I Can Feel escrita por Cihh


Capítulo 22
Capítulo 22 - Plástico Bolha


Notas iniciais do capítulo

OI GENTE! Beem, eu queria agradecer à Carina Darlly por sempre comentar nos capítulos. Obrigada, sua gata! Bem, boa leitura e beijinhos.



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Gostaria de poder embrulhar meu coração em plástico bolha

Em caso de eu cair e quebrar em pedaços

    (Bubble Wrap)

 

POV Alex

A festa na casa de Vanessa acabou às duas e meia da manhã. No final, uma parte de nosso grupo estava bêbada demais para fazer qualquer coisa (eu, Nath e Luke. Evey estava um pouco alterada também). Marcos levou Nath para casa um pouco antes de a festa acabar e Evey ficou reclamando durante longos minutos que ela não podia entrar em casa àquela hora da madrugada, uma vez que havia prometido para os pais que estaria em casa à meia noite. A essa hora eles já estariam dormindo e se ela acordasse eles assim, ela nunca mais poderia sair de casa. Então, ela decidiu que a melhor coisa a se fazer, se ela quisesse poupar sua cabeça hoje, seria dormir na casa de Isadora e mandar uma mensagem para a mãe de manhã falando que ela não tinha conseguido uma carona à meia noite e acabou pousando na casa da amiga. Como a mãe dela confiava muito em Isa, Evey achou que não teria problema. Então Thomas ligou o carro, com eu, Evey, Isa e Luke dentro e deu partida.

—Ei, vocês viram Mia na festa? –Isa pergunta, no banco do carona.

—Mia? A garota da nossa sala? –Thomas pergunta também.

—Eu vi! –Falo, rindo. –Eu vi ela se pegando com Matt. Acho que era ele pelo menos.

—Mentira! –Evey diz, boquiaberta.

—Ele me disse que estava gostando dela. Parece que foi bem rápido. –Isa diz, aumentando um pouco o volume do rádio.

Luke fecha um pouco os olhos e quase cai em cima de mim. Empurro ele para o lado. Não devia ter ficado no meio.

—Opa, foi mal. –Ele abre um pouco os olhos, mas volta a fechá-los logo depois.

—Ele está quase dormindo aqui. –Eu falo para quem quiser escutar.

—EU não vou carregá-lo para dentro. –Thomas resmunga.

—Deixe ele dormindo no seu carro então. E acorde com ele todo cheio de vômito. –Isa responde.

—Que nojo. –Thomas faz uma careta. Ele foi o único que não bebeu nem um gole de álcool. Isa tomou só um pouco, mas não parece ser muito forte para bebida.

—Eu consigo ir sozinho. –Luke também resmunga, se mexendo para tentar ficar confortável com seus um metro e oitenta e pouco de altura. –Não quero que você toque em mim.

—Idiota. –Thomas diz. –Diga mais uma palavra que eu vou por seu traseiro imundo pra fora do meu carro.

—O seu carro que é imundo. Amanhã mesmo eu vou ir para minha casa pegar meu próprio carro que é mil vezes melhor que essa... –Ele se perde tentando falar, mas sai tudo enrolado.

—Se você conseguir se levantar amanhã né.

—Parem com isso. –Isa fala alto e os dois machos se calam.

—Minha mãe vai me matar. –Evey fala e começa a choramingar baixinho. Eu a abraço.

—Pare de chorar! –Isa fala. Ela não parece saber lidar com paciência com três bêbados ao mesmo tempo. –Deixe que eu falo com sua mãe de manhã.

—Tudo bem. –Ela para da choramingar e começa a mexer no meu cabelo.

—Ainda bem que você não bebe... –Isa diz para Thomas, irritada. O garoto afaga o braço de Isa, sorrindo.

Fecho a porta do carro de Thomas com um pouco mais de força que o necessário e ouço as reclamações dele vindas do lado de dentro, mas não entendo nada. Ignoro-o e dou tchau para Evey enquanto o carro se afasta. Ando até a porta de casa e entro, tentando fazer o mínimo de barulho possível. Normalmente, minha mãe estaria sentada no sofá da sala, apenas para me ver chegar e me dar um sermão de dez minutos. Mas ela não está sentada no sofá da sala quando chego. Ninguém está. Nas escadas, consigo ouvir os roncos do meu pai e suspiro. Eu nunca sabia bem a razão dos meus pais brigarem. Eu acho que minha mãe nunca o amou. Às vezes acho que é tudo culpa minha. Minha mãe engravidou quando era relativamente jovem, aos 22 anos. Eu acho que meus pais se casaram apenas por minha causa, e se separaram agora que estou ficando mais próximo da maioridade. Eles devem pensar que, só porque eu tenho 17 anos agora, é mais fácil para eu lidar com esse tipo de coisa. Mas não é. Nunca foi fácil lidar com as brigas e não está sendo fácil lidar com o divórcio.

Tiro a camiseta preta e a jogo no monte de roupas. Tiro também a calça e me deito na cama só de cueca, esperando o sono vir. Parece que toda a minha vida está errada, mas eu não posso fazer nada. Sou um aluno ruim, parece que meus pais me odeiam (ou se odeiam por minha causa), fiz meu melhor amigo se meter em uma aposta que tenho certeza que acabará muito mal e ninguém tem nenhuma dúvida de que eu sou um jovem idiota sem futuro. Me levanto da cama e vou para o meio do quarto, onde se encontra minha bateria. As paredes do quarto impedem que a maior parte do som atrapalhe os vizinhos, então fecho as janelas e começo a tocar. Eu queria que tudo se arrumasse...

*****

POV Isa

—Tudo bem. O que vamos fazer hoje? –Pergunto para Luke enquanto coloco o café da manhã na mesa. Evey já foi embora com o rabo entre as pernas, só antecipando a briga com os pais logo que chegasse em casa. Luke disse que estava com um pouco de dor de cabeça por causa de bebida, mas que já tinha tomado remédio e que logo passaria.

—Hoje a gente vai ir pegar meu carro. –Ele morde um pedaço de pão francês com manteiga. –Não quero mais pegar carona com seu namorado imbecil.

—Ele não é nenhuma das duas coisas. Nem meu namorado, nem imbecil.

—Eu sei que ele é imbecil, agora sobre a parte de ele ser seu namorado eu realmente não sei. Mas parece que são. –Ele me olha atentamente através do copo de vidro contendo leite com chocolate.

—Eu estou só tentando coisas novas. –Sento-me de frente para ele.

—Sinceramente, eu estou decepcionado.

—Com o que?

—Eu cheguei aqui achando que você estaria esperando por mim, mas parece que me enganei.

Respiro fundo. –Eu estou seguindo em frente. Que nem você fez.

Ele levanta uma sobrancelha para mim e pega uma fatia de bolo de chocolate feito por Sarah na noite anterior. –Eu estou seguindo em frente?

—Bem, você estava. Não falava sempre sobre as meninas que estava ficando e saindo logo que chegou aos Estados Unidos?

—Eu não estava propriamente seguindo em frente. –Ele para e coloca um pedaço grande de bolo na boca. –Eu estava testando umas coisas.

—Ah é? O que? A boca das americanas?

—Não. Eu queria ver se eu conseguia te esquecer e se você mesma conseguia me esquecer. Parece que a última parte se provou verdade.

—E a primeira também. –Tomo um pouco de água de uma caneca de Papai Noel que Luke trouxe para mim.

—Na verdade não. Mas fico feliz por você não estar namorando Thomas então. Muito inteligente da sua parte.

Estreito os olhos para ele. O que ele está dizendo?

—Você sabe que seus pais nunca iriam aprovar o namoro de vocês, certo?

—Eu não preciso da aprovação deles. –Eu digo, tentando identificar aonde ele quer chegar com isso.

—Bem, eles nunca aprovariam um casamento...

—Eu não quero me casar com ele! Fala sério, eu não tenho nem 17 anos.

—Ah sim. –Ele tira as migalhas de sua boca e toma o resto de leite do copo. –Mas o nosso casamento já estava sendo planejado quando a gente namorava.

—Esse casamento não vai acontecer, Luke. Você fez a sua escolha e eu fiz a minha. –Me levanto da mesa e subo as escadas com passos pesados. Qualquer que seja a hora que Luke queira ir para sua casa pegar o seu querido carro, isso vai ter que esperar. Pego meu celular e mando uma mensagem para Thomas.

'Preciso te encontrar'

 *****

POV Thomas

Encontro Isa sentada em um banco no parque perto da casa dela. Seu cabelo está solto e balança com o vento e ela está vestindo uma saia azul claro e camiseta branca com tênis combinando. Está bonita como sempre. Sorrio e sento-me ao seu lado.

—E aí? Sobre o que queria conversar? –Quando ela me mandou a mensagem, eu tinha acabado de tomar banho e fiquei realmente preocupado de que fosse alguma emergência. Mas ela parece bem, então me acalmo um pouco.

—Eu... Queria perguntar uma coisa. –Ela parece estar nervosa. Eu a envolvo em meus braços e consigo sentir o cheiro de seu xampu.

—O que é? –Pergunto depois que a solto.

—Bem... Um tempo atrás você me perguntou se eu queria namorar com você, né?

—Sim. –Falo, inquieto.

—E... Você ainda quer? –Ela pergunta e olha para baixo, para seus pés. Um sorriso aparece em meu rosto e eu a beijo. Um beijo rápido, mas que expressa minha felicidade.

—Isso é um pedido de namoro? Porque se for, eu aceito. –Eu falo, sorrindo para ela. Isa olha para mim e percebo que ela está um pouco vermelha.

—Ah. Legal. –Ela me observa e eu lhe dou mais um beijo.

—O que fez você mudar de ideia?

—Foi uma conversa que eu tive com Luke. Não foi nada demais, mas... Sei lá. Achei que a gente podia tentar. –Consigo sentir a mentira na voz dela quando ela diz que não foi nada demais, mas não pressiono.

—Eu também acho. Acho ótimo.

Ficamos em silêncio alguns instantes e eu decido arriscar uma pergunta. –Você vai me dizer por que você e Lucas terminaram?

Ela suspira e eu percebo como é difícil para ela falar, mas ela começa a dizer mesmo assim.

—Eu comecei a namorar ele com mais ou menos 14 anos. Luke era mais velho que eu e já tinha... Tido outras namoradas. Quando ele se formou no ensino médio e começou a fazer planos para cursar a faculdade no exterior, ele começou a me pressionar pra gente fazer sexo. Mas eu ainda não estava pronta. No dia anterior à sua viagem, ele dormiu lá em casa. A gente tentou, mas eu meio que não consegui. Ou eu só não queria na hora. Ele ficou muito frustrado e foi embora. Quando eu fui me despedir dele no aeroporto, ele disse que queria terminar. Ele disse que esperou três anos por mim, mas eu não consegui, e ele não queria esperar mais. Eu fiquei arrasada e não queria perdê-lo, por isso continuei ligando dizendo pra gente esquecer isso e que eu queria ser só uma amiga, do jeito que éramos antes de todo esse rolo começar. Eu sei que ele ficou com várias garotas nos Estados Unidos, acho que para compensar o que eu não fiz por ele aqui. Meu plano era esperar que eu me formasse no ensino médio para ir com ele para os EUA e reatar o namoro. Até lá eu já estaria pronta para fazer... O que ele quisesse.

Ela para de falar e eu seguro sua mão delicadamente. Isso deve ter sido horrível. Eu mesmo nunca forcei nenhuma garota a transar comigo. Claro que eu nunca tentei com uma garota virgem, mas não consigo pensar como alguém poderia fazer isso com Isa.

—Eu falei que ele era um idiota. Só idiotas fazem essas coisas. –Eu digo, puxando-a para um abraço. Ela parece estar abalada depois de contar essa história. –Eu nunca vou fazer isso com você. –Falo baixinho em seu ouvido.

—Thomas, eu ainda sou virgem. –Ela fala, se afastando de mim, mas ainda com as mãos em meus ombros.

Eu aceno com a cabeça. Bem, Alex estava certo. –Tudo bem. Ainda bem. Seria idiotice fazer uma coisa assim sem realmente querer.

Ela morde o lábio inferior e volta a encostar a cabeça em meu peito e eu a abraço com força. Nós estamos namorando agora, certo? Então acho que eu tenho que falar alguma coisa.

—Olha, eu nunca vou fazer algo que você não queira. Você sendo virgem ou não, isso não importa. Eu vou sempre respeitar a sua vontade. –Eu falo em seu ouvido e lhe dou um beijo na bochecha. Ficamos assim por alguns segundos até ela se afastar, parecendo melhor. Sorrio.

—Ei, você é minha namorada oficialmente agora. Amanhã é o jantar com meu pai e eu vou poder te apresentar como minha namorada de verdade.

Ela arregala os olhos. –Caramba, tem esse jantar. Mas... E se ele não gostar de mim?

—Por que ele não gostaria de você? Você é demais. –Pego a mão dela e deposito um beijo. –Não fique nervosa. Não é tão importante assim. É só o idiota do meu pai. Minha mãe já gosta de você, e isso é o que importa.

 

Quando chego em casa, me deito no sofá da sala, completamente feliz. Isa disse que ia acompanhar Luke até a casa dele e eu fiquei um pouco (muito) contrariado. Depois de saber a história dela, perguntei por que ela ainda andava com aquele idiota. Ela disse que apesar de tudo eles eram amigos, mas que ela nunca mais iria querer alguma coisa com ele novamente. Ela me deu um beijo carinhoso antes de ir, e isso bastou para que eu a deixasse. Meu celular começa a tocar e eu vejo o nome ‘Idiota’ no visor. Eu devia colocar esse para Lucas ao invés do meu pai, mas atendo.

—Oi.

—Oi, Thomas. Tudo bem?

—Hum.

—Eu queria saber se você vai vir aqui jantar amanhã. Sua mãe falou com você, não é?

—Sim, ela falou. Eu vou.

—Sério?

—Sério. Mas vou levar minha namorada.

—Namorada? Você está namorando?

—Obviamente eu estou, senão não estaria falando pra você que eu vou levá-la.

—Ah. Você está certo. Claro, pode trazê-la. Vocês podem chegar umas oito?

—Tá. A gente se vê.

Desligo sem esperar pela resposta. Realmente espero que estar com Isa torne esse encontro menos desagradável, porque meu pai é o mestre em tornar todas as situações ruins. Decido ligar para Alex também, para relatar o meu progresso. Ele atende no terceiro toque.

—Oi?

—E aí? Tenho uma coisa para te contar.

—Diga.

—Estou namorando.

—Você não estava?

—Na verdade não. Mas agora nós estamos namorando oficialmente.

—Nós? Eu e você? Desculpe, já sou comprometido.

—Que pena. Ah, eu também sou. 

Dou uma risada.

—Então você e Isa, hein?

—É.

—Você não quer acabar com isso agora?

—Isso o que? A gente começou a namorar agora.

—Não o namoro, babacão. A aposta.

—Por quê?

—Ah, eu me sinto culpado. Tipo, você gosta mesmo dela, não?

—Sei lá. Eu gosto da companhia dela, acho.

—Então. Vamos parar com isso.

—Já está se sentindo intimidado pelas minhas habilidades?

—Não. Eu não quero que nenhum de vocês dois saia machucado disso tudo.

—Relaxa, cara. Eu a trato bem. Ninguém vai se machucar. Vou desligar agora. A gente se fala.


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Notas finais do capítulo

Muitas coisas importantes nesse capítulo, hein. Não esqueçam de comentar! Beijos e até o próximo cap.



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