Ponto de vista: Bella Biers.

Dei um abraço carinhoso em Tommy, antes de avistar o mesmo pular nos braços do pai para que ele o levasse lá para cima. Depois da viagem e do jantar, tudo o que meu pequeno queria era descansar. Liam havia subido junto com Carlie há algum tempo, alegando que precisava de uma partida de vídeo game para se lembrar da tecnologia e não se acostumar com o atraso de Forks, ri levemente quando ele usou essas palavras, mas, deixei avisado que logo passaria em seu quarto para que o adolescente fosse dormir também.

  Fitei Rose que estava sentada no sofá da sala já tarde da noite e me aproximei da minha amiga com hesitação. Por mais que me amasse e que ansiasse por minha volta definitiva, era estranho que ela tivesse abandonado e o filho e o marido para passar tanto tempo aqui em casa.

Ela e seu marido eram colados um no outro vinte e quatro horas por dias, o que ocasionava um festival de deboches vindos de Carlie, que zombava ainda mais por um chamar o outro de ursinha ou ursinho respectivamente. Seu marido era Emmett Biers, um primo de segundo grau de Jasper, a qual Rose conheceu em um jantar de natal lá em casa. O mesmo é um típico americano brincalhão, e tinha por profissão a engenharia. Os dois tiveram caso de amor a primeira vista, e com um ano de namoro, no qual ambos intercalavam as visitas entre Forks e NY se casaram.

              O fruto dessa união surgiu um ano após seu casamento, e esse se chamava Riley Biers, um garotinho esperto de onze anos, que às vezes eu duvidava ser filho de Emmett e Rose mesmo, isso porque o que faltava de juízo naqueles dois sobrava na criança.

Eles optaram por se estabelecerem em Forks porque logo que fechei minha sociedade com Aro, Emmett ficou responsável pela construção do Haras, e com isso teve que logo após construir a nova sede da fazenda Biers, local que Jasper encheu de exageros e logo Forks passou de cidade pacata para point dos riquinhos, e assim surgiram vários outros projetos para ele. De qualquer forma, acho que Rose nunca abriria mão da pousada, que só ficou mais famosa quando ela passou a tomar de conta oficialmente.

A loira me encarou séria, e a minha preocupação aumentou, pois ali confirmei que havia uma razão para ela ter permanecido até essa hora. Cruzei os braços, e mordi os lábios para que ela falasse.

—Não queria te encher com essas coisas logo que chegou, mas, acho que será melhor se você souber por mim, do que... — começa, cuidadosa de um jeito que nunca a vi antes. — Do que simplesmente se deparar com a situação. — completa sem dar muitos detalhes.

—Sobre o que estamos falando exatamente, Rose?  — quero que ela seja objetiva. Passei a não suportar mistérios na fala quando virei mãe.

—Bella, eu esperei esse tempo todo aqui para te dizer que... — parece doer nela ter que me comunicar disso. — Os Cullen voltaram...Não houve alvoroços dessa  vez sobre essa vinda, porque foi uma chegada inesperada, ou seja, nem tinha como eu te avisar antes... — tudo que ela disse após os Cullen voltaram não importou mais para mim.

   Coloquei a mão na minha boca chocada, e me sentindo tonta me encostei no sofá maior, sentindo um leve aperto no coração.

—Edward voltou? — é só o que consigo indagar, enquanto me sinto sufocada.

—Bem, eu acho que sim. Acho que todos estão. — diz calma e eu sinto meus olhos marejarem.

          Droga! Não esperava por isso, não esperava por esse embate agora, na verdade uma parte de mim queria acreditar que eu nunca teria esse embate, que depois que eu virei a página dos Cullen na minha vida, eles nunca mais apareceriam nela.

—Eu sinto muito, deve ser um saco ter que lidar com isso, digo, saber que a qualquer momento pode esbarrar em um dos monstros Cullen, você não merece isso. — me dá esse apoio, mas, sinceramente ainda na consigo me focar nela. Meu corpo está paralisado. Por fim, Rose também nota esse fato, e arqueia uma sobrancelha. — Por que você está ofegante e tremendo? — quis dizer que talvez por saber que o cara que partiu a droga do meu coração estava na casa ao lado com toda sua problemática família. — Bella,  você ainda tem sentimentos por Edward? — quando ela faz aquela pergunta consigo acordar, e enxugo as lágrimas que quase caíram.

—Você acha que eu estou surtando por saber que vou reencontrar ele, por que ainda o amo? — faço aquele questionamento com certo escárnio. — Estou aterrorizada porque além de qualquer coisa que tenha tido comigo ele é o pai da minha filha, Rose. O pai biológico, e não precisaria mais do que uma olhada para notarem isso, a Carlie é igual a ele.  — exclamo horrorizada.

—Você ainda não respondeu minha pergunta. — faz questão de lembrar.

—Não. — digo convicta. — Eu não tenho sentimentos por ele. Porque eu amo o Jasper, amo a família e a vida que temos, amo o fato de ter um lar seguro para voltar no fim do dia, amo tudo que ele me deu e nem por um segundo desde que eu decidi dá-lo uma chance eu pensei em voltar a amar Edward. Porque permanecer amando uma pessoa que te faz sofrer é estupidez, e isso foi o que Edward mais me deu; dor. A única coisa do que tivemos foi a Carlie, e meu maior medo não é que ele saiba e me cobre algo, meu maior medo é que ela descubra e me odeio, porque o único Cullen que ainda sou capaz de amar é a minha filha, porque sei que apesar de tudo que ela herdou deles, no fim ela é uma Swan. — desabafo, a essa altura querendo desabar no choro. — Eu não suportaria que ela me odiasse. — admito e em resposta a isso, Rose me odeia.

—Renesmee Carlie Biers é uma figura, a garota mais louca, impulsiva e problemática de Forks, todos sabem disso, mas, acima de qualquer coisa, ela é a pessoa que mais ama no mundo, ela tirou seu título, Bels, Carlie ama viver, ama ser livre, ama conquistar, e o principal ama a família dela, os Biers são sua fortaleza, ela nunca abriria mão de você. Então, eu sei, quando os segredos forem revelados vai ser um inferno, mas, você não está sozinha, e mais, você não é a garota que Esmee Cullen humilhou. — ainda continuava sendo a melhor amiga com os melhores conselhos.

Ainda abraçada a ela, olhei para o topo da escada, onde vi Jasper nos olhar confuso.

Me lembrei então do tanto de vezes que ele me perguntou se eu queria contar a Carlie que ele não era seu pai biológico e eu neguei convictamente, e ali naquele instante, foi a primeira vez que eu cogitei dizer um sim.

Jasper desceu os degraus, e se aproximou de mim, Rose se afastou e eu olhei para o meu marido com angústia, e quando senti seu olhar compreensivo sobre mim eu soube. Não era só eu que sabia sobre a vinda dos Cullen.

—Antes de qualquer coisa, eu quero te garantir algo. — lhe conto. — Eu amo você. E você, sempre será minha escolha. — uma parte de mim sabia que havia uma parte de Jasper insegura.

             Ele me puxou para os seus braços e beijou meus cabelos.

—Nós deveríamos contar a ela. — admito sofrendo.

—Não. — Jasper me surpreende com isso. — Deixe que ela olhe para ele, deixe que ela olhe para Esmee, ela vai saber e a melhor parte? Ela não vai ligar. Não por saber lidar com a nossa farsa, mas, sim pelo fato de que nós dois fizemos um bom trabalho com ela. Eu conheço a filha que eu criei, Bella. Por baixo daquela máscara racional, ela esconde o melhor coração de todos, então levante a cabeça, e haja como a Biers vencedora que você é. — me solicita isso de um jeito sério. — Os Cullen não são mais nada em Forks. E tão rápido quanto eles voltaram, eles sairão. — me garante.

[...]

Não acredito que estou fazendo isso. Realmente não acredito que concordei com o pedido de Aro e estava adentrando ao estábulo dos Cullen com tanta naturalidade, como se ele fosse um lugar qualquer, não o lugar que conheci a maior confusão da minha vida.

 Minha missão era a seguinte: vistoriar os cavalos dessa levada que seriam transportados para o Haras. No último mês havíamos comprado dez da fazenda Cullen e o prazo da entrega finalmente chegou, Aro sem saber do meu histórico com eles, me solicitou que o substituísse nessa missão hoje, então cá estava eu, com meus óculos escuros e um par de botas caras caminhando pelo espaço de forma calma, acho que querendo enfrentar o que estava por vir.

Por fim, não hesito ao avistar o pequeno grupo da família Cullen parado em volta do círculo de proteção, observando um espetáculo quase engraçado, onde uma menina que aparenta ter a idade de Carlie tenta subir em um cavalo. Essa tem longos cabelos castanhos e uma pele clara, e recebe incentivos de um rapaz alto de fios negros.

A primeira que nota a minha presença é Alice, que de forma discreta se afasta deles, e vem até mim com uma expressão de diversão.

—Uau, sabia que em algum momento vocês se encontrariam, mas, não achava que você forçaria o encontro. — debocha.

—Não vim pelos Cullen, vim pelo meu trabalho, preciso buscar os puro sangues, e de toda forma, não há porque eu fugir dessa família , não é? — questiono no mesmo tom e ela solta uma risadinha.

—Uau, Carlie foi ignorada nesse comentário? Acho que ela é um motivo entanto para você fugir deles. — alfineta e eu suspiro.

—Minha filha. Minha família. Minhas decisões. São três coisas que não te dizem respeito, Alice.  — deixo explícito, mas, ela não se afeta com a aparente grosseria.

—Claro, senhora Biers, quer que eu te acompanhem até onde seus funcionários já estã para levar os cavalos? — continua com o escárnio.

—Por favor. — aceno para que ela vá na frente.

                Meu coração se acelera ao passo de que fico mais perto de rever os Cullen de perto, e as emoções só se intensificam dentro de mim, quando encontro um par de olhos verdes iguais ao de Carlie me encararem chocados. A essa altura, Edward Cullen já está a minha frente, custando a acreditar em minha presença, e tão pouco em minha aparência.

  Uma mulher loira muito bonita por sinal, o encara sem entender sua surpresa. Carlisle por sua vez me olha de um jeito que evidencia certa diversão. Esmee se limita a também me olhar espantada, enquanto o mais jovens presentes ainda pareciam entretidos com as tentativas da garota de se acomodar no cavalo.

Coloco o óculos em minha cabeça, e fito os Cullen que conheço com certa superioridade. Não financeira. Mas, sim de consciência, porque com um olhar somente enxerguei uma realidade deprimente; Eles eram os mesmos.

—Bella? — o tom que Edward indaga aquilo é aparentemente sôfrego, mas, como eu imaginei que aconteceria não me afeto.

—Senhor Cullen. — sou formal, enquanto apresento um meio sorriso totalmente cordial.

—O que faz aqui? — Esmee questiona aquilo em um tom no qual descarta a surpresa inicial e adota a irritação.

—Garanto que não foi para uma visita, vim a trabalho, senhora Cullen e pretendo ficar o mínimo de tempo possível. — esclareço isso para ela de forma calma. Quando prevejo sua próxima pergunta, explico. — Vim representar o Haras Volturi na vistoria dos cavalos.

—Quando Carlisle fez a negociação, deixaram claro que o dono deles viria buscar. — comenta com certa acusação.

—Oh, que bom então que no cartório está registrado que também sou cinquenta por cento dona do Haras . — debocho, e olho para Edward que ainda parecia totalmente atordoado com a situação.

—Negocia com cavalos agora, senhorita Swan? — Carlisle indaga com uma sobrancelha arqueada.

—Se você chama de negociar, escolher os melhores e os que quero e comprar sem me importar com o preço, sim, é isso que faço. — lhe conto com diversão, e em seguida suspiro. —Ah, e a propósito, não me chame de senhorita Swan. — peço. — É Bella. — vejo um quase sorriso se formar no rosto de Edward ao me ouvir dizer isso, que logo se desmanchará adianto. — Bella Biers. — falo em alto e bom som e Edward parece chocado.

—Uau, então Jasper cumpriu seu plano? — Carlisle é quem continua com o interrogatório.

—Sim. Meu marido é um homem de palavra. — afirmo isso. — E talvez um pouco visionário, afinal ele transforma potencial em talento. — continuo. — Olhem em volta, a era dos Cullen acabou, vocês vendem os cavalos para nós agora e quase imploram por uma boa remuneração. — brinco, e Edward me olha afetado.

—Foi por isso que compraram o Leal, para provar que agora são melhores que nós? — finalmente se pronuncia de novo, e com raiva.

—Não. Eu o comprei para mostrar a mim mesma que eu venci. Ah e a propósito Esmee, o amor vence sim, porque eu só precisei disso vindo de Jasper para conquistar o mundo.  — falo isso com minha fúria também.

—Foi nisso que se transformou? — não entendi bem o “isso” que Edward insinuou, mas, não me preocupei.

—Pelo menos eu mudei, não vivo como se ainda tivesse vinte anos e dependesse dos meus pais para respirar. — rebato achando graça.

—Ótimo! Será arrogante agora só para se vingar da última vez que nos vimos. — continuo rindo do quão patético isso soa.

—Acha que eu ainda não superei nosso último encontro, Edward? Por favor, você foi uma página da minha vida que eu rasguei agressivamente. Foi há vinte anos, todos superamos, e eu sinto muito se você acredita que ainda estamos lá. Foi passado, já passou. Agora se me der licença, realmente preciso trabalhar. — admito que enquanto me afastava sentia as lágrimas quererem sair novamente, mas, ai lembrei das palavras de Jasper; Eu era uma Biers agora, eu erguia a cabeça e acima de qualquer coisa, minha filha era uma Biers também, ela não se rebaixaria à pessoas tão más.