Claire's Anatomy escrita por Clara Gomes


Capítulo 38
Capítulo 35 – Rumour Has It.


Notas iniciais do capítulo

Oii gente! Como dizem, quem é vivo sempre aparece, então aqui estou eu, mais de 6 meses depois da última atualização, dando as caras de novo. Como sempre, peço mil perdões por sumir, mas realmente para mim é bem complicado. Eu sei que tive as férias todas de verão para ressurgir e não o fiz, mas é que sinceramente, eu ando com um puta bloqueio criativo pra essa fanfic, e eu não sei o que fazer para melhorar. Mas, com essa "quarentena", vi mais uma oportunidade de tentar de novo, então aqui estamos nós ressurgindo mais uma vez. Quando será minha próxima aparição? Eu não sei, mas um dia eu volto. Espero que vocês (se alguém ainda ler essa fanfic) compreendam minha situação, e tenham paciência comigo.
Sem mais delongas, vamos falar um pouco sobre o capítulo. Eu amo essa música, especialmente a versão do Glee, e ela contém alguns elementos que combinam com o capítulo no geral. Nele também eu vou dar uma noção de quanto tempo já se passou na história também, caso alguém tenha se perdido na linha do tempo já. Link da música: https://www.youtube.com/watch?v=yxPJiOx-FZI
Espero que, se você ainda aparece por aqui, goste do capítulo! Lembrando que se a fanfic fosse em formato de série, esse seria o primeiro "episódio" da "5ª temporada", seguindo a 10ª temporada de Grey's. Boa leitura!



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As pessoas gostam de falar. Quando se trata da vida alheia, parece que todos gostam de dar palpite. Afinal, quem não gosta de uma boa história? E parece que quando as coisas “erradas” acontecem com os outros, é delicioso comentar sobre. Só não é tão gostoso quando as fofocas são sobre nós mesmos.

Arrumava a bolsa das crianças, enquanto Ronan tirava a mesa e lavava a louça do café da manhã. Aquela cena andava cada vez mais comum no último mês, e as coisas pareciam estar caminhando na direção certa. O homem e eu estávamos tentando ir com calma, para não acontecer como em nossa última tentativa. E aparentemente estava funcionando.

— Pronta para ir? – perguntou, depois que terminou de lavar toda a louça.

— Sim, podemos ir. – respondi, fechando o zíper da bolsa – Hora de irmos para a creche, crianças. Por favor, guardem os brinquedos. – falei para os gêmeos, que brincavam no carpete da sala. Os dois moveram-se rapidamente, colocando os brinquedos dentro de uma caixa, e indo me encontrarem na porta – Muito bem. – sorri e beijei o topo da cabeça deles como parabenização.

Saímos de casa e partimos para o hospital, eu segurando a mão de Tsunade, e Ronan a de Akira. Caminhamos calmamente até nosso destino, conversando sobre coisas aleatórias com os bebês, num clima descontraído. Ao chegarmos, paramos e o homem roubou um beijo meu, rápido devido à presença das crianças.

— Então, você se lembra o que tem que fazer, certo? – indaguei, acariciando seu peitoral com minha mão livre por cima de sua jaqueta de couro.

— Claire, nós já falamos sobre isso mil vezes. Será perfeito. Prometo não desapontá-la. – fez um carinho em meu cabelo e sorriu ternamente – Vejo você à noite. – deu-me um selinho – E vocês, até mais. – bagunçou o cabelo das crianças, que riram animadas – Tenham um bom dia.

— Okay, tchau. Você também. – acenei e peguei na mão de Akira, conduzindo-os para dentro do hospital.

— Colo, colo. – Tsunade pediu, esticando os bracinhos para cima.

— Filha, agora não dá... – retruquei, ainda andando.

— Colo! – disse mais alto, e eu revirei os olhos, pegando-a. Apoiei seu corpo com um braço, equilibrando as bolsas e segurando a mão do meu filho ao mesmo tempo. Tentei apressar-me para a creche, pois estava realmente difícil de me manter daquele jeito.

— Bom dia. – cumprimentei a funcionária da creche, que veio logo me ajudando ao tirar a bolsa dos gêmeos de meu ombro – Hoje eu quero que os mande tomados banho e arrumados, por favor. As roupas estão na bolsa. Ocasião especial. – sussurrei, e a mesma assentiu, provavelmente já entendendo do que se tratava.

— Quem são os aniversariantes mais lindos desse hospital?! – perguntou alegremente, e as crianças riram, ficando felizes.

— Nós! – exclamaram uníssonos, e a menina que estava em meu colo pediu para descer, correndo junto de seu irmão para abraçarem a moça.

— Feliz aniversário, meus amores. – abraçou-os, sorridente.

— Então, acho que não sou mais necessária aqui. – dei de ombros, um pouco chateada por ser deixada de lado – Tchau... – despedi-me, mas ninguém pareceu ligar. Respirei fundo e relevei, já acostumada com aquilo. Meus filhos passavam tanto tempo naquela creche, que eram até mais apegados aos funcionários de lá do que comigo.

Segui meu caminho até o vestiário dos residentes, já vestindo meu uniforme ao chegar.

— Bom dia Claire, tudo certo para hoje? – questionou Anastasia, adentrando o local.

— Dia. Sim. – respondi – Depois do expediente, já podem ir para lá. Quero todo mundo em posição para a hora que eu chegar com as crianças.

— Estarei lá assim que desocupar aqui. – concordou com a cabeça, enquanto se trocava.

— Tem notícias do Diego? – indaguei, com tristeza na voz.

— Ele está se recuperando. Segundo ele, não se arrepende de ter ido embora. Está sendo bom. Mas disse que sente falta. – suspirou, também parecendo triste – É uma droga, estou feliz que ele esteja melhorando, mas eu sinto muitas saudades. Ele era meu melhor amigo. – desabafou, inconformada.

— Eu entendo. Mas você tem a mim e à Rebecca, podemos ser seu “Diego”. – ri fraco, tentando consolá-la.

— É que vocês duas são meio que uma panelinha... – disse meio sem jeito, e eu franzi o cenho.

— Panelinha? O que você quer dizer? – perguntei, fingindo-me de boba.

— Vocês meio que só interagem entre si. – ergueu os ombros, deixando-me sem graça.

— Isso não é... – parei para pensar um pouco, e realmente, ela estava certa. Depois do tiroteio, a gente acabou se fechando e focando apenas uma na outra, deixando os outros dois de lado. Suspirei e sorri forçado – Desculpe. Isso vai mudar. Nós seremos o melhor trio que esse hospital já viu. – cedi, tentando parecer convincente. Olhei no relógio e notei que já estava atrasada – Olha a hora! Tenho que ir. Vejo você no almoço. – acenei e aproveitei a desculpa para encerrar aquele assunto, que me deixara constrangida.

Bipei meus internos e fui encontrar a Dra. Torres, que seria nossa atendente do dia. Descobri que a mesma estava no vestiário dos atendentes, e ficamos parados na porta esperando-a sair de lá. Depois de alguns gritos com sua esposa, a mulher deixou a sala, com uma cara de poucos amigos.

— Bom dia... – cumprimentei, pisando em ovos. Ela não respondeu nada, apenas pegou uma pilha de tablets e distribuiu um para cada um de nós.

— Tomem conta do meu pós-operatório. Não matem ninguém. Eu os biparei se precisar de alguma coisa. – ordenou seca, e deixou-nos sozinhos.

— O que está acontecendo com ela? – questionou Sud, entreolhando seus colegas com o cenho franzido.

— Você não está por dentro dos rumores? – indagou Daniel, erguendo uma sobrancelha, e a jovem apenas negou com a cabeça como resposta.

— Todo mundo está comentando. Ela descobriu que Arizona traiu-a. – sussurrou Cecelia, sorrindo ironicamente.

— Eu não acredito! Nunca esperei isso da Arizona! – a morena cobriu a boca, chocada.

— As más línguas dizem que foi por causa da perna. – completou Darla, e Steve apenas observava a conversa, chocado. Obviamente eu já sabia de tudo aquilo, só não estava comentando.

— E vocês ouviram o mais novo e mais quente rumor? – perguntou Cecelia, de maneira peralta.

— Depende, de quem estamos falando? O que mais tem é fofoca nesse hospital. – retrucou a negra, dando de ombros.

— Anastasia Lewis e Roger King estão transando. – afirmou a ruiva, agora realmente chamando minha atenção.

— O quê?! – exclamei, não conseguindo conter a surpresa.

— É sério, umas enfermeiras pegaram eles numa Sala de Descanso esses dias. – a garota falou com certeza, e eu arregalei os olhos. Será que Rebecca sabia daquilo?

— Aparentemente ela não é a única que se envolve com gente do hospital... Pelo menos o ficante dela é médico, não paciente. – senti a alfinetada vinda do interno mais novo, o que irritou-me um pouco.

— Okay, chega de fofoca, temos que trabalhar. – rebati, perdendo a paciência – Chequem os pacientes e me bipem se notarem qualquer anomalia. Por favor, não se aventurem muito. – mandei e parti em direção ao quarto do meu paciente.

—-

Depois de checar meu paciente e dar uma olhada nos de meus internos, fui bipada pela Dra. Torres em um quarto. Dirigi-me até o local e bati na porta antes de entrar, estudando o cômodo com os olhos. Visualizei um garoto de seus 16 anos e dois adultos, que julguei serem seus pais.

— Com licença, bom dia. – cumprimentei simpática, aproximando-me mais.

— Dra. Scofield, temos uma cirurgia para hoje. – disse, virando-se para mim – Pode bipar seus internos por favor? – pediu, ainda com um humor não muito bom.

— Vou ver se tem algum disponível. – assenti e mandei uma mensagem em nosso chat, obtendo respostas apenas de Sud e Daniel, que logo chegaram.

— Então, podem apresentar o caso. – a atendente ordenou, entregando o prontuário a mim, que dei-o a Sud.

— Ashton Tyler, 16 anos, machucou o joelho jogando basquetebol. Depois de pouco sucesso no tratamento com remédios, foi decidido fazer uma artroplastia de joelho, ou seja, vamos colocar uma prótese no lugar da articulação. – leu a jovem, virando-se para Callie em seguida.

— Alguma dúvida sobre o procedimento? – perguntou a médica mais velha, entreolhando os pais e o paciente.

— Como é a cirurgia? – indagou a mãe do garoto, claramente preocupada.

— Sud? – a ortopedista olhou para a interna, indicando implicitamente para ela responder.

— A cirurgia dura aproximadamente duas horas, e é dividida em basicamente 4 partes. Primeiro, nós vamos preparar o osso: retiraremos a cartilagem lesionada da tíbia e do fêmur, junto com um pouquinho do osso por baixo delas. Segundo, posicionaremos os implantes metálicos, substituindo as partes retiradas por componentes metálicos que recriam a superfície da articulação, que podem ser fixadas no osso por cimentação ou pressão. Terceiro, é a cobertura da patela: a parte interna da patela, a rótula, é cortada e coberta com um disco plástico. E, por último, faremos a inserção de um espaçador de plástico cirúrgico entre os componentes metálicos para criar uma superfície de contato com o menor atrito possível. – explicou calmamente, demonstrando domínio do assunto.

— Acho que depois dessa explicação, não há muito espaço para dúvidas. – disse a atendente, com uma pitada de ironia “do bem” – Já discutimos as preparações necessárias em casa, prognóstico e tudo mais, então, a não ser que queiram perguntar mais alguma coisa, creio que podemos prosseguir com a operação.

— É muito arriscado? – questionou o paciente, aflito.

— É uma cirurgia muito simples, não precisa se preocupar. – minha interna respondeu antes de nossa superiora, que concordou com a cabeça.

— Acredito que seja só, Dra. Torres. Muito obrigada pelo esclarecimento. – afirmou o pai, que ouvira tudo atentamente.

— Gostaria de manda-lo para mais um Raio-X antes da cirurgia, e eles virão prepara-lo mais tarde. Até mais. – Callie finalizou, saindo do quarto e sendo seguida por nós três – Reservem uma SO para às 14:00, peçam um Raio-X e venham prepara-lo. Os três poderão observar a cirurgia. – ordenou e deu-nos as costas, seguindo seu caminho.

Aproximei-me do balcão e comecei a conversar com uma enfermeira, pedindo a reserva da SO e o exame. Enquanto isso, Sud mexia no tablet, concentrada.

— Você estava muito gostosa apresentando o caso e explicando a cirurgia daquele jeito. – falou Daniel, ficando bem próximo da jovem, que corou.

— Daniel, por favor... – riu sem graça e negou com a cabeça – Que inconveniente.

— É, que inconveniente. – intrometi-me, chocada – Tem alguma coisa que vocês queiram me contar? – indaguei, intrigada.

— Não! – exclamou a jovem, ficando ainda mais vermelha, o que a entregava um pouco.

— Nada que você não saiba, que essa garota é linda demais. – sorriu galanteador, e eu revirei os olhos. Até acharia fofo, mas vindo dele, eu tinha a impressão que era só uma cantada barata para conseguir entrar nas calças da menina.

— Okay, não sei por que perguntei. – bufei – Estejam prontos para prepara-lo depois do almoço. – mandei e deixei-os a sós.

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Coloquei minha bandeja sobre nossa mesa de sempre e sentei-me, já tirando os talheres do saquinho, faminta.

— Oi, sumida. – cumprimentou Rebecca, que já estava sentada – Está preparada para hoje à noite? – perguntou, parecendo animada.

— Oi. Estou. – respondi, sorrindo fraco – Não vejo a hora dessa festa acontecer logo, estou exausta. Eu sinto pena de não poder passar o dia todo com meus filhos em seus aniversários, mas não tenho o que fazer. Realmente quero que essa noite seja especial. – ergui os ombros, desabafando.

— E será. – minha amiga sorriu, confiante – Quem vai arrumar as coisas para quando vocês chegarem?

— Ronan. – afirmei, já esperando as piadinhas.

— O encosto. – riu-se, agora com cara de desdém – Não tenho mais tanta certeza se será tão perfeito assim.

— Rebecca, vocês mal conversaram. Você nem o conhece. Dê uma chance a ele, por favor. É importante para mim. Ele está se saindo bem no último mês, e estamos funcionando. As crianças gostam dele, e principalmente, eu gosto muito dele. Então por favor, eu não quero que goste dele, mas que pelo menos trate-o bem e sem suas ironias. – falei seriamente, cada vez mais cansada de ouvi-la zombando de meu namorado.

— Okay, se é o que você quer... – ergueu as sobrancelhas – Só espero que ele não estrague tudo.

— Eu confio nele para isso. – disse com certeza, e ficamos em silêncio por alguns instantes, enquanto eu pensava se era bom ter a conversa que me lembrara com ela – Você está a par dos rumores? – indaguei, pisando em ovos, enquanto mexia em minha comida.

— Arizona traiu Callie? Eu sei. Babado. – concordou com a cabeça, fazendo-me presumir que ela não sabia do que eu estava falando.

— É, claro. – forcei um sorriso, tentando disfarçar. Era melhor não falar sobre aquilo naquele momento, pois não queria criar um climão na minha tão esperada festa à noite – Arizona realmente pisou na bola.

— Nada diferente do seu namorado... – murmurou, e eu revirei os olhos, encarando-a feio – Desculpa, desculpa, eu juro que vou parar.

—-

Encontrava-me lavando minhas mãos e braços, com Sud e Daniel ao meu lado, enquanto Callie já estava dentro da SO. O rapaz terminou primeiro e juntou-se à médica mais velha, deixando-me a sós com minha interna.

— Então, você e Daniel, uhn? – puxei assunto, um pouco sem jeito. Nós não tínhamos tamanha intimidade, mas eu queria estabelecer laços com meus outros “filhos”.

— É, mais ou menos... – deu de ombros, não demonstrando muita certeza quanto ao seu relacionamento com ele.

— Como assim? – franzi o cenho, curiosa.

— Somos muito diferentes. Quero dizer, eu até acho ele interessante, legal, e muito gato. – riu-se com a última parte – Mas ele não sabe como é ter que batalhar muito por alguma coisa. Eu dei meu sangue para estar aqui, nunca nada veio de mão beijada para mim, já para ele... Família rica, contatos, morava na Inglaterra. Conseguiu tudo de bandeja, e parece que por isso, não dá muito valor às coisas. Não se dedica o suficiente, acha que as coisas vão cair do céu. Eu acredito no potencial dele, mas com a falta de vontade, é capaz de se dar mal. E não sei se daria certo, então provavelmente só seria mais um problema para mim. Sem contar que quero focar em mim e em minha carreira, não ter que dividir atenção a um garoto mimado. – desabafou, surpreendendo-me com a facilidade de contar-me tudo aquilo – Se eu ao menos conseguisse usá-lo só para sexo sem me apegar. – soltou um riso fraco.

— Eu entendo, ele parece ser uma pessoa difícil. Você é a única que sabe o que é melhor para você. – assenti e sorri simpática. Notei que já enroláramos muito ali, então apressei-me para terminar e entrar na SO logo de uma vez.

Fiz minha breve oração e começamos a cirurgia. Auxiliei Torres em algumas etapas, mas tudo ocorreu muito bem. A prótese foi posicionada e o paciente ficou estável durante toda a operação. Finalmente, deixei Daniel fechá-lo, pois o mesmo não fizera quase nada naquele dia.

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Descemos do carro de Rebecca, ambas claramente tensas, enquanto as crianças inocentemente não entendiam nada. Subimos para meu apartamento, e eu destranquei a porta, como se fosse uma noite normal. Acendi as luzes da sala e deixei meus filhos entrarem, ansiosa para o momento.

— Surpresa! – todos os convidados disseram uníssonos e não muito alto, para não assustá-los, saindo de seus esconderijos um pouco improvisados.

Os gêmeos deram um pulinho de susto e começaram a gargalhar, esbanjando felicidade. Eu nunca os vira tão radiantes como naquele dia, e parei para contemplar como o tempo tinha passado. Já era o aniversário de 2 anos daqueles bebês tão inesperados na minha vida, e tanta coisa havia acontecido desde então. E eram tais coisas que me tornaram forte o suficiente para fazer aquilo. Só de pensar que eu já havia considerado abortar aqueles seres humanos que tanto me traziam alegria, eu já ficava enjoada. Não pude evitar de lembrar do pai deles também, e o quanto eu gostaria de tê-lo ali, curtindo a festa com seus filhos. Aposto que ele estaria tão feliz quanto eu.

Fui tirada de meus devaneios por um beijo rápido na boca, fazendo-me pular de susto.

— Hey, você está bem? – perguntou Ronan, segurando meu rosto com as mãos.

— É claro. – sorri e pisquei várias vezes, numa tentativa de me livrar das lágrimas que se formaram em meus olhos enquanto refletia.

— E então, o que acha? – apontou para a decoração, que estava impecável.

Havia uma mesa cheia de docinhos e com dois bolos falsos em seu centro: ambos com apenas um andar vermelho, e com uma grande tampa preta com orelhas redondas, remetendo às orelhas do Mickey e Minnie, no entanto, a base de um era toda com bolinhas brancas e com um lacinho na parte preta, enquanto a do outro era enfeitada com dois círculos amarelos que representavam botões. Atrás, na parede, estava pendurada uma cortina branca com listras vermelhas, e colados a ela estavam dois desenhos do esboço preto da cabeça dos ratos: um com lacinho vermelho entre as orelhas e escrito “Tsunade” com a caligrafia da Disney e o outro com uma gravata amarela em sua extremidade inferior, também escrito “Akira” na mesma fonte.

— Está perfeito. – desviei meus olhos vidrados da decoração para ele, dando-lhe um selinho novamente.

— Claire! Está tudo tão lindo! – minha mãe aproximou-se de nós e me deu um beijo na bochecha, sendo seguida por meu pai.

— Pois é, uma pena que eles mal vão se lembrar disso. – dei mais uma olhada em volta – Ronan foi responsável pela maior parte. – enganchei meu braço no dele e puxei-o para perto, numa tentativa de fazer propaganda.

— Tenho que confessar, bom trabalho, garoto. – foi a vez de meu pai dizer, estudando o local com os olhos.

Eu apresentara Ronan fazia algumas poucas semanas, e os dois ainda estavam tentando se acostumarem com a ideia de que eu estava namorando novamente. É claro, eu omitira grande parte de nossa história, dizendo apenas que ele era divorciado e havíamos nos conhecido durante um tratamento dele no hospital, mas não mencionei que eu era a médica.

 — Obrigado. – O’Kelleher sorriu educado, parecendo nervoso. Ri fraco e aconcheguei-me em seu peitoral, extremamente feliz. Aquela noite tinha tudo para ser excelente.

— Agora, vá recepcionar os convidados, eles estão esperando. – mandou minha mãe, puxando-me para longe de meu namorado.

Depois de falar um pouco com todo mundo presente, finalmente estava na cozinha, atacando os pequenos salgados de festa que havíamos comprado aos montes. A maioria já havia comido sua parte, então eu podia comer sem remorsos. Foi quando vi, no canto da sala, Anastasia e Roger escorados na parede, conversando bem próximos um do outro, nitidamente flertando. O clima entre eles era quente, e qualquer um que os visse sentiria isso. Tudo pareceu acontecer em câmera lenta: procurei Rebecca com o olhar, até que encontrei-a encarando o casal, e a mesma começou a andar em minha direção, fazendo-me arregalar os olhos enquanto mastigava uns dois salgadinhos que colocara na boca de uma vez.

— Você viu aquela palhaçada?! – questionou, apontando para o dois, saindo da câmera lenta.

— O-o que que tem? – fiz-me de desentendida, ainda com a boca cheia.

— Dá pra sentir o fogo deles dois de lá do outro lado da sala! – exclamou, intercalando olhares entre eles e eu – Não acredito que ela está fazendo isso comigo.

— Fazendo o quê? Vocês terminaram há meses, ele foi um babaca com você, lembra? – enfim engoli o que mastigava e indaguei, não compreendendo sua indignação.

— Sim, eu lembro. Mas ele continua sendo meu ex. – retrucou, realmente brava.

— Exatamente, ex! Rebecca, pelo amor de Deus, de todas as pessoas, você é a última que eu pensei que fosse dar esse piti. – franzi o cenho, inconformada com a reação dela. Eu sabia que não ficaria feliz pelo novo casal, mas não imaginei que seria tão brava – Você ainda gosta dele? – perguntei com deboche, rindo-me. Fui fechando o sorriso quando não recebi resposta, notando que ela ainda tinha sentimentos por ele – Você ainda gosta dele! Meu Deus, e você me julga! – exclamei, incrédula.

— Eu sei que é burrice, mas o coração quer o que quer. – revirou os olhos, não querendo abaixar a guarda.

— É o que eu te digo, mas você continua enchendo meu saco por causa do Ronan. Sua hipócrita! – neguei com a cabeça, exaltada.

— Esse não é o ponto, o ponto é que uma pessoa que se diz minha amiga, está transando com meu recente ex! – tentou desviar o assunto.

— Não tão recente... – murmurei, erguendo as sobrancelhas.

— Isso não vai ficar assim! Terá vingança! – Cooper virou as costas e partiu para fora da cozinha. Abri minha boca para falar alguma coisa, mas foi inútil, pois ela já havia se misturado com o resto dos convidados.

— Eu não acredito que você inventou tudo isso! – gritou Sud, adentrando o cômodo correndo, parecendo possessa de raiva.

— Não é tudo mentira, eu juro! – Daniel rebateu, numa tentativa de defender-se.

— Você disse que sua família é rica! – virou-se bruscamente, cruzando os braços.

— Eles já foram muito ricos, já me bancaram até hoje, mas estamos quebrados, Sud. Você entende, né? – afirmou, com um tom suave na voz, provavelmente tentando ganha-la.

— Você disse que é rico só para entrar nas minhas calças! – exclamou indignada – Que tipo de pessoa você acha que eu sou? Se tivesse sido sincero desde o começo, não teria problema nenhum em você estar pobre, mas você mentiu! Se mentiu sobre isso, pode mentir sobre qualquer outra coisa! – continuou falando alto – Como eu fui burra! – deu um tapa em sua própria cabeça e cobriu o rosto.

— Sud, por favor... – o jovem se aproximou dela, mas foi interrompido por uma voz feminina.

— Claire, acho que já está na hora de cantar os parabéns, as crianças estão começando a se cansar. – disse minha mãe, e o quase casal pareceu finalmente notar minha presença ali, olhando-me assustados. Abri a boca e encarei-os por alguns instantes, sentindo-me pega no pulo.

— É claro. – sorri forçado, virando-me para minha mãe – Vamos, pessoal? – convidei-os, com uma pitada de sarcasmo.

— Sim. – responderam uníssonos, ambos constrangidos.

Concordei com a cabeça e saí dali logo de uma vez, indo até meus filhos, que brincavam com Sofia, Zola, Ben e os filhos de Steve. Tirei-os da brincadeira e levei-os para de trás da mesa, enquanto Ronan trazia o bolo verdadeiro, que também fora confeitado combinando com a decoração. As roupas dos aniversariantes ornavam com tudo: Tsunade usava uma saia vermelha com bolinhas brancas e com um laço preto no quadril, uma camiseta de mangas compridas preta o desenho do contorno do Mickey em xadrez e uma tiara com as orelhas dos personagens e uma flor vermelha; Akira estava de calça jeans e uma camiseta no mesmo modelo da de sua irmã, só que estampada com um “suspensório” xadrez e uma gravata de bolinhas como a saia. Eu era suspeita para falar, mas eles estavam uns “chuchus”.

Todos os convidados começaram a bater palmas e cantar a tradicional música dos parabéns, enquanto meus filhos riam e pulavam, esbanjando felicidade. Ao acabarmos de cantar, os dois sopraram as velinhas ao mesmo tempo.

— Façam um pedido. – falei e ambos pensaram por alguns instantes.

— Pronto! – disseram ao mesmo tempo.

Depois de uma longa sessão de fotos com todas as pessoas possíveis, cortamos o bolo e servimos a todos, que pareceram se empanturrar. Aos poucos, começaram a ir embora, como já previsto.

Com a ajuda de Ronan, Rebecca e meus pais, arrumamos quase tudo, e vários minutos depois finalmente meu namorado e eu ficamos a sós, pois os gêmeos já haviam sido colocados para dormir depois daquela agitada noite.

— Ufa, achei que não fôssemos acabar nunca. – aproximei-me do homem, que estava sentado numa cadeira na mesa da cozinha.

— Que bagunça! Festas são legais, mas cuidar do que sobra depois que todo mundo vai embora é um saco. – suspirou, parecendo cansado.

— É, você está certo. – fiz uma voz manhosa, sentando-me em seu colo e passando meus braços em volta de seu pescoço – Muito obrigada Ronan. Foi tudo um máximo, graças a você. – sorri grata, encarando seus olhos azuis.

— Não tem por onde, amor. Faço qualquer coisa por você e esses gêmeos lindinhos. – imitou meu gesto, e eu acabei com a distância entre nós, beijando-o ternamente. Foi quando as coisas começaram a esquentar, que o homem interrompeu-me – Eu deveria ir. – ameaçou levantar-se, mas eu segurei seus ombros e empurrei-o para baixo, forçando-o a sentar-se de novo.

— Você não quer dormir aqui? – perguntei, olhando-o sugestivamente.

— Tem certeza? – uniu levemente as sobrancelhas, aparentando estar em dúvida.

— Sim. – abri um sorriso sacana e beijei-o rapidamente antes de dar-lhe as costas e seguir para meu quarto.

Ouvi-o vindo atrás de mim, e senti as boas e velhas borboletas na barriga. Ronan e eu nunca havíamos chego nos finalmentes, mas eu realmente queria aquilo naquele momento, e tinha certeza que ele também.

Adentrei meu quarto e, quando virei-me para trás, fui surpreendida pelo homem, que já havia fechado a porta. Ele puxou-me pela cintura para perto de si, beijando-me com toda a vontade que estava reprimindo por todos aqueles meses, e eu correspondi na mesma intensidade, tão ansiosa quanto ele. Nem com nossos corpos colados o máximo possível, eu conseguia saciar minha vontade dele. Aquele momento estava sendo único, e eu desejava que não acabasse mais.

Retirei sua jaqueta de couro rapidamente, e ambos fomos nos despindo conforme andávamos até a cama, praticamente sem descolarmos nossos lábios. Trombei com a cama, e o homem começou a se debruçar sobre mim, fazendo-me deitar-me vagarosamente. Levou seus beijos para meu pescoço, descendo por todo meu corpo lentamente, estudando com a boca cada pedacinho, causando-me os maiores arrepios. Suas mãos brincavam em minhas pernas, acariciando-as para cima e para baixo. Foi quando acariciou minha intimidade por cima da calcinha, que não pude mais segurar e soltei um gemido, entrando em modo de alerta. Tirou minha roupa íntima devagar, encarando meus olhos de forma luxuriosa, e iniciou a distribuir beijos abaixo de minha barriga e na parte interna das minhas coxas.

— Você está me enlouquecendo. – sussurrei em meio aos suspiros, com a voz embargada de desejo.

— Bom. – riu fraco contra minha pele.

Penetrou-me com dois dedos, e eu senti um choque de prazer com seu toque, segurando no lençol da cama. Juntou sua boca também, passando a língua quente e molhada em meu ponto fraco, enquanto ainda entrava e saía com seus dedos. Não demorou muito para eu desfazer-me ali mesmo, perdendo a sã consciência por alguns instantes, sentindo uma explosão dentro de mim. Eu não podia acreditar que esperara tanto por aquilo.

Sem demoras, Ronan sorriu e beijou meus lábios, fazendo-me provar de meu próprio gosto. Comecei a levantar minhas costas, forçando-a a ir para trás até sentar-se na cama. Corri minhas mãos por seu peitoral e acariciei-o até seu volume na cueca, que entregava o quão comprometido com aquilo ele estava. Livrei-me da peça e massageei-o, indo para cima e para baixo com minha mão. Quebrei o beijo e abocanhei-o sem perder tempo, sentindo seu sabor.

— Vem aqui. – agarrou meu cabelo e puxou-me para um beijo, interrompendo minha ação após alguns minutos.

Esticou o braço para abrir uma das gavetas do criado mudo, pegando um preservativo que eu não fazia ideia de que estava ali.

— Sou um homem prevenido. – pareceu ler meus pensamentos, enquanto colocava a camisinha – Vem. – segurou minha cintura e ajudei-o a  encaixar-me sobre ele, finalmente sentindo-o dentro de mim.

Aquela sensação que tanto havíamos esperado, enfim se concretizara, e nunca uma coisa pareceu tão certa em minha vida. Gemi e comecei a mover-me, sentando em cima dele, enquanto ele movia seu quadril para ir de encontro comigo. Abracei seu pescoço e apenas permiti-me sentir aquilo, que estava levando-me às estrelas. Aumentamos a velocidade cada vez mais, e ambos murmurávamos coisas incompreensíveis no ouvido um do outro, até que o homem soltou um gemido prolongado, anunciando que chegara ao ápice. Ainda dentro de mim, puxou meu cabelo levemente para me beijar, agora de uma forma mais carinhosa, marcando o final daquele ato incrível. Encostei minha testa na sua e fitei seus olhos, com a respiração ainda descompassada.

— Isso foi... – falou com dificuldade, também ofegante.

— O melhor sexo de todos. – completei sua frase, e ambos sorrimos, nitidamente felizes pelo o que acontecera.

Ronan deu-me um selinho antes de deitar-me de volta na cama, levantando-se e indo descartar o preservativo em seguida. Quando voltou, eu encontrava-me já pronta para dormir, exausta com todo aquele dia. O mesmo juntou-se a mim embaixo do edredom, e trocamos um beijo apaixonado.

— Eu amo você. Obrigado por isso. – acariciou meu rosto, sem tirar seus olhos dos meus.

— Eu também te amo. – sorri e beijei-o novamente.

Virei-me de costas e aconcheguei-me em seus braços, não demorando muito para pegar no sono. Aquele definitivamente foi um dos melhores dias que tive há muito tempo, e lá no fundo sentia que dias bons como aqueles voltariam a se repetir com frequência.

Rumores se espalham como pragas. A cada pessoa que conta para outra uma história, o que realmente aconteceu fica mais distorcido. Mas faz parte da vida lidarmos com o que falam sobre nós. É mais fácil apontar os erros dos outros e fazer ironias sobre eles, do que olharmos nossos próprios e tentarmos consertar. Então temos que aprender a não nos deixarmos levar pelo o que os outros dizem sobre nós, afinal, só você sabe o que está realmente acontecendo em sua vida, e o que te levou a agir de tal maneira. Importe-se menos com os outros, e mais com você, é sua vida e ela é muito curta para esquentar a cabeça com o que falam em suas costas


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Notas finais do capítulo

Curtiram o capítulo? O que acharam das fofocas quentinhas do Grey-Sloan? E a festa surpresa do gêmeos? Vocês sabiam que eles já estão fazendo 2 anos? Isso significa que a história já tem mais ou menos uns 4 anos de linha do tempo. E o que dizer sobre o relacionamento da Claire com o Ronan, vocês já conseguiram perdoar um pouco das babaquices dele? São tantas coisas para falar sobre, por favor conversem comigo nos comentários hahaha!
Lembrando que a "quarentena" não é férias, então por favor, sejam responsáveis! Pensem nas pessoas em zona de risco do CVID-19, e se cuidem por elas. Acho que não preciso dizer aqui todas a precauções, mas por favor fiquem atentos.
Se você chegou até aqui, parabéns e obrigada pela leitura! Até uma próxima! ♥



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