Elos do Destino escrita por Amanda Stone


Capítulo 4
Capítulo 6 - POV Hermione e Viktor


Notas iniciais do capítulo

Nosso shipp não morreu!
Agora com POV de ambos. ♥



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Londres, 01 de Maio – POV Hermione

Na volta do Ministério para a casa com mais de uma dúzia de livros emprestados da biblioteca, cheguei eufórica e determinada a organizar minha vida em cinco dias para a viagem.

Penso que o primeiro passo seja organizar minha vida em casa para conseguir ficar tanto tempo fora. Inspecionei minuciosamente cada cômodo apenas para chegar à conclusão que tudo estava impecavelmente limpo como sempre, então essa não seria uma preocupação. Como forma de precaução conferi se todas as contas estavam devidamente pagas e separei a cópia das chaves para deixar com meus pais em caso de alguma emergência.

O segundo passo seria decidir quais roupas levar, afinal eu gostaria de passar uma boa impressão ao Ministério Búlgaro e aos colegas bruxos que eu iria coordenar, minha mãe sempre me disse que a primeira impressão era de grande importância no ramo dos negócios e eu gostaria de passar uma imagem de segurança apesar da pouca idade.

Contudo, antes mesmo de conseguir pegar em alguma peça, eu congelei olhando para cada tecido e permaneci imóvel frente ao meu closet sem saber o que escolher para os meses de viagem, apesar de não possuir uma grande variedade de roupas. Eu nunca sei o que vestir em eventos importantes e sempre entro em pânico nessas horas.

Sem saber por onde começar sentei escorada junto ao batente da porta recordando a sensação de pavor durante a semana anterior ao Baile de Inverno, e em como minha falta de confiança me fazia duvidar da minha capacidade de estar a altura de ser o par de Viktor e não ser uma chacota.

Mas também me recordo das borboletas no meu estômago quando Viktor me disse:

“-Nem em mil anos eu seria capaz de presenciar tamanha magia que está sendo ter a mulher mais incrível que conheci como meu par nessa noite.”

Fecho os olhos tentando recordar de maneira nítida o tom de sua voz e o sotaque carregado em cada palavra, fazia tanto tempo que eu temia estar esquecendo aos poucos esses pequenos detalhes. E pensando nisso fiquei tão paralisada, que meu gato Bichento provavelmente estranhando meu comportamento, veio ronronar em meio às minhas pernas como se perguntasse se eu estava bem. Abri os olhos encarando a grande massa de pelos laranja com seus olhos amarelos imensos me encarando, meu velho companheiro ranzinza.

Deixando a impaciência me dominar, decido com um aceno de varinha e dizendo “Accio todas as roupas”, que levaria tudo dentro da velha bolsa enfeitiçada que eu levava para todos os lugares junto a mim desde os tempos de caça às Hórcrux. Dessa maneira, eu seria hábil para decidir o que usar sem me estressar por antecipação. O mesmo foi feito com os sapatos, acessórios e alguns livros que seriam necessários para a execução da minha missão.

Finalmente, olhando para a imensidão vazia de meu minúsculo closet pude respirar com mais facilidade e pensar no terceiro passo, avisar pessoalmente meus pais sobre a viagem e pedir para cuidarem da casa de vez em quando, assim como levar Bichento para ficar na casa deles durante esse período, mas isso eu faria amanhã sem pressa, pois hoje eu ainda teria que enfrentar o aniversário de Astoria, além da culpa de ainda não ter contado ao Ron sobre a viagem com o grande risco de Draco tocar nesse assunto no meio do jantar.

Ainda com Bichento no colo, olho em direção ao relógio do quarto marcando 19:20h e me desespero com o horário, espantando Bichento conforme eu me levanto em um só pulo tirando toda a roupa do corpo e entrando no chuveiro para o banho mais rápido da história bruxa. Ron estaria aqui em vinte minutos e não poderia nem sonhar em ver meu closet vazio.

Com os cabelos ainda molhados do banho envoltos em uma toalha corro até a bolsa enfeitiçada lembrando que todas as roupas estão lá e com a ajuda do Accio escolho uma calça jeans skinnie cintura alta, uma bota de cano curto com um pequeno salto, uma blusa preta gola V de mangas compridas e um sobretudo. O tempo permanecia frio em Londres durante a noite, apesar de ser primavera e a julgar o movimento das árvores da rua, o vento estava intenso.

Com um aceno de varinha sequei todo o cabelo que com o passar dos anos, graças a Merlin, foram ficando assentados e agora caíam em uma grande cascata de cachos largos até a metade de minhas costas, passei uma maquiagem leve no rosto enquanto me encarava no espelho, pensando:

“-Nada mal para a criança dentuça e descabelada que entrou em Hogwarts” – ri sozinha com a constatação agora com meus dentes perfeitamente alinhados e bem cuidados, e isso eu devia não só a magia, mas também por meus pais serem bons dentistas trouxas.

Ainda sentada em minha penteadeira, olho para o relógio com a mesma sincronia em que ouço batidas em minha porta, era exatamente 19:40h e como prometido Ron veio me buscar. Ao menos o mérito da pontualidade ninguém poderia tirar dele.

Gritando um “já vou!”, escondo a bolsa enfeitiçada dentro do closet vazio, fecho a porta do quarto em um estrondo e atendo a porta com a pretensão de sair imediatamente.

“-Oi Ron! Obrigada por vir me buscar, e ...mas o que significa isso?” – perguntei perplexa ao vê-lo parado me encarando com um tanto de constrangimento no olhar segurando um buquê de tulipas amarelas em uma das mãos.

“-É um pedido de desculpas por hoje cedo.” – um silêncio mortal pairava entre nós enquanto ele respirava fundo para continuar seu discurso – “-Escuta Mione, eu não sou muito bom nisso, como você já sabe... mas eu não tenho sido um cara muito legal contigo e eu reconheço isso. Você consegue me perdoar e esquecer esse meu comportamento ridículo?” – ele esticou o buquê até mim e logo depois me envolveu em um abraço carinhoso antes mesmo que eu esboçasse alguma reação ou resposta.

E no misto desse abraço que me envolvia em conjunto com a atitude de carinho inesperada e inédita, eu me vi cada vez mais emboscada na imensa e pegajosa teia de aranha que eu mesma criei.

Meu coração apertou mais ainda quando eu retribui seu abraço sentindo o cheiro de grama recém-cortada e menta que emanava de seu pescoço, e a cada respiração eu fui morrendo aos poucos de remorso em pensar o quanto eu iria desapontá-lo.

Era claro que eu o perdoava.

Mas será que ele poderá me perdoar algum dia?

 

Sofia, 01 de Maio – POV Viktor

Mais um dia comum de treino.

Desde que fui convocado pela Seleção Búlgara quando tinha dezoito anos minha rotina tem sido a mesma durante os dias de semana. Acordo antes mesmo de o sol nascer, desjejum, academia e treino em campo durante o dia todo.

A única diferença é que nos últimos cinco anos fui contratado pelo Ministério de Magia Búlgaro para ocupar o cargo de Sub-chefia do Departamento dos Esportes Bruxos, portanto, agora treino apenas meio período pela manhã e sigo direto para o Ministério.

Esse ano meu chefe de departamento Nikolai Berbatov encontrava-se especialmente animado pelo fato do nosso país ser sede da Copa Mundial, sua agenda estava repleta de reuniões à portas fechadas com os outros chefes interdepartamentais e com o Ministro. Um evento dessa magnitude seria tratado com o máximo de segredo e segurança possível, mas hoje finalmente as subchefias iriam participar da reunião e ficar a par do planejamento.

Assim que entro na imensa sala de reuniões sou abordado pela Sra Alexia, secretária do Ministro.

“Olá querido! Como vai?” – perguntou em uma voz baixa e suave sustentando um sorriso sincero.

“-Olá Sra Alexia, vou bem obrigado. E a senhora? O que tanto escreve na sua prancheta?” – ela sempre andava com uma prancheta e sua pena mágica para anotações, e nesse exato momento a pena pairava no ar como se esperasse algum tipo de resposta minha.

“-Ah meu filho, como você sabe a animação do Ministro está difícil de ser contida esse ano, acredita que ele resolveu fazer um baile em homenagem ao início dos preparativos da Copa? Ele passou a ordem ontem, então estou aproveitando a reunião de hoje para confirmar a presença e perguntar os nomes dos pares dos convidados. Tem alguém em mente, meu filho?” – sim eu tinha, eu sempre tinha um nome em mente, mas meu par nesses eventos sempre acabava sendo Irina. Fiquei alguns segundos sem conseguir pronunciar a resposta enquanto a velha senhora e sua pena me encaravam com curiosidade.

“-Senhorita Irina Kowaoski.” – assim que falei seu nome a pena anotou sem piedade e já despachou um memorando até Irina informando do convite. Eu não teria como fugir desse baile de qualquer forma.

“-Obrigada, querido. Tenha uma ótima reunião.” – disse a velha senhora com um pouco do que parecia compaixão no olhar, ela sabia que bailes não eram mais de meu agrado.

Encontro meu lugar e tento focar na intenção de ouvir claramente tudo o que será falado e tomar notas sobre as responsabilidades que com certeza cairão sobre mim. No entanto, minha mente vaga livremente na remota e quase absurda possibilidade de Hermione vir assistir a Copa Mundial, afinal a Inglaterra iria disputar a final conosco.

Sinto um arrepio percorrer minha espinha só com esse pensamento. Eu daria tudo o que tenho apenas para colocar meus olhos nela, nem que fosse de longe a uma distância suficiente de poder vê-l ao menos mais uma vez, sem que ela se constrangesse com a minha presença perto de seu namorado ou marido.

Desejando isso, eu possuía plena consciência de que ao mesmo tempo em que meu coração se encheria de alegria e por um milésimo de momento todos meus cacos seriam rapidamente remontados... eu teria que me preparar com a possibilidade de ela estar deslumbrantemente feliz ao lado de quem ela escolheu ou até mesmo acariciando uma linda barriga redonda de um filho que nunca seria nosso. E novamente eu iria voltar para o limbo em que eu já me encontrava, eu e todas as cartas que me deram alguns deslumbres de felicidade ao lado dela.

Um nó formou em minha garganta, seria esse meu destino afinal de contas? Uma onda de amargor caiu sobre mim fazendo, desejando de todo o coração nunca ao menos ter pisado em Hogwarts. A vida seria mais tranquila se minha alma não estivesse ficada presa naquela terra no momento em que desembarquei do navio e a avistei sentada em um dos beirais da escola com um livro nas mãos enquanto olhava nossa comitiva pisando em terra firme.

Acordei dessas lembranças assim que ouvi a voz estrondosa de nosso atual Ministro da Magia, Ian Labakow anunciando o início da sessão.

“-Caros presentes, chefes, subchefes e auxiliares de Departamentos. Bem vindos. Daqui a três meses iremos finalmente e merecidamente sediar a final da Copa Mundial de Quadribol, e como todos sabem nosso time disputará com a Inglaterra a sonhada conquista do título. Gostaria de deixar claro que é mais do que nosso dever, é nossa obrigação fazer com que essa Copa seja memorável e acima de tudo segura, pois embora não tenhamos mais notícias sobre grandes grupos seguidores dos ideais de Grindewald ou de Voldemort, o perigo está sempre a solta e não baixaremos a guarda no quesito segurança.” – o Ministro permanecia austero em sua fala e olhar, era óbvio que ele se referia à última Copa em que os Comensais da Morte furaram a segurança e invadiram o acampamento.

Após uma longa pausa, continuou o Ministro:

“-Entretanto, como bem sabemos nosso Ministério é pequeno em comparação aos demais da Europa, por esse motivo durante as diversas reuniões de líderes interdepartamentais que tivemos essas últimas semanas, chegamos à conclusão que seria benéfico para todos, uma parceria com outro Ministério da Magia. Gostaria que vocês dessem as boas vindas a um velho amigo e Ministro da Magia Inglês Quim Schacklebolt.” – e em uma súbita aparatação, o Ministro Inglês apareceu ao lado de Labakow. Era exatamente como eu me recordava dele, um homem tão alto quanto eu com uma presença estranhamente amigável apesar do olhar sério e penetrante. Apesar do grande burburinho dos demais, ele limpou a garganta e começou a falar antes mesmo que alguém da sala pudesse se manifestar com clareza:

“-Agradeço as boas vindas, meu amigo e Ministro Labakow. É um prazer e uma honra contribuir para que essa Copa Mundial seja benéfica e segura para todos, especialmente em uma final entre nossas nações. É por esse motivo que o Ministério Inglês disponibilizará a vocês dentro de cinco dias nossa mais competente funcionária Subchefe do Departamento de Leis e execução da Magia para ser a Coordenadora Geral de Execução de Magia da Copa Mundial. Ela vai criar junto com vocês um Plano de Magia eficiente e seguro. Eu mesmo a indiquei para esse cargo e colocaria minha vida em suas mãos se preciso fosse.” – quem quer que seja essa pessoa deve ser extremamente competente provavelmente a temida Amélia Bones, ou como meu chefe costuma chama-la, a Dama de Ferro.

O Ministro Inglês respirou fundo e abriu um grande sorriso antes de continuar seu discurso:

“-Acredito que ela não precise ser apresentada com muitos detalhes, afinal vocês a conhecem e sabem de sua trajetória. Pois bem, dentro de cinco dias Hermione Granger irá trabalhar em parceria com o Ministério Búlgaro para realizar a melhor Copa Mundial da história bruxa.” – toda a sala de reunião explodiu em aplausos.

Meus ouvidos instantaneamente taparam, não era mais possível destingir os aplausos das falas. O único som que fazia algum sentido em meio ao caos era meu coração, tão acelerado que retumbava até a ponta dos meus dedos.

Repousei minha cabeça no encosto da cadeira olhando para o teto enfeitiçado da sala do Ministério e pela primeira vez em sete anos o céu pareceu glorioso, pela primeira vez em sete anos eu senti novamente o gosto doce da esperança em minha boca.

Eu a veria novamente.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem! *-*
Beijos!



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