When we were young escrita por Bibela


Capítulo 3
Parte III




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Tentei de todas as formas não alimentar nenhuma esperança em relação a ele, eu não sabia se conseguiria esquecer e passar por cima de todo sofrimento que me causou, então resolvi seguir com minha vida sem qualquer interferência.

Os dias continuaram seguindo seu curso normal, mas eu me sentia estranha, era como se alguma coisa que eu nem sabia o que era estivesse me fazendo falta e deixando um vazio enorme dentro de mim.

Sempre me orgulhei da mulher independente e autossuficiente que me tornei, gostava da minha vida, das minhas propriedades e da minha rotina, no entanto, de uns dias pra cá, me vi observando vários casais conhecidos e a forma com eles sempre se faziam presente e se esforçavam para participar da vida um do outro.

Isso despertou em mim, depois de muito tempo, uma solidão que nem sei de onde veio, senti falta de ter com quem compartilhar as coisas bobas do dia-a-dia, alguém para me desejar bom dia e boa noite, me mimar, me esperar chegar em casa e, acima de tudo, me amar. Me lembrei do Harry e uma saudade imensa me consumiu, todos nossos momentos, nossos beijos, noites de amor e nosso último encontro caíram sobre mim de uma vez só.

Eu não sabia como organizar meus pensamentos e nem como lidar com o que eu estava sentindo. Não sabia como ia ser daqui para frente e nem se eu seria capaz de passar por cima de tudo que aconteceu, o que eu sabia é que senti falta do Harry todos dos dias desde nosso último encontro, desejava estar com ele, e esse isso não significasse que eu ainda era perdidamente apaixonada por ele, eu não sabia mais como identificar esse tipo de sentimento.

Eu nunca me apaixonei desde que o Harry foi embora, me envolvi com três ou quatro caras no decorrer dos anos, mas não foi nada profundo e não durou muito. Nunca mais senti as pernas bambas, o coração disparado e as malditas borboletas no estômago, meu corpo nunca sentiu tanta necessidade de alguém como senti dele, essas sensações todas que só ele consegue despertar em mim.

Sem pensar nos prós e contras de uma atitude tomada no calor da emoção, consultei o relógio e eram 13:35 da tarde. Eu não conhecia os seus horários, mais ia arriscar a sorte. Guardei minhas coisas e disparei para o estacionamento da clinica onde meu carro estava estacionado, e assim que joguei a bolsa no banco do carona, liguei para pessoa que me passaria o endereço que eu precisava.

— Alô - Ron me atendeu logo no segundo toque.

— Me passa o endereço do Harry - antes dele questionar alguma coisa eu o interrompi - sem avacalhar comigo e sem perguntas indiscretas, por favor Ron.

— Eu te mando por mensagem agora - podia imaginar o sorriso de satisfação dele diante do meu pedido.

— Obrigada, ele vai te contar como foi depois - e antes que ele pudesse responder alguma coisa, eu desliguei o celular.

Segundos depois meu irmão cumpriu sua promessa e a mensagem contendo o endereço chegou. Sem pensar no estava fazendo ou se me arrependeria depois, dirigi o mais rápido que pude ao meu destino, que não ficava muito longe do meu local de trabalho, e vinte muitos depois eu tocava a campainha no loft 57.

A conversa que eu tanto adiei e que tanto me amedrontou iria acontecer, e agora parada na porta dele não teria mais como fugir, se tivesse que acontecer que fosse agora então, eu não suportava mais todas essas dúvidas e confusões na cabeça. Respirei fundo e desejei que o Harry estivesse em casa e me atendesse para acabar com isso de uma vez.

Cinco minutos depois, e quando eu já estava me preparando para ir embora, a porta se abriu. Um Harry vestindo somente uma calça de malha, com o peito totalmente definido e desnudo, a cara amassada de sono e o cabelo totalmente desgrenhado, me olhou assustado do outro lado da porta. Eu não consegui evitar olhá-lo dos pés a cabeça e admirar aquele corpo maravilhosamente sexy parado na minha frente, tudo dentro de mim pegou fogo e senti minha calcinha ficar ligeiramente molhada ao encontrar o volume no meio das pernas dele, evidente pelo fino tecido da calça.

Harry me olhou primeiro com a sobrancelha arqueada e depois esfregou os olhos, olhou pra mim e pra dentro da casa de novo, visivelmente confuso e sem acreditar que era eu mesma ali. Nos encaramos por não sei mais quantos segundos até que ele coçou os cabelos e começou a falar, ainda não acreditando que eu estava parada na porta da casa dele.

— Ginny? - ele me questionou ainda mantendo somente o pequeno vão da porta aberta.

— Oi, Harry, te acordei? - sorri e tentei agir o mais natural possível, jogando pra longe toda a excitação e nervosismo que me dominavam.

— Fiz plantão de doze horas, cheguei depois das seis em casa - ele me respondeu sério, e senti seus olhos analisarem meu corpo pela primeira vez desde que abriu a porta.

— Desculpe, não queria atrapalhar - senti minhas bochechas queimarem com o olhar sexy que ele direcionava a mim.

— Eu só estou surpreso - ele sorriu sem graça - achei que estivesse sonhando.

— Vim para termos ter aquela conversa - fui direta - se você ainda tiver a fim.

Ele arregalou os olhos para mim, sem esconder a surpresa da situação, então abriu toda a porta dando espaço pra eu entrar.

— Claro, entra - eu passei por ele e sorri, senti meu corpo todo se arrepiar ao sentir seu calor próximo a mim - só não repare a bagunça, não tive muito tempo para organização esses dias.

— Não se preocupe, minha casa não é muito diferente - lancei-lhe um sorriso tranquilizador, que ele respondeu com um aceno de cabeça.

— Vou lavar o rosto e escovar os dentes, fica a vontade que eu volto logo - ele sumiu por uma porta logo adiante e me sentei no sofá deixando minha bolsa ao lado.

Agora que o Harry não estava pude reparar em sua casa, não sei se um loft sem nenhum detalhe pessoal pode ser considerado uma casa. Era um ambiente pequeno, mas muito bem decorado e com utensílios modernos, não estava tão bagunçado quanto ele disse, apenas um tênis no chão, a mochila e o jaleco jogados em cima da mesa de qualquer jeito, porém o que mais me chamou atenção era que nada ali se pareceria com o Harry, e também não tinha nada pessoal, nenhuma foto, nenhum livro, vídeo game, nada que pudesse lembrar os gostos dele.

Convivi com o Harry há muitos anos atrás, mas poderia jurar que esses hábitos ele ainda não tinha perdido, e esse pensamento me gelou a espinha, se estava tudo tão impessoal assim era porque certamente seria uma moradia provisória.

Sem que eu pudesse ter muito tempo para refletir sobre isso, ouvi passos se aproximando e Harry entrou na sala e se sentou na poltrona de frente para mim. Nos encaramos por não sei quantos minutos, os dois visivelmente inseguros e sem saber por onde começar. Pude ouvi-lo respirar fundo e jogar as costas para trás, me fazendo olhar para os meus pés enquanto ele começava a falar.

— Estou surpreso, achei que minha vida não te interessava mais - ele sorriu irônico, muito satisfeito com a situação.

— Não gosto de deixar as coisas mal resolvidas - disse enquanto olhava para o relógio - você tem uma hora, pode começar.

Ele chacoalhou a cabeça e me olhou intensamente. Harry voltou com os cabelos arrumados e o rosto mais desperto, no entanto não se deu ao trabalho de vestir uma camiseta, deixou o peito desnudo certamente para me atingir e se divertir enquanto flagrava meus olhos analisando cada gominho bem definido que ele tinha na barriga. Sentada no sofá de frente para ele, cruzei as pernas e deixei que o vestido branco justo que eu estava usando subisse para o meio das minhas coxas, se era para provocar ele não ia jogar esse jogo sozinho. O vi olhar descaradamente para minhas pernas, soltar um suspiro e começar a falar.

— Eu nem sei por onde começar, Gin - ele suspirou fundo e me olhou, visivelmente perdido.

— Pelo começo seria uma boa - cruzei as pernas para o outro lado e esperei.

Eu não sabia o que esperar, que explicações ele iria me dar e por qual caminho essa conversa nos levaria, então tentei ao máximo esconder minha ansiedade diante de tudo que ele iria me dizer.

— Quando eu aceitei a bolsa e resolvi ir embora pros Estados Unidos, o principal motivo foi você - ele fez uma pausa me olhou, esperando minha reação.

— Por mim? - eu ri irônica - você só pode estar de brincadeira, Harry.

— Eu queria poder proporcionar um futuro bom para você - ele suspirou - e achei que esse fosse o caminho certo, Gin, nunca passou pela minha cabeça que você fosse terminar o nosso namoro.

— Eu ficaria feliz com qualquer futuro que eu tivesse com você, Harry - eu afundei o rosto nas mãos - eu seria feliz morando embaixo de uma ponte com você!

Ele só me olhou e não disse nada por longos segundos, então resolvi continuar.

— Você não fez isso por mim, Harry, fez isso por você - eu apontei o dedo pra ele - você queria ter um futuro brilhante, ser um médico importante, sempre me disse isso.

— Fiz pensando em você, Ginny!

— Mentira! - eu gritei nessa hora - se você tivesse pensando em mim não teria ido embora para o outro lado do mundo fazer essa merda de faculdade!

—Gin, eu.. - ele suspirou - eu fiz tudo errado, achei que íamos conseguir manter o namoro, que eu ia terminar a faculdade e voltar com a vida feita para me casar com você - ele se levantou e começou a caminhar de um lado para o outro - esse era meu objetivo desde o início, mas aí você terminou comigo e eu perdi o foco de tudo.

Eu não disse nada, ele voltou a se sentar, apoiando os cotovelos nos joelhos e afundando o rosto nas mãos.

— Eu quis voltar assim que cheguei lá, quis voltar para casa e te pedir pra voltar pra mim. Te liguei várias vezes, mandei email, mensagem, mas você me bloqueou de tudo - ele suspirou e levantou o rosto - então o Ron me disse que você não podia ouvir falar no meu nome que ficava irritada, e eu concluí que você já tinha seguido sua vida.

— E tinha mesmo, a partir do momento que você saiu pela porta da minha casa eu prometi para mim mesma que você nunca mais ia me bagunçar de novo.

— Eu fiquei sem chão, Gin, não sabia o fazer, tinha programado minha vida toda pensando em você, fiquei perdido - ele suspirou - com a maturidade que tenho hoje, percebi que fiz a escolha errada, eu devia ter ficado aqui com você.

— Agora é um pouco tarde para você chegar a essa conclusão, Harry! Eu passei seis anos sozinha, seis anos para reconstruir minha vida longe de você - eu levantei os olhos em sua direção - você não tem o direito de chegar de repente e bagunçar tudo de novo!

— Gin.. eu quis voltar pra você, tentei de todas as formas falar com você, mas você não quis me ouvir - ele olhou para os próprios pés - então achei que tinha que seguir em frente também.

— Aí você se apaixonou perdidamente - falei enquanto rolava os olhos, sem disfarçar a irritação.

— Isso aconteceu depois de um ano, eu estava em um barzinho enchendo a cara porque o Ron tinha me contado que você tinha saído de casa para morar sozinha - ele me encarou profundamente - já tinha bebido não seis quantas doses de whisky, e a Cho chegou e se sentou ao meu lado - ele sorriu sem graça - ela era bonita e muito agradável, a conversa foi fluindo e quando dei por mim ela já estava acordando na cama minha casa.

Ele respirou fundo e afundou o rosto nas mãos, evitando me olhar. Continuei sentada em silêncio, ouvindo o que ele tinha pra me dizer.

— Não vou mentir para você, eu me apaixonei por ela, me deixei envolver. Eu sentia sua falta, mas você não queria mais falar comigo, o que eu podia fazer? - ele perguntou mais para si mesmo que pra mim - e uma coisa foi levando a outra, depois de um tempo eu não sentia mais nada por ela, as coisas esfriaram, tudo que ela fazia me irritava, mas quando eu fui decidido a terminar o namoro ela me contou que estava grávida.

Ele levantou o rosto, tentando entender o que eu estava pensando na minha cabeça, mas eu continuei na mesma posição decidida e sem demonstrar emoções. Visivelmente frustrado, ele suspirou e continuou.

— Eu chorei nesse dia, Gin, me senti mais uma vez sem chão, ela não era a mulher que eu queria para ser mãe dos meus filhos, esse futuro eu queria com você - ele me encarou e sorriu de canto, desanimado - fiz todas as escolhas erradas e tinha que arcar com as suas consequências. Eu não tinha alternativa, Gin, então me casei.

Eu continuei impassível, apenas descruzei as pernas e puxei uma almofada para colocar sob as coxas. Harry acompanhou toda minha movimentação em silêncio, e quando voltei meu olhar pra ele, continuou a falar.

— Eu fui feliz em poucos momentos desse casamento, o tempo todo alguma coisa dentro de mim dizia que essa vida estava errada - ele sorriu - fiquei feliz quando soube do bebê, comecei a ter mais paciência com ela e as coisas estavam se acertando, até que ela passou mal e a perdemos, Cho já estava de sete meses e ia ser uma menina.

Sem esconder toda a dor que sentia, Harry deixou a primeira lágrima escorrer por sua bochecha corada. Tudo dentro de mim amoleceu, no entanto me obriguei a permanecer do mesmo jeito até ele terminar de contar tudo que tinha pra me dizer.

— Cho me culpou pela perda da bebê - ele voltou a olhar pra mim - disse que eu vivia preso ao passado, e que desejava que ela e a criança nunca tivessem existido na minha vida - ele enxugou outra lágrima e continuou - as coisas ficaram insuportáveis, então resolvemos terminar.

— Que vaca essa sua ex-mulher - eu disse espontaneamente, e ele sorriu diante da minha primeira reação em quase vinte minutos de absoluto silêncio.

Nesse momento ele se levantou e veio se sentar ao meu lado no sofá. Instintivamente, mudei minha posição, ficando de frente para ele.

— Eu achei que era a segunda chance que a vida estava me dando, Gin, me dando a chance de ser feliz outra vez - ele sorriu para mim, nossos joelhos se encostando - então depois de resolver toda a parte burocrática da separação, eu voltei para casa, para o lugar de onde eu nunca deveria ter saído - ele suspirou fundo e, sem que eu esperasse, pegou uma de minhas mãos e prendeu entre as suas - sei que nada do que eu disser vai apagar todo sofrimento que eu te causei, eu era jovem e imaturo, achei que estava fazendo a coisa certa – ele suspirou mais uma vez - eu voltei, Gin, insisti quando você não quis me ouvir e estou aqui para te pedir perdão – ele me olhou e encontrei sinceridade em seu olhar - e se você tiver disposta quero fazer tudo certo dessa vez.

Então era isso, ele tinha voltado por mim, porque nunca deixou de me amar.

A taquicardia me dominou outra vez, tudo dentro de mim tremia e eu não sabia o que pensar. Fiquei olhando para aqueles lindos e profundos olhos verdes por vários minutos, e me permiti ter esperanças. Talvez ele estivesse certo, talvez depois de várias escolhas erradas e de termos percorrido caminhos diferentes por tantos anos, essa podia ser nossa segunda chance, nossa oportunidade de sermos felizes juntos.

Eu esperava ouvir tudo quando resolvi ter essa conversa, menos esse monte de revelação que ele jogou em cima de mim de uma vez só. As explicações dele foram coerentes e inexplicavelmente fizeram sentido pra mim, mesmo que eu não concordasse com as decisões que ele havia tomado e que nos deixou na situação que estamos hoje.

Harry era jovem, eu era jovem e erramos tentando acertar, fizemos todas as escolhas desejando que o intenso amor que sentíamos um pelo outro tivesse o melhor futuro possível, e acabamos destruindo qualquer possibilidade para um futuro que envolvesse nós dois juntos. Até aquele momento, em que nossos corações estavam abertos e nossa vida exposta sem nenhum pudor.

— Volta pra mim, Gin? - ele perguntou, me olhando intensamente, e não consegui responder nada, as palavras tinham sumido da minha boca e eu só conseguia olhar para aqueles fascinantes olhos verdes que pareciam estar lendo minha alma.

Harry sorriu e se aproximou lentamente, senti sua respiração se aproximando do meu rosto e fechei os olhos esperando pelo que estava por vir. Meu coração batia acelerado e os milhões de borboletas no meu estômago voavam sem cessar, fazendo com que minha respiração saísse ofegante. Quando senti seus lábios se juntando aos meus em um beijo lento, cheio de amor e saudade, completamente diferente dos beijos que trocamos há quase dois meses, eu senti tudo dentro de mim desmoronar.

Retribui ao seu beijo e afundei minhas mãos em seus cabelos revoltos enquanto ele me puxava para mais perto de si fazendo um carinho gostoso nas minhas costas. Separamos-nos vários minutos depois, mas o Harry continuou segurando minha mão enquanto me olhava intensamente.

Meu coração deu não sei quantas voltas, e quando encontrei seu olhar outra vez eu senti medo.

Eu era capaz de perdoar o Harry por todos seus erros, por todo sofrimento e tristeza que ele me causou. Conseguia me perdoar por ter sido tão orgulhosa e ter tornado as coisas tão complicadas, mas eu ainda não estava preparada pra dizer sim e o deixar entrar na minha vida outra vez.

Eu sabia que amava o Harry e tinha certeza que era com ele que queria compartilhar o resto da minha vida, mas eu não me sentia pronta pra me entregar. Todos esses anos sozinha remoendo um passado que me destruiu por dentro, me endureceu e eu não conseguia dizer sim. Eu precisava de um tempo para organizar meus sentimentos e colocar as coisas no lugar, eu não conseguia simplesmente me jogar de cabeça nesse amor sem estar com o coração aberto e em paz, não era certo comigo, e muito menos com ele que foi tão honesto.

Harry me olhava com um sorriso tão lindo nos lábios. Ele me olhava de uma forma tão apaixonada, que quase desisti de ser racional e fazer a coisa certa.

— Harry, eu.. - soltei sua mão e me levantei do sofá em um salto que o pegou de surpresa - não consigo ainda, foi tudo tão de repente que eu ainda não...

— Gin, por favor, me deixa te mostrar que eu posso te fazer feliz outra vez - ele se levantou e segurou meu braço, me fazendo olhar pra ele.

— Desculpa, Harry, mas eu ainda não consigo - me soltei da mão ele, peguei minha bolsa no sofá e segui em direção a porta.

Ouvi o Harry me chamar diversas vezes, mas continuei meu caminho, fechando a porta atrás de mim. Estava ficando difícil respirar e meu coração estava espremido dentro do peito. Desci rápido os lances da escada, antes que ele conseguisse me alcançar, e não olhei para trás, deixando um pedaço de mim a cada passo que eu dava, mas eu não podia ficar com ele se não estivesse bem comigo mesma antes.

Eu tinha certeza que havia deixado um Harry de coração partido para trás, e eu não estava diferente. Descobri que eu o amava na mesma intensidade de antes, o beijo cheio de carinho e saudade que trocamos há poucos minutos foi a prova disso, mas eu ainda não me sentia pronta para começar de novo. Esperei tantos anos, então ele também poderia esperar até eu colocar os sentimentos em ordem.

Entrei no carro e bati a porta com força, deixando um Harry com os olhos cheios de lágrimas me vendo ir embora parado na calçada em frente ao seu prédio, sem saber o que fazer.

Dirigi de volta para casa o mais devagar possível, permitindo que as lágrimas que eu tanto seguirei viessem à tona agora que eu estava sozinha.

Nem nos meus mais iludidos sonhos o Harry me dizia que perdeu o rumo da vida longe de mim, eu sabia que ele tentou contato comigo diversas vezes porque o Ron me contou, mas jamais imaginei que ele tivesse se casado praticamente forçado, nem que sentia que a vida estava no curso errado.

Me permiti sorrir com esse pensamento, ele sempre pertenceu a mim mesmo quando era de outra pessoa. Mas a maior surpresa de toda revelação, foi ele ter escolhido ir embora pensamento em mim, nessa parte senti vontade de socar o Harry, como ele foi idiota! Eu realmente seria feliz vivendo na miséria com ele. Me senti uma imbecil por ter pensado mal dele durante tantos anos, enquanto tudo que ele fez a vida toda foi pensando em nós.

Assim que cheguei em casa, me joguei na minha cama, era 15:47 da tarde, mas eu estava tão emocionalmente cansada que só fui acordar as 05:30 da manhã do dia seguinte.  Saí para o trabalho no horário de sempre, e meu dia seguiu como de costume, no entanto o Harry não me saía do pensamento.

Eu me pagava várias vezes no dia me lembrando do seu sorriso, do nosso beijo, daqueles olhos verdes que me faziam perder a noção de tudo, e conseguia ouvir a voz dele me pedindo pra ficar.

Os dias foram passando e eu me sentia mais leve, a certeza que ao lado do Harry era o lugar certo pra eu estar tomou conta de mim, a taquicardia me dominava só de pensar nele e comecei a imaginar como seria nossa vida a partir do momento em que eu dissesse sim a ele. Me peguei diversas vezes imaginando nós dois morando no meu apartamento, dormindo e acordando juntos, no Harry me esperando com o jantar pronto e nos possíveis almoços de domingo com nossas famílias.

Eu não sabia como as coisas seriam, mas tinha certeza que o quer que fosse acontecer, eu queria o Harry ao meu lado. Depois de dez dias da nossa conversa, e com tempo pra colocar tudo dentro de mim no lugar, eu me sentia pronta pra dizer sim e voltar ao lugar de onde eu jamais deveria ter saído.

Na quarta-feira - um dia atípico em que eu estava em casa durante a tarde -, por volta das duas da tarde, fui surpreendida com a campainha tocando e o entregador da floricultura me entregando um lindo buquê de rosas vermelhas. Meu coração se encheu de alegria e as borboletas invadiram meu estômago mais uma vez, só podiam ser do Harry e eu não estava errada, no entanto assim que li o cartão meu mundo desmoronou mais uma vez.

"Gin, eu voltei para acertar as coisas com você, abri meu coração e você foi embora. Eu não consigo continuar aqui longe de você, então estou voltou pros Estados Unidos no vôo das 16:30 de hoje. Sempre vou amar você, com amor.  Harry P."

Depois de ler o cartão mais de dez vezes, eu senti raiva do Harry outra vez, ele era um idiota por estar indo embora de novo.

Olhei meu relógio, se aproximava das três da tarde, se eu saísse de casa agora eu conseguiria chegar ao aeroporto antes dele embarcar. Eu estava vestida com um short jeans e uma regata branca e básica, mas resolvi que não precisava trocar de roupa, então só coloquei a primeira sapatilha que vi na frente, peguei minha bolsa e a chave do carro, e sai apressada em direção ao meu carro na garagem.

Dessa vez o Harry não iria embora sem que eu fizesse nada, eu ia encontrá-lo, dizer o meu sim e resto ficava por conta dele.

Dirigi o mais rápido que a rodovia me permitia, e o que pareceu ser uma eternidade depois, cheguei ao aeroporto. Deixei minha bolsa sob o banco do passageiro, tranquei o carro e saí em direção ao local de embarque. Passei correndo, esbarrando nas várias pessoas que apareciam na minha frente sem me preocupar em pedir desculpas, meu tempo estava acabando e eu precisava encontrá-lo antes que fosse tarde demais.

Assim que entrei no salão de embarque, o avistei sentado em uma cadeira com a mochila no colo e os cotovelos apoiados nos joelhos, o rosto afundado nas mãos. Eu estagnei onde estava e permiti que meu coração voltasse a bater no ritmo mais normal possível.

Eu olhava para um Harry que não conseguia esconder a tristeza enquanto esperava o voo para ir embora, e soube o que tinha que fazer. Eu o amava e não podia permitir que ele fosse embora sem fazer nada para impedir. Me aproximei o suficiente para que ele pudesse me ouvir, juntei toda minha coragem e respirei fundo antes de começar.

— Harry! - eu o chamei o mais alto que consegui e ele imediatamente olhou em minha direção.

Ele me encarou profundamente e um sorriso tímido estampou seus lábios quando me aproximei de onde ele estava sentado. Eu não sabia como começar a dizer o que vim falar, e ele continuou sentado na mesma posição, me olhando intensamente assim que me aproximei mais.

— Não sei se a sua proposta ainda está de pé - eu sorri e ele me olhou ansioso - mas eu vim aqui para te dizer sim! - ele ia começar a falar, mas eu o interrompi e pedi que ele continuasse em silêncio - e vim te pedir para ficar.

Ele deixou um sorriso imenso invadir seu rosto e se levantou, ficando de frente pra mim. Meu coração perdeu o compasso das batidas e, sem perder mais tempo, eu enlacei meus dedos nos dele e deixei o sorriso tomar conta do meu rosto também.

— Eu te amo, Harry, fica comigo? - eu o olhei ansiosa, e recebi de volta o sorriso mais lindo e apaixonado possível.

— Você não sabe o quanto eu esperei por isso, Gin - ele soltou uma de nossas mãos e fez um carinho gostoso na minha bochecha - eu te amo tanto.

Sem alongar o momento, e matando toda saudade que eu sentia do meu Harry, enrosquei minhas mãos no seu pescoço e o puxei para perto de mim. Harry colou nossos corpos e apertou minha cintura, enquanto sua outra mão fazia um carinho gostoso em meus cabelos. Nos olhamos por intensos segundo, e aqueles lindos olhos verdes me deram a certeza que eu tinha feito a escolha certa.

Palavras não foram necessárias para esse momento ser perfeito, e depois de compartilharmos um sorriso apaixonado, Harry grudou seus lábios nos meus em um beijo calmo e cheio de amor. Não nos importamos em estar em um aeroporto cheio de gente curiosa nos observado. Ele aprofundou o beijo, explorando cada canto da minha boca tão conhecida por ele, puxando meu corpo cada vez para junto do seu. Deixei que minhas mãos se agarrassem aos seus cabelos, enquanto sentia minha alma ficar mais leve e deixando a certeza de estar no lugar certo tomar conta de mim. Nos afastamos muitos minutos depois, Harry me puxou para um abraço apertado e pude sentir que seu coração batia tão descompassado quanto o meu, e uma felicidade inexplicável tomou conta de mim.

Eu não sabia por onde a vida nos levaria agora e nem o que nos esperava quando saíssemos desse aeroporto, eu só tinha certeza que estava no lugar certo, ao lado da pessoa que era meu verdadeiro lar.

— Vamos para casa? - eu convidei com o sorriso mais sincero no rosto, não escondendo a felicidade que transbordava em mim.

Harry assentiu com a cabeça, pegou sua mochila e jogou nos ombros, enlaçou nossos dedos, que se encaixavam perfeitamente um no outro, e seguimos em direção a saída, que era o recomeço da vida toda que teríamos pela frente, juntos.


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Notas finais do capítulo

E não é que os nossos lindinhos encontraram um caminho de volta um para o outro?! Eles são muito amor mesmo ♥ Essa foi a parte final, mais ainda tem a Parte IV que é a história deles contada pelo POV do Harry e ta maravilhoso! Espero vocês na semana que vem ta?! Mas me contem, o que acharam da reconciliação desses dois? Ansiosa pelo comentário de vocês, beijos e até semana que vem!



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