Quebrando Barreiras escrita por Gabhi, Erica


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Oi, eu não sei se vocês vão gostar, não sei o que dizer.
Boa leitura.
Beijos.
(Capítulo betado no dia 07-01-2017 às 14h52min)



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Fechei a porta atrás de mim e encarei Rosalie na sacada. Ela estava debruçada, pensativa, não fez nenhum sinal de interesse em minha presença ali. Respirei fundo para criar coragem e fui até ela, escondendo a mão enfaixada atrás de mim.

— Rose...

— Edward te contou como me transformei? — Me interrompeu, ainda encarando a pequena floresta na nossa frente.

— Não, — eu disse baixo, me apoiando na grade ao seu lado. — E eu gostaria de ouvir de você.

— Jasper e Carlisle me encontraram na rua, nua, com frio. Eu tinha acabado de ser estuprada por quem achei que me amava.

Me encolhi um pouco, imaginando o horror do estupro, me lembrando dos caras que me atacaram em Portland, mas Edward me salvou, como sempre. Só aqueles poucos segundos me assustaram, imaginar o ato em si era... nauseante.

— Eu sempre tive o que queria, luxo, presente... mesmo na crise de 29, nós continuávamos no poder. E, bem, a beleza que herdei de minha mãe seria um fator interessante para nos manter nos trilhos durante a crise. Eu só precisava arranjar um marido bonito, rico e amoroso, como minha amiga fez, —sorriu de forma calma, com um olhar perdido. — Eu tinha 20 anos quando minha amiga teve o bebê. Sempre fomos amigas e eu sempre me orgulhei de ser mais bonita que ela, vivia em uma constante competição. Até que, na crise, seu pai lhe arrumou um marido e ela arrumou a vida que eu sempre quis quando mais nova. Eu, pela primeira vez na vida, senti inveja de alguém.

Continuei a encarando, embora Rosalie mantivesse o olhar perdido na floresta e um sorriso nostálgico.

— Ela tinha um marido amoroso, que fazia questão de levá-la em festas e exibi-la como sua. Ela teve um filho, experimentou esse amor incondicional que uma mulher pode provar. E eu... tinha inveja. Então eu o conheci. Um bancário extremamente rico de Nova York. Royce King, um lindo cara mais velho e conhecido do meu pai.

Com um suspiro triste, Rosalie ajeitou a posição e continuou.

— Eu me apaixonei por ele. E ele, bem... Ele sabia que precisava de uma dama para o acompanhar, rapidamente conheceu meu estilo: Apaixonada, carente, inocente... Começou com presentes, festas, jantares... — sorriu de leve, acariciando o dedo onde tinha o anel de casamento. — Até que me pediu em casamento. Eu fiquei... extremamente feliz, sentia que estava finalmente superando Vera, e que minha vida seria melhor que a dela. Já imaginava meus dois filhos, minha vida perfeita. Até tudo simplesmente desmoronar.

— O estupro... — sussurrei baixo, mais para mim mesma. Rosalie assenti, com a expressão irritada.

— Eu voltava da casa de Vera, era tarde. Royce disse que me esperaria na porta. Mas ele não estava lá. Com frio, com medo, fui sozinha para casa, até que eu o ouvi andando atrás de mim. Minha felicidade passou assim que o vi: Bêbado e com mais cinco amigos. Tentei me mostrar calma, mas... eles começaram a me tocar, a arrancar minha roupa. E embora eu gritasse, implorasse, nada adiantou. Eles me violaram.

Estremeci, a dor que Rosalie expressava no olhar me deixava mal. Queria confortá-la, apagar essa história cruel.

— E enquanto eu estava deitada ali, morrendo, via o quanto minha vida perfeita sumiu em questão de segundos. E eu não queria ser salva... mas então Carlisle e Jasper me encontraram. Carlisle, claro, tentou cuidar de mim como humana, mas o dano já estava feito. Ele me deu seu sangue e então, morri. Achei que nunca mais acordaria, mas acordei nesse inferno.

— E porque você completou a transição? — perguntei receosa, Rosalie parecia perdida demais nas próprias memórias.

— Por que eu queria vingança, — finalmente me olhou. — Você sabe, quando viramos vampiros...

— As emoções ficam mais fortes — completei, assentindo.

— Sim, e eu me vinguei. Um por um, — disse com o olhar perdido novamente, sorrindo. — Matei cada um lentamente, deixando Royce por último. Queria que ele soubesse que eu estava chegando para ele... E eu o matei da melhor forma que poderia.

— E passou? A raiva? — criei coragem de perguntar após alguns segundos de silêncio. Rosalie engoliu em seco.

— Acho que nunca consegui realmente superar. Senão, eu realmente não teria motivos para ter raiva de você.

Olhei para baixo, entendo onde Rosalie queria chegar. Ela invejava minha vida humana, a possibilidade que eu tinha de realizar os sonhos que ela não pode.

— Eu me perdi de Carlisle depois. Um antigo amigo de Jasper apareceu e... bem, eu não resisti a ele. Passei alguns anos aterrorizando almas por aí. Embora ele não fosse o tipo certo de companhia, bastava no momento. Eu disfarçava minha dor através de festa, sexo e muito sangue. Torturando pessoas que não mereciam, e matando cada estuprador que eu conseguia encontrar.

— E você ainda se culpa por isso?

— Você não se culparia, Bella? — Ela me encarou um tanto abismada, indignada. — Eu fiz mal para várias pessoas.

— Por que muitas pessoas fizeram mal a você, Rose — sem pensar bem, segurei sua mão. — Você estava de luto por si mesma, por seus sonhos. Você merecia uma forma de se libertar. E, se te consola, você salvou e vingou muitas garotas ao matar aqueles caras. Você fez mais bem do que mal.

Rose me encarou alguns segundos, um tanto contrariada. Até se render e apertar meus dedos de leve.

— O irmão desse cara, Stefan, tinha uma mania estranha quando estava fora de controle, quando virava “O estripador”, — ela disse o apelido meio sorridente. — Ele escrevia o nome das vítimas em uma parede de um quarto alugado. Eu usei isso pra mim, peguei um caderno e escrevi o nome de cada cara que matei. Até Emmett aparecer e eu voltar para os Cullen, havia chegado no número 375.

Arregalei um pouco os olhos, realmente assustada. Porém não fiz menção de soltar sua mão. Estava finalmente fazendo contato com Rosalie, e não era apenas um contato físico. Edward me mantinha afastada de Rosalie e Jasper e isso era ruim, pois eu percebia agora que Rosalie era exatamente o tipo de pessoa que eu mais me identificava: Presa em si mesma com seus próprios arrependimentos e julgamento.

— Jasper me encontrou por acaso em 1950, ele estava com Alice em Veneza e eu estava curtindo um romance fingindo com aquele vampiro estranho. Então, decidi me encontrar com Carlisle e Esme e Emmett estava lá... não resisti as brincadeiras dele e, quando percebi, estava completamente apaixonada por aquele idiota.

O sorriso bobo dela me fez sorrir. Ela soltou nossas mãos e voltou a olhar para a floresta.

— E não vale a pena? Estar com Emmett agora, ter essa força, beleza... ter o poder de impedir vários caras de fazer o que fizeram com você. Foram mais que 375 garotas salvas e vingadas nesses anos, Rose.

— Mas eu continuo quebrada, Bella, — ela disse um tanto irritada. — Eu continuo querendo mais e não sei exatamente o que. Eu continuo querendo aquela vida, e ela não me parece mais o suficiente. Mas eu quero algo mais.

Toquei seu ombro de leve, então respirei fundo.

— Sei exatamente como se sente, Rose, — confessei, sentindo-me confortável o suficiente para desabafar com ela o que sequer disse para Alice. Porém, com medo de quem ouvia, não desabafei tudo.

— E você não terá mais só porque se tornará uma vampira. Você só...

— Serei diferente do que sou agora. E é exatamente isso que eu quero, — disse convicta. Apesar de ter mais para dizer, lembrei que não estávamos sozinhas em casa.

— Você não se sente tão bem desde que voltamos, não é? Não é a mesma coisa, — me olhou enquanto falava, mostrando a certeza em sua voz. Eu assenti.

— Nada é igual a antes. E eu não descobri ainda se isso é bom ou ruim. Agora só consigo pensar que tem uma psicopata de coração partido querendo me matar.

Nós duas rimos de leve, ela voltou a olhar para fora do quarto e suspirou.

— Desculpa nunca ter te dado a chance de se aproximar, não percebi o que estava perdendo. E bem, Edward sempre foi cauteloso sobre nós duas juntas.

— Eu percebi, — falei baixo, olhando para fora também. Apesar de não enxergar nada bem com a escuridão da floresta. — Nunca entendi porque ele não me deixa chegar perto de você e Jasper. Achei que era apenas a sede do meu sangue, mas...

— Ele tem medo que você descubra toda a escuridão desse mundo, — ela sussurrou, porém era óbvio que alguém na casa ouviria. — Se ele estivesse aqui, não estaríamos conversando.

— É, como se eu não soubesse cuidar de mim mesma, — resmunguei. — Eu nunca me preocupei exatamente comigo, mas sempre me preocupei com o povo ao meu redor. Meus pais, principalmente. Até que apareceu alguém que cuidava de mim. Era bom, até se tornar...

— Obsessivo, doentio e opressor? — Sugeriu com uma voz brincalhona.

— Exatamente, — disse baixo, com o rosto corando. Era difícil admitir isso em voz alta.

— Sugiro que conheça todo o mal desse nosso mundo, Bella. Para depois ter certeza de que realmente quer esse caminho.

Nos encaramos um pouco, até ela sorrir como se estivesse se lembrando de algo bom.

— Bem, Damon Salvatore estará aqui para ajudar com Victoria. Ninguém melhor que ele para te apresentar o obscuro. Mas cuidado, – me alertou sorrindo. — É difícil não cair na lábia dele. Eu mesma não tenho certeza se me manterei sã por muito tempo.

— Espera, — fiz uma careta de confusão, erguendo um pouco as mãos. — Trair Emmett?

— Somos imortais, Bella. Temos dezenas de vidas para viver, centenas de pessoas para amar. Podemos escolher apenas uma para ficar ao nosso lado para sempre, mas isso não quer dizer que não podemos ter outras temporariamente. Por que acha que odeio tanto a vinda das Denali? — Perguntou controlando um sorriso.

— Devo me preocupar com alguma coisa?

— Bom, — ela deu de ombros, ainda mais risonha, leve como eu nunca tinha visto. — Tânia sempre mostrou interesse por Edward, ainda mais pelo desinteresse dele nela.

— Hm...

— Mas relaxa, pode ser um jogo de ciúme interessante, — ela me cutucou de leve.

— Jogo de ciúme? — Questionei. Um momento se passou até me tocar que ela falava de Jacob.

— Não, não é do vira-lata pulguento, — Revirou os olhos.

— Então quem? Eu não tenho...

— Eu acabei de dizer pra você, — disse com uma voz cansada. — Damon Salvatore está vindo para cá. E bem, pelo que eu conheço, garanto que ele vai ter interesse em você. E, bem... Se nem eu consigo resistir, quem dirá você.

Com um sorriso brincalhão, ela saiu do quarto, me deixando sozinha. Balancei a cabeça confusa e voltei a encarar a escuridão.

Não imaginava que alguém poderia tirar meus pensamentos de Edward. Na verdade, era sim, possível. Porém Jacob não seria, e isso ficou claro com sua tentativa estúpida de me beijar hoje. Minha relação com Edward parecia desmoronar, Jacob não parecia alguém que me ergueria novamente e eu não conseguia confessar isso com Alice. No entanto, se não tivesse mais ninguém nessa casa, tenho certeza que deixaria as palavras escapar enquanto conversava com Rosalie.

Respirei fundo e achei que era melhor dormir. Fui para o quarto de Edward e me deitei, ainda pensativa. Não gostava quando minha mente ficava vazia. Isso me fazia refletir sobre mim e Edward e a coisa realmente não parecia boa, mas eu não queria que acabasse. Ele foi o que mais me fez sentir viva, amada, valorizada...

Eu só não imaginava que ainda não tinha conhecido bem o que era vida e que Rosalie estaria tão correta sobre mim.


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Notas finais do capítulo

Pelo amoooooor do pai, avisem me se gostaram, se devo continuar, ideias... Please love!
Love you.
tchau tchau.
(Capítulo betado no dia 07-01-2017 às 14h52min)