Se eu estava me sentindo mal comigo mesma antes, isso só se intensificou quando as Denali entraram na sala. Foi como se... eu sentisse o universo jogando na minha cara mais um motivo para odiar meu reflexo.

Eu não sabia quem era quem, apenas que elas eram mortalmente lindas e que deixava qualquer humano vidrado. Eu estava vidrada. O homem não era assim tão atraente, as três louras eram as que mais chamavam a atenção. Se isso fosse um concurso de beleza, poderiam concorrer com Rosalie e eu não sabia quem ganharia.

— Bella, esse é o Eleazar. - Edward começou a me apresentar. - e sua esposa, Carmem.

Os dois que pareciam mais velho sorriram de leve pra mim. Apenas Carmem apertou minha mão. Ela era alta, com cabelos longos, cacheados e morenos.

— Essa é Kate. - me apresentou a loira um pouco mais escura. Ela sorriu animada. - Irina. - me apresentou a que estava mais quieta, e tinha os cabelos mais claro que todas. Ela apenas assentiu, séria. - E Tânia.

Eu achei que Tânia manteria o mesmo semblante que Irina, de não me olhar animada, apenas neutra. Mas não. Tânia me olhou como se fosse Victória me olhando; com ódio. Comecei a questionar se ela realmente nos ajudaria ou me entregaria de bandeja para a ruiva psicopata.

— Prazer gente. Fico... feliz em conhecer vocês. - Eu disse desviando o olhar de Tânia.

— É um prazer Bella. Pena que não em circunstâncias melhores. - Carmem disse delicada. Eu sorri um pouco mais confortável, mas o olhar de Tânia queimava em mim.

Tentei pensar em algo pra falar, mas Jasper apareceu na sala.

— Bem. - ele disse desligando o celular. - Damon disse que chega amanhã, fez uma pequena parada em Seatle.

— Podia é ficar lá. - Emmett resmungou, fazendo Rosalie rir e o abraçar.

— Juro que resisto se você resistir. - Ela falou, como se ninguém mais na sala importasse. Eu sorri vendo como eles estavam próximos. Emmett a abraçou e beijou seu rosto.

— Justo.

— Bom, temos vinho! - Alice disse empolgada, atraindo atenção. Os Denali a seguiram até a cozinha. Fiquei atrás, enquanto Edward era praticamente arrastado por Tânia. Toquei o braço de Rosalie antes que ela seguisse todos.

— Rose... - perguntei baixo, um tanto envergonhada. - você poderia... fazer minha unha?

Ela ergueu as sobrancelhas, olhou minha mão e sorriu um tanto empolgada.

— Vamos só beber um pouco, então eu prometo que deixo sua unha como se fosse a de uma rainha.

E fez uma coisa inesperada por mim, enganchou seu braço no meu e nos levou para a cozinha. Animada, tentou me introduzir na conversa várias vezes, me fez beber vinho e até me fez rir. Era uma Rosalie que eu não conhecia e estava adorando.

Observei as unhas da mão direita novamente. Admiradas. Rosálie havia lixado, feito minha cutícula, passado um creme, um esmalte transparente e um esmalte verde escuro. Enquanto ela fazia isso, ia me explicando calmamente o que servia cada coisa, empolgada. Parecia que falar de beleza era seu assunto predileto, enquanto de Alice era moda.

Alice não estava conosco no quarto, o que senti mais incomodada. Ela estava com as Denali, as deixando “em casa”.

— Por que pediu para que eu pintasse sua unha, não Alice? - perguntou enquanto passava o esmalte na outra mão.

— Hm... - pensei no que dizer. - fiquei reparando nas suas unhas. E eu queria que elas ficassem um pouco parecidas com a sua. Pelo menos alguma coisa bonita em mim.

— Você é bonita Bella, só precisa se cuidar. Acha que eu sou linda assim apenas por nascença? - perguntou me encarando com um sorriso.

— Hum... sim?

Ela riu, jogando a cabeça para trás. Depois voltou a pintar minhas unhas.

— Eu não vou discordar que o DNA ajudou, mas desde pequena minha mãe me ensinou a me cuidar. Ela era muito rígida, admito. Mas foi o que me deixou maravilhosa assim. E você é linda, Bella. Só precisa me cuidar.

— Nunca fiz isso... de me cuidar. Nunca vi, sei lá, necessidade, motivo. Nunca tive alguém pra agra...

— Ai, não ouse terminar essa frase! - me encolhi um pouco quando ela rosnou pra mim. Ela parou de pintar minha unha e continuou me olhando irritada. - Você não tem que se arrumar para alguém que não seja a si mesma, Isabella. Minha mãe me dizia que nós tínhamos que nós amar antes de alguém nos amar. Que nossa imagem no espelho era mais importante que o comentário de alguém. E que, quando nos amamos, as pessoas passam a nos amar também. Você tem que se arrumar por vocÊ e ninguém mais. Entendeu?

Eu assenti, com medo de falar e levar um esmalte na cara. Ela respirou fundo e voltou a cuidar de minha unha.

— Está com sono? - perguntou do nada, sem me encarar.

— Na verdade, não. - Ri baixo. Eu me sentia elétrica, filosofando sobre o que Rosálie disse, coisa que minha mãe já disse, e lembrando de todas as minhas recentes filosofias sobre mim mesma.

— ótimo, enquanto os outros se divertem lá embaixo, eu vou me divertir com você. - Olhou para minha cara e fez uma careta... quase como de prazer. - E eu vou finalmente fazer essa sua sobrancelha ridícula.

Apesar da estranheza, nós rimos. Contei a ela que nunca havia feito a sobrancelha na vida, coisa que a deixou surpresa. Após terminar minha unha, enquanto ela esperava secar. Me ajeitou melhor na cama e tentou se debruçou na minha frente.

Não conseguia me concentrar muito no que ela falava – dicas de como fazer a sobrancelha e mantê-la limpa. - Apenas que estava doendo e que meus olhos automaticamente lacrimejavam. Ela continuo falando, analisando meu rosto e falando sobre como eu tinha sorte de não ter pelo no rosto e não ter espinha, mas que deveria cuidar da pele e mais um monte de coisa.

Eu não imaginava que seria tão leve ficar ao lado dela. Que uma simples conversa deixaria a situação mais leve. Rosalie estava se mostrando uma ótima amiga, e minhas filosofias sobre a mim mesma continuavam, enquanto eu refletia sobre Alice, Edward... Queria poder conversar com Rosálie ou Esme, porém não conseguia em uma casa cheia de vampiros que escutariam.

Demorei horas até ela me liberar e Edward me deixar em casa. Meu pai acordou, olhou para meu rosto. Disse que eu estava diferente e foi deitar. Antes de ir para o quarto ver Edward, parei na frente do espelho. Apesar da pele limpa, a limpeza profunda de pele que Rose fez, a sobrancelha... me deixaram um pouco mais bonita. Sorri, pela primeira vez em muito tempo, para meu reflexo no espelho. Encarei minha mão que agora parecia mais atraente e fui pro quarto, encontrando Edward já deitado na cama.

Não conversamos muito, apenas dormi ao seu lado, um tanto desconfortável. Apesar da minha tentativa de puxá-lo para um beijo a mais, ele apenas desviou e me abraçou para dormir. E, novamente, minha insegurança voltou.

Sai do quarto de Alice, animada pela roupa que ela havia me emprestado. Ela estava empolgada com meu “novo” visual e queria que minha blusa combinasse com o esmalte. Porém resmunguei quando ela queria que a maquiagem combinasse. Apesar de insistir em “eu não vou sair de casa, pra que passar isso?”, ela quase me amordaçou para que pudesse me arrumar.

Ouvimos um alvoroço na sala, Alice apenas revirou os olhos e disse “o cara mal chegou e já tá cantando Kate!”

Estava descendo as escadas quando o ouvir falar;

— Serio que estão armando essa guerra toda por causa de uma humana? Sabia que existem bilhões de garotas de 18 anos e humana?

Não consegui controlar. - talvez o tempo com Jacob realmente tenha me deixado mais afiada. E as palavras simplesmente saíram enquanto eu descia a escada.

— Se acha tão ruim, a porta da rua é serventia da casa.

— Bella! - Edward ralhou comigo, andando na sala. O olhei de sobrancelha erguida, um pouco surpresa por ele ter meio que brigado comigo na frente de todos.

— Uau, por esse cheiro, mudo de ideia. Guerrear vale a pena. - o tal Damon disse entrando na sala.

Tive que prender a respiração.

Eles tinham que ser todos bonitos desse jeito?