Thinking Out Loud escrita por yay


Capítulo 1
ONE


Notas iniciais do capítulo

Nada a declarar.
Até lá embaixo!



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Uma vez me perguntaram qual era o meu lugar preferido no mundo. Eu pensei no banquinho embaixo da árvore grande que ficava na beira da praia. Lá eu via o mar, a areia, o céu, as pessoas. Era a minha fuga. Lá eu podia pensar à vontade, ficar com a minha mente e com a paisagem. Era, para mim, o melhor lugar do mundo. 

Mas respondi que era a minha residência, pois, de algum modo, revelar o lugar que eu mais amava o tornava menos mágico. 

Caramba, Annabeth. RESIDÊNCIA? Por quê não usa simplesmente casa? 

Casa é de mais para explicar aonde moro. Casa para mim é onde se sente seguro, completo. É aonde o coração está. Poético, não? Eu sei. Tenho probleminhas. Mas o lugar onde moro não é assim. 

Moro com meu pai que finge que não existo, com minha madrasta que por algum motivo me odeia e com meus meio-irmãos cujo passatempo preferido é me irritar. Minha mãe me abandonou com meu pai logo depois que nasci. 

Não, definitivamente o lugar onde moro não poderia ser chamado de minha casa. Mas aquele banco podia. E o que me fazia gostar ainda mais daquele lugar era um garoto que parecia ter a minha idade (15), de cabelos pretos bagunçados e olhos verdes como o mar. Diversas vezes nos sentávamos naquele banco, um em cada ponta, e ficávamos apenas observando a paisagem. Nem ao menos sabia o nome dele, mas gostava de observá-lo. Até às vezes o pegava me olhando e ele desviava rapidamente os olhos para o mar, corando. Estar com ele me dava uma sensação boa inexplicável.

E então, num fim de tarde eu estava andando pela praia até o banco onde ele estava. Eu estava fugindo de mais uma das brigas com minha madrasta, que era sempre defendida por meu pai. Eu não chorava mais, não adiantava. 

Eu não sei o quê me levou a puxar papo com ele. Talvez tenha sido a minha raiva, tristeza ou o fato de querer conversar com alguém sem ser julgada, mas eu sentei dessa vez ao lado dele e falei:

— Oi. Qual o seu nome?

Opa. Annabete Xaves, o quê você tem na cabeça? Estrume? 

O garoto me olhou parecendo surpreso por eu ter falado com ele e respondeu:

— Oi... Meu nome é Percy,  e o seu? 

— Annabeth. 

— Nome bonito - Percy elogiou e agradeci sorrindo.  

— Você vem bastante aqui, né? Desculpe por falar com você só agora... - falei, envergonhada e ele riu.

— Eu que devia ter conversado com você antes. Você gosta de vir aqui? 

— Sim. Gosto de olhar a paisagem e as pessoas. 

— Eu também. Principalmente o mar - Percy comentou. 

Pensei que se olhasse em seus olhos por um espelho seria a mesma coisa que olhar o mar, mas não comentei. 

— Aqui eu me sinto completa. Não há ninguém para me julgar. 

— Sei o quê quer dizer. Aqui ninguém diz que me odeia. Quer dizer, talvez você esteja começando a me odiar, mas...

— Por quê eu te odiaria? Te conheci faz dois minutos e posso dizer que você é a pessoa mais legal que já conheci - Falei e ele deu um sorriso fofo de canto que me fez sorrir também. 

— Sabe de uma coisa? Deveriam ter conversado com você antes - Percy falou e rimos.

—----

Estávamos na areia da praia numa quinta feira quente, Percy brincava com os meus cabelos e eu olhava para a àgua. O mar estava calmo e o céu estava limpo. Notei que Percy ficava relaxado e feliz perto da àgua, mas naquele dia ele estava especialmente animado. 

— O quê você quer fazer? - pedi para Percy e ele fez uma cara pensativa fofa que me fez rir. 

—... Estava pensando em ir na àgua, vamos? 

— Ah, não! Prefiro ficar por aqui, mas vai láV 

 

— Vem comigo! Por favor - ele pediu com aquela carinha de cachorro abandonado e eu quase cedi. 

Foco mulher, foco.

— Hã-hã - consegui negar. - Não sei nadar bem. 

— Não faz mal! Eu não vou deixar você se afogar - Percy prometeu e comecei a balançar a cabeça em negativa quando ele me levantou do chão. 

— Me coloca no chão, Perseu! - eu berrava e ele só ria, começando a correr em direção à àgua - Agh - me agarrei ao pescoço dele - Se você me deixar cair...

— Não se preocupe, Annie - Ele falou e sorriu de canto. 

Ok, agora eu me sentia muito relaxada. 

Percy chegou na beira da água e continuou até o fundo, onde finalmente me soltou. O olhei de cara feia. 

— Seu chato! - falei e ele fingiu estar ofendido. 

— O quê foi? Não me diga que quer voltar para a areia agora que está aqui.

Droga, Cabeça de Alga. Era verdade, mas ele não precisava saber disso. 

— Você é impossível - Brinquei. 

— E você fica muito fofa quando finge estar zangada - ele falou com aquele bendito sorriso de canto e a sombrancelha esquerda levantada. 

Percy Jackson, nesse momento eu quero muito bater em sua pessoa.

E depois de dizer aquilo ele simplesmente... jogou àgua em mim. 

Leiam novamente: ELE SIMPLESMENTE JOGOU ÁGUA EM MIM.

Sério, corra enquanto dá tempo.

3...2...1,5...1...0,3...

Percy começou a rir da minha cara.

Leiam de novo isso também: ELE COMEÇOU A RIR DA MINHA CARA. 

Ah, vai logo no 0. 

Ele me lançou mais àgua. 

Dessa vez nem vou dar reprise, já ficou chato.

Z E R O.

Nunca me sai tão bem numa guerra de àgua. Sério.

#Orgulhosa

Joguei àgua nele como se não houvesse amanhã. Poderia não ter mesmo. Apenas aproveitamos ao máximo e rimos até que Percy segurou meus braços e me puxou para perto num abraço. Encostei minha cabeça em seu peito e fiquei ouvindo as batidas do coração dele. Meu coração martelava rapidamente em meu peito e o dele me dava paz. Nossos corações batiam juntos em descompasso. 

E a sensação era boa. Ótima, na verdade. Quer dizer, ah... Era melhor que ótima. Ah, esquece. 

—----

Nos encontrávamos todos os dias ali no banquinho. No nosso banquinho. 

Conversávamos, riamos e brincávamos um com o outro. 

Estávamos quietos naquela manhã de domingo. Apenas olhávamos o mar e pensávamos em qualquer coisa. Percy parecia meio triste. Suspirei. O quê havia acontecido que ele não me contara? 

— Percy? O quê aconteceu? - pedi e ele falou sem me olhar nos olhos:

— Nada.

Suspirei novamente e esperei um minuto. Nada.

— Quer me contar o quê você tem? 

— Caramba, Annabeth! Eu já falei que não é nada! - ele falou irritado, me deixando com raiva.

— Ok então, seu Cabeça de Alga ridículo! Achava que confiava em mim - Gritei, me levantei e saí andando furiosa. 

— Annabeth - ouvi Percy me chamar, mas não virei para trás e continuei andando - Annabeth! 

Ele se levantou e comecei a andar mais rápido. Ele começou a correr atrás de mim. Por quê você tinha que vir atrás de mim, Cabeça de Alga? 

Agora eu corriacorria pela calçada com Percy atrás de mim, nem eu sabia o porquê de eu estar chorando.

Senti ele agarrar meu braço e me virar para ele.

— Me solta! - gritei e tentei me desvencilhar dele, mas Percy era bem mais forte do que eu.

— Não! Annabeth... desculpa. Eu sei que estou muito chato hoje. E é claro que eu confio em você. 

— Se você confiasse em mim o bastante teria me contado o que aconteceu! 

— Eu confio em você, Annabeth! Eu só estou cansado de sentir tanta coisa e ter tanto medo de dizer isso em voz alta.

Ok. Agora eu entendi tudo.

— Então fale - Pedi e ele respirou fundo e assentiu.

— Eu não consigo te tirar da cabeça desde o dia em que te vi sentados naquele banco, Annabeth! Eu tenho medo de te perder e de te magoar. E é exatamente isso que estou fazendo! Eu não consigo mais te ver todo dia e não poder falar para você que eu... - ele fez uma pausa e eu pedi delicadamente:

— Falar o quê, Percy? 

Ele me puxou mais para perto e pela primeira vez no dia me olhou diretamente nos olhos. 

— Que... que eu te amo, Annabeth.

Eu tinha a sensação de que ia explodir de felicidade. Estávamos perto de mais. Conseguia sentir sua respiração em minha pele.

— Eu também. 

E então eu o beijei, sem medo ou vergonha. Sem me importar com nada. Ali só existiamos nós e o mar. E era tudo o que importava. 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Comentem,por favooor!
Beijos, Yeda!



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