Dica: Ler ouvindo Already Gone (Sleeping at Last) e Chasing Cars (Sleeping at Last).

P.O.V. Derek

Ouço passos pela sala e sons de maquinas. Esse som... Eu sou um cirurgião, é claro que conheço esse som.

Então é isso? Depois de tudo que fiz, passei e vivi? Depois de todas as vidas que salvei e todas as histórias que mudei? É assim que tudo vai terminar? Vou ser “desligado”?

Eu só precisava de uma TC e tudo estaria bem. Eu só precisava que aquela cirurgiã fosse ouvida. Eu só precisava que aquele neurocirurgião chegasse mais cedo. Eu só precisava aguentar um pouco mais.

Eu não pude me despedir de Meredith e nem dos meus filhos, das minhas irmãs, minha mãe e meus colegas de trabalho, das pessoas que estava salvando quando tudo aconteceu.

—Vamos começar agora. Pode se sentar perto dele. – Ouço uma voz feminina desconhecida falar.

Os passos continuam e sinto mãos em mim. Era a enfermeira, ela estava fazendo os procedimentos.

—Espere. –Ouço a voz angustiada de Meredith.

—Senhora...

—Apenas espere! – Ela grita.

Ela estava sofrendo por minha causa e não havia nada que eu pudesse fazer para ajudar.

—Derek. – Ela suspira. – Derek...

...

Lá estava ela sentada sozinha no bar. Mas ela não parecia sozinha e muito menos triste, ela parecia realizada. Como alguém que conseguiu algo pelo qual buscou.

Decido me aproximar, eu precisava conhecê-la.

—Então, qual é a sua história? – Pergunto com um sorriso amigável.

—Eu não tenho uma história. Sou apenas uma garota em um bar. – Ela sorri.

—Sou apenas um cara em um bar. – Decido entrar na brincadeira e ela ri.

E foi assim que conheci a mulher que mudaria minha vida para sempre.

...

—Eu vou tomar um banho e quando eu descer novamente você não estará aqui, então... Tchau... Hã... – Ela parecia envergonhada, sem saber o que dizer.

—Derek. – Respondo.

—Derek. – Ela sorri e estende a mão para me cumprimentar. – Certo. Meredith.

—Meredith?

—Sim. – Ela sorri.

—Prazer em conhecer você!

—Adeus, Derek. – Ela sobe as escadas correndo e eu saio de sua casa sorrindo.

...

Lembro-me da surpresa que foi descobrir que ela trabalharia no mesmo hospital que eu, da nossa primeira cirurgia juntos e de como ela e seus amigos me chamavam de McDreamy.

...

Lembro-me de tudo que passamos para ficarmos juntos. Lembro-me de quando ela fez a planta da nossa futura casa com velas no chão, dizendo ser uma coisa idiota, vergonhosa, humilhante e cafona.

—Ainda estou brava com você. E não sei se confio em você. Quero confiar em você,  – Me aproximo dela. - mas não sei se confio, então, vou tentar, tentar confiar em você. Porque eu acredito que possamos ser extraordinários juntos. Melhor que normais e separados, e quero ser... – E então eu a beijei.

E nós fomos extraordinários juntos.

  ... 

Lembro-me dos piores momentos de nossas vidas. Quando levei um tiro, quando sofremos um acidente de avião e de quando eu achei que a tinha perdido para sempre depois do afogamento. Todos esses momentos puderam ser superados, pois estávamos juntos.

...

Lembro-me de quando adotamos Zola, do nascimento de Bailey e de quando nos casamos usando um Post-it. Da quantidade de amigos que moravam na casa dela e de quando passamos a noite desenhando um tumor na nossa parede.

...

Lembro-me das nossas discussões e dos momentos estressantes no elevador. O mesmo elevador em que demos nosso primeiro beijo e onde eu te pedi em casamento:

Mostro algumas TC’s de pacientes que ajudamos juntos e por último mostro a de Izzie Stevens, com o Temporal livre de câncer.

—Por sua causa. Você me fez entrar na SO. Se há uma crise, você não se desespera. Segue adiante. Faz o resto de nós seguir adiante. Porque já viu o pior, sobreviveu do pior. E sabe que nós vamos sobreviver também. Você diz que é toda sombria e deformada, mas isso não é falha. É uma qualidade. Faz você ser quem você é. Não vou me ajoelhar, não vou fazer uma pergunta. Eu te amo, Meredith Grey. E eu quero passar o resto da minha vida com você.

—E eu quero passar o resto da minha vida com você. – Ela responde.

 ...

Só porque não vamos passar o resto de nossas vidas juntos, não quer dizer que não poderemos cumprir essa promessa. Onde quer que eu esteja, eu sempre estarei com Meredith e ela sempre estará comigo. Nunca fomos um casal normal, então com a gente não existe “até que a morte nos separe”.

...

—Derek. – Sinto sua mão acariciar meu rosto. – Está tudo bem. Pode ir. Vamos ficar bem.

—Você está pronta? – A enfermeira pergunta.

—Não. – Eu também não estava. - Mas prossiga.

E eu já não podia sentir mais nada.

FIM.