Quando completei meus nove anos, pela primeira vez, ouvi falar sobre minha família, minha família inteira, meus avós maternos e paternos, meus tios, amigos muito íntimos da família que eram considerados como membros da família e principalmente minha mãe e meu irmão mais velho. Eu amei saber sobre eles e mesmo que nunca os tivesse visto eu já os amava e ansiava para poder conhecer a todos um dia.
Charlotte acordou na manhã de seu aniversário com um peso nada desconfortável em cima de si. Lottie espreguiçou-se e o peso acabou caindo para o lado e soltou um miado em desagrado. Ao ouvi-la, Charlotte abriu os olhos e olhou para Dinah, que, anteriormente, estava em cima de si e agora olhava para ela indignada.
— Me desculpe, Dinah, não foi minha intenção acorda-la desse jeito. – Lottie desculpou-se, sentando-se na cama e pegando a gata para pôr em seu colo. Dinah bocejou preguiçosamente quando Charlotte acariciou-a.
Dinah era uma gata inteligente, até demais, o que surpreendia a todos na Jolly. Ela parecia entender o que era lhe falado, como se ela fosse um ser humano e não uma gata. Dinah esfregou a cabeça na mão de Charlotte, cumprimentando-a, da sua forma, dizendo-lhe “bom dia” e talvez algo mais por conta de ser seu aniversário. Charlotte sorriu ao pensar nisso e retornou o carinho na cabeça da gata.
— Bom dia, Dinah. – Charlotte cumprimentou-a de volta com um grande sorriso no rosto. Não demorou muito para ouvir uma batida de leve na porta e, quando pediu para que entrasse, ela descobriu que era seu pai, ele estava sorridente.
— Bom dia, minha pequena pirata. Feliz aniversário. – Killian se aproximou dela, que ainda estava na cama com Dinah e deu-lhe um beijo na testa sentando-se ao seu lado na cama. Killian tinha algo em mãos.
— Trouxe seu presente de aniversário, querida. – Olhando-a ansioso e com um sorriso enorme, Killian entregou-a algo muito parecido com um livro, porém, não era um.
— O que é? – Lottie perguntou curiosa enquanto Dinah saiu de seu colo e sentou-se ao seu lado vago na cama.
— Nossa família. – Killian respondeu e a menina não entendeu. E ainda mantendo o sorriso, ele explicou. – É um álbum com imagens de nossa família.
Charlotte se animou consideravelmente depois disso. Sua família? Ela sabia apenas de sua mãe...
Charlotte olhou para o álbum e analisou sua capa, era dura e preta, no centro da capa havia um símbolo que lhe era conhecido. Um cisne e um gancho entrelaçados. Era o símbolo do reino de seus pais, o seu reino. Charlotte não se demorou mais e abriu-o. A primeira pintura era de seus pais, ou melhor, do casamento de seus pais. Lottie boquiabriu-se quando viu o quanto sua mãe estava deslumbrante no vestido de noiva, uma verdadeira princesa, Killian viu o olhar admirado da filha e sorriu sem mostrar os dentes olhando para a pintura de Emma.
— É... sua mãe estava deslumbrante, não tirava o sorriso do rosto, até que... – Killian ficou com a cara fechada, mostrando-se furioso.
— O senhor das trevas apareceu. – Charlotte completou, já sabendo ao que seu pai se referia, pois ele já havia lhe contado tudo que aconteceu aquele dia.
— Sim... Fico feliz em informar que consegui anima-la depois que ele se foi. – Killian voltou a colocar um sorriso no rosto, dessa vez pequeno, o qual charlotte retribuiu.
Ela abaixou os olhos e viu um pouco abaixo da pintura, na grafia que ela conhecia como sendo a de seu pai, estava escrito “Killian e Emma Jones”. Ela sorriu e passou a página. A pintura seguinte mostrava seus pais novamente, contudo, com eles estava mais uma pessoa, um menino alguns anos mais velho que ela. Sua mãe usava roupas normais de uma princesa com uma coroa enfeitando os longos cabelos loiros e seu pai estava na pintura assim como estava agora, vestido de pirata, já o garoto usava roupas como a de um príncipe, abaixo da pintura haviam nomes escritos, os nomes de seus pais e outro nome novo que ela não conhecia. Henry Mills.
— Quem é esse? – Charlotte perguntou curiosa apontando para o menino na pintura, Killian sorriu saudoso.
— Seu irmão mais velho. – Killian respondeu-a e Charlotte olhou-o de olhos arregalados completamente surpresa. – Ele é filho de sua mãe de outro relacionamento.
— Ele tem pouca coisa da mamãe. – Charlotte observou encarando a pintura do irmão avaliando-o.
— Porém, é muito parecido com ela em algumas coisas. – Killian conversou. – Pelo menos quando criança..., agora ele deve estar um rapaz, quase um adulto.
— Acha que ele já está casado? – Charlotte indagou olhando para o rosto do pai.
— Não sei..., mas, se estiver, espero que seja muito feliz. – Killian a respondeu.
— Eu também. – Charlotte falou alisando o rosto do menino na pintura antes de passar para a página seguinte, na qual havia um casal completamente desconhecido para ela, a mulher segurava a um bebê que também lhe era desconhecido. Abaixo da pintura deles, estavam os nomes “Snow White, David e Neal” e entre parênteses, logo abaixo, “os Chamings”.
— Quem são esses? – Charlotte perguntou novamente olhando para os olhos do pai.
— Seus avós, os pais da sua mãe, e seu pequeno tio, Neal.
Charlotte percebeu que eles estavam vestidos como rei e rainha e que a criança estava com uma roupa muito parecida com as que ela mesma usava quando bebê, as quais seu pai ainda guardava.
— Por que Charmings? – Questionou Charlotte, como sempre curiosa.
— É uma brincadeira de família. – Killian disse rindo, esquecendo-se de falar a filha qual era a brincadeira.
Olhando estranho para o pai, ela mudou de página e agora estava diante de si um outro casal com outra criança, dessa vez era o homem que segurava. Charlotte conhecia apenas a mulher e sorriu ao reconhecê-la.
— Regina! Quem é esse ao lado dela? E essa criança? É filho dela? – Charlotte logo perguntou, querendo saber quem eram aqueles com sua segunda mãe.
— São o marido e o enteado de Regina, querida. – Killian falou, contendo-se para não rir da agitação repentina da filha ao ver Regina na pintura.
— Não sabia que ela era casada... – Charlotte analisou o homem e o menino nos braços do homem, os nomes abaixo informavam a menina como eles se chamavam. “Robin e Roland Hood”.
— Espera, Robin Hood!? O que rouba dos ricos para dar aos pobres!? – Ela perguntou, admirada, olhava incrédula para o pai. – Regina é casada com ele!?
— Sim. – Killian respondeu, mal se contendo para não rir da surpresa e admiração da filha.
— Uau! – Charlotte voltou o olhar para a pintura da família de Regina, observando admirada.
A menina passou para a outra página, e mostrou-se outra pintura, dessa vez, uma mulher, que Charlotte observou, era muito parecida com seu pai.
— Essa é minha mãe. – Killian informou-a antes que ela lhe perguntasse, ele mantinha um pequeno sorriso que parecia ser de saudade. Charlotte arregalou os olhos surpresa ao ver o nome que estava abaixo da pintura da bela mulher “Alice Jones”.
— Ela tem o meu segundo nome! – Charlotte falou, não tirando os olhos da pintura e percebendo que tinha os mesmos olhos de sua vó, os quais seu pai também herdara.
— Foi por isso mesmo que o escolhi. – Killian respondeu. – Para homenageá-la.
— Ela está no céu? – Charlotte percebeu o sorriso de saudade de seu pai.
— Sim... eu era jovem, uma criança.
— Ela era bonita... – Charlotte constatou analisando a imagem.
— Sim..., dona de uma beleza exultante. – Killian declarou com um sorriso um pouco maior.
Charlotte passou para a página seguinte, mostrava agora outra pintura de dois homens jovens, ela olhou bem para um deles e percebeu que era muito parecido com seu pai, já o outro, ela não saberia identificar.
— É você? – Charlotte ela questionou olhando o pai nos olhos.
— Sim. E esse ao meu lado é meu irmão, Liam.
— O senhor tem um irmão? - Ela perguntou ligeiramente surpresa.
— Tinha. Ele também está no céu, meu bem, morreu quando já estávamos homens feitos... Jovens, porém, erámos homens já feitos.
— Vocês são parecidos. – Charlotte observou.
— Era o que sempre nos diziam. – Killian falou soltando uma pequena risada. Na página seguinte, havia um homem.
— Meu pai. – Killian novamente a respondeu antes que a menina perguntasse.
Nas páginas seguintes, vieram as pinturas da tripulação da Jolly Roger inteira junta, inclusive ela, Dinah, Miguel e floquinho. Além também de pinturas de sua mãe gravida dela, e outra com seu pai segurando-a ainda bebê e muitas outras pinturas ao longo de seu crescimento.
— Obrigado pelo presente, papai, eu adorei. – Charlotte agradeceu ao pai, fechando o álbum e o abraçando em frente ao peito com carinho.
— De nada, meu bem, eu achei que iria ser bom você conhecer nossa família inteira. – Killian respondeu. – Bom, pelo menos de alguma forma... Gostou mesmo, querida?
— Sim, papai. – Charlotte disse com um grande sorriso.
— Fico feliz, querida. – Killian sorriu. – Agora se vista. Logo chegaremos a ilha do aniversário e iremos começar os preparativos para a festa.
— Tudo bem, papai. – Charlotte lhe correspondeu o sorriso.
— Vamos, Dinah. – Killian falou olhando para a gata, que permanecera no mesmo lugar desde que Killian chegara ali. – Deixaremos Charlotte se arrumar em paz.
A gata o olhou nos olhos, como se tivesse o entendido e se levantou e desceu da cama de Charlotte para, em seguida, seguir Killian até o lado de fora.
Charlotte seguiu os dois com os olhos e tinha um sorriso estampado no rosto. A menina se levantou deixando o álbum na cama e dirigiu-se ao banheiro, fez sua higiene matinal e decidiu vestir hoje, como estava fazendo frio, uma blusa de botões da cor vermelha e de mangas compridas, uma calça preta justa e botas da mesma cor e de cano alto, sem salto, um sobretudo preto, o qual ela deixou aberto e um cachecol da cor vinho, cobrindo todo o seu pescoço.
Ela se dirigiu a sua penteadeira e com magia fez um penteado que fez seu cabelo ter cachos e estarem jogados em um dos ombros - os cabelos de Charlotte já estavam grandes o bastante para baterem ali - e um chapéu como uma cartola em sua cabeça. Feliz com o resultado, ela foi para o deque.
Foi muito bom conhecer minha família pelas pinturas, nunca os tinha visto pessoalmente, mas a partir daquele momento, começei a ama-los incondicionalmente. Como com o desenho de minha mãe, eu guardo o álbum até hoje com todo carinho. Sinto tanto por eu jamais poder conhecer alguns deles, pois já que haviam falecido... porém, quanto aos outros que ainda permaneciam vivos, naquela época, eu morria na ansiedade de conhecê-los algum dia.
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Mais tarde, em outro reino, muito longe dos mares de onde a Jolly Roger se localizava...
Emma olhava e sorria para a imagem de Charlotte olhando o álbum que Killian havia lhe dado de presente de aniversário mais cedo.
Estava emocionada e feliz pela ideia de Killian de dar um álbum com pinturas da família.
Nesse momento, Charlotte parou em uma pintura dela grávida sorrindo para o enorme barrigão.
— Boa noite, mamãe. – Ela ouviu a menina dizer enquanto passava uma das mãos pela pintura carinhosamente. – Eu te amo.
Emma sorriu emocionada.
— Boa noite, minha pequena pirata, eu também te amo. - Emma sorriu emocionada.
E para todo o sempre permaneceremos, mesmo que longe fisicamente, juntas.