— Você vai voltar?

— Claro, mulher, que pergunta.

—Bem, sei lá, talvez você mude de ideia durante o caminho.

— Claro que não. - Daryl se acomodou na cama ao lado dela, passando um braço em volta do seu corpo. - Ei, a Carol que eu conheço não é insegura assim. O que foi?

— Nada, eu só pensei... esqueça, não importa.

Ele sabia que a insegurança dela vinha do medo de estar sozinha. Ela tinha vivido na solidão, mas não queria dizer que conseguia lidar com ela, e agora que ele disse a ela que iria ficar o medo que ela sentia em ficar só se transformou no medo de perdê-lo de alguma forma. Levaria um tempo para ela se acostumar e voltar a ser o que ela naturalmente era, mas ele seria paciente e não sairia do seu lado.

Todo o assunto tinha surgido depois que eles conversaram e Daryl lhe assegurou que iria ficar com ela, porém ele precisava voltar para o Reino para avisar os outros que ficaria com ela e para discutirem sobre a luta que planejavam contra Negan.

Ele sabia que Rick poderia não estar 100% feliz com ele se afastando um pouco do grupo, mas não era algo de sua competência decidir. Daryl não abandonaria o grupo ou iria embora pra sempre, ele só estaria com Carol um pouco afastados, mas nada mudaria. E talvez eles merecessem isso depois te tanto tempo gravitando em volta do outro e sem nenhum tempo para ter um momento deles, Carol e Daryl mereciam isso.

Carol ainda achava injusto afastá-lo do grupo e das pessoas que ele gostava, mas depois dele assegurar que queria estar com ela e que ficaria com ela, por ela, a cada pensamento negativo que vinha em sua mente a mulher usava os momentos maravilhosos que teve com ele para combatê-los. Ela não ia tirar Daryl de ninguém, ele era um homem livre e estar com ela não seria uma prisão para ele estar sempre ali. Carol esperava que os outros entendessem as escolhas que eles fizeram e a escolha que Daryl fez, pois assim estariam todos na mesma página. Caso isso não conhecesse, ela não sabia o que poderia acontecer, mas estaria ao lado dele apoiando-o sempre.

Tudo que ela desejava fortemente era que ele não se machucasse ou acabasse saindo ferido devido a essa escolha que ele fez. Apesar de todo receio que ela tinha, ela estava imensamente feliz em saber que a solidão não ia ser mais algo comum em sua vida e tudo isso graças a esse homem.

— Ei.

—Hã? Desculpe querido, eu estava distraída. O que você estava dizendo?

— Eu vou falar com o Rick em estar ficando com você agora e depois de tudo.

— Tudo que você quer dizer é a luta contra o Negan?

— Sim, e eu preciso que você fique segura agora e depois.

— Okay.

— Promete que vai se cuidar, que não vai se entregar caso esteja em perigo?

— Eu prometo, eu prometo que vou me cuidar. Por você.

—Ótimo. - Daryl entrou debaixo dos cobertores e abriu os braços para ela. - Agora venha aqui, quero aproveitar meu tempo com você.

Ela foi de bom grado para seus braços e ficou por cima dele, usando seu ombro como travesseiro. Colocando seu cabelo para trás, Daryl beijou a testa de Carol e continuou seus beijos pela nuca dela, enquanto suas mãos subiam e desciam suas costas, proporcionando a mulher uma sensação de carinho que ela nunca havia tido antes dele.

E por mais que pudesse parecer que ele beijando sua nuca e acariciando seu corpo fosse um convite para algo mais quente e íntimo, era completamente ao contrário. O carinho era puro, sem malícia e sem qualquer insinuação de alguma vontade sexual deles, e a única intimidade que estava surgindo daquele momento era a sensação do corpo do outro ficar cada vez mais à vontade com o parceiro.

Carol abraçou mutuamente o corpo do caçador e sua mão foi diretamente para um dos locais preferidos dela no corpo do homem, o cabelo. O cabelo de Daryl era sedoso apesar da falta de cuidados do homem e do mundo em que estavam, mas ainda assim era bom de se sentir e, além disso, era um ponto de Daryl que ela sentia que ao mexer o deixava completamente relaxado, exatamente da maneira que ela gostava de vê-lo.

A sensação de relaxamento e sono caminhavam lado a lado a medida que as mãos de Carol se moviam em seu cabelo, mas apesar disso, ele continuou acariciando sua mulher da forma que estava antes. Quando as mãos dela pararam de se mover e sua respiração se tornou tranquila, Daryl notou que essa batalha para ele já estava ganha, assim como todas as outras que ele teve com ela.

Sabendo que não duraria muito tempo com os olhos abertos, o homem beijou sua testa e antes de fechar os olhos para dormir deu uma última olhada em seu rosto sereno.

— Amanhã eu ainda estarei aqui quando acordar, e nas próximas manhãs também. Durma bem, meu anjo. Eu nunca te deixarei ir, nunca mais.

E com essas últimas palavras, Daryl adormeceu ao lado da mulher que amava com a consciência de que acordaria ainda com ela ao seu lado para todas as outras manhãs seguintes.

Fim