A Baby Among Us escrita por nywphadora, nywphadora, Indignado Secreto de Natal


Capítulo 2
Seis anos depois


Notas iniciais do capítulo

Fiquei em dúvida se colocava o título do capítulo em inglês ou português. Me digam o que preferem :)
16 acompanhamentos só no prólogo. Vocês são demais ♥
Bom capítulo, espero que gostem!



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"So do you think that they will still listen?

Still come see the shows and still sing along?

Who would have thought that it'd be six years later

We'd still be playing the same riffs and songs"

— Love Me Electric

Seis anos depois...

— Acorda!

Aquela simples palavra conseguiu ultrapassar a barreira de seu sono, mas Sirius não teve tempo para resmungar ou reagir a ela, antes que algo molhado fosse derrubado sobre o seu rosto.

— Mas o que...? — levantou-se, sobressaltado.

Ele estava deitado no sofá, e já começava a sentir as dores no corpo por ter dormido em um móvel tão desconfortável, e isso sem mencionar a posição. Ainda estava com as roupas do dia anterior. Chegou tão tarde e cansado em casa, que só foi capaz de deitar-se no sofá e adormecer.

— Banho tomado! — Marlene McKinnon lançou um sorriso debochado em sua direção — Vamos, que o trabalho te aguarda!

A mulher não demorou a largar o balde no chão, sem cuidado algum, indo em direção à cozinha da casa.

— Você vai secar esse sofá! — Sirius gritou, irritado.

Naquela noite, ele sentiu-se novamente na época de colégio, onde tinha todas as garotas aos seus pés. Ou melhor, na época em que se importava com isso.

Basicamente, todos os seus amigos viraram aquela tia chata de natal que perguntava se o sobrinho já estava namorando. No caso, era Druella Black, e ela sempre deixava claro que a suposta namorada tinha que ser sangue puro. Ele tinha vontade de fazer duas coisas, nesta situação: apresentar uma nascida trouxa, ou um namorado. Talvez um combo dos dois. Em ambas as situações, amaria ver a expressão no rosto de seus parentes.

Passou os últimos anos de Hogwarts controlando o temperamento para não ser expulso de casa, já que não conseguia ver o que seria de Regulus sem ele, e agora não saía de dita casa.

Um rangido nas escadas sobrepujou-se ao som do desastre que Marlene fazia na cozinha.

— Lene, sai daí, pelo amor de Merlin! — disse Regulus.

— Vai se fuder, Regulus Black! — a voz simpática da mulher respondeu.

— E você? Está filando o café da manhã? — ele virou-se, olhando debochado para o irmão mais velho.

— Não, eu dormi aqui mesmo — confessou Sirius, sem o mínimo de vergonha.

— Vem cá... Tem casa não? — Regulus perguntou.

— Que eu saiba, eu sou o herdeiro da Muy Nobre y Antiga Casa dos Black — ele disse, com um tom falsamente pomposo.

— Há controvérsias... — murmurou o outro, indo em direção à cozinha.

Sirius decidiu segui-lo pelo mesmo caminho.

— Kreacher! — Regulus gritou.

O elfo doméstico apareceu, tomando o lugar de Marlene na tarefa de cozinhar, o que foi um alívio para ambos os homens.

— Ele dormiu aqui! Ele quem deveria compensar o sofá — ela resmungou.

— Ah! Me desculpe! Vocês planejavam usá-lo? — Sirius pingou a voz em sarcasmo, levantando as sobrancelhas em uma expressão maliciosa.

Regulus deu um soco no braço do irmão, e logo eles foram interrompidos por Kreacher, trazendo a refeição.

— Mas sério, Six, você fica a cada noite dormindo em uma casa diferente — disse Marlene, preocupada.

— Falando assim, eu pareço um vagabundo, desempregado — brincou Sirius.

— Vagabundo sempre foi — provocou Regulus.

— Ei! Não se preocupe! — ele disse, ao perceber que a cunhada não mudava a sua expressão séria.

— Sirius... — Marlene disse.

— Eu não vejo utilidade em ter uma casa. Eu não poderei arrumar, estou sempre em missões... E sei que você falará para eu contratar um elfo doméstico, mas, sinceramente?

Ela fechou a boca, ao perceber que ele adivinhou o que diria.

— Deixe-o, Lene — aconselhou Regulus.

— Bem, eu preciso ir trabalhar — disse Marlene, levantando-se — Se quiser, eu dou uma passada no Diagon Alley, e...

— Bom trabalho! — Sirius respondeu, dando um sorriso falso.

Ela revirou os olhos, despedindo-se de seu namorado com um beijo rápido.

— Ela, realmente, não me quer aqui — comentou Sirius, casualmente, assim que ouviu a porta da frente fechando-se.

— Você sabe que isso não é verdade! — Regulus fez uma careta, ao dizer — Bem, se você for ficar aqui, acho que deveria avisar de uma vez. Ainda tem o seu quarto...

— Não, muito obrigado! Mas não se preocupe, eu vou tentar avisar quando vier, para vocês estarem... Preparados.

Assim que terminou de falar, Sirius levantou-se.

— Você dizendo que eu sou um vagabundo, mas quem é que está sendo sustentado por mulher? — provocou, antes de dar as costas para ele.

— Você sabe que não precisa trabalhar, certo? — perguntou Regulus, seguindo o mesmo caminho que ele.

— Kreacher pode...? — o elfo apressou-se na direção deles.

— Pode, pode! — interrompeu-o Sirius, enquanto que o irmão apenas assentiu com a cabeça — Olhe, Reg, você sabe que eu gosto disso, e não quero usar o dinheiro da família.

As palavras eram cuidadosamente calculadas, já que muitas brigas entre eles ocorreram por causa da “família”. Desde que fizeram as pazes, decidiram que não entrariam mais nesse assunto, já que as suas opiniões eram diferentes e não mudariam.

— Bem... Só posso desejar bom trabalho — Regulus deu de ombros.

— Posso usar a lareira?

— Claro!

O mais velho apressou-se em direção à lareira, pegou um punhado de pó de flú, do pote que jazia em uma prateleira acima, e colocou-se no espaço entre os pedaços queimados de madeira e a chaminé.

— Ministério da Magia!

Assim que soltou o pó, ele sentiu o seu corpo rodopiar, e não demorou a distinguir através das cores e formas difusas, chegando ao seu destino, abarrotado de bruxos atrasados. Apressou-se em direção ao elevador, antes que tivesse de enfrentar fila, e conseguiu entrar segundos antes das portas se fecharem.

— Nível dois — uma voz mecânica disse — Departamento de Execução das Leis da Magia, que inclui...

Antes que a mulher pudesse terminar de mencionar as seções inclusas, Sirius já saía do cubículo, junto com um bom bando de gente, estapeando um dos aviões de papel, que quase colidiu com ele. A asa meio amassada, entrou no elevador, antes que as portas se fechassem novamente.

— Isso são horas de chegar, Sirius Black?

Tomou um susto ao ter sua visão interrompida bruscamente por James Potter, mal pisando dentro do quartel general dos aurores.

— Porra, Prongs! — ele passou as mãos pelo rosto.

— Ei! O que que houve contigo? — o melhor amigo mudou a sua pose afeminada por uma preocupada, ao ter uma melhor visão do auror — Está com o cabelo pior do que o meu!

Ele riu, sentindo que precisava, mais do que nunca, de uma boa xícara de café.

Maldita Lily Potter que lhe apresentou aquela bebida trouxa!

— Você é quem tem um bebê chorando dia e noite, e eu quem estou com uma cara péssima? — Sirius zombou — Bem, eu dormi e acordei bem tarde, então... Não tive chance de me trocar.

— Eu estava apostando que você tinha tomado banho e esquecido de se secar — James olhou-o de cima a baixo — Ou que você, simplesmente, estava de ressaca, e tinha ligado o chuveiro em cima da roupa.

— Há quanto tempo eu não bebo para esquecer o dia seguinte? — ele suspirou.

James seguiu o amigo até o escritório que compartilhavam, uma pasta de arquivos esquecida em sua mão, mas adiantou-se à sua frente para alcançar a sua mesa, e jogar-se na cadeira em frente a ela.

— A vida não está fácil! — ele também suspirou, mas sorria, o que contrastava um do outro.

Sirius afastou alguns papéis da mesa dele, sentando-se na ponta.

— Ei! Sente-se na sua mesa! — reclamou James, colocando as pernas em cima da mesa, para provar o seu ponto de vista.

— Que papelada toda é essa? — ele perguntou, ignorando sua reclamação, e verificando um relatório qualquer — Um furacão passou por aqui!

— Scrimgeour mandou que nós, aurores presentes, — ele lançou um olhar ao amigo — déssemos uma limpa nos casos antigos de cada um. Alguém vai levar os relatórios para outra sala.

— Teve uma reunião? — Sirius fez uma expressão sofrida.

A resposta chegou nesse mesmo instante, a porta abrindo-se.

— Black, Scrimgeour está te chamando na sala dele — Proudfoot disse, com um tom de voz potente — Potter, onde está o relatório?

James levantou-se de sua cadeira imediatamente, erguendo a pasta de arquivos, parecendo lembrar-se imediatamente dela.

— Aqui! — ele respondeu.

— Então vá entregá-lo! — Proudfoot quase gritou, enérgico — Aproveite e acompanhe Black.

Sirius mordeu a língua fortemente, ao receber um olhar de alerta vindo do amigo.

O auror permaneceu esperando até que estivessem fora do escritório, indo em outra direção.

— Bigfool — rosnou Sirius — Esse devia ser o sobrenome desse filho da puta.

— Bem, nós conseguimos, no nosso primeiro dia de trabalho, irritar o assistente do nosso chefe — James fez uma careta para a pasta de arquivos.

— Eu tenho culpa se ele se chama Proudfoot? Quem é que tem o sobrenome “pé orgulhoso”? — retrucou o amigo — Esse cara estava pedindo para ser zoado.

— Só porque eu comentei que ele roubou o seu apelido...

Sirius olhou ofendido para o amigo, que estava falsamente indignado.

— Eu te disse que Bigpad seria melhor — comentou o animago canino.

— Ah! Nem vem! Você me chamou de cornudo! — replicou James.

— E quem tem chifres é o quê?

Alguns aurores passaram, olhando de forma estranha para os dois rapazes.

— Obrigado, Pads — James ironizou — Agora todo Ministério vai pensar que...

— Ué! Mas você tem chifres! — murmurou Sirius, segurando o riso.

Antes que pudessem prolongar a discussão, a porta ao lado deles abriu-se, e depararam-se com Frank Longbottom, olheiras profundas e escuras marcavam o seu rosto pálido.

— Se não tivessem sobrenomes diferentes, diria que são irmãos — surpreendeu-se Sirius.

— É incrível como vocês demoram tanto para ir ao escritório de Scrimgeour — Alice apoiou-se à parede ao lado deles, do lado de fora do escritório do marido.

Sirius admirou-se em como a mulher estava radiante e de volta ao trabalho, tranquila com o fato de ter deixado o seu filho de dois anos de idade com a avó paterna. Lily não tinha essa capacidade, tanto que demitiu-se do Ministério para poder cuidar dia e noite do filho.

— A diferença entre uma mãe e um pai — Sirius ergueu as mãos, comparando os rostos dos dois — Por Merlin, Frank! Há quanto tempo você não dorme?

— Só para a sua informação, Black — Alice disse, aparentando estar irritada — Ele passou a noite inteira aqui, assim como você. Neville não tem nada a ver com isso! E é melhor você ir logo, Scrimgeour está impaciente.

A vontade do moreno era de revirar os olhos, debochando da situação, mas, apesar de odiar ser mandado, ele amava o emprego, e não queria perdê-lo.

— Deixe que eu entrego para você — Sirius pegou os papéis da mão de James, que parecia indeciso, mas acabou por concordar.

— Boa sorte lá! — ele disse, enquanto o outro afastava-se dos amigos.

No final do corredor, estava o escritório do auror chefe, Rufus Scrimgeour, e bastou duas batidas leves para que fosse dada a permissão para entrar. Diferente da entrada do quartel general, que tinha portas de vidro, a porta do escritório era de madeira, e poderia ser trancada com facilidade. Uma proteção ao auror chefe? Não era como se ele precisasse.

— Bom dia, senhor Scrimgeour — disse Sirius, quase sentindo uma dor na alma pelas próprias palavras — Pediu para me chamar?

O homem tinha uma aparência de leão, o que condizia bem com o padrão de aurores chefes que o Ministério já teve, já que o anterior foi Alastor Moody, um homem cheio de cicatrizes, uma perna de pau e um olho falso no lugar de outro, que foi arrancado em uma batalha.

Ele abaixou o seu jornal, que lia com tranquilidade, o que fez Sirius se questionar o que ele fazia realmente ali.

— O que é isto? — Rufus apontou para a pasta em suas mãos.

Se fosse em sua adolescência, Sirius responderia que apontar era feio, e que até a sua mãe tinha lhe ensinado isso. Talvez fosse o mau humor matinal, mas ele controlou-se, mais uma vez.

— Os relatórios que o James tinha que trazer.

O que ele se negava a fazer era referir-se aos seus amigos pelo sobrenome. “Auror Potter”? Ele conhecia aquele homem quando ele era um esmirradinho quatro olhos.

— Eu pedi para que o auror Potter — ele frisou as últimas duas palavras — trouxesse, pois quero que ele me explique detalhadamente o que está escrito.

Sirius acreditava piamente que, se dependesse exclusivamente de Moody, James já seria o auror chefe, e chutaria os traseiros de Scrimgeour e Proudfoot, mas não dependia apenas do seu antigo mestre, assim como a aposentadoria do auror caiu na mesma época em que Lily teve o bebê, e James já não era tão dedicado. O que podiam esperar? Ele era pai! Frank, que era a segunda opção, também passou pela mesma situação, e aí Scrimgeour foi nomeado.

Podia ser pior. Podia ser Proudfoot, que, embora tivesse um alto cargo, não podia sair demitindo as pessoas de quem não gostava.

— Deixe isso aí! — o auror chefe apoiou o cenho com dois dedos, parecendo enfrentar uma grande dor de cabeça (sempre parecia) — Eu resolvo isso depois. Contudo, não te chamei para trazer os papéis de Potter.

Sirius colocou a pasta no lugar indicado, aparentando tranquilidade, ainda de pé.

— Gostaria de saber o motivo de seu atraso — Scrimgeour disse, levantando uma de suas grossas sobrancelhas.

Estava demorando...

— Bem, eu fiquei trabalhando a madrugada inteira. Dormi demais, peço desculpas por isso, não voltará a se repetir — ele respondeu.

Um mantra maravilhoso que Marlene ensinou-lhe.

— Você já disse isso antes — retrucou o auror chefe.

Um chefe filho da puta.

Sirius não soube o que responder, então manteve-se quieto.

— Certo, Black... — Scrimgeour ajeitou-se em sua cadeira — Volte para o seu trabalho.

Isso surpreendeu-o, mas ele não esperou que o homem perdesse a paciência, e o demitisse de uma vez.

— E aí? — ele esbarrou com Héstia Jones no meio do caminho, ela parecia nervosa.

— Está tudo bem! — Sirius permitiu-se sorrir.

A colega sorriu junto com ela, mas bem mais animada que ele.

— Você é uma raça rara, Black — comentou Héstia, simpática.

— É o que diziam os meus parentes — ele deu de ombros.

Ela apenas riu, antes de passar por ele, esbarrando em seu ombro de brincadeira.

— As vezes que você é chamado para o escritório do Scrimgeour... — James balançou a cabeça, brincalhão, assim que ele pisou no escritório compartilhado — Acho que Alice deve ter uma conta de quantas vezes você quase foi demitido.

— Uma mulher encantadora — Sirius disse, sarcasmo pingando em sua voz.

— Não deixe Frank te escutar!

James perdeu o sorriso divertido em seu rosto, inclinando-se levemente na cadeira para enxergar a porta, antes de voltar a falar.

— Você viu Remus? — ele sussurrou, com medo de que Proudfoot passasse por lá e escutasse.

— Ele ainda não chegou? — Sirius franziu o cenho.

Isso era algo estranho, o lobisomem chegava antes mesmo que Scrimgeour e Proudfoot no escritório.

James apenas negou com a cabeça, preocupado.

O outro andou pela sala, contendo a vontade de fechar a porta, e foi até o outro extremo da sala. Abarrotado de mapas e anotações, que não iriam constar na limpeza do quartel, ele foi verificar outro papel pendurado: o calendário.

Apesar de ser algo normal, nenhum outro escritório compartilhado tinha.

— Sim, sim, eu sei — James disse, pegando outros papéis para examinar — Está próxima... Só que ele nunca chegou tarde ou faltou ao trabalho.

— Parece que é o dia de todo mundo se atrasar — ele passou a mão pelo rosto, antes de voltar à sua mesa.

Alice fez um sinal para chamar James, e ele suspirou, sabendo que era Scrimgeour.

Antes Alice vir chamá-lo do que Proudfoot.

— Sirius — ela sussurrou, quando James saiu, aproximando-se de sua mesa — Estou preocupada...

— Quer ir para casa, não quer? — ele perguntou, compreensivo — Eu posso te dar cobertura.

— Não, não é isso! — Alice deu uma risada leve — Merlin sabe como eu estou com saudades do meu pequeno, mas... Eu preciso trabalhar.

— Está preocupada com Remus também?

O sorriso sumiu do rosto dela, e ela assentiu.

— Eu também não encontrei Dorcas hoje — ela comentou.

Sirius sentiu um embrulho no estômago, assim que o nome “Dorcas” foi citado.

— Ah! — ele comentou sem emoção.

— Eu acho que vou perguntar a Marlene se ela está doente — Alice não pareceu notar a sua mudança de atitude — Isso! Eu vou perguntar... Ela está trabalhando hoje?

— Sim, ela está! — Sirius respondeu.

— Vou pedir a Frank para que me cubra... Obrigada, Órion!

— De nada...

James apareceu assim que ela desapareceu no corredor, e Sirius perguntou-se se ele conseguiria ficar sozinho com seus pensamentos apenas por um instante que fosse.

— Bem, parece que Scrimgeour não está nada preocupado com o sumiço de Remus — ele comentou, observando onde Alice ia — Nem Proudfoot veio nos perturbar, como quando aconteceu naquela vez em que...

— Alice acha que Dorcas ficou doente ou algo assim — interrompeu-o Sirius, fingindo estar focado em esvaziar as suas gavetas, abarrotadas de papéis — Você sabe como Remus é...

— Ah! Claro! Ele deve ter justificado — disse James, como se todos os problemas tivessem sido solucionados com essa simples descoberta — Ele nunca que iria faltar sem avisar. Nunca se sabe quando o quartel ficará agitado...

— Sim, sim! — o outro disse, com a voz distante.

Vendo como o assunto morria, James também voltou a prestar atenção nos papéis e relatórios jogados em cima de sua mesa.

— James... — Sirius chamou-o, meio hesitante.

— O que foi? — ele perguntou.

— Posso dormir na casa de vocês hoje? Eu cuido do Harry, deixo vocês dormirem à vontade essa noite. Fico quietinho, juro!

— Como se a Lily fosse confiar em você para ficar com o Harry... Ela não confia nem em mim!

Sirius fez uma carinha de cachorro abandonado, e James suspirou.

— Você vai madrugar aqui? — ele perguntou, derrotado.

— Não! Hoje eu saio no horário de sempre — Sirius respondeu, rapidamente.

— Passa lá em casa às sete, então. Eu vou acalmar a fera.

— Não deixe a Alice te escutar dizendo isso.

James mostrou a língua para ele, ao perceber que o amigo roubou a sua frase, dita anteriormente.

Se Alice descobriu algo sobre Dorcas e Remus, ela não mencionou pelo restante da tarde. Não que Sirius estivesse pensando nessa situação, mas seria bom alguma notícia, mesmo que fosse ruim, para agitar um pouco as coisas, distraí-los de tantas folhas de pergaminho.

Nem mesmo quando estava em Hogwarts teve que lidar com tantas informações ao mesmo tempo.

— Prepare-se, pois Lily vai ficar te perguntando quando você vai arrumar uma casa — avisou James.

— Eu já estou acostumado com isso — respondeu Sirius — Hoje mesmo, Marlene veio me encher com essas perguntas...

— Tão iguais... Não sei como essas duas não se bicam.

— Um dia, elas se resolvem. Conhece mulher não?

Antes que James aproveitasse a brecha para perguntá-lo, Sirius levantou-se, segurando uma gaveta cheia de papéis.

— Acho que a lareira vai queimar bastante hoje — ele comentou.


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