A Baby Among Us escrita por nywphadora, nywphadora, Indignado Secreto de Natal


Capítulo 7
Sobre como o tempo apenas fortalece


Notas iniciais do capítulo

Socorro! Eu não escrevi quase nada ontem (acordei tarde, passei pouco tempo no computador, já estava ficando tarde...), agora que minha rotina vai ficar acelerada para poder terminar a fanfic até o dia 25. A sorte é que o epílogo será como o prólogo, apenas algumas palavras. Desejem-me sorte ♥



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Baby, I know it's good to you

And you know it's good to me

Andi t'sj ust the kinds thing

I wanna keep between us two

— Imajin

— Papai!

Sirius já estava desligando a luz do quarto e saindo, quando a voz infantil o chamou. Virou-se para ver a pequena, os olhos azuis sendo visíveis e brilhantes até mesmo no escuro.

— O que foi, minha estrelinha? — ele aproximou-se novamente dela, permanecendo a um lado da cama.

— Estou sem sono. Conte-me uma história! — Vega pediu, os olhos ainda muito abertos para o horário.

Sirius olhou para o teto do quarto. Era tão realista, nem parecia que tinha um teto ali, as constelações brilhavam uma a uma, com uma precisão que não poderia ser observada a olho nu, não importasse onde moravam.

— Está bem! — cedeu, voltando o olhar para a filha.

Suspirando, ele sentou-se no canto da cama, e Vega ajeitou-se para dar-lhe espaço, os olhos atentos aos seus movimentos.

— Há muito tempo, uma linda princesa morava próxima da Via-Láctea. O nome dela era Orihime, e era conhecida como a Princesa Tecelã. Certo dia, o seu pai, Tentei, o Senhor Celestial, apresentou-lhe um jovem e belo rapaz — ele começou a contar.

— Como o senhor? — Vega interrompeu-o, fazendo-o rir com gosto.

— Não, nenhum rapaz pode ser tão bonito quanto o seu pai — Sirius tentou dizer, sério — Esse rapaz se chamava Kengyu...

— Papai, por que essas pessoas tem um nome tão estranho? — a garotinha voltou a perguntar, com sua inocência infantil.

— Esse é um conto japonês, estrelinha. Todos os nomes são japoneses — ele explicou — Ele também poderia ser chamado de Hikoboshi, o Pastor do Gado, o seu pai apresentou-lhe acreditando que ele era o par ideal para a sua filha.

— Você também fará isso comigo, quando eu for mais velha? — Vega era incapaz de ficar quieta diante de tantas informações.

— Não, meu anjo. Você será capaz de fazer as suas próprias escolhas...

Ele já sofria só de pensar em uma menininha crescida, apresentando um rapaz cheio de hormônios para os pais. Duvidava muito que aprovaria, mas a mente infantil acreditava que tudo daria certo, e ele não queria entrar em detalhes sobre isso.

— E ele estava certo. Os dois apaixonaram-se perdidamente — Sirius voltou a narrar, ajeitando a coberta ao redor da pequena — Contudo, eles estavam tão apaixonados, mas tão apaixonados, que esqueceram-se de todas as suas obrigações, só conseguiam pensar no outro. Indignado com isso, o pai de Orihime decidiu separá-los, fazendo com que morassem em lados opostos da Via Láctea.

Vega não protestou com sua energia quase que inacabável, esperava ansiosamente pelo desfecho da história.

— Essa separação trouxe muita tristeza e sofrimento. Sentindo pesar por sua decisão, Tentei resolveu permitir que o casal se encontrasse, mas apenas uma vez ao ano, no sétimo dia do sétimo mês do calendário lunar, desde que eles cumprissem sua ordem de atender todos os pedidos vindos da Terra nesta data.

Tentou esquecer a amargura ao lembrar de sua infância, onde sua própria mãe contou-lhe essa mesma história. Ela só contou uma vez, já que Sirius não gostava muito de histórias românticas, era apenas o significado que importava.

— Eles são representados por estrelas — voltou a falar, depois de um tempo — Sabe quais são os nomes dessas estrelas?

Vega negou com a cabeça, já sonolenta.

— Vega e Altair — ele beliscou levemente o seu nariz, fazendo-a sorrir — Elas são vistas juntas somente uma vez ao ano.

Sirius ergueu-se na cama, assustado, ao perceber que tinha caído no sono, e não lembrava-se do que tinha acontecido antes disso. O dedo indicador e polegar foram diretamente para o meio entre os olhos, que fecharam-se com força pela ardência do seu despertar repentino.

Olhando ao seu redor, notou como uma pequena luz se esgueirava pela cortina, que ajudava a manter o quarto o mais escuro possível. Assim que estava acordado o suficiente, pensou em como era bom não acordar no meio da noite, embora, muito provavelmente, estivesse ainda muito cedo para começar a rotina.

Incapaz de perder mais um segundo na cama, sabendo que não poderia, e não conseguiria, voltar a dormir, ele levantou-se. Assim que passou pelo quarto de Harry, não pôde evitar parar e notar um dos berços vazio.

Ele poderia pensar racionalmente, e declarar que não era nada para se preocupar, já que tinha, além dele, outras três pessoas na casa. Contudo, o seu sono não o permitia pensar coerentemente, e viu-se desperto em um surto de adrenalina. Passou pelo quarto de James e Lily, mas, se eles não dormiam mais com Harry, não dormiriam com Vega.

Cansado de sustentar o próprio peso, Sirius suspirou, antes de deixar-se cair sobre as patas. Os pelos incomodavam, mas ele podia superar isso, calor não era a pior coisa.

Vega soltou um gritinho infantil, empolgada, assim que viu o cachorro descendo as escadas. Estava sentada no carpete da sala, com alguns brinquedos novos espalhados, e ele pôde perceber que a cozinha estava sendo ocupada por Remus, que aproximou-se da porta para ver o motivo da reação alegre da criança, uma xícara de café em mãos.

Sirius moveu-se com leveza e rapidez, tendo a certeza de que a filha não se assustaria por isso. Não se decepcionou, já que Vega o observava atentamente. Sentiu como o sono e o cansaço iam embora apenas pela atitude de correr atrás do próprio rabo, algo que ele teria muita vergonha em outra situação, mas apenas o sorriso banguela de Vega fazia tudo aquilo valer a pena.

Sim, ele tinha virado um pai babão.

Se James e Lily estivessem ali, ele poderia prever exatamente as suas reações.

Ele ia zombar muito da sua cara, enquanto ela sorriria e, muito provavelmente, tentaria conter-se para não abraçar pai e filha, mesmo que isso pudesse ser prejudicial à pequena.

Vega segurou seu rabo com força, e ele choramingou. A garotinha soltou, transferindo suas mãos para abraçar as costas do cão, conseguindo levantar-se no processo.

Puppy — ela suspirou, apoiando a cabeça na espinha dele.

Remus arregalou os olhos, quase derrubando a xícara no chão.

Puppy! — Vega repetiu, quase dançando ali — Puppy! Puppy! Puppy!

— Ai, meu Deus! — disse Remus, sem conseguir acreditar.

Ele apenas pôde latir em resposta, já que não se atrevia a mover-se um mísero centímetro, não queria derrubar a sua filhote. Não foi necessário, de qualquer forma, logo Vega perdeu as forças, e deixou-se cair no chão, amortecida pela fralda, gargalhando e batendo as palmas.

Sirius permitiu-se voltar à sua forma animaga, embora não quisesse ver uma expressão triste nos olhos dela, se perdesse o seu mais novo amigo. Ainda sem vontade de trabalhar, ele deixou-se ficar deitado, o braço estendido para apoiar a sua cabeça.

Puppy! — Vega disse, sem abalar-se pelo sumiço do cão, parecendo ainda mais feliz por seu pai ter aparecido ali para brincar com ela.

— Ela é um encanto, não é? — Sirius perguntou, vendo como Remus sentava-se no sofá, deixando a xícara de café pela metade em cima da mesa de centro.

— Sim — respondeu Remus, os olhos fixos em Vega, que parecia muito contente pelas conquistas daquele dia.

— Você a trouxe para cá?

Ele sentia-se mal ao perceber que precisava insistir para que eles tivessem um assunto para conversar. Isso estava bem comum nos últimos tempos. Na verdade, não saberia dizer se fazia anos que aquele afastamento estava camuflado nas responsabilidades diárias.

— Eu acordei, fui ao quarto de Harry para vê-los, — o animago sentiu um grau de reconhecimento ao escutar Remus explicando o que aconteceu — ela já estava acordada, então eu achei uma boa ideia trazê-la. Se distraindo um pouco, ela não chora e acorda alguém.

— Eu só a vi chorando uma vez desde que ela chegou — comentou Sirius, fechando os olhos para evitar se machucar, quando Vega jogou um bichinho de pelúcia em seu rosto, reclamando que não estavam dando-lhe a devida atenção.

— Imagino que a culpa foi sua — disse Remus, sorrindo levemente — Bem, ela passa mais tempo com Lily do que conosco, então... É mais fácil.

Como se Sirius já não se sentisse culpado o suficiente.

O pensamento de abandonar a sua profissão como auror era tentadora, mas ele não se sentia à vontade. Ficaria em casa o dia inteiro sem ter o que fazer. Apesar de, na maioria das vezes, cuidar apenas de relatórios e papeladas infinitas no escritório, ele estava fazendo algo, ajudando as pessoas, e tendo a possibilidade de enfrentar uma real missão, mesmo que seja algo simples como investigação de corrupção no Ministério.

James, Lily, Remus, Frank, Alice e ele foram os únicos aprovados de uma extensa turma. O treinamento de aurores não era fácil, tanto física quanto psicologicamente. Largar isso agora seria como nadar e morrer na praia.

E então tinha Remus, que ele não sabia ainda o que faria. Se iria para Hogwarts mesmo, ou não. E isso, de certa forma, era muito importante para ele tomar uma decisão sobre a sua própria vida.

Seguindo ainda a linha de pensamento sobre abandonar o próprio emprego, ele não podia deixar de pensar em como Lily estava ajudando-o naquela fase de adaptação, e sobre a cobrança dela de ser a madrinha.

Ai... Ele só esperava que Marlene não resolvesse entrar na onda, e pedir para ser madrinha de Vega também. Ele não conseguiria escolher entre as duas, elas eram importantes na sua vida de maneiras diferentes, e tinha certeza de que seriam também na vida de Vega.

Em seus momentos de silêncio, Remus já tinha perdido o sorriso, arrependido por ter dito aquilo.

— N-Não! Eu... Eu não quis dizer que... — ele gaguejou, atrapalhado.

— Que bom que já está acordado! — Lily interrompeu a conversa, surgindo do topo das escadarias, já enrolada em seu robe dourado — Venha! Traga Vega também!

Sirius levantou-se, sem entender o que estava acontecendo.

— Você perdeu a melhor cena de toda a manhã, Lily — disse Remus, enquanto o moreno pegava a filha do chão, recebendo reclamações, que cessaram assim que a pequena pelúcia de ursinho foi colocado nas mãos dela — Vega ficou de pé, e chamou o Sirius de Puppy.

— Que linda! — a ruiva fez uma voz infantil, acariciando os fios negros da garotinha — Não! Não coloque na boca, meu amor.

— Para onde estamos indo? — perguntou Sirius, confuso.

— Você não pode ser pai e não saber o básico de como cuidar da sua filha — Lily cruzou os braços, aparentando estar indignada pela simples pergunta feita.

Diante da afirmação, ele não pôde fazer nada mais além de segui-la, deixando Remus para trás. Claramente, James era o último que acordaria naquela casa, o que deixava-o curioso em saber qual o truque que ele fazia para que chegasse ao Ministério a tempo.

— Você vai prestar atenção, agora — declarou Lily, assim que chegaram ao banheiro do corredor, colocando a pequena Vega em cima da pia.

— O que vai ser hoje na aula, professora Evans? — brincou Sirius, tentando tirar o nervosismo de fazer algo muito errado.

— Primeiro, vamos dar um banho nessa fofura — ela disse — Depois, vamos vesti-la, incluindo a fralda.

— Eu pego a...

Antes que ele pudesse completar a frase, Lily fez um movimento de varinha, e trouxe todas as coisas necessárias, além de fechar a porta para evitar que ele fugisse.

— Certo — Sirius engoliu em seco.

Ela apenas sorriu, antes de levantar uma sobrancelha, instigando-o a começar.

Com dificuldade, ele conseguiu tirar o pijama da filha, que parecia completamente alheia à situação, balbuciando palavras indecifráveis, enquanto observava o teto do banheiro, fascinada.

— Isso é vingança pelo dia em que eu te derrubei no lago negro? — perguntou Sirius, quando precisou deparar-se com a difícil tarefa de retirar a fralda da criança.

Com aparente pena dele, Lily decidiu ajudá-lo, mas mal conseguindo conter a vontade de rir. Para evitar aquele tipo de situação novamente, e sabendo que só precisaria fazer aquilo nos fins de semana e folgas do trabalho, ele prestou grande atenção ao que acontecia.

— Olhe! Você precisa medir a temperatura — explicou Lily, depois de encher a pequena banheira, colocando um dedo na água para verificar.

— E como que eu vou saber que não está muito fria? — ele perguntou, levemente desesperado.

A ruiva respirou fundo, e ele acreditava que ela estava se controlando para não batê-lo. Sirius sabia que ela preferia cuidar das coisas no modo trouxa, tanto que só cozinhava dessa forma, com raros meneios de varinha.

Colligere temperies — ela apontou a varinha para a banheira.

Ele, sinceramente, não viu mudança alguma.

— Tente você! — disse Lily, exasperada.

— Mas o feitiço não funciona! — ele resmungou.

Sob o olhar irritadiço da mulher, que nunca errou um feitiço que fosse, ele fez o que ela pediu.

Colligere temperies.

Uma onda de calor percorreu a varinha, e ele pôde sentir por entre os seus dedos.

— Se não estiver na temperatura certa, você vai saber — Lily garantiu — Agora, traga Vega até aqui.

Ele nunca tinha conhecido uma professora tão impaciente, fora McGonagall.

Naquele banho, Vega conheceu as maravilhas que um shampoo poderia fazer, já que amou ver a espuma surgindo e, principalmente, passar em qualquer parte do corpo de Sirius que ela pudesse alcançar.

— Se eu tivesse uma câmera aqui... — suspirou Lily, insatisfeita, já não fazendo nada além de observar.

Quando dominou a ideia de dar banho na filha, que só não demorou mais meia hora porque Lily reclamou que ela poderia ficar doente, veio a outra tarefa.

— Tem feitiço que resolve isso, Lily — reclamou Sirius — Não é porque você gosta de fazer as coisas do modo trouxa que todos os bruxos fazem isso.

— Então me mostre, senhor Black! — ela cruzou os braços, irritada — Você e James são iguaizinhos! Sempre acham que a magia resolve todos os problemas do mundo!

— Tergeo! — disse Sirius, sem importar-se com o que ela dizia.

A partir daí, foi obrigado a seguir as instruções de uma madrinha (não oficial) muito irritada.

— É muito mais simples! — eles ainda discutiam o assunto, quando Vega já estava pronta.

Por ele, secava-a com uma rajada de vento, mas contentou-se em fazer isso apenas com os fios de seu cabelo, já que Lily ainda estava ali. Quando tivesse a oportunidade, testaria completamente o feitiço.

— Vamos! — a ruiva desceu as escadas, indo na direção da cozinha.

A primeira coisa que Sirius registrou, assim que entrou na cozinha, foi o sorriso de Remus.

A segunda coisa foi quando Vega balançou os braços na direção dele.

Então, James entrou na cozinha, e Sirius apressou-se em levar a filha até uma das cadeiras.

— Acho que eu acabei te atrasando — comentou Lily, sentindo-se culpada — Podem ir! Eu dou de comer a ela. Harry também já deve estar com fome...

Apesar da vontade de permanecer ali, Sirius concordou, tomando um rápido café da manhã. Beijou a testa da filha, despedindo-se silenciosamente dela, e foi junto com os amigos para o que seria apenas mais um dia de trabalho.

Ou isso ele pensava.


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Notas finais do capítulo

Essa lerdeza do Sirius e do Remus deve estar irritando todo mundo, não? Só lembrem-se que nosso lobinho acabou de sair de um relacionamento problemático, e o nosso cachorrinho está todo enrolado com a sua filhote.



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