edward... E eu não, quando eu quero algo, eu luto por isso, e talvez você tenha quebrado uma parte de mim que eu nunca vou conseguir consertar, mas, não importa. Eu também sou forte. Eu vou ficar de pé. — não olhou para ele ao dizer essas palavras.

                 Ela olhou para ele, e ele a olhou de volta. Nenhuma palavra a mais foi dita. Nenhum gesto foi demonstrado. Nenhuma atitude foi iniciada. No ar, somente suspiros… E nesse momento eles souberam: não se pertenciam mais.