Claire's Anatomy escrita por Clara Gomes


Capítulo 26
Capítulo 25 – Love Hurts.


Notas iniciais do capítulo

Boa noite! Eu sei que quase não dá tempo de postar antes da meia-noite, mas aqui estou eu, trazendo o último capítulo do ano! Quanta coisa já aconteceu, hein gente? Nem parece que já faz quase um ano que eu comecei a postar e mais de um ano que comecei a escrever. Já causei tanta dor e sofrimento nesse ano kkkkk bom, vou deixar maiores despedidas para as notas finais.
Mas eu queria agradecer aqui e dar as boas-vindas às leitoras novas, Clara Volturi Riddle, B Abromovizt e Ginger, que comentaram a fic. Muito obrigada, meninas! Espero vê-las mais vezes por aqui.
Vamos ao capítulo. Nada melhor do que fechar o ano com uma "season finale" também, né gente? Então segue aí o que seria o último "episódio" da "terceira temporada", que coincide com o final da oitava temporada da série (creio que todo mundo sabe o que acontece nela, infelizmente).
A música de hoje me traz muita melancolia, mas eu a amo de paixão. Sério, que musicão! Super recomendo para as bads. Link: https://www.youtube.com/watch?v=soDZBW-1P04
Espero que gostem do capítulo. Boa leitura!



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Sofrimento é relativo. Às vezes, algo que vai causar grande dor em você, vai trazer grande alegria para outra pessoa. Em outros casos, o que parece a coisa mais boba para você, causa grande impacto negativo na vida alheia. Não há medida universal para o sofrimento.

— Rebecca! Quanto tempo! – exclamou minha mãe, ao abrir a porta e ver a morena, abraçando-a em seguida. Aquela era a primeira vez em um bom tempo que ela aparecia na minha casa. Nossa amizade ainda não estava totalmente igual era antes, e ela usava a desculpa de estar namorando para dar alguns sumiços – Entre, o café está quase pronto. – convidou, finalmente soltando-a.

— Com licença. – Cooper sorriu fraco e adentrou a casa. Logo ela notou minha presença na sala, sentada no sofá enquanto dava uma mamadeira para Tsunade. Nossos olhares se encontraram, e um clima um pouco tenso ainda se formou. A jovem abriu mais o sorriso, provavelmente tentando aliviar a tensão, e eu imitei seu gesto.

— Bom dia. – cumprimentei, voltando a olhar para minha filha.

— Bom dia. – respondeu, e continuou parada próxima da porta, encarando-me.

— Quer dar a outra mamadeira para Akira? – perguntei, na tentativa de inclui-la em minha atividade. Se nós realmente estivéssemos com nossa amizade intacta, eu nem precisaria convidá-la para fazer tal coisa, seria algo natural de ela fazer. Nossa intimidade estava abalada, e eu não gostava daquilo.

— Claro! – deu de ombros e aproximou-se, pegou o bebê e sentou-se no sofá, fazendo algumas caretas enquanto alimentava-o com a mamadeira. Um silêncio estranho continuou reinando entre nós, sendo possível ouvir apenas os sons das crianças sugando o leite e minha mãe fazendo alguma coisa na cozinha. Eu olhei para a morena discretamente, e ela parecia bastante entretida com o que fazia, e meu filho sorria com os olhos ao encará-la. Mesmo depois de algum tempo longe, os gêmeos ainda tinham muito carinho por ela, e talvez isso também se aplicasse à nossa amizade. Afinal as melhores amizades são aquelas que mesmo depois de anos sem contato, quando as duas pessoas se reencontram, as coisas continuam iguais eram antes. Não é verdade?

— O café está pronto. – afirmou minha mãe, quebrando o silêncio.

— Eu acabei. – falei, afastando a mamadeira vazia da boca de minha filha. Coloquei-a em sua pequena cadeira de balanço e apertei o cinto.

— Pode ir tomar café, eu termino aqui. – ofereceu-se minha mãe, parando na frente de Rebecca – Vocês vão acabar se atrasando.

— Ah... – a morena fez um biquinho, olhando para a criança – Okay, vai... – suspirou e entregou o menino para a mulher, levantando-se do sofá e seguindo-me até a sala de jantar.

Sentamo-nos na mesa e começamos a nos servir, ambas em silêncio novamente. Eu não sabia o que dizer, e não tinha um assunto para puxar que não parecesse forçado, então apenas concentrei-me em minha comida.

— Então Rebecca, a Claire me disse que você está namorando com um médico lá do hospital.. Conte-me mais, menina! – minha mãe foi quem pronunciou-se novamente, fazendo a moça sorrir sem graça.

— Sim, eu estou... – olhei-a com certo desespero, para que ela não contasse quem era. Minha mãe pegara um pouco de raiva do Roger, desde que eu fiquei em coma depois do parto que ele realizou. A jovem encarou-me sem entender e franziu o cenho – É o Dr. King. Roger King. O obstetra da Claire. – continuou, dando de ombros. Fechei os olhos e bufei, preparando-me para a surpresa da mais velha – Eu o conheci nas consultas que ia com ela, e nós começamos a nos envolver, e aqui estamos nós.

— Sério? Com ele? – a mulher fez cara de nojo, e eu revirei os olhos – Aquele médico incompetente, que não consegue fazer uma cesárea sem deixar suas pacientes em coma?

— Mãe, por favor... Agora não. – olhei-a seriamente, começando a me estressar.

— Mas é verdade! Você merece alguém bem melhor, Rebecca. Uma moça bonita e inteligente como você... Estou decepcionada. – negou levemente com a cabeça, com a cara fechada.

— Ele é um cara legal, o que aconteceu com a Claire foi um caso isolado. – Cooper tentou defende-lo, e eu balancei a cabeça negativamente, como se dissesse para ela deixar para lá. Minha mãe era muito teimosa, e uma vez que pegava raiva de alguém era difícil mudar.

— Ele é um médico ruim, isso sim. Minha filhinha quase morreu por causa dele. – a mais velha destilou ódio na voz, deixando minha amiga ainda mais sem jeito.

— Vamos mudar de assunto, pelo amor de Deus. – pedi, suspirando.

— Tudo bem. – minha mãe deu de ombros – Como está seu pai? Ouvi falar que sua mãe faleceu, meus pêsames... – indagou, piorando ainda mais a situação. De todos os assuntos, ela conseguiu escolher o pior possível.

— Okay, pra mim deu. Vamos. – levantei-me da mesa, perdendo a paciência. Não era culpa da minha mãe, afinal ela não sabia da história completa, mas eu também não era obrigada e ficar ali relembrando aquele problema que abalara tanto minha melhor amizade.

— Eu disse alguma coisa errada? – questionou a mulher, arregalando os olhos.

— É que esse é um assunto bem delicado, né mãe? Aposto que a Rebecca não está a fim de falar disso. – olhei para ela e depois para a morena, chamando-a para fora com a cabeça.

— Obrigada pelo café da manhã, Sra. Scofield. – agradeceu sorrindo fraco, e me seguiu.

— Tchau, mãe. – despedi-me depois de pegar meu casaco e minha bolsa no cabideiro, e nós duas deixamos a casa e adentramos o carro – Desculpe-me por isso. – respirei fundo, um pouco constrangida.

— Está tudo bem, ela não sabe que isso vai além da morte da minha mãe, e eu entendo ela não gostar do Roger, ele cometeu um deslize com você, que quase te matou. – a morena pareceu compreensiva, o que me reconfortou um pouco – Se alguém quase matasse meus filhos, eu também ia pegar ranço da pessoa pelo resto da vida. – brincou e riu fraco, e eu acompanhei-a. Pela primeira vez o clima ficara mais leve, e eu tinha gostado muito daquilo – Vamos logo. – colocou o cinto e deu partida no carro, acelerando para o hospital.

Em alguns minutos nós chegamos no prédio, e sem delongas já seguimos para o vestiário dos residentes, que se encontrava bem cheio. Aproximei-me da minha prateleira e comecei a despir-me, vestindo meu uniforme por cima de uma camiseta de mangas compridas verde. Calcei meu All Star cinza de sempre e deixei meu cabelo solto mesmo, afinal não estava muito comprido.

— Com quem você está hoje? – perguntou Rebecca, enquanto calçava seus sapatos.

— Sloan. – respondi, organizando minhas roupas na prateleira – E você?

— Bailey. E provavelmente a Meredith. – revirou os olhos ao falar segundo nome, fazendo cara de nojo. Ela nunca perdoara a loira por ter arruinado a pesquisa do Alzheimer de Derek, e depois que sua mãe morreu sem realmente fazer as pazes com ela, seu ódio aumentara ainda mais – Ranço.

— Tente não ser uma vadia para a coitada. – ri fraco, e ela olhou-me com cara de tédio.

— Só de pensar que talvez ela seja nossa patroa ano que vem, já tenho vontade de morrer. Prefiro trabalhar mil anos na Clínica do que receber ordem daquela maldita. – disse com raiva, fazendo-me rir mais alto.

— Sim, Dra. Grey. Não, Dra. Grey. É claro, Dra. Grey. Desculpe-me por nada, Dra. Grey. – fiz uma voz fina, zombando. A morena enfiou o dedo na garganta e fingiu uma ânsia de vômito, enquanto eu gargalhava da cena.

— Para a infelicidade de vocês, eu realmente estou pensando em ficar. – falou Meredith, sorrindo ironicamente enquanto nos observava. Eu tinha me esquecido completamente que ela frequentava aquele local, e que teria chances de ela estar ali – Você deveria me seguir, Bailey odeia atrasos. – encarou Rebecca e virou as costas, deixando o lugar.

Eu e a jovem nos detemos a trocar olhares de quem foi pego no flagra, e ela seguiu a loira. Ri inconformada e neguei com a cabeça, voltando a olhar para meu armário.

— Vocês deveriam se certificar de que a pessoa da qual vocês estão debochando não está no mesmo cômodo que vocês. – afirmou Jackson, rindo fraco – Vamos, Sloan deve estar nos esperando.

Acompanhei-o no riso, um pouco sem graça, e saí dali com ele, à procura de Mark. Logo o encontramos encostado no parapeito da ponte que cortava o hospital, encarando as grandes janelas de vidro. Como sempre, a chuva caía lá fora, e o clima já estava bem mais frio do que o usual, afinal já estávamos no final do ano.

— Hey. – Avery chamou a atenção do cirurgião, que parecia pensativo.

— Olá, companheiro. – virou-se para ele, e depois para mim – Temos uma candidata a futura participante do Pelotão da Plástica? – mediu-me com o olhar, e eu franzi o cenho.

— O que é “Pelotão da Plástica”? – indaguei, trocando olhares com os dois.

— É como nos autodenominamos. E como meu melhor residente vai finalmente sair do casulo e se tornar uma talentosa borboleta cirurgiã plástica, eu preciso de um substituto ou uma substituta. Está interessada? – explicou, e ergueu uma sobrancelha, deixando-me sem resposta.

— Eu... não sei, talvez. Plástica ainda está no páreo. – respondi, pisando em ovos. Aquilo parecia mais sério do que realmente era.

— Vamos mostrar a ela o maravilhoso mundo da plástica, amigão. – Sloan deu um tapinha nas costas de Jackson, sorrindo.

— Okay. – o moreno imitou seu sorriso, e eu também forcei um, sem entender muito bem o que estava acontecendo.

— Vamos começar no pós-operatório. Sigam-me. – disse o cirurgião, partindo em direção aos elevadores. Enquanto esperávamos chegar no andar dos quartos, foi possível ouvir meu bipe disparar, e eu olhei-o curiosa. Eu não esperava ser bipada uma hora daquelas, então presumi que era algo importante. Ao checar o aparelho, arregalei os olhos, surpresa. Por aquela eu não esperava.

— Eu não poderei participar das visitas com vocês, sinto muito. Um paciente meu da fila do transplante deu entrada na Emergência passando mal, eu preciso ir. – virei-me para os dois homens, que olharam-me desconfiados.

— Que droga, Scofield. Encontre-nos quando for possível. – afirmou Sloan, e eu assenti, enquanto apertava freneticamente o botão para o elevador parar.

Saí logo no andar da Emergência e apressei-me, procurando por aquele rosto que eu ansiava tanto por ver. Provavelmente as coisas seriam estranhas logo de cara, pois nossa última conversa tinha sido bastante intensa. No entanto, eu tentaria ser o mais profissional possível, afinal ele era meu paciente e precisava de mim.

Depois de passar rapidamente por alguns leitos, finalmente encontrei-o, juntamente com Hunt, que já fazia os primeiros exames.

— O que aconteceu? – questionei, encarando o homem que ocupava mais da metade de meus pensamentos, diariamente. Por um momento, nossos olhos se encontraram, e eu pude sentir sua dor através deles, o que fez meu coração apertar. Seus olhos azuis tiraram-me o fôlego, e senti minhas pernas bambearem levemente. Foi aí que comecei a duvidar de minhas capacidades de ser totalmente profissional com ele.

— Eu não sei... Eu comecei a urinar sangue, e hoje acordei com muita dor. – respondeu finalmente, parecendo desesperado.

— O estado dele está piorando, vou leva-lo para um CT abdominal para confirmarmos a situação. – falou Owen, fazendo sinal para que a equipe de enfermeiros levassem-no.

— Onde está Kathleen? – perguntei, procurando a mulher com o olhar.

— Ela passou mal e foi levada para fazer alguns exames também. – disse o ruivo, enquanto escrevia algumas coisas do prontuário de Ronan – Pode ir com eles para a Sala de Exames, logo eu vou para lá. Bipe Bailey e diga que está lá.

Concordei com a cabeça e segui a maca do homem, enquanto mexia em meu bipe. Apressei o passo para alcança-los, e fiquei observando a realização do exame, encostada na parede de frente para o vidro que separava aquela sala da máquina. Fiquei mordiscando minhas unhas, nervosa, imaginando um milhão de cenários. Já estava prestes a ligar na UNOS para exigir um rim para ele, mesmo sem saber como estavam os danos.

— O que houve? Bailey mandou-me para ver o que era. Ela está em cirurgia. – indagou Rebecca, e eu tentei disfarçar meu nervosismo, afinal ela não sabia do que eu tinha com aquele paciente.

— Diga a ela que Ronan O’Kelleher deu entrada novamente passando mal, e espere aqui para ver o resultado do exame e já contar a ela também. – respondi, um pouco tensa.

— Esse é aquele paciente, não é? – enfatizou a palavra “aquele”, sugestivamente. Eu sabia que ela desconfiava de tudo, porque ela vira nosso quase beijo alguns meses antes.

— Que paciente? – questionei, fingindo inocência.

— Não se faça de boba. Eu sei que aí tem alguma coisa. – rebateu, olhando-me desconfiada.

— Eu não sei do que você está falando. Você está alucinando. – neguei com a cabeça, dando meu melhor na atuação.

A morena abriu a boca para dizer alguma coisa, mas graças a Deus foi interrompida por Hunt, que adentrou a sala rapidamente.

— O que temos? – perguntou, encarando a tela do computador.

— Aqui está. – disse o moço que trabalhava ali, e eu me aproximei também.

— O que você vê? – indagou, testando-me.

— Vejo desgraça. – respondi sem pensar, e o homem olhou-me surpreso – Está realmente ruim, o rim direito dele está totalmente comprometido, e o esquerdo está próximo de parar também. Eu não sei quanto tempo ele vai aguentar, mas eu acho que devemos ligar para a UNOS. – voltei-me para o cirurgião, que assentiu.

— Você está certa. Ligue para a UNOS e tente conseguir um rim. – afirmou, e eu concordei com a cabeça – Onde está a Bailey?

— Ela está em cirurgia, e me enviou para ver o que está acontecendo. – falou Rebecca.

— Diga a ela que... – Owen começou a falar, mas a jovem cortou-o.

— Eu ouvi, não precisa explicar. Eu vou atualizá-la. Obrigada. – disse e saiu dali apressadamente, provavelmente querendo voltar logo para a cirurgia, o que me fez pensar no que tinha de interessante naquela operação, para ela querer voltar tão rápido para o mesmo cômodo em que Meredith Grey se encontrava.

— E eu vou fazer uma ligação. Com licença. – dei uma última olhada para Ronan antes de sair deixar o local, e segui para o balcão das enfermeiras, já pedindo para usar o telefone. Eu precisava conseguir aquele rim, ou mais uma pessoa da qual eu me importava muito iria morrer.

—-

— Você bipou? – indaguei, adentrando o quarto.

— Você acha que eu vou conseguir o rim à tempo? – perguntou, fazendo-me suspirar tristemente.

— Eu sinceramente não sei... A UNOS disse que você subiu na fila, mas ainda não é um dos primeiros. Nós vamos fazer o possível e o impossível para mantê-lo vivo até conseguirmos o órgão. Não se preocupe. – afirmei, tentando acalmá-lo.

— Não se preocupe? Sério? – retrucou ironicamente, encarando-me inconformado – Você quer que eu não me preocupe, sendo que eu posso morrer na fila do transplante? Sendo que minha carreira começou a decolar agora, e eu posso simplesmente morrer antes de conquistar qualquer coisa? Eu nem sequer tenho uma maldita família! – exaltou-se, demonstrando seu enorme desespero. Fiquei olhando-o surpresa por um tempo, sem saber muito bem o que fazer. Aquilo acabava comigo, mas eu tinha que me manter imparcial. Pelo menos fingir.

— Eu sinto muito... Muito, muito mesmo. – prendi o choro e respirei fundo, analisando sua expressão desesperada.

— Eu quero filhos, sabe... Formar uma família. – disse, e deixou uma lágrima escapar.

— Tenho certeza que você e Katlheen farão lindos filhos. – falei, sentindo o peso daquelas palavras. Tudo o que eu queria era gritar que eu queria que fosse comigo, contudo engoli as palavras, deixando-as entaladas na garganta junto com o choro.

— Você não entende... Eu não quero isso com a Katlheen. – rebateu, olhando-me intensamente – Eu vou deixa-la. – afirmou seriamente, deixando-me completamente chocada.

— O quê?! – exclamei, totalmente indignada – Você não pode...

— Eu quero isso com você. Pelo menos tentar. – encarou-me carinhosamente – Eu amo você. – disse finalmente, o que tirou completamente meu chão. Aquilo não podia estar acontecendo. Só podia ser um dos meus sonhos esquisitos.

— Mas ela é sua esposa! – neguei com a cabeça, inconformada.

— Mas eu não a amo mais. Nós mal nos tocamos mais. Eu... quero você. – falou, agora olhando-me com desejo, e esboçando um sorriso – Vamos lá, eu sei que não estou nessa sozinho. Eu não inventei tudo isso. Há alguma coisa aqui. Sua preocupação vai muito além de salvar minha vida porque é minha médica. Você se preocupa porque tem sentimentos por mim.

Fiquei calada por alguns instantes, pensando no que dizer. Minha vontade era de pular em cima daquele homem e abraça-lo com toda a força do meu corpo, e gritar o quanto eu o queria, e que ele não saía dos meus pensamentos em nenhum momento. Mas eu sabia que não podia, e mesmo meu julgamento estando abalado por tudo aquilo, eu ainda tinha um pouco de sanidade.

— Eu não posso... – balancei a cabeça negativamente e dei as costas para ele, seguindo para a porta.

— Você me ama ou não? – questionou, e eu brequei antes de sair, refletindo se deveria responder ou não – É uma pergunta simples, de sim ou não. – continuei em silêncio e de costas, totalmente confusa – Responda! – pressionou, fazendo-me ceder.

— Sim! – praticamente gritei, virando-me bruscamente – Mas eu não posso fazer isso. Você é casado, e é meu paciente. Isso quebra um milhão de regras tanto morais quanto éticas, então eu não posso. Você não sabe... – ri inconformada, evitando o contato visual – Eu penso em você toda hora. Eu sonho com o dia que poderei tocá-lo sem culpa nenhuma, e me sinto uma pessoa horrível por isso. – confessei – Você me bagunçou inteira, Sr. O’Kelleher. – finalmente olhei-o, completamente entregue.

Ficamos quietos por um tempo, apenas nos encarando. Ele sorria bobo, demonstrando felicidade em um momento tão crítico. Ambos estávamos absorvendo as informações ditas ali, que eram muito complexas.

— E se eu não fosse mais casado? Um problema a menos. – sugeriu, e eu ri fraco.

— Você não pode...

— Legalmente, é claro que posso. Só preciso de um advogado, e em poucos dias isso será resolvido. Agora a parte de você ser minha médica... Eu só preciso sarar. – deu de ombros, como se fosse simples.

— Você está viajando... – neguei com a cabeça.

— Eu falo sério. Se você disser que vamos ficar juntos, eu peço o divórcio. É com você, agora. – afirmou seriamente, e eu considerei se queria mesmo ser o pivô do término de um casamento.

— Eu não quero ser uma destruidora de lares...

— Não se pode destruir o que já está destruído. Meu casamento já era. Kathleen sempre foi minha melhor amiga, mas nunca meu amor verdadeiro. Nós nos casamos por pura pressão. Eu nunca a amei de verdade, não da forma que amo você. Então por favor... Diga que ficaremos juntos. – ele pareceu sincero, o que fez meu coração amolecer.

— Nós ficaremos juntos. – cedi, soltando o ar que estava preso em meus pulmões – Mas só teremos qualquer contato íntimo, depois do divórcio oficializado. – estabeleci, e mesmo assim ele manteve o grande sorriso no rosto.

— Eu sabia... – falou alegremente – Conversarei com Kathleen e meu advogado o mais cedo possível.

— Okay... – sorri também.

— Okay... – riu fraco, encarando-me no fundo dos olhos, radiante.

— Agora eu preciso ir sabe... Eu trabalho aqui. – dei de ombros – Vejo você mais tarde.

— Eu te amo. – afirmou, com sinceridade na voz.

— Eu também te amo. – sussurrei, olhando em volta para ver se ninguém nos observava – Tchau. – despedi-me e saí logo de uma vez da sala, ainda sem entender direito o que acabara de acontecer. Minha ficha ainda não caíra.

Continuei andando pelo corredor, completamente sem rumo. Minha cabeça estava nas nuvens. Eu sentia que finalmente algo bom estava acontecendo em minha vida, e que a partir dali eu seria feliz de novo. Não que eu precisasse de um homem para me trazer felicidade, mas uma boa vida amorosa me ajudaria.

— Scofield? – chamou uma voz masculina, e eu virei-me bruscamente para ver quem era. Eu passara por Mark sem ao menos notar sua presença, pois meus pensamentos estavam em outro lugar totalmente diferente.

— Ah, aí está você. – tentei disfarçar, sorrindo forçado – Eu estava te procurando.

— Tudo bem com seu paciente? – perguntou, aproximando-se de mim.

— Tudo ótimo. – respondi de forma exagerada, arrancando um olhar desconfiado do homem.

— Viu um passarinho verde, Claire? – questionou ironicamente, enquanto caminhava até o elevador.

Detive-me a dar de ombros e rir sem graça, esperando ao lado dele.

— O dia está lento hoje, sinto muito. Acho que vai ter que ficar para a próxima aquele negócio de te mostrar o “maravilhoso mundo da plástica”. – disse, quebrando o silêncio um pouco constrangedor que se formara.

— Tudo bem, ainda falta uns 2 anos para eu realmente ter que decidir, então temos tempo. – falei, sorrindo simpática.

— É, você está certa. – concordou, e ficamos quietos novamente.

As portas finalmente se abriram, revelando a figura de Derek Shepherd. Nós dois adentramos o elevador, e Sloan apertou o botão do andar para o qual iríamos.

— Como está Julia? Já a engravidou? – indagou Derek, com uma pitada de deboche.

— Estava pronto para isso, mas a Lexie... – respondeu o homem, dando um suspiro – ... disse que me ama. – completou, com cara de culpado. Eu encostei-me na parede do fundo e arregalei os olhos, apenas observando a conversa.

— Oh... O que você respondeu? – o outro médico ergueu as sobrancelhas, também surpreso.

— “Obrigado por sua sinceridade”. – afirmou o cirurgião plástico, parecendo um pouco constrangido.

— “Obrigado por sua sinceridade”? – questionou Shepherd, indignado.

— O que eu devia fazer? – rebateu Mark, na defensiva.

— Não sei, beijá-la? – respondeu o neurologista, um pouco sarcástico.

— Julia está em uma conferência, eu não sou um traidor. – falou, e o outro olhou-o com cara de descrença – Geralmente. – tentou consertar – Eu devo às duas... Não quero estragar tudo, está bem? A Julia quer me dar tudo o que eu quero, mas estou apaixonado pela Lexie, que não quer nada do que eu quero... – explicou, mas foi interrompido pelo abrir das portas.

Demos de cara com Lexie Grey, e não aguentei mais segurar o riso que prendia com tanto esforço. Soltei uma risadinha, e tampei a boca com a mão, numa tentativa de reprimir o som. Aquilo tinha tudo para ser a cena mais constrangedora do mundo, até mesmo para mim, que não tinha nada a ver.

— Dr. Shepherd. Dr. Sloan. – disse Grey, parecendo surpresa.

— Dra. Grey, entre. Há bastante espaço. – convidou Derek, com um pouco de ironia, enquanto o outro homem a encarava intensamente.

— Eu ia mesmo atualizá-lo sobre os médicos de Boise, mas já que os dois estão aqui, vou apenas lhe entregar, assim eu posso... – começou a falar, aparentemente nervosa, e virou-se rapidamente para a porta, sendo interrompida pelo fechar delas – ... sair. – suspirou, vencida.

Ficamos alguns segundos em um silêncio extremamente embaraçoso, e Shepherd fez um sinal com a cabeça para seu amigo, como se mandasse ele falar alguma coisa para a jovem. Mark fez uma cara de quem não sabia o que fazer, até que finalmente as portas se abriram novamente. Os três ameaçaram sair do elevador ao mesmo tempo, imprensando a moça entre os dois homens.

— Não, podem ir. Eu vou ficar. – disse Lexie, brecando e dando um passo para trás. Contornei-a e dei um sorrisinho malicioso, juntando-me a eles do lado de fora.

— Lexie, sobre aquela outra coisa? Não pense que eu esqueci o que você disse. Só preciso digerir, entende? Preciso pensar um pouco. – afirmou Sloan, parecendo nervoso.

— Okay. – a médica riu sem graça, enquanto as portas se fechavam.

— Pena que Meredith e eu vamos nos mudar para Boston. Vou sentir falta disso. – ironizou Derek, tomando outro caminho em seguida.

Ergui as sobrancelhas e tentei fazer cara de paisagem, sem muito sucesso. Minha vontade de rir transparecia em minha expressão, mesmo tentando disfarçar e evitando contato visual com o homem.

— O que? – indagou incomodado, notando meu rosto, que provavelmente estava vermelho.

— Nada. – neguei com a cabeça, não sendo muito convincente.

— Tem um segundo? Não sei o que fazer em relação a Tulane. – falou Jackson, aparecendo do nada – E há outra coisa que aconteceu durante a prova, e tudo isso está me enlouquecendo... – continuou, mas foi totalmente ignorado por Mark, que apenas continuou andando, aparentemente pensativo. O rapaz ficou parado com o cenho franzido, observando-o afastar-se, sem entender nada.

— Lexie. – afirmei, e aquela palavra pareceu fazer todo o sentido para ele.

— Está explicado. – bufou, aparentando estar frustrado – Meninas... – negou com a cabeça, e seguiu para o caminho oposto.

Fiquei parada e olhando para os lados, sem saber quem deveria seguir. Como Mark era meu Atendente, disparei na direção em que ele havia ido, na tentativa de alcança-lo.

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Sentei-me na mesa onde estavam Anastasia e Diego, colocando minha bandeja sobre ela logo em seguida. Os dois conversavam sobre alguma coisa, mas pararam ao me verem.

— Hey, Claire. – a loira cumprimentou, sorrindo.

— Oi. – disse o rapaz, acenando com a cabeça.

— Olá. – sorri e comecei a tirar os talheres da embalagem – Sobre o que estavam falando?

— Sobre os residentes que vão começar a especialização. Eu ouvi falar que a maioria pretende ir embora. – afirmou Gomes.

— Eu ouvi o Derek dizer que ele e Meredith vão para Boston. Rebecca vai ficar feliz. – falei, dando a primeira garfada em minha comida.

— Estranho... Eu ouvi uma conversa entre a Cristina e a Meredith, e aparentemente ela pretende ficar. – Lewis fez cara de dúvida, e nós dois também.

— Aí eu não sei... – dei de ombros.

— Eu duvido que a Yang fique. Os rumores são de que ela recebeu várias propostas, então acho difícil ela optar justo por Seattle. – o jovem falou, enfiando uma batata frita na boca logo em seguida.

— Pelo menos eles passaram na prova, e a Kepner quem nem isso fez... – disse Anastasia, com uma pitada de deboche.

— Coitada, eu fiquei com pena dela... O pior é que ela parecia saber o que estava fazendo aqui no hospital, mas deve ter dado um branco ou sei lá o que na hora. – afirmei, realmente comovida pela reprovação da ruiva.

— Ela é irritante. – Diego revirou os olhos.

— Como será que vai ser na nossa vez? – indaguei, pensativa. Eu não conseguia me imaginar saindo de Seattle, afinal vivera a vida toda ali. Mas, se aparecesse alguma boa oportunidade, eu poderia considerar.

— Sei lá, só sei que não pretendo criar raízes aqui. Se pintar alguma coisa melhor, eu caio fora sem remorsos. – o médico deu de ombros.

— Nem vai sentir minha falta? – a loira pareceu magoada, fazendo seu amigo rir-se.

— É claro que vou, mas duvido que você fique aqui também. – o rapaz negou com a cabeça.

— Eu ainda estou tão confusa sobre o que escolher. – franzi o cenho, suspirando.

— Eu também... – a moça também suspirou, fazendo um biquinho.

— Eu não. Estou quase decidido a seguir Plástica. – o homem disse com firmeza.

— Mas você me disse, no começo do ano, que Cardio era sua área. – ergui uma sobrancelha, sorrindo ironicamente.

— Ah, eu mudei de ideia. – pegou mais uma batata.

Ficamos algum tempo em silêncio, e eu podia apostar que todos estavam imaginando como seria em nosso ano de decisão. Eu realmente não tinha ideia do que fazer, e não conseguia me imaginar em uma vida que não fosse aquela de residente. E, com a declaração de Ronan, as coisas poderiam estar mais diferentes ainda, então tudo estava incerto.

— Eu sinto falta da Rebecca. – falou Lewis, quebrando o silêncio.

— Eu também. – Gomes pareceu um pouco triste – Vocês estão se falando? – perguntou para mim.

— Mais ou menos. Estamos tentando voltar ao normal. – respondi, suspirando.

— Vocês acham que ela e o Roger têm futuro? – questionou a moça, mexendo em sua salada com o garfo.

— Eles parecem bem firmes. – afirmei, dando de ombros.

— Ele é legal. – disse o jovem.

— Sim... – a residente concordou, e voltamos a ficar calados.

O que quebrou nosso silêncio dessa vez, foi meu bipe disparando. Olhei-o rapidamente, torcendo para ser Ronan, mas fiquei decepcionada ao ver que era Sloan. Bufei e guardei o aparelho, voltando a olhar para meus colegas.

— É o Sloan, tenho que ir... Até mais. – despedi-me e levantei da mesa, levando minha bandeja comigo.

— Tchau. – disseram uníssonos.

Deixei a bandeja no refeitório e segui para a Emergência, onde encontrei Mark e Jackson trabalhando em uma moça.

— Hey, Claire. Junte-se a nós. – chamou o cirurgião plástico, e eu aproximei-me – Olhe para isso. – apontou para um monitor, que mostrava uma imagem de ultrassom. Franzi o cenho tentando entender o que via, e quando comecei a ter uma ideia, tombei a cabeça para o lado, surpresa com a imagem.

— Isso são... – comecei, mas logo Avery cortou-me.

— Vermes. – disse o moreno, confirmando minhas suspeitas.

— O “maravilhoso mundo da plástica”. – Sloan sorriu orgulhoso, e voltou a olhar para a paciente – Marion, o ultrassom mostra que o verme entrou mais no tecido, mas ainda devemos conseguir tirá-lo daí. – explicou, enquanto aplicava uma anestesia local sobre o verme, que ficava aparente sob a pele branca da mulher. Fiquei observando atentamente, maravilhada.

— Jake pode morrer ou ficar em uma cadeira de rodas o resto da vida. Eu é que insisti em ir à Tailândia. Fico tentando transformá-lo em outra pessoa. Acho que cometemos um erro. – falou a mulher, expressando claramente culpa em sua voz e seu rosto. Sua fala chamou a atenção de nós três, que a olhamos curiosos. Creio que a cada um aquilo atingira de uma maneira, mas o que ela dissera havia me feito pensar: será que eu estava transformando Ronan em outra pessoa, e cometendo um erro?

— Como assim? – indagou Jackson, com o cenho franzido.

— Como sabe que foi um erro? – questionou Mark, imitando a expressão do outro.

— Não sei porque sempre voltamos a ficar juntos. Somos as mesmas pessoas, mas esperamos um resultado diferente. Essa não é a definição de loucura? – disse a paciente, deixando-nos perplexos.

— Ou amor. – Sloan deu de ombros, parecendo na defensiva – Às vezes há uma faísca.

— Talvez você ache que há uma faísca, mas só aconteceu uma vez, então não tem certeza e não há tempo para descobrir porque você vai se mudar para outro estado. – contestou o residente, pensativo.

— Ou você acha que há uma faísca, mesmo não tendo acontecido nada porque é eticamente errado e ele é casado. – soltei, querendo participar da conversa. O mais velho nos entreolhou com um olhar de julgamento, desconfiado. Um silêncio tenso reinou entre nós, acompanhado de uma troca de olhares um pouco intensa.

— Vamos tirar esse verme logo? – Marion chamou nossa atenção, encarando-nos sem entender.

— Okay. – concordei, quebrando o contato visual com os homens.

— Certo. Vamos lá. – falou Avery, virando-se para a bandeja de materiais.

— Prepare a irrigação. – ordenou Mark, com certo ar de constrangimento.

—-

O resto do dia passou-se normalmente, sem muitos acontecimentos relevantes. O hospital ficara um pouco vazio, pois alguns médicos haviam ido viajar para se apresentarem sobre um caso de separação de gêmeos siameses.

No entanto, tudo o que eu conseguia pensar era no Ronan. Será que eu finalmente ia conseguir? Aquilo não parecia real. No fundo, eu sentia um pouco de culpa, mas o êxtase tomara conta da maior parte de mim, então eu deixava os sentimentos ruins de lado.

A noite estava caindo, e meu dia de trabalho finalmente estava chegando ao fim. Antes de me trocar, segui para o quarto de Ronan, curiosa para saber em que pé estávamos. Ao aproximar-me, avistei pela janela duas pessoas dentro do quarto. Eram meu paciente e sua esposa. Aquela imagem fez meu corpo gelar, e meu coração foi a mil. Será que ele pediria o divórcio ali?

Encostei-me no balcão das enfermeiras e fiquei assistindo à cena, tentando disfarçar minha ansiedade. Os dois pareciam ter uma conversa bastante intensa, e suas expressões eram sérias. Eu não estava conseguindo decifrar o clima que estava formado lá dentro, o que quase me matava mais ainda.

De repente, algo totalmente inesperado aconteceu. Katlheen abriu um grande sorriso, enquanto Ronan a olhava com os olhos arregalados. A mulher beijou-o e abraçou-o, fazendo o mesmo esboçar um sorriso, sem tirar a expressão de surpresa do rosto. Franzi o cenho e continuei encarando os dois, sem compreender o que estava acontecendo. Aquela definitivamente não seria uma reação de quem acabou de pedir o divórcio.

Em um impulso, segui até a porta do quarto, pisando duro. Minha cabeça estava fervendo, e um milhão de perguntas se formaram nela. Eu não fazia ideia do que estava acontecendo, mas sentia que as coisas não estavam muito boas para mim.

— Com licença, eu posso ajudar em alguma coisa? – indaguei, parando de frente para eles dentro do quarto. Cruzei os braços e tentei fingir não estar furiosa, mas não sei se obtive muito sucesso.

— Claire! Você chegou bem na hora das boas notícias! – exclamou a loira, virando-se para mim com um sorriso de orelha a orelha – Eu estou grávida! Ronan e eu vamos ser papais! – finalizou, e aquelas palavras foram como tiros em mim. De repente, meu chão desapareceu totalmente. Aquela velha sensação de estar embaixo d’água voltou. O ar sumiu de meus pulmões. Tudo o que eu podia pensar era: por que comigo? Ou melhor: por que não comigo? Por que as coisas simplesmente não podiam dar certo para mim?

Abri a boca para falar, mas não sabia o que. Tentei retomar o fôlego, mas minha garganta estava entupida. Finalmente olhei para Ronan, que encarava-me com cara de culpado. Ele provavelmente estava feliz, mas ao mesmo tempo não estava. Engoli em seco, na tentativa de voltar a mim, e virei-me para a mulher, forçando um sorriso.

— Parabéns, vocês terão uma bela criança. – falei, da forma menos artificial que consegui – Eu... preciso ir. – apontei com o dedão para trás, querendo fugir dali o mais rápido possível – A gente se vê. E parabéns, de novo. – assenti e deixei o quarto, prendendo as lágrimas para que ninguém desconfiasse.

— Claire? – chamou uma voz feminina, e eu virei-me para ver quem era. Reconheci o rosto de Rebecca, que olhava-me aterrorizada. Será que mais alguma coisa acontecera? – Você ouviu falar? – perguntou, deixando-me mais preocupada. Franzi o cenho e simplesmente neguei com a cabeça, sem condições de falar – O pessoal que foi viajar não chegou ao destino ainda, coisa que já era pra ter acontecido há horas. O avião deles está desaparecido.

Continuei encarando-a, sem reação. O avião tinha caído? Eles estavam mortos?

Não se mede sofrimento. Cada pessoa sente as coisas de uma forma. A dor vem de maneiras diferentes para a pessoa. Mas o sofrimento é inevitável. A vida nos traz e nos tira várias vezes. Mas lembre-se: tudo é passageiro.


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Notas finais do capítulo

Primeiramente, vamos falar sobre o capítulo. O que acharam? Quando a Claire pensou que ia dar tudo certo, acabou ficando pior kkkkk e estão preparados para a morte do nosso queridíssimo Slexie? Porque eu nunca estou ;-;
Agora, vamos às despedidas. Obrigada a todos que me acompanharam aqui durante esse ano! Cada comentário, cada recomendação, cada favorito, cada acompanhamento e até mesmo cada visualização, fizeram meu 2017 mais feliz! Vocês todos foram parte muito importante do meu ano, e espero tê-los marcado de alguma forma também (boa, de preferência). E eu desejo a todos vocês, meus leitores queridos, um ótimo final de ano, e que 2018 traga-os muitas e muitas coisas boas. Que vocês tenham forças para batalharem por aquilo que desejam, e consigam conquistar tais coisas. Tenho um carinho enorme por vocês. E que venha mais um ano de Claire’s Anatomy!
Vejo vocês em 2018. Beijos! Feliz Ano Novo adiantado!