Claire's Anatomy escrita por Clara Gomes


Capítulo 3
Capítulo 3 – I Want You to Want Me.


Notas iniciais do capítulo

Hey, aqui estou eu de volta, para mais um capítulo desse universo da Claire.
Gostaria de agradecer ao JW, que comentou na fic. Adoro seus comentários, muito obrigada!
Por dica desse leitor que eu citei acima, vou deixar o link da música do título aqui nas notas iniciais, pois pode haver problemas em ocultar o link nas frases. Então para quem quiser ouvir a música, aqui está o link: https://www.youtube.com/watch?v=aquSBPS4oAU
Espero que gostem do capítulo! Boa leitura!



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Reciprocidade é uma droga. É um problema que com certeza vai assombrar a todos, pelo menos uma vez na vida. De acordo com o dicionário, é o mesmo que “correspondência mútua”, ou seja, é ambas pessoas quererem a mesma coisa. E, com toda a diferença de um para outro que temos, são raras as vezes que tal coisa ocorre.

Caminhava confiante pelos corredores do hospital. Desde minha cirurgia bem-sucedida com a Dra. Altman, estava me sentindo a deusa da Sala de Operações. Era como se o desastre do meu primeiro dia nunca tivesse acontecido, e eu só arrasasse com os pacientes. Alcancei Lexie, sorrindo animadamente, e me encostei no balcão das enfermeiras, onde ela preenchia alguns prontuários.

— O que temos para hoje? – perguntei, olhando em volta com empolgação.

— Você não está um pouco adiantada, não? – questionou franzindo o cenho.

— Eu estive passando mais tempo no Laboratório de Habilidades, e conversei bastante com a Altman. Consegui até puxar assunto com Cristina Yang, quem diria! – exclamei, orgulhosa. A asiática quase nunca dava bola para meros internos, então chamar sua atenção para uma conversa era um grande feito – Acho que já encontrei minha especialidade... Cardiologia.

— Você ainda tem muitos anos para mudar de ideia, então é melhor não se animar muito. – rebateu, fechando o prontuário – Já que você está tão animada, por que não vai trabalhar um pouco na clínica, antes de começarmos as visitas? Aposto que eles têm muito serviço lá. – afirmou, se afastando dali.

— Na clínica? Que tédio! – reclamei, seguindo-a.

— Você ainda é uma interna, e já acha a clínica tediosa? Eu veria como uma grande oportunidade de praticar medicina, agora vá! – retrucou, fazendo-me estranhar seu humor. Dei de ombros e tomei meu caminho para a clínica.

Adentrei o local, que já tinha todos os seus leitos ocupados, e suspirei. Normalmente as pessoas procuravam a clínica Denny Duquette, que tinha atendimento gratuito, para as coisas mais bobas. Dificilmente algum caso realmente bom saía dali.

Aproximei-me do responsável pela clínica, que escrevia alguma coisa no balcão.

— Dra. Grey me enviou para ajudar. – falei, observando-o.

— Lexie Grey ou Meredith Grey? – perguntou, sem tirar os olhos do que fazia.

— Lexie Grey. – respondi, franzindo o cenho.

— Diga a ela que se ela quer se livrar de seus internos, vai ter que ser um de cada vez. Já tem uma interna da Dra. Grey aqui. – retrucou, ainda sem me olhar.

— Quem? – questionei, confusa.

— Dra. Cooper. – apontou em direção à moça, que atendia um paciente, sorridente. Senti meu corpo ferver de raiva, e por um momento, quis tirar aquele sorriso falso a tapas do rosto dela. Quem via nunca acreditaria no demônio que aquela garota era!

— Dra. Cooper, uhn? – ergui uma sobrancelha – Tenho certeza que uma mão a mais não fará mal, não é?

— Quer saber, faça o que quiser, só não mate nenhum paciente com sua estupidez de interna. Agora me deixe em paz, por favor. – rebateu, finalmente me olhando.

— Muito obrigada! – sorri e parti na direção de Rebecca. Esperei que ela acabasse com seu paciente, e a abordei – Que diabos você está fazendo aqui? – sussurrei, puxando-a para um canto.

— Praticando medicina? Sendo uma médica? – respondeu ironicamente, erguendo as sobrancelhas.

— Então é por isso que você sempre chega cedo nas visitas, você fica aqui, na espreita. – falei, inconformada – Sua vadia!

— O mundo é dos espertos, querida. – deu de ombros, e sorriu debochada – Não é à toa que eu já participei de umas cinco cirurgias, enquanto você participou de uma, e está se achando a deusa dos internos. Se coloque no seu lugar, garota.

Antes que eu pudesse revidar, ouvi uma paciente gritar de dor, e corri até ela automaticamente.

— Senhora, você está bem? – perguntei, colocando as luvas e tirando o estetoscópio do pescoço, posicionando-o em seu coração, e observando seus sinais vitais.

— Dói... – reclamou, se contorcendo na cama.

— O que dói? – questionei, tendo seu vômito de sangue em meu jaleco como resposta – Bipe Cirurgia Geral e Dra. Lexie Grey! – ordenei, ignorando minha situação e correndo para pegar o balde para ela vomitar.

— Sua vadia, é sua primeira vez aqui e já encontrou um caso bom! – reclamou Rebecca, se aproximando – Mas agora já pode dar o fora, que essa é minha paciente.

— Dá para você parar de tratar isso como uma competição, e começar a me ajudar aqui! – retruquei, segurando o balde enquanto a paciente vomitava sangue.

— O que temos aqui? – perguntou Bailey, se juntando a nós, enquanto colocava as luvas.

— Ela começou a reclamar de dor do nada, e logo vomitou sangue. – respondi, agitada.

A médica pressionou os dedos contra a barriga da mulher, negando com a cabeça.

— Levem-na para uma CT e Ressonância Magnética, agora! – exclamou, e vários enfermeiros levaram a maca – De quem é essa paciente?

— Minha! – Cooper e eu respondemos juntas, fazendo Bailey revirar os olhos.

— Quem a examinou primeiro? – indagou, impaciente.

— Eu examinei. – afirmou a morena ao meu lado.

— E por que você deixou que a paciente chegasse a esse ponto? – questionou, irritada.

— Os sintomas eram normais, desconforto abdominal, náusea, vômito, perda de peso... Eu achei que fosse só uma virose, e já ia dar alta. – defendeu-se minha companheira interna.

— Ela tinha um abdômen inchado, você sabe o que isso significa? – rebateu a cirurgiã mais velha.

— Que ela pode ter um tumor. – respondeu Rebecca, suspirando.

— Exatamente, então qual é o procedimento?

— Dependendo do quadro da paciente, marcar uma colonoscopia. – disse a inglesa, rendida.

— Então da próxima vez, assim o faça! – exclamou Dra. Bailey – Bipe sua residente na sala da CT, e venham comigo, agora! – ordenou, apressando-se para fora da clínica.

Seguimo-la rapidamente, enquanto eu bipava Lexie desesperadamente.

— Jesus, Lexie, cadê você? – murmurei, nervosa.

— Vai ficar tudo bem, relaxa. – disse Rebecca, não sei se tentando me acalmar ou acalmar a si mesma.

— Como você sabe que vai ficar tudo bem? Por acaso você vê o futuro, agora? – questionou Miranda, virando um pouco a cabeça para nos olhar.

— D-desculpe, Dra. Bailey. Eu só estou tentando me acalmar. – falou a morena, um pouco desesperada.

— Quem disse que é para se acalmar? – retrucou a cirurgiã, e finalmente adentramos a sala do exame – Já temos alguma coisa aqui? – perguntou ao moço que controlava a máquina.

— Algumas coisas. – respondeu o homem, revelando algumas imagens.

— Do jeito que eu imaginei. – afirmou Bailey, observando as imagens – O que vocês, internas estúpidas, veem? 

Aproximei-me das imagens e as analisei cuidadosamente.

— Um tumor? – perguntei, tirando meus olhos do exame para a médica.

— É claro que é um tumor, mas onde? – disse como se fosse óbvio.

— Estômago? – respondi, insegura.

— Você não tem certeza de como se lê uma imagem de CT? – rebateu, olhando-me incrédula.

— É um tumor no estômago, eu tenho certeza. – afirmei, agora mais segura.

— Ótimo, vamos esperar pela Ressonância Magnética, e depois já teremos que a levar para a Sala de Operação. Vocês duas vão tomar conta dessa paciente, acompanha-la para cima e para baixo nesse hospital, e me bipem quando os exames estiverem prontos, okay? – ordenou, e Grey adentrou a sala antes que pudéssemos responder, apressadamente.

— O que eu perdi? – perguntou, e quando um homem alto e forte, com um olhar extremamente sexy apareceu atrás dela na porta, Dra. Bailey olhou-os com desaprovação.

— Andou muito ocupada com o Dr. Sloan para tomar conta de suas internas desastrosas? – indagou Miranda, julgando-os com o olhar.

— Sinto muito, Dra. Bailey, o que houve? – desculpou-se a residente.

— Relaxa Bailey, prometo que não vou mais roubar a pequena Grey de seus serviços. – o homem sexy abriu um sorriso largo, e beijou a bochecha de Lexie antes de sair – Te vejo mais tarde. – acenou e afastou-se, sumindo pelo corredor.

— Hm, onde estávamos mesmo? – nossa residente estava totalmente desconsertada, com as bochechas vermelhas.

— Atualizem a Dra. “Não respondo meu bipe porque estou transando com o Dr. Gostosão”, que eu tenho mais o que fazer. – ordenou a cirurgiã – E não estraguem tudo! – finalizou e saiu da sala.

— Então, o que temos aqui? – perguntou, sorrindo como se nada tivesse acontecido.

—-

Rebecca e eu nos encontrávamos sentadas no chão do hospital, esperando o resto dos exames da mulher ficarem prontos. Ela parecia apreensiva, mas eu não conseguia pensar em nada para dizer a ela, além de “Está vendo, talvez se você fosse mais humilde, isso não teria acontecido”. Mas, ao invés disso, fiquei em silêncio, algo que já estava me incomodando.

— Bailey vai dar conta de salvá-la... Aposto que nem é tão grave assim. – afirmei, para quebrar o clima.

— É claro que é grave... É um maldito tumor! – rebateu, bufando e enfiando o rosto nas mãos – Se ela morrer, eu não sei o que eu faço. – murmurou, aparentemente à beira de ter um ataque.

— Todo mundo perde um paciente algum dia... Faz parte. – tentei acalmá-la, mas logo notei que acabei insinuando que a mulher ia morrer – Mas eu ainda acho que ela vai sobreviver, a Dra. Bailey deve ter feito esse tipo de coisa mais de um milhão de vezes.

— Eu sei... Mas nenhum interno perdeu um paciente ainda, e eu não quero ser a primeira! – olhou-me com os olhos cheios de lágrimas, e eu franzi o cenho, inclinando a cabeça.

— Vocês não sabem? – questionei, confusa.

— Sabemos do que?

— Eu... – pensei duas vezes antes de contar à minha quase inimiga que eu havia perdido uma paciente no primeiro dia, mas decidi que, diante da situação, poderia ser uma boa ideia – Eu perdi minha paciente, no primeiro dia. – desembuchei, suspirando – É por isso que depois que eu me dei bem naquela cirurgia com a Altman, eu me senti tanto. Eu cheguei a achar que eu era amaldiçoada, ou sei lá o que. – dei de ombros – Então se você está preocupada com ser a primeira interna a perder um paciente, pode relaxar.

— Você... – virou-se para mim, surpresa – Eu sinto muito. – voltou a olhar para frente – Como você superou?

— Eu não superei. Me lembro disso todo dia. Mas como a Lexie disse, não posso deixar que isso tire minha vontade de ser uma cirurgiã. Então agora eu me agarro àquela cirurgia bem-sucedida com a Teddy, que foi o que me colocou de volta no jogo. – respondi, relembrando tudo.

— Obrigada... – agradeceu concordando com a cabeça, encarando-me de uma forma estranha, que me deixou um pouco constrangida – Vou tentar pensar assim. Talvez você não seja tão ruim quanto eu pensava. É uma moça boa. – senti um pouco de segundas intenções em sua última frase, mas ignorei.

— Talvez você não seja uma vadia tanto quanto eu pensava. – rimos juntas, e Rebecca colocou uma mão em minha perna, fazendo-me estranhar um pouco. Quando foi que ficamos íntimas ao nível de contato físico?

Cooper foi desmanchando o sorriso lentamente, enquanto me encarava com certo fervor, o que estava me deixando extremamente constrangida. Normalmente, depois de algo assim, nós nos beijaríamos, de acordo com a lógica dos filmes. Mas, no caso, eu não sentia vontade de beijá-la, e o pensamento de ela tentar algo do tipo me assustava. Foi para minha sorte que o carinha dos exames saiu da sala, interrompendo esse momento... romântico?

— Os exames estão prontos. – afirmou, entregando-nos uma pasta, e voltando para a sala.

— Nós deveríamos bipar a Bailey. – sugeri, pegando meu bipe.

— Com certeza. – concordou, abaixando a cabeça – Eu vou dar um pulo no banheiro, me bipe quando ela responder, okay? – pediu e levantou-se, se afastando antes que eu pudesse responder.

— Tudo bem... – murmurei e levantei-me, seguindo pelo corredor enquanto mexia em meu bipe.

— Hey, Claire! – ouvi uma voz masculina e ergui a cabeça, sorrindo ao ver Akira.

— Oi! Como vai? – respondi, prendendo o aparelho na cintura.

——Estou bem... Senti a falta de você e Rebecca nas visitas, aconteceu alguma coisa?

— Nós estivemos trabalhando na clínica, e teve uma mulher com um tumor no estômago, e estamos tomando conta dos exames dela. Talvez a Dra. Bailey até nos deixe participar da cirurgia, imagine que legal! – respondi, animada.

— Legal, sorte a de vocês... Bem, espero que dê tudo certo, e que a Rebecca não te encha muito o saco. – desejou, rindo fraco.

— Ela está comportada, até. – ri fraco também, dando de ombros – Você gosta dela? – perguntei, ainda um pouco estranha por aquele momento que tivemos.

— Não pularia na frente de um tiro por ela, mas até que aturo sim... Por quê?

— Por nada não, deixa para lá. – dei de ombros novamente.

— Mas o que eu queria te dizer mesmo é... Você tem planos para hoje à noite? – perguntou meio sem jeito, fazendo-me sorrir boba por um instante.

— Não, por quê? – fiz-me de desentendida, sorrindo inocente.

— Talvez nós poderíamos ir beber algo no Joe’s... Ou sei lá, onde você quiser. – falou, um pouco envergonhado.

— Joe’s me parece ótimo. – afirmei, sorrindo largo.

— Vamos parar de conversa fiada no corredor e começar a trabalhar. – Miranda cortou-nos, ficando no meio de nós dois, de frente para mim – O que temos aqui?

— Akira estava me chamando para...

— Não quero saber do seu relacionamento com o asiático, quero saber dos exames. – retrucou, pegando a pasta de minhas mãos, e lendo as coisas atentamente – É isso aí, tumor no estômago... Prepare-a para a cirurgia, e você e sua amiga estúpida podem participar da operação. – disse, devolvendo a pasta – Falando nela, onde ela está? – questionou, olhando em volta.

— Ela foi ao banheiro, mas eu posso bipar ela. – respondi, temendo que a cirurgiã a punisse.

— Foi ao banheiro... – repetiu o que eu disse, com tom de ironia, negando com a cabeça – A cada ano esses internos vêm piores, aonde vamos chegar? Bipe aquela garota agora, e estejam prontas para a cirurgia. – ordenou e afastou-se, sumindo pelo corredor.

— Desculpe, eu realmente tenho que ir... – falei a Akira, virando-me para seguir até o quarto da paciente, mas virei-me novamente – Te vejo mais tarde?

— Claro! Boa sorte na cirurgia! – afirmou e sorriu.

— Obrigada. – agradeci e parti pelo corredor, bipando Rebecca no caminho.

—-

Já nos encontrávamos esfregando nossas mãos e braços para a cirurgia, e podia sentir uma tensão no ar. Não sei se era por causa da cirurgia ou se foi pelo “clima” que havia rolado anteriormente, então preferi acreditar que era nervosismo para antes da operação.

Terminei de me lavar e respirei fundo antes de entrar na Sala de Operações. Uma enfermeira veio até mim e colocou minhas luvas, e antes de me aproximar da mesa, olhei para a galeria, inconscientemente à procura de Akira. Porém ele não se encontrava lá, o que me deixou um pouco mais nervosa, pois se eu surtasse, ele não estaria lá para me acalmar. Aproximei-me da mesa, ficando ao lado de Bailey, que aparentemente fazia uma oração. Acompanhei-a fechando os olhos, e pedi a Deus para me ajudar naquela cirurgia e se possível, levar meu amigo asiático para a galeria. Suspirei e abri os olhos, notando que Rebecca se encontrava do meu lado, parecendo entediada pelo momento.

— Okay, vamos começar. Lâmina 10. – disse a cirurgiã geral, esticando a mão para algum enfermeiro. A mesma pegou o bisturi, e cortou o paciente sem hesitar.

Após alguns minutos de cirurgia, pude notar uma expressão preocupada em seu olhar, enquanto mexia nos órgãos da paciente.

— Algum problema, Dra. Bailey? – indaguei, estudando seu rosto coberto metade pela máscara.

— Dê uma olhada você mesma, e diga-me o que você vê. – falou, dando espaço para eu olhar o corpo da paciente.

— Droga... – murmurei ao ver o tamanho do tumor. Ele se encontrava em várias partes dos órgãos, e me surpreendia que ela havia demorado tanto para procurar o hospital – É um tumor enorme... E agora? – desviei o olhar para a cirurgiã, que olhava preocupada.

— Eu temo que não possa fazer nada... O tumor está muito mais avançado do que eu imaginava, eu teria que remover quase todos os órgãos dela. – respondeu tristemente – Vamos fechar e discutir algumas cirurgias Paliativas com ela, para tentar controlar o estrago. – afirmou, olhando para o tumor e suspirando novamente, negando levemente com a cabeça.

— Eu tenho certeza que dá para fazer alguma coisa! Por favor Dra. Bailey, pense melhor! – implorou Rebecca, olhando a médica desesperadamente.

— Pensar melhor? Quem é a cirurgiã formada aqui? – rebateu Miranda – Se você tem alguma sugestão melhor, estou toda ouvidos.

— Eu não tenho... – rendeu-se – Mas você quer fechá-la e deixa-la morrer?

— Qual é a parte de discutir cirurgias Paliativas que você não entendeu? Nós vamos propor formas alternativas de tratamento, operar quando necessário para diminuirmos os danos... Faremos o possível. – falou a cirurgiã, irritada – E já que você não tem nenhuma sugestão, vamos fechar. Fio 4-0. – estendeu a mão para a equipe de enfermeiros.

Rebecca bufou e afastou-se da mesa, tirando seu avental cirúrgico e as luvas antes de sair da sala, aparentemente inconformada.

— Sinta-se à vontade de seguir sua amiga. – disse Bailey, sem tirar os olhos da sutura que fazia.

— Estou bem. – falei continuando em meu lugar, mas desviando o olhar para a jovem morena, que se lavava para sair dali.

—-

O dia finalmente estava acabando, e eu me encontrava exausta. Cheguei no saguão do hospital para esperar por Akira, agora vestida com roupas normais, quando ouvi uma voz atrás de mim, chamando-me.

— Claire! – chamou Rebecca, fazendo-me olhar para trás.

— Hey, você está bem? Pareceu aborrecida depois da cirurgia mais cedo. – disse, virando-me para ela.

— Pois é, mas já passou... Eu entendo a decisão da Dra. Bailey, apesar de eu não concordar. – afirmou, sorrindo fraco – Então... Eu queria perguntar... O que você acha de bebermos alguma coisa no Joe’s? Eu pago. – sugeriu, abrindo mais o sorriso, aparentemente nervosa.

— Claire? – outra voz me chamou, chegando atrás de mim, antes que eu pudesse responder a garota.

Reciprocidade. Assim como eu disse antes, é uma droga. Nem é nossa culpa quando ela não ocorre. Não podemos obrigar nosso coração e mente a quererem algo que naturalmente não queremos. Não podemos forçar um tesão, nem uma conexão, muito menos o amor. E isso acaba magoando as pessoas que mais gostamos, mas o que podemos fazer? Acontece, mesmo sem a gente querer. O jeito é seguir em frente, sabendo que não é culpa de ninguém quando o sentimento não é mútuo.

— Eu sinto muito Rebecca, mas eu já tinha combinado com o Akira de ir no bar. – respondi, tentando ser o mais sensível possível – Você pode ir conosco, se quiser. – convidei por educação, torcendo para ela não aceitar.

— Ah, quer saber, foi um dia difícil hoje, acho que vou para casa... Mesmo assim, obrigada pelo convite, fica para outro dia. – disse constrangida, sorrindo forçado – Te vejo amanhã. – finalizou e virou-se para a saída, seguindo para fora.

— Okay... – falei para mim mesma e voltei-me para o asiático, colocando um sorriso no rosto – E aí, como foi o dia? – perguntei aproximando-me dele, e dando-lhe um beijo carinhoso na bochecha.

— Normal. E a cirurgia, como foi? – respondeu com outra pergunta.

Expliquei para ele a situação da paciente, enquanto saíamos do hospital e caminhávamos até o bar, que era em frente de nosso trabalho.

Então quando você encontrar alguém que se sinta como você... Ah, aproveite a sensação. Pois são raros os casos


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Será que rolou um clima entre Claire e Rebecca? Comentem o que acharam, e vejo vocês no próximo! Beijos!



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