O expresso Hogwarts começou a desacelerar e os monitores foram avisados para encaminharem os demais alunos. Como na partida para Hogwarts, estava uma confusão, os alunos eram impacientes e empurravam uns aos outros para saírem. Quando um aluno novato soltou um pássaro de papel enfeitiçado e acabou acertando Celina Parkinson, foi a gota d’agua para a monitora-chefe, obrigando-a a pegar a varinha ferozmente e aumentar o tom de sua voz, fazendo-se ser claramente ouvida:

— Já chega! – Gritou Celina, que teve a atenção retornada para ela. – Vocês são humanos? Porque para mim estão parecendo um grupo de babuínos bobocas babulciando em bando! Agora vamos, ordem neste trem! – Ela encaminhou pelos alunos e abriu a porta do vagão. – Em fila quero que UM a UM saia por esta porta, e em silêncio, caso ao contrário será detenção.

Os alunos seguiram as ordens da monitora-chefe e, em silêncio e organizadamente, passaram pela porta, como se fossem alunos do maternal. Os demais monitores também fizeram o mesmo nas outras portas dos vagões restantes, mantinham ordenados os alunos em uma fila e faziam com que saíssem um a um pelas portas, porém, depois de alguns minutos, alguém estourou uma bomba de bosta de dragão no corredor onde Katie e Gui estavam, fazendo com que os alunos saíssem apressadamente do trem.

— Ah, mas quem é que fez isso? – Disse Gui ao ser derrubando por um aluno. - Vocês não ouviram para saírem um a um!

— Eles ouviram, mas acho que essa bomba não quis ajudar. – Disse Katie levantando o amigo. – Agora venha, precisamos saber quem é que fez isso.

— Mas como? Já deve ter saído com os outros alunos.

— Não, eu ouvi o estrondo, foi por mais do fundo do...ah! – Gritou a menina sendo empurrada e caindo no chão. – Oh raios!

— Ops, não queria machucar vossa excelência. – Disse Raven, saindo do trem, gargalhando.

— Onde pensa que vai? – Disse Gui, e após ajudar Katie, apontou a varinha para a Sonserina. – Impedimenta!

A menina então caiu no chão, mas Loren Patel, uma das mais fiéis amigas de Raven, a ajudou a levantar e tentou azar Gui, não obtendo sucesso.

— Você vai ver só Weasley! – Disse a menina. – Cara de lesma.

— Bloqueado. – Disse Gui após fazer um movimento com a varinha, mas Patel não o deixou em paz, lançando outros feitiços. – Bloqueado, bloqueado e mais outra vez, bloqueado.

— Ora seu! – Esbravejou Loren, com rosto extremamente vermelho. – Vou te ensinar a atacar alguém pelas costas. Cru...

— Expelliarmus. – Disse Katie. – E eu vou te ensinar a não lançar uma maldição imperdoável no meio amigo. Rictussempra!

— Repellium. – Recitou Raven. – Acho que não Rowell, a única que você deve enfrentar, sou EU.

— É isso que você tanto quer né? Então vamos fazer dentro das regras, no clube de duelos, com a presença de um professor e...

— Travalingua. – Disse Raven. – Você fala de mais, somente duele, senhorita certinha.

— O que está acontecendo aqui? – Disse Hagrid aproximando dos alunos. – Vocês estavam duelando?

— Nós? Mas é claro que não. – Disse Loren, guardando rapidamente a varinha. – Só estávamos... conversando.  

— Com as varinhas na mão? Acho que não, Hagrid eu vi tudo o que aconteceu. – Disse Marisa Skeeter, aparecendo no meio da multidão e indo na direção deles. – Rowell e Weasley que começaram tudo isso, eu mesma vi.

— O quê? – Disse Gui. – Isso é mentira, eu e Katie só estávamos nos defendendo e...

— Nos atacando. – Disse Raven, arregaçando as mangas. – Eles até tentaram nos machucar, olhe os meus braços! – Ela mostrou vários arranhões na pele, que pareciam bastante atuais.

— Oh! Eu não posso acreditar que fizeram isso. – Disse Hagrid.

— Mas fizeram, Weasley me atacou pelas costas, se não fosse a Loren, eu poderia ter me machucado ainda mais. – Respondeu Raven, começando a chorar. – No entanto...acho que ninguém vai acreditar em mim, quando se trata dos preferidos da Grifinória.

— Pombas...Hagrid nós não fizemos isso com ela! Eu juro. – Disse Gui. – Não é mesmo Katie? – Perguntou o ruivo, porém Katie não pôde lhe falar nada, somente acenar positivamente. – Está vendo!

A confusão já estava esquentada, vários alunos pararam para observar o que estava acontecendo, até Celina saiu da multidão e chegou perto deles para saber o que era aquela confusão toda.

— Por Merlin, que confusão é esta aqui?

— Celina! – Disse Raven aproximando desta. – Você é a única pessoa que irão acreditar. Diga a eles, diga o quanto estes dois – Ela apontou para Katie e Gui. – me perseguem!

— O q... – Ela levou um cutucão de Raven – é...é verdade.

— Viram! A própria monitora-chefe está falando, ainda acham que é mentira tudo o que estou dizendo? – Disse Raven, com lágrimas copiosas.

— Está bem, está bem. Rowell e Weasley...venham comigo. – Disse Hagrid. – E o que vocês estão fazendo aí parados, as coisas aqui acabaram! Sigam para o castelo. – Disse o guarda-caça para os curiosos de plantão que estavam cochichando e observando a confusão por inteira.

Gui e Katie seguiram Hagrid, passaram pelo caminho habitual para o castelo, tudo parecia mais escuro e frio do que o normal. Mas não seguiram para o Salão Principal, subiram as escadas de mármore até chegarem na sala da Professora McGonagall, que estava vazia.

— E vocês dois, esperem aí... por favor. – Disse Hagrid, ele parecia mais calmo do que momentos antes. – Irei chamar a Professora McGonagall.

Quando fechou a porta, Gui e Katie se entreolharam, a castanha queria falar com o ruivo, porém algo a impedia, nunca havia ouvido aquele feitiço que Raven havia lhe lançado.

— E agora? Será que a professora também irá acreditar no que a Oris disse?  - Katie deu de ombros, mostrando que não saberia a reação de Minerva. – Ela deve ter planejado tudo aquilo, e caímos na armadilha dela, foi mal Katie, a culpa foi toda minha... – A menina acenava ferozmente em negação. – é claro que foi. – Ela novamente acenou em negação. -  Oras Katie, se eu não tivesse atacado ela, não estaríamos aqui. – Ela então abriu a boca, mas nenhum som saiu. – E ainda mais, eu tinha dito para você antes se controlar, mas foi eu que acabei me descontrolando... quê? Katie por que você não está falando?

A menina então tentou demonstrar o que aconteceu, fazia mímicas. Primeiro tentou agir como Raven para que Gui a compreende-se, depois fingiu soltar um feitiço e no final, mostrou como a sua língua estava presa no céu da boca.

— Ah...entendi. Nossa, como eu sou um obtuso. – Disse o menino rindo de si próprio. – Como não tinha percebido que sua língua estava presa no céu da boca depois que a Raven tinha lhe lançado um feitiço. – Katie concordou, e agitava a sua varinha. – O quê? O que você quer dizer agora?

Porém Gui não teve resposta, nem alguma ação de Katie, pois naquele momento a Professora McGonagall entrou na sala, parecia bastante implacável e ligeiramente estressada.

— Não estou acreditando nisso, você dois duelando na estação? Quero explicações.

— Professora, isso foi um erro, eu e Katie não estávamos atacando sozinhos, foram elas que começaram, Patel e Oris.

— Não interessa quem começou, Sr. Weasley. Pensei que era mais responsável, afinal, o senhor é um monitor, os dois na verdade são monitores da Grifinória. – Disse Minerva, rispidamente - Então, por que estavam brigando?

— Estávamos duelando porque a Oris empurrou a Katie e depois a Patel veio lançando feitiços sobre nós.

— Do nada? Elas atacaram do nada?

— Bem, eu confesso que lancei uma azaração de impedimento na Oris, mas não foi por nada, pois ela havia desobedecido as ordens da monitora-chefe, todos deviam sair ordenadamente do vagão.

— Continue. – Disse a bruxa, ainda mais séria.

— E depois, a Loren Patel apareceu, e começou a lançar feitiços sobre mim, eu tentei me defender e... – Falou Gui, receoso.

— E?

— Ela tentou lançar uma maldição imperdoável em mim, mas a Katie a impediu, desarmando. – Respondeu o menino, sério.

— Está falando a verdade Weasley? É uma acusação bastante séria.

— Mais verdadeira impossível, professora. Elas queriam duelar, e...eu e Katie vacilamos, fizemos exatamente o que elas queriam.        

— E não desconfiaram das intenções delas?

— Não senhora, como eu disse, eu e Katie vacilamos.

— Então...aconteceu mais alguma coisa além disso?

— Sim, depois que a Katie desarmou Patel, a Oris mostrou que queria duelar com a Katie.

 - E você aceitou, Rowell? – Perguntou a professora, tendo um aceno negativo de Katie.

— Ela não consegue falar professora, Raven a lançou um feitiço que fez a língua da Katie ficar presa no céu da boca. Mostra para ela, Katie. – Disse o menino.

— Céus. – Disse Minerva ao ver o resultado do feitiço. – Mas que brincadeira de criança é essa? Finitem Incatatem. – Pronunciou a Professora, fazendo com que a língua da menina desprendesse do céu da boca. – Está melhor Rowell?

— Muito melhor, obrigada professora. – Disse a menina. – Era isso que eu queria que você fizesse o tempo todo, Gui.

— E eu ia adivinhar? O que era aquilo que você estava fazendo? Movimentando os braços e fazendo aquelas caras e bocas?

— Isso se chama mimica e...- Katie encarou a Professora McGonagall - melhor deixarmos isso pra lá. – Respondeu a menina vendo que Minerva estava com suas sobrancelhas arqueadas.

— Exatamente. Agora, me conte o que mais aconteceu.

— Somente isso, eu disse para Oris que só duelava com ela no clube de duelos, mas ela queria que fosse naquela hora, então... o resultado a senhora já viu, ela me lançou uma azaração.

McGonagall ficou em silêncio, ora encarava os alunos, ora encarava sua janela, aparentava cansaço. Passou algum tempo assim, e depois, falou com seus alunos.

— Comam um biscoito. – Disse Minerva, apontando uma lata com estampa escocesa em cima de uma das pilhas de papéis sobre sua mesa.

— O quê? – Disseram os amigos, confusos com o repentino pedido da Professora.

— Comam um biscoito. – Repetiu a Professora.

Assim, eles obedeceram ao pedido da professora, servindo-se de um tritão de gengibre, sentindo-se mais confusos e atrapalhados. 

— Eu entendo que as intenções de vocês dois foram a de se defender, mas mesmo assim, não foi algo certo. – Disse a Professora calmamente enquanto era encarada pelos alunos. - Ambos são monitores, deveriam mostrar mais seriedade nessas situações e tentar ao máximo, dispensar combate e usar mais o bom-senso. Por isso, terei de retirar pontos da Grifinória...vinte pontos, de cada um...

— Mas professora, Oris e Patel também não estavam certas! Principalmente a Patel, ela tentou lançar um maldição imperdoável no Gui! – Disse Katie acabando de engolir o biscoito.

— Acalme-se Katie. Eu acredito que elas também não estejam certas, no entanto, não poderei fazer nada.

— Por quê? A senhora é vice-diretora, pode castigar qualquer aluno.

— Só posso fazer isso quando o diretor não está na escola. – Respondeu a professora voltando ao habitual tom severo de voz. -  E nesta situação, o diretor da casa Sonserina terá que tomar a decisão. Porém, Severo não estará no castelo nestes últimos dias.

— E para onde ele foi? – Perguntou Katie, de súbito.

— Não interessa para nós saber, são coisas pessoais que não nos pertencem, Rowell. – Respondeu duramente a professora, causando estranhamento a Katie por Minerva a tratar somente com o sobrenome. – Por hora, elas ainda estarão livres de castigo, mas prometo que Severo saberá do ocorrido.  E voltando ao que estava dizendo, serão retirados vinte pontos, de cada um, da Grifinória e terão que enfrentar uma detenção.

— Quando? – Perguntou a menina, impaciente.

— Ainda irei decidir, não precisa ficar impaciente Rowell, sei que não gosta de ter a atenção chamada, mas contentasse com isso. – Respondeu McGonnagal, olhando severamente por trás dos óculos quadrados nos olhos azuis de Katie. - Agora vamos, ainda não acabou o jantar de regresso.