Start Over escrita por MBS


Capítulo 23
Happy Birthday Abby - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, o que eu fiz é quase que imperdoável, passei tempo demais sem atualizar vocês. Mas como vocês já devem estar meio que acostumados, nós escritores temos crises e não conseguimos atualizar ou escrever nada. Sim, comecei escrever outras histórias e meio que deixei esta de lado. Prometo (agora de verdade) atualizar com mais frequência. Acredito que os pontos mais fortes começam a partir de agora, então aproveitem. Amo vocês.



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Ponto de Vista – Bernardo

Os dias estavam estranhos, principalmente Abby, estava cada vez mais quieta, como se estivesse preocupada com algo que ela não queria contar para ninguém, sempre em vigia. Pior de tudo é que ela mudou depois da festa, mas eu não lembro de nada que possa tê-la incomodado ao ponto de muda-la.

— Hey Bernardo – Bianca estrala os dedos em minha frente. – Você tá bem?

— Sim... não... não sei.

— Você tá ficando pior que a Abby.

— Obrigado. – dei um sorriso de canto e ela me revirou os olhos. – Precisa de algo?

— Na verdade sim, eu precisava falar contigo.

— Sobre?

— O aniversário dela tá chegando, eu e o Gui estamos planejando uma festa pra ela.

— Surpresa no caso.

— Sim.

— Eu tava tendo essas ideias também, já pensaram em algo específico?

— Na verdade eu acabei de pensar agora em alguma coisa mais, só para amigos, sabe, mais família.

— Entendi... poderíamos fazer um luau.

— Isso, é perfeito.

— O luau pode ser de sábado para domingo, e já que no domingo é o aniversário dela ai podemos chamar a família para comemorar. 

— Toda a família? – Bia ficou meio apreensiva.

Abby já tinha me contado sobre como a mãe era, meio louca e revoltada com ela e com Guilherme, mas acho que no aniversário da filha ela não iria dar piti nenhum, é o que esperamos. Já com o pai, pelo que ela me fala a relação deles é boa.

— É, eu acho. – Vi Bia torcendo o rosto com a resposta – Bianca, sabemos as versões do Gui e da Abby sobre como os pais são, mas eles tem o direito de estar no aniversário da filha, porque eles querendo ou não, continua sendo sangue do sangue deles.

— Mesmo assim, ainda não acho uma boa ideia.

— Bem, veja com o Gui o que ele pensa, vou tentar descobrir de algum modo com a Abby.

— Falando no nome dela, você viu ela pela escola agora a tarde? – Bianca tinha um tom preocupado na voz.

— Na verdade não. Acabei de notar isso. Ela avisou algo?

— Não, isso que me deixa...

— Ela deve tá na biblioteca.

— Não tá, eu fui lá antes de vir pra sala.

— Já tentou mandar mensagem?

— Já, e ela não me responde. As ligações só caem na caixa de mensagem.

— Bem, vamos esperar terminar a aula e vemos o que podemos fazer. Ela deve estar em casa, ou sei lá, fazendo compras talvez – dei de ombros e sorri.

— É, quem sabe.

A aula ocorreu tranquila, apesar de minha cabeça estar em outro lugar bem distante e preocupado com a Abby. Assim que o sinal tocou peguei meu celular e tentei ligar para ela. Como Bianca havia dito, caiu na caixa de mensagens.

— Bianca – chamei-a enquanto a mesma arrumava seus materiais – Você vai pra casa da Abby?

— Vulgo minha casa também, vou.

— Aé que você está morando com eles também... Enfim, será que posso ir com você?

— Claro, você também já praticamente mora lá, então não sei que diferença iria fazer – com isso ela deu um sorriso de canto e fomos em silêncio caminhando até o estacionamento.

Bianca subiu em sua moto e eu fui em direção ao meu carro, no radio tocava Milky Chance, fui apresentado as musicas dele pela Abby e ela foi apresentada pela Bianca. O som mesmo sendo bom não tirava minha preocupação da cabeça. Chegamos na casa da Abby quase que ao mesmo tempo, notei Bianca estacionando a sua moto na garagem e deixei meu carro logo atrás do lado de fora. Acompanhei Bianca até a porta de entrada para a casa pela garagem.

— Abby? – Chamei-a com a esperança de encontrá-la em casa.

— No escritório.

— O que ela tá...? – Bianca passou como um raio por mim indo em direção do escritório. – ABIGAIL CARSTAIRS MONTGOMERY, POR QUE TEM CAFÉ EM CIMA DA MINHA MESA E MEUS MATERIAIS ESTÃO EM CIMA DO SOFÁ?

— Eu to estudando Bia. – Abby deu de ombros sem levantar o rosto das folhas para encarar a amiga.

— “Eu tô estudando Bia”. Eu to vendo. Você tá parecendo um zumbi.

— Eu to minimizando minhas horas de sono e maximizando minhas horas de estudo, com tudo organizados em horários certos e regrados. – Abby falou tudo isso como se estivesse no automático, sem tirar os olhos da frente do computador.

— E quantas xícaras de café você já tomou hoje? Três? – Bianca perguntou

— Nove... desde que cheguei em casa da aula. – Abby deu de ombros e voltou a atenção as suas anotações.

— Abigail, você vai sair agora da frente desses livros e desse computador e ir tomar um banho. – Bianca falava em um tom que fazia lembrar da minha mãe quando brigava comigo e com meus irmãos.

— Não dá. – Notei que Bianca respirou fundo como se fosse começar a brigar ainda mais feio com Abby quando coloquei a mão em seu ombro e caminhei até o lado de Abby, fazendo-a me encarar.

— Amor, vamos. – Resolvi intervir. Tirei os marcadores de sua mão e a puxei – Bia está certa.

— Quando eu não estou? – Escutei Bianca falar enquanto reviva os olhos encarando eu e Abby.

— Você precisa descansar, não adianta nada sobrecarregar seu cérebro de informações se ele não está guardado nem metade delas, porque está cansado. – Continuei.

Abby deu um longo suspiro e pegou em minha mão, vendo que aquela batalha não iria ser ganha por ela.

— Eu odeio vocês dois... - Falou levantando devagar e organizando seus coisas sobre os braços. Peguei alguns livros e a segui para fora do escritório.

— Você comeu alguma coisa Abby? - Bianca perguntou.

— Uma maçã.

— E o que mais? – perguntei dessa vez.

— Só isso.

— Abigail.

— Okay okay, meu deus, vocês dois são piores que o Gui.

— Piores que o Gui, quero ver quando ele chegar em casa e ficar sabendo do que aconteceu.

— Bia, para de agir como mãe.

— Para de ter atitudes de criança birrenta então.

— Argh. - Abby subiu as escadas depressa.

— Eu vou deixar as coisas lá em cima e volto fazer algo pra ela comer. – Bernardo falou antes que a briga ficasse um pouco pior.

— Okay - Bia disse indo em direção à cozinha.

Subi as escadas e Abby já estava procurando alguma roupa para ir pro banho.

— Eu vou arrumar algo pra você comer.

— To sem fome.

— Ainda vou arrumar alguma coisa, e você vai comer tudo senhorita Montgomery.

— Eu mereço.

— Sim, merece - beijei o topo de sua cabeça e desci em direção a cozinha.

Encontrei dentro dos armários um pacote daquelas sopas prontas e coloquei em uma panela para cozinhar. Peguei também algumas laranja para preparar um suco para ela. Abri outro armário e encontrei uma badeja e logo que a sopa ficou pronta arrumei-a sobre, junto com o suco. Subi as escadas e escutei que Abby ainda estava no banho, soltei a bandeja sobre a escrivaninha e fui em direção ao som.

Abri levemente a porta e Abby estava parada embaixo da água quente.

— Tá tudo bem?

— Ah, oi amor. – ela disse limpando a água que escorria por seu rosto e me encarou – Tá sim, eu acho.

— Quer ajuda ai? – perguntei sorrindo, mas sem nenhum tom de malicia, o que causou risos em Abby.

— Melhor não, se não não iremos sair daqui tão cedo – ela disse dando de ombros.

— Vou esperar você ali no quarto.

— Okay.

Abby ficou mais algum tempo no banho e saiu enrolada na toalha, indo até seu closet e colocando alguma camiseta minha para dormir.

— Tá com sono? – perguntei e ela negou, pegando algo para comer que estava na bandeja. Fiquei feliz por não ter que brigar para ela comer.

— Vai dormir aqui? – ela me encarou pedindo.

— Não sei ainda – falei dando de ombros.

Logo ela terminou de comer e peguei a bandeja, falando que iria levar pra cozinha e já voltava.

— Como ela está? – Guilherme pediu assim que sai da cozinha.

Ele estava sentado na sala com Bianca vendo alguma coisa na TV.

— Aparentemente melhor, ela comeu tudo o que levei e provavelmente daqui a pouco já cai no sono.

— Que bom então – ele disse encarando o celular que estava tocando – São o pessoal do som, para amanhã, já volto – disse saindo em direção da cozinha.

— Está tudo organizado então ou falta algo? Ainda tem tempo de eu correr atrás se for preciso. – Pedi para Bianca.

— A princípio está tudo certo, as meninas vão cedo para ajudar a organizar, já que eu avisei que provavelmente nós vamos ter que ficar distraindo a Abby.

— Certo, bem falando nela vou lá ver se ela já dormiu – nisso subi as escadas e fui em direção ao seu quarto.

Abri a porta lentamente e notei que Abby já estava dormindo. Peguei uma manta e cobri seu corpo, dando em seguida um beijo em seus cabelos e desligando a luz do quarto. Peguei minhas coisas e fechei a porta do mesmo.

— Ela já está dormindo Bianca, qualquer coisa podem me mandar mensagem – falei assim que cheguei na sala.

— Mas já? Não são nem 18h direito ainda.

— Ela estava cansada, precisou só de alguém meio que forçando ela a relaxar e deu nisso.

— No caso – ela respondeu dando de ombros.

— Vou indo. Tchau.

Meu caminho para casa foi tranquilo e logo estava estacionando o carro na frente da garagem, mas por incrível que pareça comecei a escutar alguns gritos, como se alguém estivesse brigando ali, o que não era nada comum.

Entrei pela porta da cozinha e andei lentamente até a sala, Sophie estava em pé apontando para Gustavo, e ele estava sentado no sofá, mexendo incontrolavelmente em seus cabelos. 

 - Mas que merda Gustavo. Me diz, pra que? – Sophie parecia sem paciência e encarava meu irmão.

— Porque eu quero te proteger Sophie, é tão difícil de entender? – ele disse jogando as mãos para o alto. Andei lentamente em direção as escadas.

Acho que Sophie e Gustavo eram o casal que eu realmente nunca vi brigando, não entendi o motivo, só senti Sophie passando como um furacão pelo meu lado, subindo em direção aos quartos.

— O que foi que aconteceu? – Perguntei voltando para a sala em direção a Gustavo que estava com a cabeça baixa, sentado no sofá.

— Sophie aconteceu, a teimosia dela, por que ela não entende?

— Isso é mal de Carstairs-Montgomery, Gustavo. Acho que o que eu tenho pra te falar é se acostume.

Subi para o meu quarto e mandei algumas mensagens confirmando com o pessoal sobre a festa de Abby. Eu não tinha a menor ideia se ela iria gostar, a princípio eu e Bianca havíamos pensado em muitas coisas pra festa, já que o Guilherme ficou responsável por organizar o local e quem iria cuidar do som e das músicas.

Deitei em minha cama e minha cabeça ficou a mil por hora, não sei exatamente quando que dormi, mas sei que acordei com uma mensagem de Abby pedindo para que eu fosse naquela manhã em sua casa.

Ponto de Vista – Abigail

O sol estava escaldante o que não era tão normal para pleno metade de Maio ainda. Bianca estava pulando em cima de mim na cama tentando me convencer a irmos para a piscina da casa.

— Por favor Abby, você está ai acordada e negando a se levantar – ela começou a cutucar meu braço. - Eu tô morrendo de fome, vamos logo.

— E você sabe onde fica a cozinha baby, nunca vi eu te impedir de ir com suas próprias pernas até lá, até porque a senhorita mora aqui agora dona Bianca Maria Cortez.

— Vamos Abigail – ela tirou as cobertas de cima do meu corpo e eu dei um gemido de desgosto.

— ABBY – escutei Guilherme gritar do andar de baixo.

— O QUE? - gritei de volta.

— VOCÊ TEM VISITA, DISSE QUE VOCÊ QUE O CONVIDOU.

— O convidou? - olhei para Bianca que abriu um sorriso maroto nos lábios – Sua vaca me diga que você não mandou mensagem para ele?

— Você tava se recusando a levantar da cama... Usei meus métodos. Além do mais que você dormiu desde ontem de tarde, eu e o Gui achamos que você tinha entrado em coma, mas o Bernardo disse que você só estava cansada mesmo, e logo depois do banho havia caído no sono – ela disse dando de ombros.

— Vaca – falei rindo e puxando ela de volta para cama, mas logo perdi a batalha de tentar fazê-la ter cócegas e ela começou a fazer em mim, que não aguentei e comecei a dar risadas altas;

— Achei que tinham morrido, mas estão se divertindo pelo jeito – Guilherme falou com Bernardo logo atrás dele – Posso participar? - ele disse vindo em minha direção e ajudando a Bianca.

— Eu. Odeio. Vocês – falei entrecortada tentando parar de rir e ter ar nos meus pulmões – Bernardo, me salva deles.

Ele estava sorrindo com a interação dos dois comigo.

— Não posso fazer nada princesa – ele disse dando de ombros e se escorando no batente da porta sorrindo e cruzando os braços sobre o peito.

— Parem, por favor – falei rindo para as duas pessoas que estavam me atacando com cócegas.

— Que bunitinho Gui, ela tá implorando – Bianca falou enquanto me dava cutucões nas costelas.

— Sim, vamos parar antes que ela acabe fazendo xixi nas calças – Guilherme disse deitando em cima de mim.

— Sai Gui, você tá gordo – falei tentando empurrar meu irmão de cima de mim e consegui joga-lo no chão.

— Ei – ele argumentou sentando e me encarando sorrindo.

— Sai do quarto. Quero me trocar – falei balançando a mão pra porta.

— Pra que se você vai ficar em casa? - ele perguntou alternando o olhar de mim para Bernardo. – E o que você está fazendo aqui tão cedo Granemann?

— GUILHERME, seja educado – peguei uma almofada acertando-o na cabeça.

— Deixa o namorado da Abby, rei – Bianca falou enquanto lixava a unha sentada na cadeira da escrivaninha.

— BIANCA – gritei em reprovação, mas senti minhas bochechas corarem.

— Preciso ameaçar ele? - Guilherme perguntou olhando para Bianca.

— Nah, eu já fiz isso. Ele sabe que se ele machucar a Abby ele vai se ver comigo. - Ela disse piscando para meu irmão.

— Vocês não precisam ameaçar meu namorado, eu mesma posso fazer isso – respondi em protesto.

— Seu namorado então? – Guilherme falou cruzando os braços e me encarando. Apenas revirei os olhos em protesto.

— Sim, olha aqui – apontei meu dedo anelar para ele mostrando minha aliança.

— Finalmente decidiu pedir ela em namoro ein, pensei que só iria fazer o pedido de casamento. – Guilherme mostrou seu sorriso perfeito e incrivelmente branco. Apenas encarei Bianca como um pedido de ajuda que apenas me encarou divertida.

— E o senhor ein Guilherme? Chama a Bia para morar com a gente e pedido de namoro ou aliança que é bom nada né? - Falei provocativa.

Bernardo deu um sorriso de canto e eu logo recebi um tapa de Bianca.

— Ai, que que fiz agora? - encarei Bia que apenas me deu um olhar do tipo "cala boca".

Encarei Bernardo que estava com um sorriso de canto e com as bochechas mais vermelhas que as minhas.

— Ainda é muito cedo pro pedido de casamento – ele se manifestou e meu irmão o encarou, eu apenas o encarei perplexa. Ele mudou de assunto. Claro amor, vamos manter o foco em nós, E IGNORAR O FATO QUE MEU IRMÃO AINDA NÃO PEDIU ELA EM NAMORO!!!! – E eu prometo que não irei machucar ela, tenho certeza que ela me arrebentaria se eu fizesse isso. - deu de ombros como resposta.

— Ótimo saber disso – Guilherme ficou em pé e me deu um beijo na testa – Te esperamos lá embaixo.

Assenti com a cabeça e eles saíram do quarto.

— Então eu te convenci a irmos para piscina? - Bianca falou com um sorriso de orelha a orelha.

— É peste, convenceu. - falei levantando a contragosto da cama e indo até meu guarda-roupa. Tirei a camisa de pijama e logo senti uma mão tocando as minhas costas.

— Que marcas são estas Abby? - Bianca tocou cada uma delas.

— Não é nada Bi – falei virando o corpo e a encarando.

— Nada? VOCÊ ME DIZ QUE É NADA? - Ela estava furiosa e aumentou uma oitava em sua voz – Foi ele? - ela nem esperou eu responder e foi em direção da porta.

— Bianca – falei segurando seu braço e fazendo ela parar – Não foi ele... - falei abaixando a cabeça e sentando na cama com os ombros para baixo, dei um suspiro cansada – É uma longa história Bi.

— E eu tenho todo tempo do mundo para escutar – ela sentou ao meu lado com os braços cruzados sobre o peito.

— Não, não tem... Guilherme e Bernardo estão lá embaixo esperando por nós duas. - falei ficando em pé e parando em sua frente, coloquei cada uma das minhas mãos ao lado do seu rosto – Eu prometo que vou te contar outra hora, agora vamos relaxar.

— E o que acha que seu irmão vai falar no momento em que ele ver isso ai nas suas costas? - seu tom era de preocupação.

— O Gui não vai falar nada, porque você não vai contar e eu não vou entrar na piscina – dei de ombros e fiquei de costas voltando ao guarda-roupa.

— Bernardo sabe das marcas? - Ela perguntou com desgosto, mas eu sabia que aquilo era ciúme.

— Sim, ele me viu sem blusa um dia... Quando as marcas estavam piores na verdade. Ele assim como você não sabe ao certo a história. - encarei seu rosto por cima do ombro e recebi uma virada de olho como resposta.

— Vocês se odiavam até pouco tempo atrás, agora porque tão se pegando ele fica sabendo das coisas antes da sua melhor amiga, isso é injustiça.

— Ei, isso é ciúmes? - perguntei sorrindo e colocando o calção por cima do biquíni.

— Ah pois não – ela disse bufando e virando o rosto.

— Ai que fofa – falei indo apertar suas bochechas. - Fica assim não baby, eu te amo mais.

— Então está admitindo que ama o Bernardo?

— Vai se foder Bianca, vai. - falei pegando uma blusa fina e colocando em cima do sutiã do biquíni.

— Nops, você sabe que sou virgem – ela disse me encarando ainda de braços cruzados – e sou celibatária.

— Claro, virgem só se for de ascendente. - respondi rindo e descendo as escadas. – E como namorada do meu irmão essa piada não cola Bia, principalmente quando acabo escutando seus gemidos a noite... tenho que mandar o Gui colocar isolamento acústico naquele quarto. – respondi em meio a risadas e ganhando uma almofadada nas costas.

Fomos até a parte de trás da casa onde Bernardo e Guilherme estavam rindo de alguma coisa. Notei que os olhos do meu irmão pararam em Bianca e eu virei à cabeça a encarando com um sorriso maroto enquanto ia em direção a Bernardo.

— Oi moreno – falei sentando no braço da sua cadeira dando um selinho.

— Sem beijinhos na minha frente – Guilherme falou.

— Ah, por favor, Guilherme, porque você e a Bianca não vão se pegar e param de me encher? - falei em tom brincalhão. Notei ambos ficando levemente tensos e as bochechas do meu irmão, que eu considerava o senhor frieza e que nada que eu falasse pudesse o atingir, ficando vermelhas.

— O que acha, My Queen? – Gui pediu puxando Bianca para sentar em seu colo.

— Se comporte Rei. – ela respondeu sorrindo e me encarando.

— Ata, Abby almoço é por sua conta – ele disse me encarando e sorrindo. Concordei em um aceno e caminhei até a cozinha iniciando o almoço, logo Bernardo se juntou a mim e começou a arrumar a salada.

— Como vai fazer pra entrar na piscina? – Ele pediu parando atrás e me abraçando.

— Não vou entrar... Bia viu as marcas. Mesmo elas tendo quase desaparecido ela tem um bom olho pra isso e acabou vendo.

— E o que ela disse?

— Ela quis te matar... a princípio – rimos abafados disso – Mas expliquei que não havia sido você e não deixei ela prolongar o assunto... então ela não sabe quem foi que fez isso, apenas sabe que eu as tenho de alguma forma. Mas Bia é esperta, ela vai acabar ligando os pontos. – Continuei falando concentrada nas panelas, que já estavam com a comida quase pronta.

— Eles são sua família Abby, você deveria ser franca com eles.

— Corrigindo, vocês são minha família. Eu vou ser franca com eles, assim que eu conseguir ser sincera e achar que é o momento certo.

— Às vezes não existe momento certo, nem perfeito, mas sim o momento em que você pode se abrir com todos... Bem, eu vou estar do seu lado de qualquer forma, no momento em que você achar mais adequado.

— Eu sei que sim – disse me virando e dando um beijo em seus lábios. – Mudando de assunto, leva as coisas lá pra fora? O almoço tá quase pronto.

— Pode deixar.

— Você temperou a salada?

— Não ainda. – Bernardo disse enquanto pegava os pratos e separava os copos sobre a bancada da pia – Já vou fazer isso – continuou e eu apenas concordei com a cabeça, terminando o molho do macarrão.

A água já estava ficando boa, coloquei com cuidado o macarrão dentro da panela e me encostei na pia esperando ficar bom. Notei que meu celular estava vibrando sobre o balcão, era meu pai.

— Oi pai.

Oi pequena. Tudo bem?

— Sim e com o senhor?

Bem. Como vão as coisas?

— Estão indo bem, temos algumas novidades, mas que merecem ser contadas em um jantar.

Que bom que mencionou isto. Eu estou voltando para casa nessa semana, queria marcar algo com você e com seus irmãos”.

— Podemos levar outras pessoas?

E essas outras pessoas são?

— Podemos aguardar o interrogatório para depois né?! – falei em meio a risos.

Bernardo entrou na cozinha e apontei pro meu celular falando que era meu pai. Ele apenas concordou com a cabeça e foi olhar as panelas.

"Podemos, mas então... ainda está namorando o Granemann?" - Notei o olhar de Bernardo direcionado para mim como se tivesse ficado interessado na conversa instantaneamente.

— Pai, o que falamos sobre os interrogatórios?

"É só uma pergunta retórica filha"

— A qual você sabe a resposta.

"Então é um não, não estou mais?"

— Na verdade está mais para o contrário, do tipo "Sim ainda estamos juntos e ele acabou de mandar um oi sogrão" - Comecei a rir da cara que Bernardo fez pra mim.

— Tá mais pro tipo que eu mandei um "Olá Sr. Montgomery" do que chamar de sogrão Abby - Bernardo falou. Notei a risada de meu pai do outro lado da linha.

"Pelo menos ele tem respeito. Gostei dele"

— Vocês acabam com minha felicidade ein... Mas pai, tenho que desligar. Preciso terminar de fazer o almoço.

"Ual, estou perdendo de ver você cozinhar? Desde quando virou tão prendada?"

— Pede pro Gui, desde que vim morar com ele eu fiquei assim. Beijos pai, amo você.

"Se cuida pequenina, amo você."

Desliguei o telefone e voltei a solta-lo na bancada. Bernardo estava terminando de tirar o macarrão para a panela e colocar na escorredor. 

— Oi sogrão? - Bernardo pediu com um sorriso de canto.

— Eu sei que ele odiaria ser chamado assim, foi mais pra ver qual seria sua reação se teria a ousadia de aceitar chama-lo assim, ou aceitar, no caso. - dei de ombros. 

— Você não tem jeito.

— Mesmo assim você me ama.

— Não tenho muita escolha.

— Ei.

— Tô brincando.

Logo terminamos de arrumar as coisas e as levamos para onde havíamos arrumado a mesa.

— Tá pronto - falei em direção da Bia e do Gui, os quais estavam sentados nas espreguiçadeiras. 

— Tava com quem no telefone? - Gui perguntou sentando na cadeira em minha frente.

— Papai - respondi dando de ombros e meu irmão arqueou as sobrancelhas - Ele queria jantar conosco essa semana, ele vai tá chegando de uma missão, eu acho. 

— Só nós dois?

— Não - peguei o prato de Bia e comecei a servi-la - Nós tipo, eu, você, Sophie, Bia, Bernardo e Gustavo.

— Por que nós? – Bia perguntou arqueando as sobrancelhas.

— Porque ele quer saber quem são as pessoas que estão roubando os corações dos filhos dele.

— Eu não roubei nada. – deu de ombros. Encarei Bernardo que apenas concordou com ela.

— Claro que não Bia, você só colocou o coração do Gui no micro-ondas pra descongelar.

— Ei.

— O que? Vai dizer agora que não é exatamente isso. – Olhei para meu irmão e respondi em meio a um sorriso.

— Não com essas palavras.

— A tá.

Após tantas provocações e risadas no almoço decidimos que iriamos curtir nossa tarde na piscina. Gui, Bia e Bernardo já estavam nela.

— Vamos Abby – Guilherme me chamou – Por que não quer entrar na piscina?

— Porque não Gui. – Encarei-o séria e logo joguei a cabeça para trás aproveitando o sol.

Escutei que alguém havia saído da piscina e quando olhei para o lado notei meu irmão me encarando com um sorriso diabólico, eu sabia o que ele ia fazer, e antes que eu falasse algo ele me pegou no colo e pulou comigo na piscina.

— GUILHERME – falei em protesto dando tapas em seu braço.

— Foi engraçado, você não queria entrar na piscina oras. - Ele deu de ombros e eu comecei a nadar até a borda.

— Agora vou ter que ir me trocar – respondi quando senti na borda e apontei para minhas roupas.

— Ou poderia parar de cu doce e entrar na piscina, já está molhada mesmo – ele respondeu enquanto nadava até o lado de Bianca que estava sentada na beira da piscina tomando um Martini.

Encarei Bianca e Bernardo antes de falar alguma coisa, ambos estavam esperando minha resposta.

— Melhor não – falei ficando de costas e puxando uma toalha para me secar, fiquei de frente para os que estavam na piscina e retirei minha blusa ficando apenas com a parte de cima do biquíni. Quando joguei meus cabelos para frente para prendê-los não havia notado que meu irmão havia saído da piscina novamente, notei que ele, assim como Bianca antes, tocou na marca que estava no meu ombro. Levantei meu rosto para ele e notei-o ameaçador encarando Bernardo. - Não foi ele Gui, se é isso que está pensando – falei calmamente segurando sua mão.

— Por que eu ainda acho que não é verdade? - ele perguntou me encarando.

— Porque você tem a ridícula mania de não acreditar no que eu falo – falei tocando seu rosto fazendo ele me encarar. - Não foi o Bernardo Guilherme, eu posso te afirmar que ele nunca faria isso comigo.

— ENTÃO QUEM FOI PORRA? - ele disse aumentando a voz.

— É sério isso? - falei rindo ironicamente para ele.

— Claro que é sério... Quem foi o escroto que fez isso com você? - engoli em seco com o tom de voz ameaçador que meu irmão estava usando. - Fala Abigail.

— O Carter que fez isso com ela – Bernardo respondeu. Ele estava de cabeça baixa olhando para o nada.

— Calma... você sabia? - Guilherme perguntou apontando para o Bernardo.

— Eu não conhecia o cara, Abby me contou meio por cima a história, eu só liguei os pontos. Ela terminou com ele no dia em que fomos dormir na casa de praia e desde lá o cara tinha desaparecido da vida da Abby, pelo que ela me contava. No dia em que fomos ao racha pra te impedir de correr ele apareceu depois aqui, falando que você estava morto... por isso a Abby ficou louca quando te viu. Ele veio aqui pessoalmente contar pra ela e ia fazer o pior com sua irmã se eu não estivesse aqui, ele saiu da casa antes de você voltar, pode pedir pra Sophie ou pro Gustavo. - Bernardo falou encarando meu irmão, que havia se encostado-se no batente da porta. Pela primeira vez na vida eu vi meu irmão enchendo os olhos de lágrimas.

— Merda Abby, por que você nunca me contou? - Guilherme me encarou, eu já estava chorando e senti os braços de Bianca ao redor da minha cintura.

— Porque você considerava o Carter como um irmão pra ti. Você me confiou a ele. Você era o rei da zona sul nos rachas e ele era um dos seus melhores amigos, o único entre os meninos, além do Peter, que era páreo pra ti. Na verdade isso tudo aconteceu depois que você tirou o título dele de “rei”. Ele ficou louco e quando chegamos em casa ele mudou comigo. Eu te amaldiçoei todas as vezes que você não estava em casa por estar comendo alguma garota e ele chegava bêbado aqui. Mas eu sabia que a culpa não era sua, eu devia ser mais forte, eu devia ter impedido ele... mas eu não consegui – as lágrimas rolavam no meu rosto já. Respirei fundo secando as lágrimas – até que eu terminei com ele, no dia que passei a noite fora com o Bernardo, quando fomos para a casa de praia... Carter ficou louco, por isso ele saiu da cidade, mas continuou me ameaçando. Começando com a corrida, que acabou matando o Peter, e depois a Bia.

— Comigo? - Ela perguntou me encarando.

— Sim... se lembra na sexta quando nós estávamos em uma festa no Red Doors e eu acabei quase caindo em cima de você, que você disse que eu já tava alterada, principalmente porque havia deixado cair a sua bebida? - perguntei para ela e ela assentiu com a cabeça – Carter estava lá, e tinha colocado alguma coisa na sua bebida quando você não viu. - dei de ombros.

— Você então impediu que eu fosse envenenada? Mas como sabia que alguma coisa iria acontecer? - Bianca se afastou me encarando.

— Ele me mandou uma mensagem – falei pegando meu celular e abrindo a conversa com Carter – Foi assim que eu soube também que ele tentaria alguma coisa com o Guilherme.

Meu irmão e Bianca começaram a ler a conversa e eu fiquei de cabeça baixa encostada na parede, Bernardo veio parando em minha frente e me abraçou.

— Tudo vai ficar bem agora – ele sussurrou em meu ouvido.

— Eu sei – respondi sorrindo para ele, que retribuiu com um beijo em minha testa.

— Então quando meu carro explodiu, e o Peter estava nele... a intenção do Carter era me matar? - Guilherme falou entregando o celular para Bianca.

— Sim – respondi encarando-o.

— Eu vou matar ele – Guilherme ralhou.

— Não, não vai não. Você não vai fazer porcaria nenhuma Guilherme – respondi aumentando minha voz.

— Mas... espera ai, o dia em que você foi no escritório e me entregou aquele pen-drive com as fotos e conversas, não tinha amiga nenhuma não é? Era você a garota? – confirmei com a cabeça e me encostei de braço de Bernardo. - Eu devia ter desconfiado, você nunca iria omitir alguma coisa, principalmente um nome, sabendo que você poderia ajudar alguém.

— Mas era uma coisa que eu queria resolver sozinha Gui... porém, chegou em um ponto que eu mesma perdi o controle da situação, que as coisas aconteciam seguidamente, que eu acabava me afastando das minhas amigas quando as coisas estavam extremamente ruins, que eu pensava na minha morte dia após dia.

— E aqueles remédios todos? – Bianca pediu – Eu lembro em uma das primeiras vezes que eu vim dormir aqui, que você não estava bem e veio até na cozinha e quando voltou pro quarto simplesmente deitou e dormiu. Depois eu vim na cozinha e achei diversas caixas de remédio faixa preta e o Gui também ficou preocupado...

— Era comum isso acontecer – falei dando de ombros.

— Quem te dava os remédios? – Guilherme estava usando todo o seu autocontrole para não gritar comigo, eu sabia disso.

— Ninguém me dava, eu inventava qualquer desculpa, ia até o hospital, falava com a mamãe e ia falar com a uma das responsáveis da farmácia de lá, eu explicava ela minhas dores e convencia de me dar os remédios mais fortes.

— Você sempre foi boa em persuadir ela – Gui ainda me encarava.

— É... então quando o Carter chegava aqui eu já estava em um estado que meu psicológico não aguentava mais ficar 100% ali presente, então eu tomava diversos remédios para amenizar um pouco o que tava acontecendo.

— Por que você nunca pediu ajuda Abby? Eu, Alice, Jéss, Gabriel, qualquer pessoa iria te ajudar. Além de que tinha meu pai também né Abby, se lembra, ele é mafioso, não custa nada para ele forçar alguém a ficar longe. - Bianca disse em tom de reprovação, a encarei indignada.

— É PORQUE A SENHORITA MUITO ME CONTAVA QUE TINHA PAI MAFIOSO NÉ BIANCA, EU SABIA QUE ELE ERA? NÃO. PELO VISTO EU NÃO ERA A ÚNICA QUE ESCONDIA AS COISAS DAS AMIGAS E ALÉM DE QUE O CARTER AMEAÇAVA TODO MUNDO. – Dei um longo suspiro e voltei a falar normalmente - Você realmente acha que eu não pensei em diversas vezes falar pra vocês? Mas como que eu iria explicar, meu namorado me abusa e eu continuo com ele pra preservar a vida e segurança de vocês? – Eu não tinha mais controle das minhas lágrimas nem do meu tom de voz, sentei em uma cadeira e apoiei meus braços sobre os joelhos, segurando minha cabeça que estava explodindo no momento. Vi Bianca abrir e fechar a boca soltando apenas um "Ah". Senti logo os braços do meu irmão ao meu redor, passando todo o conforto, calma e proteção que um abraço poderia dar, minhas lágrimas rolavam por seus ombros.

— Vai tudo ficar bem agora pequenininha, ele irá ter o que merece.

— É minha cobrinha, nós estamos aqui ok? – Bia estava atrás de Gui também me abraçando.

Ficamos um bom tempo ali abraçados.

— Você tá melhor? – Gui perguntou preocupado.

— Tô aliviada na verdade, por ter contado pra vocês.

— Melhor assim então.

— Mas deu. Encerrou. Vamos aproveitar hoje ok? Cansei dessa história, e eu preciso de um banho pra relaxar – falei ficando em pé e indo em direção de Bernardo, puxando-o para dentro pela mão.

— Onde você vão? - Guilherme perguntou agora voltando ao ar irmão protetor.

— Banho – respondi dando de ombros. Notei que meu irmão ia falar alguma coisa para tentar nos impedir – Vai aproveitar com a Bi vai, como se vocês dois fossem santos mesmo – Bianca se engasgou com a bebida que ela estava tomando e notei que Guilherme abriu e fechou a boca – Ótimo, ficou sem argumentos. - sorri vitoriosa e notei Bernardo apenas balançando a cabeça. Continuei nosso caminho até meu quarto.


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