Start Over escrita por MBS


Capítulo 4
Desconhecido




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Ponto de Vista – Abigail

 

O diretor só podia estar brincando comigo. Ok, eu adorei a ideia de ajudar alguém, ser tutora, fazer com que as notas da pessoa melhorasse, isso me deixava feliz em saber que eu pude ajudar alguém, MAS ESSE ALGUÉM NÃO PRECISAVA SER ELE POXAAAA.

— Já falei que para você é Abigail Bernardo. – falei encarando-o.

— Vejo que já tem uma amizade – o diretor falou sorrindo, divertindo-se com a situação.

— NÃO SOMOS AMIGOS – falamos ao mesmo tempo.

— Pois vão ter que ser, ou pelo menos se aguentar até o fim do semestre, visto em conta que a senhorita Abigail irá ajuda-lo a melhorar suas notas senhor Bernardo.

— Diretor, o senhor não poderia reconsiderar – comecei.

— Desculpe senhorita Carstairs, mas não... – ele respondeu calmamente. – Acho que o senhor Granemann precisa de alguém bom o suficiente para ajuda-lo nas matérias e eu não consegui pensar em ninguém melhor que você.

— Mas tem a Bianca senhor, ela conseguiria ajuda-lo sem problema. – respondi gesticulando, notei que Bernardo estava sentado em silêncio ao meu lado.

— A senhorita Cortez foi uma das minhas opções também.

— Então, caso encerrado – falei sorrindo.

— Maaas, acho que ela acabaria... bem... acho que Bernardo não sairia inteiro. – falou com um sorriso divertido no rosto. – Não tem nada a falar senhor Granemann?

— Não senhor, acho que eu não tenho muito o que opinar e o que o senhor decidir sei que será para o meu melhor. – falou encarando o diretor. Espera, o que? Bernardo queria que o ajudasse? Não iria fazer nenhuma piadinha nem tentar impedir? Eu tenho certeza que fiquei o encarando pasma, visto em conta que ele olhou pra mim e pela primeira vez na vida vi ele corar. – Eu admito que estou com minhas notas péssimas, que não estou me dedicando o suficiente e que estou... bem, desviando meu foco. Tenho certeza que se o senhor considera que ter uma tutora irá me ajudar, eu estou disposto a lhe escutar. Eu só peço que se for possível diretor eu continue no time, lá é o lugar que mais me faz bem, fora que eu sou o capitão do time e as finais estão quase chegando.

— Bem, são bons argumentos senhor, e sim eu concordo que uma tutora será de grande ajuda para o senhor. Mas quanto ao time, eu já conversei com o treinador – vi Bernardo engolir seco – eu já o avisei que ele estará constantemente acompanhando suas notas, sendo assim, uma nota vermelha irá acarretar na sua suspensão do time temporariamente.

Bernardo concordou com o diretor de cabisbaixo. Eu senti pena dele, eu sabia o quanto o time de rugby era importante para pessoas como ele.

— Então acho que a decisão foi tomada, vocês estão dispensados. Espero chama-los para dar-lhes os parabéns por ambos terem conseguido os resultados esperados. – Diretor falou ficando em pé e sorrindo para nós.

Pegamos nossas coisas e nos dirigimos à porta em silêncio, e este se manteve até chegarmos ao corredor.

— Por que não tentou impedir? – perguntei sem olha-lo.

— Porque... porque eu não sou o monstro que você imagina Abby. – falou enquanto virava a chave do carro em sua mão.

— Sério? – perguntei irônica parando no corredor e atirando as mãos pra cima e batendo ela em minhas coxas – Por que não foi o que pareceu ao longo desses anos Bernardo, você sempre me humilhou, sempre me disse que eu nunca fui boa o suficiente para nada. Pra que? Pra chegar a um momento desses aonde VOCÊ deveria mais do que ninguém tentar impedir de ficar COMIGO, com uma pessoa como eu, no mesmo ambiente mais tempo do que na escola, mas nãããão, você concorda com essa idiotice do diretor. – falei explodindo e dando de dedo em seu rosto. Soltei o ar dos meus pulmões que eu nem sabia que havia prendido – Eu sinceramente não te entendo Bernardo.

— Me desculpa Abby – ele falou encostando-se nos armários.

— JÁ FALEI QUE PRA VOCÊ É ABIGAIL, TÁ TÃO DIFICIL DE ENTENDER? NÃO TEMOS INTIMIDADE ALGUMA PRA VOCÊ ME CHAMAR DE ABBY – falei gritando e notei que ele havia pedido desculpas – calma ai, você me pediu desculpas? – perguntei incrédula. – VOCÊ me pedindo desculpas? – falei gesticulando apontando para ele depois pra mim.

— Por que é tão difícil de acreditar? – perguntou me encarando.

— Você deveria ser ator Bernardo – havia desgosto na minha voz – eu estava quase acreditando que você havia mudado.

Com isso virei às costas e fui em direção à saída, hoje definitivamente não era o meu dia. Comecei a andar em direção a uma academia que havia aqui perto do campus, eu precisava esfriar a cabeça.

Cheguei a ela e notei que Bianca estava treinando junto com Gabriel, um amigo nosso e o único que se salvava do time de babacas do rugby.

— Olá pessoas – falei sentando em um dos bancos que havia perto do tatame aonde Bianca e o Gabriel treinavam – Oi Stavo – falei batendo de leve ombro a ombro no garoto que estava ao meu lado, eu sabia que ele era irmão do Bernardo, mas diferente do irmão, ele não era um completo babaca. Era uma pessoa que dava para manter uma conversa civilizada por um bom tempo.

— Oi Abby – os três falaram.

— Então, como foi à conversa com o diretor? – Bianca pediu enquanto treinava joelhadas.

— Tenho uma novidade... não tão boa assim – falei soltando minha mochila ao lado do banco e cruzando minhas pernas em borboleta, apoiando meus cotovelos sobre os joelhos e minha cabeça nas mãos enquanto eu prestava atenção no treino.

— Que novidade? – Gabriel pediu me olhando de relance.

— Eu vou ter que ser tutora. – falei soltando um longo suspiro. Notei que três pares de olhos me encaravam – do babaca do seu irmão – falei encarando Gustavo, que na hora se engasgou com a água que o mesmo estava tomando.

— O QUE? – gritou Bianca.

— BIANCA, VOCÊ ME ACERTOU UM SOCO – Gabriel gritou de volta.

— Você tá me zoando né Abby? – Ela perguntou me olhando – NÃO, me diz que você não aceitou.

— Eu não tive escolha MARIA, VOCÊ ACHA QUE EU NÃO QUERIA TER NEGADO? EU TENTEI DE TODA FORMA.

— Não me chama de Maria babaca – Bianca me olhou com reprovação. – Por que vai ter que ser tutora dele?

— Ele está com notas baixíssimas, fora o comportamento desleixado quando o assunto é escola – Gustavo respondeu, um pouco atônito a tudo aquilo ainda.

— Exatamente – falei em concordância com ele – fora que o diretor ainda avisou que havia conversado com o treinador e caso ele não melhore as notas ele será suspenso do time.

— Não podem tirar ele do time, ele é um dos melhores que nós temos lá – Gabriel falou me encarando – Desculpa fala isso, mas... você tem que ajudar ele Abby.

— Eu sei... mas você sabe o quão difícil é pra mim não sabe Gabe? – olhei-o – você sabe o quanto que eu já chorei por aquele babaca me humilhando e fazendo piadas sem graça. Sabe o quão difícil tá sendo pra mim ter que aceitar a ideia que EU vou ter que ajudar a pessoa que eu mais odeio na face da Terra? – falei jogando as mãos pro alto – O destino só pode estar rindo da minha cara nesse exato momento. Só pode ser um pesadelo tudo isso.

— HEY, O TREINO ACABOU JÁ, ESTÃO DISPENSADOS. – Eve, a mestre da Bianca, Gabriel e Gustavo gritou. Ela acenou simpática para mim que retribui com um sorriso.

— Sendo assim, eu não sei o que te falar amiga, só te digo boa sorte – Bianca falou colocando a mão no meu ombro – Caso aquele babaca te faça algo você me conta, eu acabo com ele – completou me lançando uma piscada, o que gerou risada de todos nós ali.

— Ok, eu já vou indo, nos falamos depois – falei pegando minhas coisas e lançando beijos no ar pros três. Peguei meus fones de ouvido na mochila e os coloquei, selecionei uma música qualquer. Logo começou a tocar em meus ouvidos Rock Bottom, da Hailee Steinfeld, fiquei cantando a letra baixinho, eu gostava da batida da música, e a letra dela por algum motivo me completava, estranho. Já estava perto da minha casa quando a música quando mudou para Rise, da Katy Perry. Peguei a chave e coloquei no buraco da fechadura enquanto balançava meu corpo no ritmo da música, ela sim, definitivamente era a minha música. Abri a porta e me deparei com uma das piores cenas da minha vida.

— AAAAHGR QUE NOJO GUILHERME, VÃO PRA UM QUARTO. – falei fechando a porta com um chute e gritando para meu irmão que estava com uma garota na sala de casa, a mesma já estava só de sutiã e pareceu ficar envergonhada com minha chegada.

Subia as escadas até meu quarto e joguei minha mochila em um canto e meu corpo sobre a cama. Eu nunca iria esquecer essa cena, que nojo. Peguei meu celular e conectei em um amplificador que eu tinha e deixei que a música invadisse o ambiente. Comecei a organizar as roupas que estavam jogadas sobre a poltrona e guarda-las em seus devidos lugares no guarda-roupa. Após o quarto estar organizado fui em direção ao banheiro do quarto para um longo banho. Deixei que a água quente, que tanto me acalmava, levasse todo aquele estresse do dia embora, fiquei de olhos fechados deixando que a música e o barulho de água escorrendo tomasse conta do meu corpo, fiquei me balançando e cantando desafinada a letra da música.

Terminei o banho e me enrolei em uma toalha, penteei os cabelos e fui em direção ao quarto, peguei minhas roupas e me troquei. Voltei para a cama e fiquei sentada encarando o painel de fotos que havia na frente da cama, ao lado da TV que havia ali. Lá estava várias fotos dispostas, eu com meus amigos, quando éramos crianças, mas a foto que mais de deixava feliz era eu com meu amiguinho que eu não sabia o nome. Minha mãe havia me entregue àquela foto, disse que havia achado bonito eu e ele brincando e tirou uma foto. Era no momento em que eu estava agradecendo ele por ter concertado minha boneca, estamos abraçados e ambos sorrindo, de todo o painel era uma das minhas favoritas.

Não sei quanto tempo fiquei encarando aquela foto, mas sei que o que me despertou foi meu celular vibrando que uma nova mensagem havia chego, olhei para o relógio e notei que já era quase dez da noite. Desliguei a música e peguei o celular. Mensagem desconhecido, era o que dizia o nome do contato. Estranho.

Desconhecido: Olá Abby.

Abby: Oi? Quem é você?

Desconhecido: Uma pessoa que quer ser seu amigo.

Abby: Pare de brincadeiras Bianca, não tem graça *cara revirando os olhos* 

Respondi rindo, ela tinha tempo mesmo, só pode. Joguei o celular do lado e fui pegar um livro para ler, escolhi A Seleção, sei que já havia lido ele, mas todas as vezes que eu li sempre me apaixonava mais. Notei que meu celular vibrou e voltei para a cama. Peguei- o e abri a mensagem.

Desconhecido: Não é a Bianca.

Abby: Alice?

Desconhecido: Não

Abby: Jéssica?

Desconhecido: Sem chance.

Revirei os olhos, não era a resposta que eu esperava.

Abby: Por favor, Gabriel, já perdeu a graça *cara de brava*

Desconhecido: Não é também ele Abby.

Abby: Para de me chamar de Abby, não temos intimidade para você usar meu apelido.

Desconhecido: Desculpe, esqueci que prefere que ser chamada de Abigail.

Desconhecido: Eu só quero ser seu amigo

Abby: Ual, belo jeito de começar uma amizade...

Abby: Dispenso.

Abby: Vai que você seja um estuprador que queira me iludir, sequestrar e fazer o que bem entende de mim?

Abby: Eu vou te bloquear!

Desconhecido não identificado: NÃO.

Desconhecido não identificado: Desculpa, mas não me bloqueia.

Abby: Me de um bom motivo pra isso

Desconhecido não identificado: Ok, lá vai. 

Encarei o celular ainda desconfiada, meu irmão sempre me disse para nunca confiar em estranhos, então ele realmente teria que me dar um motivo para eu dar um voto de confiança que ele não iria me fazer nada de mal.

Desconhecido esquisito: Você é loira, baixinha, linda, meio bruta, mas sei que isso é pra manter babacas longe de você. Estuda na mesma escola que eu, faz diversas matérias comigo. Sei que é inteligente, que seus melhores amigos são a Bianca, a Alice, o Gabriel, a Jéssica. Sei também que seu passatempo é ficar na biblioteca do campus ou no café da Susie no centro da cidade. Sei também que as pessoas que mais odeia na escola são a Priscila e o grupo dela... e o Bernardo. Sei também que foi encarregada de ser a tutora dele.

Abby: Ahááá, Gustavo, pare de bobeira. 

Respondi rindo, não acredito que ele estava fazendo isso.

Gustavo? Maybe: Não sou o Gustavo, sou alguém próximo a ele :) 

Abby: Ok senhor amigo do Gustavo, você conseguiu me convencer a não te bloquear. Mas agora eu vou ir dormir, amanhã eu tento tirar mais alguma informação sua ;)

Estranho amigo do Stavo: Abigail

Abby: Oi?

Estranho amigo do Stavo: Esquece, amanhã conversamos. Dorme bem loirinha.

Soltei o celular em cima do travesseiro e deite ao lado dele. Quem será que era essa pessoa? O problema era que eu tinha gostado de conversar com ele, principalmente queria saber quem ele era.


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