I Can Feel escrita por Cihh


Capítulo 41
Capítulo 41 - Ela Me Deixou


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Mais um capítulo para vocês. Isa já está amolecendo, né. Hahah. Boa leitura e beijinhos (não esqueçam de comentar);



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Ela entrou e disse que não queria saber mais

Antes que pudesse perguntar por que ela já tinha saído pela porta

Eu não sei o que fiz de errado

Mas agora eu não consigo seguir em frente

    (She Left Me)

 

POV Isa 

Quando chego ao aeroporto dos Estados Unidos, as lágrimas já secaram. A carta de Thomas está bem embalada e guardada na minha mala de mão, assim como o anel. Eu não queria admitir, não queria sentir isso tudo. Mas estou com saudades de Thomas. Depois que terminamos, eu o evitava o máximo que dava e me sentia incomodada quando ele chegava perto de mim. Mas eu podia vê-lo, podia ouvir sua voz e sentir seu perfume. Vim para cá decidida a me esquecer de tudo isso, mas agora que cheguei, parece que foi a pior escolha que eu poderia ter feito. Quero pegar um voo e voltar para o Brasil, quero ir atrás dele e dizer que o perdoo. Para que? Para ser a idiota novamente? Não. Sem essa. Não quero mais sofrer por causa de garotos... Apesar de já estar sofrendo.

—Isadora? Você é a Isadora? Não? Ah, desculpe. Isadora? –Ouço alguém falando a distância e estreito os olhos para enxergar. Um garoto alto de traços asiáticos para perto de uma garota morena com dreads no cabelo. –Oi, você é a Isadora? Não? Não fala minha língua? Ah, sorry.

 Aceno para ele, indicando que estou aqui, e ele vem andando até mim com passadas largas.

—Oi. –Ele diz com um sorriso quando chega perto.

—Oi. Você dever ser o Felipe.

—Isso. Luke me disse que horas você chegaria, mas não disse como você era. Ele acha que eu sou vidente. –Ele diz em tom de aborrecimento.

—Tudo bem. –Falo olhando para baixo. Aperto minha mala de mão contra o corpo.

—Vamos pegar as malas. Eu vou te levar para casa.

*****

POV Thomas

Eu sabia que Isa estava indo embora. E mesmo assim, pareceu cem vezes pior do que eu pensei que seria. Não fui me despedir dela no aeroporto e não recebi nenhuma notícia depois que entrou no avião. Eu perguntei para Evey se ela havia emitido algum sinal de vida e ela disse que Isa chegou bem e já estava na casa de Luke. O que também me deixava louco. Pior que isso, ela não comentou nada sobre a carta. Isso me faz pensar que ela viu minha caligrafia na carta e decidiu rasgar tudo em pedacinhos ou botar fogo no pedaço de papel.  O que seria aceitável. E eu tentei continuar seguindo minha vida normalmente. O restante das aulas foi simplesmente um porre. Eu não podia ver Isa e as aulas estavam mais chatas, já que estávamos no fim do ano e não havia muito mais matéria para os professores passarem. Eu ficava todas as aulas conversando com Alex e mexendo no celular, a espera de uma mensagem de Isa que não chegava. Na aula de química, o professor me chama para conversar. Me levanto e vou até a mesa dele.

—Oi professor.

—Bom dia Thomas. Eu voltei agora do outro segundo e descobri que a senhorita Isadora Ferrarz foi viajar e não volta mais esse ano. Estou com a prova dela aqui. Como não volto para lá essa semana, a prova poderia ficar com você? Poderia entregar para ela?

—Tudo bem. –Falo hesitante. Pego o maço de papel amarelado das mãos dele, que sorri. Volto para minha mesa cabisbaixo. Pelo menos uma pessoa no planeta ainda acha que eu namoro Isa.  Encaro a prova de química em minhas mãos. Ela teria ficado feliz. O primeiro dez em química.

*****

POV Isa

Eu fiquei com o quarto de solteiro da casa de Luke. É um lugar pequeno, mas moderno. A cara dele. O quarto tem cheiro de homem e não é nada feminino, mas é o que temos para hoje. Dobrei a carta de Thomas e guardei-a dentro do guarda roupa. Cansei de contar quantas vezes eu voltei para lê-la e chorar. Depois de muito pensar sobre o que fazer com o anel, decidi colocá-lo como pingente em um colar e pendurei no pescoço. Não ia conseguir me desapegar dele assim. 

Eu falava com Evey e Max quase todos os dias. Nem eu nem Evey falamos sobre a carta. Eu não sei se ela sabia qual era seu conteúdo, mas ela não se pronunciou a respeito. Já Thomas, continuava a me mandar mensagens. Todos os dias. Eu lia todas, mas nunca respondia. E estava lendo as de hoje. 

'Oi'

'Como vc tá? Eu acabei de voltar da escola. Tá uma bosta lá sem você. Aliás, o professor me entregou a sua prova de química.  Você tirou 10. Parabéns'

'O que você anda fazendo por aí? Saindo bastante? Fez bastante compras? Tem pensado em mim? Gostaria de saber...'

'Eu penso bastante em você. O tempo todo. Acho que você não liga.'  

'Me sinto idiota mandando mensagens para o nada. Acho que você me bloqueou. Eu devia parar com essa merda.'

E ele para de mandar. Sei que não devia, mas começo a entrar em desespero. As mensagens que Thomas me manda são a única maneira que temos de contato. Mesmo que só ele mande as mensagens. Mesmo assim, não quero que ele pare. Chego a digitar um ‘E’ de ‘estou aqui’, mas apago e desisto. Sou tão fraca. 

'Eu vi. Você estava digitando. Vc tá aí?'

'Eu vi mesmo. Juro que vi. Não é um bug, não é?'

'Se você ainda continuar lendo minhas mensagens, saiba que eu estou com saudades'

'Eu te amo, Isa'  

Então eu começo a chorar de novo. Eu também estou com saudade. Ainda estou. Vim para cá para tentar esquecer Thomas, mas a única coisa que eu faço é pensar nele cada vez mais. 

—Acho que ela está chorando de novo. –Ouço Luke falar baixinho da sala. 

—Ela sempre está chorando. –Felipe responde no mesmo tom. –Por que?  

—Não faço ideia. Me sinto um merda por não poder ajudar.  

—Eu também.  

—Qual é a resposta da 21?  

Felipe está na mesma faculdade que Luke. Não sei como eles se conheceram aqui nos EUA, afinal, Felipe também é brasileiro. Na verdade, ele é extremamente gentil. Traz comida para mim quando eu não apareço na hora do jantar e se torna uma companhia silenciosa quando estou jogada no sofá da sala, sem animo para fazer nada.  

Aperto o anel de Thomas em meus dedos e fecho os olhos. Tão fraca... 

Algumas horas depois, alguém bate de leve na porta do meu quarto e abre-a um pouquinho em seguida. Já são quase duas da manhã e eu ainda não dormi. Normalmente não consigo dormir direito e não estou comendo muito também. Sinto-me tonta a maior parte do dia. Felipe me observa com uma bandeja nos braços. Talvez você esteja se perguntando o que ele está fazendo acordado a essa da madrugada. Bem, Felipe dorme bem tarde. Ele fica estudando. Ele é mais nerd que eu. Incrível.  

—Oi. –Ele diz depois de um tempo. –Ainda acordada?  

—Não consegui dormir.  

Ele dá um pequeno sorriso e deixa a bandeja em uma poltrona azul perto da porta. –Trouxe isso para você. É sopa de legumes. Sei que não comeu nada o dia inteiro, então seria bom se você comesse um pouco disso. Vou dormir agora, mas pode pegar mais na cozinha.  

Ele sai do quarto e fecha a porta em seguida. Levanto-me e vou me arrastando até a poltrona. Um prato fundo com bichinhos está cheio de sopa com cenouras, batatas, pequenos macarrões, chuchus, etc. Pego a colher e como um pouco. Sei que se não comer posso acabar desmaiando de novo e não quero causar mais problemas para Luke e Felipe. Mas o cheiro de comida me deixa enjoada. Respiro fundo e como mais um pouco. De pouco em pouco...  Quando estou quase terminando a sopa, meu celular vibra com uma mensagem e eu corro para ver.

'Não consegui dormir. Posso falar com você?'

'Queria saber se você leu a minha carta. Tudo bem se você não tiver lido. Estava uma bosta.'

Não estava. Quero mandar para ele. A carta estava linda e eu fiquei muito surpresa por Thomas ter feito algo assim.

'E espero que não tenha jogado o anel fora...'

Olho para o anel pendurado em meu pescoço. Não, não joguei fora.

'Você está feliz?'

Claro que não. Não estou feliz e não fui feliz desde o término com Thomas. Mas não quero pensar sobre o que isso significa. Engulo em seco e desligo o celular, me jogando na cama em seguida. Dessa vez, consigo dormir pacificamente.

*****

POV Thomas

—Vai ser divertido, sim. –Meu pai diz, apoiando os cotovelos na mesa de vidro da sala de jantar.

—É, sei lá. Talvez seja bom dar uma pausa daqui. –Eu falo.

Vim para a casa do meu pai no dia que Isa viajou. Achei que seria bom passar um tempo com ele e com Marissa. Os dois e minha mãe adoraram a ideia, então eu vim. E meu pai estava me contando que ele tinha uma viajem marcada para Belo Horizonte daqui a uma semana, e perguntou se eu queria ir junto com ele. Se eu não fosse, teria que ficar sozinho, por isso achei aceitável ir com ele. Além disso, lá iriam vários outros executivos e presidentes de empresas importantes, e meu pai estava tentando me inserir nesse universo desconhecido para mim. E eu iria. As férias estavam para começar e eu não tinha nada para fazer mesmo. Antes havia marcado com Isa de irmos viajar para um parque aquático, só nós dois, depois que eu completasse 18 anos em janeiro. Aparentemente não vai mais rolar.

—Alguém quer torta de banana? –Marissa pergunta enfiando a cabeça na sala de jantar.

—Eu quero. –Meu pai diz.

—Thomas? –Ela pergunta.

—Traga uma para mim também. –Falo levantando um dos cantos da boca. Ela sorri em resposta e volta a entrar na cozinha. Se quer saber, Marissa passa a maior parte do tempo no escritório com meu pai, e quando está em casa, na cozinha. Mas ela parece gostar disso tudo. Me pergunto se ela não quer ter uma família, tipo, filhos e tudo mais. Como meus pais se conheceram quando eram muito novos, meu pai ainda nem chegou nos quarenta anos. Marissa é mais nova que ele, e tem condições de ter um filho. Decido perguntar mais tarde.

—Falou com sua mãe? –Ele pergunta.

—Falei hoje depois da escola. Ela foi promovida na empresa, então está cheia de trabalho. É bom que eu esteja aqui pois assim não atrapalho ela em casa. –Eu falo e me espreguiço na cadeira.

Marissa entra arrastando os pés metidos em pantufas cor de rosa. Ela aperta o roupão felpudo contra o corpo e coloca um prato na frente de cada um de nós.

—Podem comer. –Ela se senta ao lado de meu pai e eu enfio uma garfada da torta na boca.

—Está muito bom. –Meu pai diz, sorridente.

—Obrigada. Thomas, você tem falado com Isa? –Ela pergunta e eu respiro fundo.

—Estou tentando. Mas ela não quer falar comigo. –Mandei várias mensagens para Isa. Ela não respondeu nenhuma, mas eu continuava mandando. Todos os dias. Não sei se ela as lia, mas tinha a esperança que sim, e isso bastava para me fazer continuar a mandar.

Meu pai dá batidinhas em minhas costas enquanto termina de comer seu pedaço de torta. –Não fique assim, meu filho. Se for para ser, será.

—É. –Marissa concorda. –Ela vai voltar. Pode ter certeza.

O problema não é ela voltar. O problema é ela me perdoar.

 


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