Paixões Gregas Um amor como esperança (Degustação) escrita por moni


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem. Obrigada por tudo meninas. Amanhã tem mais.



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Pov – Alina

   Beijar, ele disse isso. Que me beijaria. Eu beijaria ele. Acho que gostaria muito. Será que ele volta mesmo? Será que vou até lá? Se não for ele disse que vai embora. Será que vai embora para sempre?

   Vai. Nem preciso pensar muito, vai pensar que não quero mais falar com ele. Caminho para casa depois de enterrar meus tesouros. Fico querendo que o Danny seja um dos meus tesouros, por que ele é tão especial.

   Meu pai me mata se descobre, me deixa sem comer para todo sempre, até eu virar esqueleto de Alina.

   Faço tudo correndo, com medo dele perceber que passei tempo demais fora. Depois eu me arrumo. Não temos chuveiro, meu pai nunca quis adaptar e me lembro do meu irmão reclamando de como nossa vida era ruim. Encho o tonel e mergulho com gosto. A água está gelada, me refresca e me sinto leve e feliz.

   Abro a gaveta ao lado da cama, meu sorriso se desfaz, não importa quantos vestidos eu tenha, são todos iguais, o mesmo corte, a mesma cor, branco e simples, por que sou pura, por que sou inocente e uma missionária. Eu sou só isso. Não posso ser mais nada. Qualquer outra coisa é feio e errado, qualquer outra coisa é pecado e vai mandar toda minha família para o inferno.

   Me visto, escovo os cabelos, penso nele, se vem mesmo, se quer me beijar e se eu quero beija-lo.

   Claro que eu quero. Só que morro de medo. Depois não sei o que faço, talvez eu pergunte, Danny responde todas as coisas e acho que ele sabe.

   ―Alina! – Derrubo a escova de cabelo de susto quando meu pai invade o quarto. – Jantar. Tenho pressa. – Ele me dá as costas e obedeço rápido.

   ―Vai sair? – Ando mentindo muito. Eu sei que ele vai, só quero ter certeza.

   ―Tenho um compromisso. Vou ver o Salvador, depois de lá vou ficar no mar. Volto ao amanhecer.

   ―Não vou junto?

   ―Ouviu bem quando o Salvador disse que tinha que ficar em retiro?

   ―Ouvi.

   Ele me olha, para de comer e fica a me olhar com atenção, finjo estar mastigando, olho para o prato remexendo a comida.

   ―Está muito corada. Não ficou andando por aí?

   ―Não. Só fui lá fora para meus afazeres. – Papai me retira o prato, não acho que seja um jejum de purificação, talvez fosse isso no começo, mas hoje é seu jeito de me castigar. Meu estômago reclama e meus olhos marejam.

   ―Mentir é o maior dos pecados. Pense nisso essa noite. Enquanto lê os manuscritos. O Salvador gasta horas a escreve-los. Pode ao menos me dizer o que está escrito lá? – Na verdade não, eu nunca presto muita atenção. Só copio metodicamente de modo tão mecânico que nem sei do que se trata. Fico olhando para a mesa agora sem o prato em silencio. Meu pai afasta o próprio prato agora vazio e se põe de pé.

   ―Você nunca peca. – Ele me olha. Espantado e mesmo assim eu continuo a olhar para ele. – Nunca faz jejum. Sempre sou eu, como se eu fosse a única impura, como posso ser uma missionária se sou tão errada?

   Eu vejo os olhos dele arderem de fúria, vejo sua expressão se transformar numa máscara de rancor e quando a mão se ergue eu sinto meu peito queimar antes mesmo do rosto. Dou um passo para trás e seguro o local do tapa, meus olhos que antes tinham lágrimas agora são como um rio.

   ―Seu irmão plantou a semente do mal em você antes de fugir. Ele não te levou, ele deixou você aqui, mesmo odiando a mim e a nosso salvador, mesmo dizendo que ele era um monstro e que lhe faria mal, ele foi sem você.

   Continuo a chorar, meu pai tem toda razão, ele fez mesmo isso, me deixou para trás e eu não sei como sair disso.

   ―Papai...

   ―As pessoas podem dizer o que quiserem. Nenhuma delas veio tirar você de mim ainda. Falam por aí, mas cadê que vem te salvar? – Ele me segura o braço e me faz olhar para ele. – Ninguém se importa. Apenas isso. Então aceite o seu destino, ele é sagrado, você foi escolhida e o sofrimento faz parte da abnegação.

   ―Sinto muito. – Ele me arrasta pelo cômodo pequeno e me deixa na cama.

   ―Não saia desse quarto até eu estar de volta ouviu? – Balanço a cabeça concordando. – O salvador vai saber da sua rebeldia, ele precisa se apressar antes que seja tarde para todos nós.

   Meu pai me dá as costas. Meu rosto queima, meu coração dói. Me deito na cama e me encolho. Como pude pensar qualquer coisa de diferente? No fim meu pai tem razão. Meu irmão me deixou, Danny acha perigoso, as pessoas falam e falam, me olham como se eu tivesse uma doença contagiosa, como se fosse louca, mas ninguém me ajuda a sair disso.

   Estou aqui. Presa a essa vida e tudo que tenho que fazer é me conformar. Talvez até seja menos ruim quando eu partir.

   ―Nunca. Nunca mais vou ver Daniel, ou meu irmão, nunca mais nada de bom vai acontecer na minha vida.

   A noite chega. Com a ela Danny, ele virá, vai me esperar um instante e depois partir para sempre, sem beijo, sem esperança, só o vazio do meu coração conformado.

   Não consigo parar de chorar de tristeza, de vergonha, disse a ele que meu pai me amava, mas não é verdade, agora eu sinto isso, ele não me ama, não ama meu irmão e nunca amou minha mãe. Tudo que ele pode amar é a ideia do paraíso.

   Talvez ele nem acredite nesse paraíso que acha que vai encontrar a custa da minha vida. Acho que ele só não consegue enxergar mais nada além disso. Está doente e está me deixando doente como ele.

   Não sei quanto tempo fico ali, deitada entre lágrimas a me lamentar da sorte. Até que lágrimas sequem. A pequena janela está aberta e um vento fresco sopra, olho para o céu e penso nele. Danny.

   Se vou mergulhar no inferno que eles chamam de paraíso quero levar algo para me lembrar dele. Quero ter ao menos uma coisa que me faça suportar as noites de dor que me esperam.

   Fico de pé. Passo a mão pelo rosto para afastar as lágrimas, por um momento eu não tenho medo, só quero vê-lo, só quero me despedir. Não quero que ele vá embora para sempre achando que não me importo.

   Abro a porta e corro. Agradeço a noite por esconder a marca em meu rosto. Uma garota como eu não tem qualquer outra coisa que possa usar para esconder a marca de uma violência como essa.

  Não calço nem mesmo sapatos, apenas corro o mais rápido que posso. Danny não está. Meu peito sobe e desce pelo esforço, mesmo assim não paro, ele esteve aqui, posso ver pelas pegadas na areia então eu corro para tentar encontra-lo antes que chegue a lancha.

   Eu o vejo caminhando junto ao mar, meu coração bate descompassado, não o perdi, ele me esperou mais do que eu achei que esperaria.

   ―Danny! Danny! – Eu vejo quando ele para de andar. Sinto alivio, meu coração ainda está descompassado quando paro de correr esperando para saber se ele vai voltar ou desistir.

   Vejo quando ele se volta, me sinto acalmar, daria tudo para ver seus olhos, queria tanto saber se está feliz, talvez esteja mesmo é bravo, eu demorei tanto que aposto que veio dizer que não vai mais ficar.

   Fico segurando a saia, torço o vestido um tanto ansiosa e quase arrependida quando ele vem caminhando de volta em minha direção.

   Não sei nada como agir. Mesmo assim espero. Só penso que pode ser a última vez. Então eu espero.

   ―Oi pirata. – Ele brinca quando chega. Eu sorrio quando percebo que ele me chama assim só para me mostrar que não está bravo. – Pensei que não viria.

   ―E estava indo embora para sempre? Como disse que faria?

   ―Para sempre até amanhã de manhã quando eu voltaria para tentar mais uma vez. – Sorrio. Começo meu sorriso pela alma de tão feliz que fico. Pode muito bem ser que meu pai esteja errado e que ao menos ele se importe um pouco. – Vem. – Ele me convida segurando minha mão e voltamos para o lugar que sempre ficamos, onde meu tesouro está enterrado.

   Tem uma mão muito boa de segurar, é grande e fecha em torno da minha, me faz sentir bem calma, parece que só por que ele está segurando minha mão nada de ruim pode acontecer.

   Quando chegamos eu percebo que ele deixou um pacote ali. Olho para Danny.

   ―Chocolate como prometido. – Lá estou eu sorrindo de novo. – Pega. – ele incentiva e me sento na areia pegando o pacote, abro desamarrando o laço, são muitos chocolates. Fico boba de ver a caixa. – Bombons.

    Pego um, coloco na boca e é mesmo muito saboroso, mais até do que os que o meu irmão me trazia. Danny fica ao meu lado sorrindo, os dois sentados lado a lado, com as costas nas pedras.

   O céu está cheio de estrelas e a lua é tudo que ilumina a noite. Mesmo assim de perto posso ver muito bem seu rosto e seu sorriso.

   ―Meu irmão trazia em barrinhas. Assim é muito melhor. Quer um? – Ele nega. – Não dá para guardar esses eu acho.

   ―Então vai ter que comer todos.

   ―Pode ser. – Lambo meu dedo, as pontas ficam com um pouco de chocolate e o gosto é ótimo. Pego mais um, ele derrete na boca e tem um gosto diferente. – Esse é diferente. – Conto a ele.

   ―Um de cada sabor. – Ele me conta.

   ―A pessoa que inventou isso é muito inteligente, por que não dá para escolher qual é o mais gostoso, então você fica com tudo.

   ―Minha tia deve concordar com isso. – Depois do quarto eu fecho a caixa um pouco. Ainda sobraram oito.

   ―Obrigada Danny. Pensou que eu não vinha?

   ―Pensei.

   ―Pensou que era por que eu não queria vir?

   ―Não. Pensei que tinha ficado com medo de vir. – Acho que fiquei um pouco, penso um pouco e pode ser mesmo isso, no fundo eu fiquei com medo e minha mente ficou inventando essas coisas.

   ―Danny, as vezes meu pai me impede sabe. Ele é muito bravo, só estou aqui por que desobedeci ele. Meu pai me mandou ficar no quarto o resto da noite, mas eu vim mesmo assim.

   ―Foi corajosa.

   ―Acha?

   ―Acho, mas precisa saber que também fui. Não sei muito sobre essa coisa de pilotar lancha e foi a primeira vez que fiz isso á noite.

   ―Sério? Agora vou ficar com medo de quando voltar.

   ―Podemos ficar aqui até amanhecer. Assim não se preocupa.

   ―Não posso. Meu pai chega quando amanhecer. – Será que ele desistiu do beijo? Acho que esqueceu, por que não está fazendo nada.

   ―Até perto.

   ―Até perto do que? – Pisco tentando entender, fiquei distraída e não ouvi direito.

   ―Até perto do amanhecer. O que acha?

   ―Sim. Acho bom plano. – Passo meus cabelos para trás da orelha e seu sorriso se desfaz, sua mão toca meu rosto e me lembro do tapa. Meu rosto queima. É uma mistura de vergonha com gratidão, ele se importa ao menos um pouquinho.

   ―Isso não é amor de pai, Alina.

   ―Não fala disso não. – Eu não quero ficar triste de novo. Ele balança a cabeça concordando, não afasta a mão do meu rosto, faz um carinho com seus dedos leves.

   ―Gosto dos traços do seu rosto. Dos olhos. – Meu coração bate tanto que fico pensando se ele está ouvindo. Danny se aproxima mais um pouco. Seus lábios ficam pertinho de mim e morro de vergonha e mesmo assim não quero fugir. ―Você veio. – Balanço a cabeça concordando. – Beijo de chocolate? – Acho que meu coração não vai aguentar. Por que eu quero que ele me beije, mas só que estou com muitas coisas acontecendo dentro de mim. – Tem que me dizer que quer.

   ―Meu coração vai ficar cansado de tanto bater forte assim. – Danny sorri tão bonito e depois seus lábios encostam nos meus e acho macio, não sei o que eu faço, ele se afasta um pouco, a mão no meu rosto ainda, abro meus olhos, nem sabia que tinha fechado.

   ―Isso que é um beijo?

   ―O começo de um beijo. – Ele me explica.

   ―O começo já é bom como chocolate.

   ―Que acha de um leve avanço? – Balanço a cabeça concordando.

   Fico olhando dentro dos olhos dele até sua boca tocar as minhas e então meus olhos fecham e com os lábios dele nos meus eu sinto minha boca abrir um pouco.

   Não sei bem o que está acontecendo, mas eu sinto que meu corpo está vivo e reagindo e deixo acontecer. Minha mão se ergue sem ordem e toca seu rosto.

   A língua dele toca a minha, eu vou correspondendo ao toque, deixando minha emoção agir, beijando ele e sendo beijada e se for pecado u acho que vou mesmo para o inferno junto com todo mundo que já beijou. Isso é tão bom.

   Acho que eu amo Danny. Acho que eu vou sempre sentir isso não importa onde eu esteja, nem com quem. Queria levar um pouquinho disso para me salvar nas noites de solidão, mas é isso que vai me matar.

   Não ter nunca mais Danny e seus lábios, não ter mais sua mão sobre o meu rosto e não sentir mais isso, vai me matar um pouquinho todos os dias.

   É bom e me deixa feliz e triste de tantas formas que mesmo enquanto ele me beija, enquanto tudo que eu sou fica mais inteiro e feliz eu choro de saudade.

   Nos afastamos um pouco, ele ainda toca seus lábios nos meus antes de abrir os olhos e sorrir apenas até tocar minhas lágrimas.

   ―Não queria o beijo?

   ―É outra coisa. – Ele seca a lágrima, pisco para manda-las embora e mais algumas escorrem.

   ―Então o que?

   ―Melhor que chocolate, melhor que tudo no mundo, tudo que eu conheço e até melhor que tudo que eu não conheço e estou pensando como vai ser agora.

   ―Beijo você até perto do amanhecer. – Eu faço que sim.

   ―Quero que faça isso. Acha que é pecado? Meu pai diz que só marido e esposa podem se beijar. Falava isso sempre para o meu irmão. Por isso ele ficou bravo com meu irmão quando descobriu sobre a Thera. Ele descobriu tudo sobre eles namorarem.

   Danny passa seu dedo cuidadoso em torno dos meus lábios, depois na linha do rosto em direção ao queixo, desce pelo pescoço, sinto um arrepio percorrer meu corpo quando sua mão segue para minha nuca e ele me puxa de leve para mais um longo beijo como o primeiro e esse é bem melhor.

   Agora acho que já sei o que eu faço e não fico mais tão confusa então é ainda melhor. Depois ele se afasta.

   ―O que acha? Acha que toda a humanidade está errada e só seu pai certo?

   ―Eu não sei, mas acho que toda a humanidade não se importa. Por que é muito bom. – Ele ri afirmando. Sua mão procura a minha e entrelaçamos os dedos um momento, olho para nossos dedos juntos, eu combino com ele.

   Parece que minha mão cabe na dele, que minha boca serve direitinho para beijar ele. Isso parece certo agora e vai parecer bem errado quando for dormir.

   Afasto todos os pensamentos ruins. Só beijar não é um grande pecado.

   ―Podemos só beijar Danny? Por que você sabe... não vou nem falar.

   ―Só beijar e segurar na mão. Como dois meninos. – Ele brinca se ajeitando ao meu lado e encarando o céu estrelado.

   ―Me acha uma boba?

   ―Não.

   ―Beija outras meninas. Elas deixam outras coisas? As meninas dos Estados Unidos?

   ―Algumas sim. – Sim até pena de mim. De perder ele para sempre, de descobrir o amor. Eu não queria descobrir como é. Não tem esperança para mim. Não tem nada. – Mas não quero beija-las, quero só beijar você.

   Olho para ele. Assim eu acho que ele me beija de novo.

   ―Como que o homem sabe que a mulher quer que ele beije ela de novo?

   ―Ela beija ele. – Nunca na vida. Meu Deus, isso deve ser mesmo uma vergonha. – Ou faz esse olharzinho lindo que está fazendo agora e que fico pensando se um dia vai se dirigir a outro, por que acho que só eu quero isso.

   ―Não vou beijar nunca outro Danny. Eu vou ser missionária e só.

   ―Acho que agora eu é que não quero falar disso. – Balanço a cabeça concordando. Quem sabe é por que ele fica triste?

   ―O que faz na noite de ano novo?

   ―Tem uma festa em família. Com música e dança e torta de chocolate, tem pessoas rindo e crianças correndo e a meia noite em ponto os casais se beijam e todos desejam felicidades, como todo mundo faz.

   ―Parece muito bom. – Ele segura minha mão, toca meus dedos com os seus, parece carinhoso. Eu gosto disso, beijos são melhores, mas isso é muito bom também.

   ―E você? O que faz?

   ―Orações que meu pai manda. Quando pequena todos juntos, depois minha mãe morreu e faço sozinha e as vezes consigo ver os fogos aqui da praia. Queria morar do outro lado da ilha, para ver Atenas. Dá para ver da mansão?

   ―Sim. É bem bonito.

   ―A luz brilha e depois vem o barulho. Você sabe por que?

   ―Sim. É a velocidade da luz, ela é mais rápida que o som. – Ele me explica e fico pensando em como ele é inteligente. Desenha bem e ainda sabe sobre muitas coisas.

   Enquanto ele vai me explicando eu como os outros chocolates, são tão bons, as vezes ele me beija, fico pensando se estou toda hora com olharzinho de beijo como ele falou.

   ―Aprendeu a desenhar na escola? Ou nasceu sabendo?

   ―Nasci sabendo eu acho. Antes não eram tão bons, foi melhorando com o tempo, mas sempre gostei muito.

   ―Gosto de fazer coisas na areia. Fazia nossa casa, em tamanho pequeno.

   ―Esculturas. – Ele me explica.

   ―Isso. E outras coisas. Um castelo. Depois parei. Papai diz que é coisa de mulher que não tem pai e nem marido.

   ―Mulheres e homens são iguais.

   ―Também acho isso. Só que eu acho certo quando a mulher cuida da casa e do marido e dos filhos.

   ―Se ela quiser.

   ―Fala como é na sua casa? – Ele me beija uma vez, um beijo bem romântico, depois segura de novo minha mão. Então me conta sobre sua mãe e como ela faz tudo e ainda trabalha e todos ajudam.

   ―Muitos cachorros? – Eu adoraria ter um pequeno. Danny diz que sempre teve.

   ―Oficialmente dois irmãos cachorros. Potter e Lily, mas tem a Luna que é da minha irmã e as vezes fica na minha casa e tem a senhorita Granger do meu outro irmão que também fica com a gente quando ele precisa.

   ―Irmãos cachorros. Acho que queria ter um. Sua mãe ama muito seu pai, ela deixa ele fazer toda essa bagunça em casa?

   ―Ela gosta. Mamãe é durona. Da conta, coloca todos nós para trabalhar. Lavar, cozinhar, limpar e sei lá, tudo.

   Não sinto sono, não sinto medo, estou feliz, estou leve e gosto muito dos beijos dele. Mesmo assim eu sei que ele precisa ir antes que meu pai chegue.

   ―Vai amanhecer logo Danny. É melhor você ir embora.

   ―Acho que vou dormir na lancha, esperar a hora de voltar pela manhã. – Que triste, meu coração aperta quando balanço a cabeça negando.

   ―Quando meu pai pesca a noite toda ele não sai pela manhã. Passa o dia em casa. Eu não posso vir amanhã.

   ―Não te vejo?

   ―Não.

   ―E se bater na sua porta e pedir a ele que me deixe ver você?

   ―Vai estragar tudo.

   ―Depois de amanhã?

   ―Vou estar aqui. – Ele balança a cabeça. Fica de pé e me ajuda a ficar também. Depois sua mão toca minha cintura quando ele me beija. Um beijo de pé. O primeiro.  – Me beijou sentada e de pé. É bom dos dois jeitos.

   ―Falta deitados. – Ele repensa, se preocupa quando me assusto um pouco. – Não. Eu não disse que vamos fazer isso, ou que eu quero isso, quer dizer eu quero, mas não vamos, não agora, nunca, ou não, só se quiser eu sei que não quer e eu... – Ele me beija para resolver as coisas e eu beijo ele de volta também.

   ―Bom dia Danny.

   ―Bom dia Alina.

   Fico vendo ele caminhar para a lancha, escuto o motor, vejo ela se afastar e só então eu corro para casa. Me deito do mesmo jeito que estou, fecho meus olhos e nem vejo quando o dia clareia. Durmo com meu coração batendo de amor por ele. Como vai bater para sempre, mesmo que nunca aconteça mais nada. Sempre vai ser por ele que vou senti isso. 


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Notas finais do capítulo

bejosssssssssssssssssss