três de bastões escrita por themuggleriddle


Capítulo 7
Um Conto de Soldados e Enigmas


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigado Godsnotdead, Raven, Ivory, Lycoris e Vika pelos reviews incríveis :)



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Feliks sabia que devia estar conseguindo ver pelo menos o contorno dos móveis de seu quarto, mas sua visão estava borrada, graças à falta dos óculos, e cheia de pontinhos pretos. Sua cabeça latejava e seus olhos doíam com a pouca luz que entrava por debaixo da porta. Dores de cabeça não lhe eram estranhas, mas a dor que estava sentindo no momento era completamente diferente do que já sentira antes.

“Doutor?” Ravenwood se encolheu debaixo dos cobertores, gemendo, ao ouvir o barulho alguém batendo na porta de leve, logo antes de abri-la. “Você não devia estar no trabalho?”

Parte dele queria dizer que sim, ele devia e iria se encrencar por estar atrasado, mas outra parte só queria dizer à Frank que os mortos não iriam se levantar e sair correndo do necrotério e suas lâminas não criariam perninhas para escapar das bandejas, logo, sua dor de cabeça era mais importante.

“Está tudo bem?” Ele ouviu passos ecoando e o som parecia mais alto do que o normal, fazendo sua cabeça latejar ainda mais.

“Aye,” ele mentiu, enfiando o rosto no travesseiro e puxando as cobertas para cobrir a cabeça. “Merda, não.”

“O que houve?” perguntou Bryce e o médico queria poder ver o rosto do outro para conseguir entender o que aquele tom de voz significava.

“Dor de cabeça.”

“Você quer... alguma coisa pra isso?”

“Acho que tenho aspirina no banheiro,” o homem falou, colocando a mão para fora do cobertor e acenando na direção do banheiro.

Ravenwood ouviu os passos se afastarem e o som de Frank vasculhando as suas coisas no banheiro. Debaixo do cobertor, ele massageou as têmporas e gemeu ao notar que aquilo de nada ajudava.

“Aqui está.”

Lentamente, Feliks se sentou, fechando os olhos quando a luz fraca vindo de fora do quarto o atingiu. Ele permaneceu assim por um momento, antes de abri-los e ver tudo borrado e manchado de preto. Ele conseguia distinguir a silhueta de Bryce ao seu lado e esticou a mão para apanhar os comprimidos a caneca de água.

“Você está com uma cara horrível,” disse Frank, agora com a voz bem mais baixa.

“Obrigado,” ele falou e então engoliu o comprimido.

“Não sabia que tinha bebido tanto na noite passada.” O jardineiro pegou a caneca. “Posso pegar uma? Minha cabeça não ‘ta tão ruim quanto a sua, mas ainda está irritando um pouco.”

“Não bebi. Digo, não bebi álcool. Eu queria... Poder prestar mais atenção nas coisas,” Ravenwood explicou, voltando a se deitar e suspirando. “Fique a vontade.”

“Obrigado, parceiro.” O médico ouviu o barulho dos comprimidos sacudindo dentro do potinho de vidro. “Vou deixar você descansar, certo? Vou tentar ficar em silêncio. Grite se precisar de alguma coisa.”

“Certo.”

Os passos de Frank foram abafados quando a porta do quarto se fechou. Feliks soluçou baixinho quando um latejar mais forte atravessou a sua cabeça e enfiou o rosto no travesseiro, tentando achar algum conforto nisso.

***

“Vamos, acorde.”

A voz de Frank apareceu do nada e lembrou Feliks da dor em sua cabeça, que estava desaparecendo lentamente, deixando apenas a sua visão afetada. Quando ele abriu os olhos, o rosto de Bryce era apenas uma mancha preta no meio de um borrão, mas ele conseguia ver a caneca que este lhe entregava.

“Que isso?” o médico perguntou, se empurrando para ficar sentado e se encostando na cabeceira da cama.

“Chá,” Frank explicou, colocando a caneca nas mãos dele e deixando um pacote de biscoitos na cama. “E algo para comer.”

“Wow.” Ravenwood arqueou uma sobrancelha e inspirou o cheiro do chá enquanto estreitava os olhos para tentar enxergar o que havia no pacote. “Obrigado.”

“Quer seus óculos?”

“Não vão ajudar muito,” disse Feliks, tomando um gole do chá e fazendo careta. Era forte e amargo. “Do que é isso?”

“Tanaceto.” Bryce pegou um biscoito e deu uma mordida. “A Sra. Mary e o Sr. Tom diziam que ajudava com dor.”

“Oh. E onde você achou tanaceto? Não lembro de alguém por aqui ter no jardim.”

“Londres é um caos, mas pelo menos tem algumas lojas bem diferentes por aqui, mesmo com o racionamento.” O homem deu de ombros e observou enquanto o outro tomava o chá até que a caneca ficasse vazia e Feliks estivesse, outra vez, olhando para o nada. “Ainda está doendo?”

“Um pouquinho. É mais... Como se tivesse doído tanto antes que agora só está dolorido.” Ele riu, lembrando-se da época em que ainda via pacientes e tinha que tentar decifrar as descrições dos sintomas. “É a visão que está incomodando... E os sons, que estão parecendo altos demais.” Ele suspirou, apoiando as mãos no colo e olhando para o biscoito que Frank estava comendo, sentindo seu estômago revirar. “E um pouco de náusea... Que horas são?”

“Três da tarde,” disse Bryce, pegando a caneca e colocando-a na mesa-de-cabeceira. “Já sentiu isso antes? Ou acha que foi algo que bebeu ou comeu ontem?”

“Comi a mesma coisa que você e não bebi álcool,” ele explicou. “Eu já tive dores de cabeça, mas hoje parece mais uma enxaqueca...”

O jardineiro ficou em silêncio por um momento e Feliks decidiu que odiava não poder ver o rosto dele e, dessa forma, não saber o que estava se passando na cabeça do outro.

“Será que pode ser a magia que você viu ontem?” perguntou Frank. Ele ainda estava mantendo a voz baixa e o médico só podia agradecer por isso. “Sei que você vê essas coisas a vida inteira, mas você nunca esteve em um lugar tão cheio de gente com magia, não é? Talvez tenha sido... demais?”

“Está me dizendo que estou tendo uma sobrecarga sensorial por magia?” Ravenwood respirou fundo e riu fraquinho, pegando um biscoito e brincando com este antes de comê-lo.

“Você estava olhando para todos os lados ontem, como se tudo fosse muito interessante e fosse impossível prestar atenção em apenas uma coisa,” disse Bryce. “Talvez não é que você sempre vá ficar passando mal depois de ver muita magia, mas... Deve ter acontecido porque você exagerou ontem e foi a primeira vez que viu tudo isso com tanta intensidade.”

“Faz sentido.” O homem comeu outro doce e deslizou na cama até ficar deitado de novo, rindo. “Estamos falando de magia causar enxaqueca. O quão doido é isso?”

“É bem louco.”

Ravenwood fechou os olhos, virando de lado e suspirando. Ele estava cansado e a dor de cabeça só o ajudou a aumentar a exaustão. Ele sentiu a afundar um pouco e imaginou que Frank havia sentado ao seu lado.

“A gente foi num pub mágico,” disse Feliks, sentindo um sorriso bobo aparecer nos lábios. “Havia bruxos e bruxas e goblins e lobisomens e vampiros... Havia uma moça linda que fez você agir feito um tolo. Você apostou com um goblin e ganhou. E terminou a noite trocando beijos com uma bruxa cantora!” Ele respirou fundo, fazendo uma careta ao sentir uma onda de dor na cabeça. “E eu achava que três necropsias inconclusivas eram esquisitas.”

“Foi uma noite louca.” A voz de Frank soava distante, suas palavras saindo cada vez mais baixas.

“Ela tinha uma voz boa. E a outra moça, a que estava com a lobisomem, ela tinha um rosto legal,” murmurou Ravenwood, logo antes de franzir o cenho ao sentir os dedos de Bryce afagando sua cabeça. “Que isso?”

“O que?”

“Você ‘ta me afagando feito cachorro,” ele respondeu, abrindo os olhos para ver o outro dar de ombros. O médico não iria admitir, mas a verdade era que ter alguém passando os dedos pelos seus cabelos era bem relaxante.

“Da onde você é, doutor?” perguntou Bryce e Feliks sentiu o colchão mexer outra vez quando o homem se encostou na cabeceira.

“Inverness,” ele respondeu. “É perto do Lago Ness. E você?”

“Little Hangleton.” Havia um tom diferente quando ele falava o nome da vila. Podia ser ressentimento, mas nada impedia de ser uma certa saudades.

“E você conheceu os Riddle...?” Ravenwood perguntou.

“Um dia meu pai estava voltando de Londres e conheceu o Sr. Thomas no trem. Eles conversaram e ele ficou surpreso que o Sr. Riddle, o arrogante, era na verdade um homem gentil,” ele explicou, rindo. “Ele estava desempregado, sabe. E o Sr. Thomas disse que estava precisando de alguém para cuidar do jardim...”

“Então você não é o primeiro Bryce a cuidar daquelas flores.” O médico riu fraco.

“Nah. Às vezes eu ajudava ele com o trabalho pesado. Eu trabalhei em Great Hangleton por um tempo, ajudando em uma fazenda perto da cidade.” Frank suspirou, seus dedos se movendo mais devagar pelos cabelos de Ravenwood. “Ai veio a guerra e eu logo entrei pro exército, achando que seria uma grande aventura. Lembro que achava que eu era muito mais maduro e responsável que o Sr. Tom, porque eu tinha me alistado e iria defender o meu país, enquanto ele ainda estava se escondendo dentro daquela casa, mesmo que ele sendo jovem e saudável.”

Feliks tentou imaginar um Frank Bryce mais novo, deixando para trás a sua vila para ir em busca do mundo e fazer algum serviço nobre na guerra. Um Frank Bryce mais novo julgando o homem que tinha medo de sair de casa... Ele se perguntava o quanto o jovem soldado iria julgar o seu eu mais velho por admirar e defender Tom Riddle.

“Então um dia nós fomos atacados e tinha esse garoto – ele devia ser dois anos mais novo que eu -, que entrou em pânico e não sabia para onde ir ou o que fazer. Não lembro o nome dele, só consigo lembrar dos olhos verdes e arregalados, do quão assustado ele estava,” ele continuou falando, olhando para o nada. “Eu tentei alcançar ele e puxar ele para algum lugar seguro e foi ai que levei um tiro.” Ele ouviu a outra mão de Bryce dar um tapinha na sua perna machucada. “O garoto morreu e eu fui dispensado com honras e mandado para casa. No começo, eu continuava achando que fiz a coisa certa, mas ai a dor não passou e meus nervos pioraram cada vez mais porque eu não aguentava barulhos altos ou pessoas me olhando e sussurrando sobre como a guerra havia fodido com a minha cabeça.”

“Eu nunca me arrependi de tentar ajudar aquele menino, mas acho que não teria me alistado com tanta vontade se soubesse que tudo isso iria acontecer.” A mão de Frank permaneceu parada por um momento na cabeça de Feliks, antes de se mover outra vez. “Eu não podia mais fazer trabalho pesado por causa da perna e eu não podia tentar trabalhar com comércio ou coisas assim por causa dos nervos que não aguentavam mais pessoas. Meu pai morreu pouco depois de eu voltar e eu estava sozinho... Minha mãe morreu alguns anos antes da guerra.”

“Me desculpe,” murmurou Ravenwood.

“O Sr. Riddle veio atrás de mim e perguntou se eu queria assumir o lugar do meu pai como jardineiro.” O homem riu um pouco mais alto. “Eu disse que iria matar todas as flores, porque não sabia nada de jardinagem.”

“E ele arriscou mesmo assim?” perguntou Feliks. “Era um homem corajoso, esse Sr. Riddle.”

“Ele disse que a esposa iria me ensinar o que eu precisasse saber. Eu falei da minha perna e ele disse que estava tudo bem, eu não precisava fazer esforço. Era um jardim grande, sim, mas a Sra. Riddle estava sempre por perto, querendo ajudar,” ele continuou. “Eu era até alérgico! No começo, aquelas flores me faziam espirrar até quase meu cérebro sair pelo nariz... Mas o trabalho era calmo e quieto. A Sra. Riddle me ensinou tudo o que sabia de jardinagem e os Riddle eram bons como patrões. Não demorou muito para eu vender a casa onde vivi com os meus pais – os Riddle a comparam – e ir morar na casinha nos fundos dos terrenos.”

“E Tom Riddle...?”

“O Sr. Tom era... quieto e distraído, distante. Até a primeira vez que eu o encontrei lá fora durante a noite, de pijamas e parecendo que tinha acabado de ver um fantasma. O cabelo todo bagunçado, como o seu, doutor,” ele falou, rindo enquanto bagunçava os cabelos de Feliks. “Ele estava lá porque havia sonhado com Merope Gaunt – até hoje não sei porque ele me contou isso – e eu, porque havia sonhado com a maldita guerra de novo. Depois disso, ele começou a falar e nunca parou. Ele gostava de falar, de contar histórias, de explicar coisas que eu não sabia e de aprender qualquer coisa que podia, mesmo se fosse algo inútil.” A mão do homem se aquietou outra vez. “Foi ai que entendi que não tinha jeito do Sr. Tom sobreviver se ele fosse para a guerra. Ele sabia das suas limitações e as respeitava, mesmo que estivesse tentando trabalhar com elas, devagar. Acho que aprendi isso com ele.”

“Como?” Ravenwood perguntou. A dor na cabeça ainda estava presente como uma dorzinha enfadonha, mas ouvir Frank o ajudava a se distrair.

“Eu amava caçar, sabe? Eu e meu pai costumávamos caçar juntos. Ficou mais difícil depois do tiro e eu tive que entender e aceitar.” Ele encolheu os ombros. “Também descobri que não era divertido caçar sozinho. Os Riddle não caçavam... Eles tinham aqueles cavalos lindos e nem mesmo naquelas caçadas de raposa dos ricos eles iam.”

“Interessante. Eles pareciam o tipo de pessoas que gostam de caça de raposa.”

“O Sr. Thomas e o Sr. Tom eram bons com os cavalos... O Sr. Tom era quem mais os usava. Havia dois: Ivan, uma besta negra teimosa, e Bilbo, que era calmo e doce. Tom era bom com os dois.”

O silêncio tomou conta do quarto outra vez. De vez em quando, Feliks sentia um puxão do sono, mas tentava permanecer acordado, mesmo que fosse difícil por conta dos dedos de Bryce em seus cabelos. Ele já tinha dormido demais.

“Eu nunca conheci o meu pai,” Ravenwood falou sem nem perceber e então riu. “E não lembro da minha mãe. Ela morreu quando eu tinha um ano. Fui criado por um tio e uma tia... Eles não são irmãos da minha mãe, mas... Aye.”

“Oh... Me desculpe.”

“Eu te deixei desconfortável, desculpe.” O médico riu. “É só que você acabou de falar sobre você e achei que seria justo compartilhar alguma coisa também.”

O jardineiro riu.

“O que aconteceu com o seu pai?”

“Não sei. Ele nunca esteve por perto. Minha tia diz que minha mãe lhe disse que ele não podia ficar conosco, mas que não devíamos julgá-lo por isso... Ele estaria ali se pudesse. A gente nunca entendeu se isso significava que ele havia morria,” Ravenwood explicou.

“Então, Ravenwood...?”

“Sobrenome da minha mãe.”

“É um nome legal. Feliks... Algum nome do meio?”

“Darius.”

“Feliks Darius Ravenwood,” disse Frank, devagar. “Se eu não o conhecesse, diria que é um dos bruxos do Black Siren, a julgar pelo nome.”

Ha. Um nome bruxo.”

“Só falta uma varinha.”

“E magia,” disse Feliks, finalmente abrindo os olhos e olhando o homem. A mancha escura agora encobria apenas metade do rosto de Frank. “E você? Algum nome do meio mágico?”

“Frank Khaled Bryce. Um de nós precisa ser trouxa, não é?”

“É um nome bonito,” disse Ravenwood, convencido. “Ouvi você falar para o goblin que sua mãe era das Índias... Interessante. Qual o nome dela?”

“Zahrah. Meu pai era Anthony. E o da sua mãe?”

“Rovena.”

“Qual é a da sua família e nomes bruxos?”

“É um nome albanês,” ele explicou. “E não, a gente não tem ascendência albanesa. Meu avô uma vez visitou a Albânia ou algo assim.”

“E por que Feliks com ‘KS’ e não com um ‘X’?” perguntou Bryce. “O nome do meio do Sr. Tom era Felix, mas com um ‘X’.”

“Boa pergunta. Eu sei que é a transliteração do nome em russo... Eles não tem uma letra com o som de ‘X’, então eles usam ‘K’ e ‘S’ no lugar,” o médico falou, fechando os olhos outra vez. “Significa-“

“Sortudo, feliz,” disse Frank. “Tom uma vez me disse que achava que o nome do meio dele era uma grande ironia.”

Feliks assentiu e suspirou. O sono continuava o puxando e, dessa vez, ele cedeu.

***

Feliks Ravenwood devia saber que a sua ausência não seria bem aceita pelo Inspetor Chefe. O homem passou os próximos dias trabalhando até tarde para compensar a falta por causa da enxaqueca. Os mortos não se importaram, é claro, mas o seu trabalho não era apenas para eles e haviam respostas que precisavam ser dadas para os investigadores e famílias, além de toda a papelada que precisava ser redigida e assinada.

“Você deu uma olhada nessas coisas?” perguntou Frank, durante a janta, depois do médico ter voltado de um dia particularmente exaustivo (um corpo fora encontrado boiando no Tâmisa e outro, já meio decomposto, dentro de uma lixeira, sem contar outros dois infelizes atropelados no meio da noite).

“Não,” ele falou, olhando para o homem e vendo que ele havia espalhado pela mesa os sete pedacinhos de papel (dois deles eram de pergaminho) que eles haviam ganhado no jogo de pôquer. Os segredos da mesa do Sr. Coppersnout. “Só dei uma olhada em um que dizia que o Ministro da Magia está tendo um caso com... Quem?”

A mulher do Secretário do Departamento de Sigilo,” Bryce leu em um dos papéis. “ ‘Dumbledore visto em Berlim por um dos aurores que estão seguindo as atividades de Grindelwald’ ... ‘Tesouro dos Lestrange está enterrado a alguns metros do Chalice Well.’”

“Tesouro?” perguntou Feliks, antes de comer uma garfada do seu jantar e fazer uma careta, engolindo rápido. “Você colocou pimenta no purê de batatas?”

“Seria interessante visitar o Chalice Well,” o jardineiro murmurou. “Coloquei.”

“Por quê?”

“Porque purê de batatas é sem graça,” ele falou e escolheu outro papel. “ ‘O herdeiro dos Malfoy está juntando dinheiro para comprar outra casa no interior’, boa sorte ao herdeiro dos Malfoy.”

“Deixe-me ver.” O médico pegou um papel. “’A herdeira dos Black logo se casará com um Potter. Rumores dizem que ela será deserdada.’”

“Qual é a desse pessoal com herdeiros?” perguntou Frank. “‘Deserdação de Alphard Black será anunciada na próxima temporada.’ Esses Black devem ter feito algo muito ruim.”

“’Professor de Hogwarts alerta para o perigo do surgimento de um novo Lorde das Trevas...’” Feliks começou a ler, mas acabou deixando a voz morrer antes de terminar. “’Após assassinato de família trouxa. Departamento de Execução das Leis Mágicas nega tal perigo.’”

 

Quando ele ergueu o olhar, Frank Bryce o encarava com o rosto transformado em linhas duras e suspeita. O homem podia falar sobre os Riddle o dia inteiro, mas o humor dele sempre piorava quando ele se lembrava que seja lá quem os matou ainda estava a solta.

“Mas não faz sentido,” disse Ravenwood. “Se eles temessem um... Lorde das Trevas, estariam investigando, não é?”

“Esse professor não parece ser do Ministério.” Frank coçou o queixo, pensativo. “Coppersnout mencionou um ‘Dumbles’, lembra? Ele disse que o Ministério prendeu Gaunt apenas para calar o ‘velho Dumbles’.”

“Ele também falou que os relatórios de investigação devem estar no Ministério deles,” murmurou Feliks, sentindo uma onda de entusiasmo crescer dentro de si.

“O que foi?”  O jardineiro observou-o por um momento e arregalou os olhos. “Você quer invadir o Ministério.”

“Não,” disse Ravenwood, sentindo um sorriso teimoso repuxar os cantos de seus lábios. “Eu só quero fazer uma visita.”

 


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Notas finais do capítulo

Então, conhecemos um pouco mais dos meninos com esse capítulo. Como eu disse para a Vika (highonbooks), não tem coisa que eu goste mais do que ficar assim, deitado e conversando sobre coisas alheias e eu sinto falta de ver isso em livros/filmes/séries acontecendo entre homens? Parece que amizades masculinas são baseadas em quem é mais másculo, jogar video game, beber e falar de algum esporte.

1) Rovena: realmente é um nome albanês;

2) Zahrah: nome árabe que significa 'flor desabrochada';

3) Tanaceto: matricária, feverfew, Tanacetum parthenium, uma planta que tem propriedades antipiréticas, usada também em dores de cabeça e artrite;

Espero que tenham gostado e, como sempre, digam o que estão achando (: