Torre Stark, 08:35 pm

—Você foi irresponsável. – o milionário andava de um lado para o outro tentando se manter calmo. Depois de toda aquela confusão com Joseph Kane, ele não estava nada feliz. Elisabeth olhou para o pai com as sobrancelhas arqueadas e soltou uma gargalhada irônica.

—Eu fui irresponsável? Você quase matou uma pessoa, Tony!

—Você quis dizer "Você quase foi morto, Tony". – disse Tony numa tentativa falha de imitar a voz da garota.

—Que história é essa, Tony?- Pepper se pronunciou confusa.

—Não se mete!- disse os dois em uníssono, o que deixou a senhorita Potts aos nervos. Ela abriu e fechou a boca tentando buscar palavras, mas desistiu quando viu que os dois trocavam faíscas entre si.

—Você só tem 16 anos, Elisabeth! – a adolescente rolou os olhos.

—Do que você esta falando? Não é você quem constrói trajes para um adolescente do Queens salvar o dia?! – tentou reverter a situação.

—Armadura. –corrigiu Tony. –A nova atualização é uma armadura. – disse o Stark se vangloriando.

—E você ainda diz "Você só tem 16 anos, Elisabeth"- imitou os gestos do pai.

—CHEGA, VOCÊS DOIS!- gritou Pepper o que fez os dois olharem pra ela assustados. –Você!-apontou para a garota- Não devia ter saído sem autorização do seu pai, muito menos para uma missão suicida. - virou-se para o milionário - E você! - encarou o homem com tanta raiva que parecia que estava prestes a matar-lo, bem...é quase isso.- Você enlouqueceu? Quase matou alguém, quase foi morto e mentiu pra mim! O que estava pensando, Tony? – a Cabe observava silenciosa.

—Relaxa amor, que tal um gim?- disse Tony abrindo a garrafa de gim e servindo dois copos.

—Me da isso aqui, - pegou copo da mão do homem- mas isso não quer dizer que eu não esteja mais brava.

—Sabem de uma coisa? Eu vou para o meu quarto, pelo menos os meus bichos de pelúcia não tentam matar meus amigos! – o homem rolou os olhos, de novo a mesma história.

—Ela era uma ameaça! – lembrou Tony.

—Então é assim?! Sempre que alguém for uma ameaça pra você, é morto? – cerrou os olhos e cruzou os braços em uma pose autoritária.

—Esse é o meu trabalho.- disse como se fosse a coisa mais lógica que existe.

—Você é nojento, Tony. – sorriu ironicamente, o homem pareceu não se importar.

—Já chega pirralha, você esta proibida de sair daqui até segundas ordens.- a garota olhou para ele desacreditada, além de ter que suportar-lo ela estava presa? –Com exceção da escola, é claro.

—Escola? Que escola? Todos acham que estou morta. – Tony a encara.

—Eles devem estar bem felizes.- provocou.

—TONY!- repreendeu Pepper

—Porquê?- a garota ignorou totalmente a provocação de Tony, ela queria evitar brigas.

—De eles estarem felizes? – a garota o encarou com uma cara de pouco amigos – Ah claro, o porquê de você ir pra escola? – a garota assentiu – Porque você é uma adolescente e...

—Tenho o QI mais alto da escola, se duvidar até do estado.- Tony soltou uma risadinha e se sentou ao lado de Pepper que já desistira de tentar amenizar a situação.

—Você pode ter o QI mais alto do universo, mas vai ir pra escola de qualquer forma. – ela bufou e foi em direção ao seu quarto.

—O ônibus da Midtown High School sai às 07:50.- gritou Tony.

—O que?!- a garota saiu do quarto desesperada. – Porque o Happy não pode me levar? – perguntou incrédula.

—Porque não podemos levantar suspeitas de quem você seja. – a garota respirou fundo e foi em direção ao seu quarto mais uma vez e pode se ouvir um "Você me paga, Tony" no corredor.

Midtown High School, 08:45am

—Atrasada! – Peter estava encostado em uma pilastra com cara de sono e com o cabelo bagunçado, mas estava um tanto quanto charmoso para a Cabe.

—Oi pra você também Parker. – inclinou a cabeça e sorriu debochadamente.

—Nossa aula de química começou há exatos – olhou para o relógio - quinze minutos atrás.

—Espera aí, nos temos aula de química juntos?- perguntou enquanto caminhava ao lado do garoto.

—Todas as aulas, na verdade. – ele não sabia se ele aguentaria conviver todo santo dia com a garota, mas no fundo estava gostando, não tinha como negar.

—Isso é coisa do Tony, né?! – disse se posicionando aterrorizadamente perto de Peter.

—Vamos, depois da aula quero te apresentar umas pessoas. – disse Peter puxando a garota pela mão.

—Nossa, você tem amigos?-disse Lizzie fazendo uma falsa expressão de surpresa.

—Olha quem fala, sua única amiga é a chave de fenda na sua mochila. – os dois não perceberam, mas ainda estavam de mãos dadas.

—Peter,você ta atrasado e... tem uma namorada?- disse o amigo do garoto espantado, o que fez os dois corarem e largarem as mãos.

—N-não, essa é minha amiga, Elisabeth. Elisabeth Cabe. – Lizzie sorriu e estendeu a mão.

—Mas pode me chamar de Lizzie. – Harrison a cumprimentou retribuindo o sorriso.

—É um prazer Lizzie! Me chamo Harrison Osborn, mas pode me chamar de Harry.

—O prazer é todo meu, Harry.

—Porque quando a gente se conheceu você não foi educada assim?

—Porque você não mereceu, bocó.

—Mas é um poço de educação. – a garota mostrou a língua pro amigo e entrou na sala.

—Não é namorada, né?! – disse Harrison sorrindo maliciosamente, que recebeu uma virada de olhos como resposta. Eles entraram na sala e viram Lizzie ser parada pela professora, boa coisa não era.

—Você deve ser Elisabeth Cabe,-sorriu para a garota que retribuiu - está atrasada.- a mulher fechou a cara.

—Me desculpa,-olhou em uma pequena placa de metal o nome da professora- Srta. Magguine. –disse se sentando ao lado de Peter e Harrison.

A garota não conseguia parar de pensar em quanto queria sua antiga vida de volta, sentia saudades até mesmo da April. A April! Há quanto tempo ela não vê a melhor amiga?! Mas como Tony disse, ela não pode levantar suspeitas. A garota odiava aquilo com todas as forças, estar com Peter era a única parte do dia que parecia ser normal. Ela passou a aula inteira fazendo cálculos e desenhos para novos projetos e protótipos pessoais, sua falta de interesse na aula de química foi percebida por alguém em especial.

—Senhorita Cabe, qual são os dois isótopos naturais do cloro? – perguntou a Srta. Magguine desafiadora.

—Essa é fácil, são os –ela olhou pra Peter e ele fez um pequeno movimento com a cabeça em negação, ela sabia que precisava preservar o seu disfarce. - ... E-eu não sei, me desculpa.

—Eu não posso aceitar suas desculpas sempre, Srta Cabe. – a garota fez uma careta imitando a professora quando estava fora de seu alcance visual, o que fez os garotos rirem.

Quando o sinal do intervalo tocou Lizzie agradeceu por não ter que olhar para a cara da Srta. Magguine pelo resto do dia.

— Aquela mulher é assim sempre? – perguntou a Peter enquanto trocava os livros no armário. Quando o fechou deu de cara com um garoto loiro e alto que usava uma jaqueta com um grande "M" vermelho em seu peito, parecia ser do time de Baseboll.

—E aí, gatinha?- disse o garoto apoiando o cotovelo no armário ao lado do da garota.

—E aí, grandão? – respondeu com uma das sobrancelhas levantada.

—Que tal almoçar comigo?

—Desculpa aí grandão, acontece que eu tô com o nerd. – disse colocando o braço sobre o ombro de Peter.

—Com o Parker? Você tá falando sério? – a garota lançou-lhe um sorrisinho.

—E-ela não é minha... quer dizer ela...- Peter tentou se pronunciar, mas logo foi interrompido.

—O Parker tem uma namorada? E ela ainda é bonita? O que ta acontecendo?-disse o Loiro pensando alto.

—Você ta me devendo uma. – disse a garota enquanto dava um soquinho no ombro do rapaz.

Um estrondo foi ouvido, portas e janelas de vidro se espatifaram, todos se abaixaram tentando se proteger. Alguém havia destruído o telhado do prédio principal da escola.

— Você esta bem? – perguntou Parker que recebeu um acenar de cabeça em confirmação. Logo estendeu a mão para ajuda-la a levatar.

—Parece que o encontro de amigos imaginários do Parker vai ter que ficar pra outra hora. – disse a garota que lançou a mochila do garoto em seu braços.

—Vamos lá Homem Aranha, eu sei que você esta aqui. Apareça ou sofrera as conseqüências. – disse o mesmo alguém que destruiu quase todo o prédio principal.

—Não tem como o meu dia ficar melhor.- disse o garoto irônico.

—Pronto pra ação?- Peter revirou os olhos e a levou para uma sala vazia.

—Não saia daqui em hipótese alguma.

—Mas...- tentou argumentar mas o garoto aranha já tinha saído dali.

—Que maravilha!- antes mesmo que a garota tentasse sair dali viu Peter entrar em ação pela janela de vidro ao seu lado, a janela permitia que a garota tivesse uma vista bem clara de seu suposto amigo combatendo um cara que parecia ser um pássaro.

— Nada temam, o Aracnídeo chegou!