Meu Querido Cupido escrita por Bonnie Only


Capítulo 45
Olhe pela sua janela


Notas iniciais do capítulo

Aqui vai um agradecimento especial para minha leitora "Bih Teixeira" por ter recomendado a história ♥ Muito obrigada, Bih!

Amores, faltam apenas dois capítulos para o fim da história. Espero que aproveitem.

Boa leitura ♥



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Estou me fazendo a mesma pergunta o tempo todo. Não consigo acreditar que estou livre, que estou bem, mas David e Bruce não estão. Eu comecei tudo isso, sou tão merecedora daquele castigo quanto os dois!

Por que o chefe dos cupidos poupou a minha vida? Precisa haver um motivo! Por que eu ainda me lembro de tudo, de cada um deles? Isso não é perigoso? Parece fácil demais, estou com medo de ser surpreendida a qualquer momento. 

Quando cheguei na casa da minha mãe, ela demorou para me atender. Quando abriu a porta, seu olhar cansado e distraído ganhou espanto, ela ficou em choque por alguns segundos, surpresa em me ver. 

Sua filha desaparecida voltou, abraçando a si mesma, com o cabelo bagunçado e um vestido vermelho, coberta com sangue.

— Cassie! — Gritou e me abraçou apertado.

Retribuí o abraço, e finalmente respirei de alívio. Estou de volta. Acabou.

Minha mãe está chorando sem parar.

➴ ➵ ➶

— Eu não sabia o que fazer. Sabe que eu tenho um amigo policial, falei sobre o seu sumiço, ele prometeu me ajudar a encontrá-la, mas de nada adiantou... — Mamãe me seguia pela casa, enquanto eu caminhava apressada até meu antigo quarto.

— Eu avisei que estava bem. Com amigos. Pedi para não se preocupar. — Parei de andar e decidi tentar acalmá-la mais um pouco.

— Amigos! Ah, tá! — Fingiu que acreditou. — Você nunca teve amigos, Cassandra. Nunca gostou de se misturar. Queria mesmo que eu ficasse calma? Olha, eu fui calma, está bem? Consegui ser calma até aonde deu! Mas você sumiu e se recusa a dizer o motivo! Aparece em casa com esse vestido cheio de sangue! — Olhou para as minhas pernas com sangue já seco, querendo voltar a chorar.

— Esse sangue não é meu. — Toquei seu braço, sentindo a lã macia da manga do seu suéter. — É do meu amigo. Ele se feriu em uma brincadeira, eu tentei ajudar. 

— Brincadeira? — Fez cara feia. — Quer mesmo que eu acredite? Não confia na sua mãe? 

— Olha, eu já tenho 22 anos... Mãe, eu estou aqui! Isso é o que importa! — Tentei sorrir e logo voltei a caminhar em direção ao quarto que costumava ser meu quando eu ainda morava com ela.

— Cassandra? 

Parei antes que abrisse a porta e olhei para ela.

— Não vai sumir de novo, vai? — Perguntou, suplicando.

Antes de entrar naquele velho quarto eu a abracei outra vez, prometendo que não iria. 

➴ ➵ ➶

Entrei em meu antigo banheiro e me apressei em tirar o vestido. Quando abri o zíper, me lembrei das mãos do David fazendo a mesma coisa. Seu olhar sobre mim, me desejando, em seguida dizendo que me ama.

Lutei para não voltar a chorar, joguei o vestido no chão, abri o chuveiro e entrei ali rapidamente. Esfreguei todo o meu corpo, todo o sangue que grudou em mim, e observei o líquido vermelho desaparecer pelo ralo.

Deixei que a água que caía molhasse todo o meu cabelo, e enquanto cada gota me molhava, entrando em minha boca e um pouco em meus olhos, eu arfei e lutei contra todos os sentimentos. Nunca pensei que me apegaria tanto a eles, que sentiria falta das suas vozes e das suas brincadeiras.

Há um tempo atrás eu queria fugir e encontrar minha mãe, mas agora, tudo o que eu quero é voltar para eles.

➴ ➵ ➶

Estou acompanhada da minha mãe na cozinha. Estou sentada de frente para a mesa, vestida com uma antiga blusa de frio marrom que deixei na casa dela, e uma de suas calças, que ficou um pouco larga em mim. 

Já anoiteceu. Mamãe está extremamente feliz e quer sair contando para todas as suas amigas que eu voltei depois de muito tempo sem dar noticias. Ela até ameaçou ligar para o Dolph, meu chefe, ou ex-chefe, mas eu pedi que não fizesse isso, porque quero eu mesma aparecer na lanchonete e dizer "Olá" para ele.

— Não consegui comer direito. Fui convidada para um encontro com aquele entregador de pizza simpático, sabe? Mas eu não estava muito boa por causa do seu sumiço, então menti para ele que meu pé quebrado ainda doía. Olha, foram dias perturbadores sem você... — Comentou, colocando um pote de picles na mesa.

Peguei o pote e rapidamente abri, em seguida espetei um picles com meu garfo e levei até a boca.

— O que você fez durante todo esse tempo? — Continuou insistindo.

Me lembrei de cada momento ao lado dos cupidos. Das vezes que tentei negar para mim mesma que sentia algo forte pelo David. 

Parando para pensar, acho que Eros, o rei dos cupidos, sabe muito bem que não sou louca o bastante para contar a alguém sobre eles. Eu sei como é ser uma fugitiva, e jamais desejaria isso para alguém, muito menos para a minha mãe! Nunca vou revelar esse segredo, manterei ele guardado a sete chaves!

— Passei um tempo com meus amigos, nós nos divertimos muito. — Abri um sorrisinho. — Eles eram ótimas pessoas. Viviam brigando, dando risadas e implicando uns com os outros. — Brinquei com meu picles, espetando ele várias vezes no prato, e me lembrando das briguinhas sem fim do Franklin e o Colin.

— Você parece gostar deles. Seus olhos brilham quando os menciona.

Assenti. Minha mãe nunca vai entender... Fiquei com o olhar perdido na mesa, me lembrando das costas do David, sangrando, e a tatuagem que ele fez em homenagem à nossa cumplicidade.

Sempre me alegro quando olho para a tatuagem que fiz com o David, próxima ao meu seio. Ela sempre vai me lembrar dele. O arco e flecha. As tatuagens que fizemos é algo nosso, para sempre.

Em seguida me lembrei das últimas palavras do Bruce, dizendo que não conseguiria continuar sem a Stacy...

Devo admitir que adoraria estar no lugar da Stacy, e esquecer de tudo por míseros segundos, só para a dor sumir...

➴ ➵ ➶

Passei mais dois dias dormindo na casa da minha mãe, usando as suas roupas. Me recusei a voltar para a minha casa, tive medo de ficar sozinha com a minha dor. 

Decidi que visitaria o Dolph. Essa era a parte mais difícil, voltar para onde tudo começou. Acho que era por isso que eu estava evitando o meu chefe e a lanchonete... Porque eles me lembram do início. Do meu cupido.

Vesti um dos casacos da minha mãe e durante uma noite fria, peguei um táxi até o Kismet Diner.

A rua estava movimentada, carros para todos os lados, e consequentemente eu já pude ver que a lanchonete estava cheia. Cada passo até lá era um friozinho na barriga.

Cumprimentei o morador de rua que sempre ficava ali na porta da lanchonete, antes de entrar. Logo empurrei a porta e dei de cara com o lugar que estive evitando. Meu Kismet Diner.

O cheiro dos hambúrgueres na fritadeira logo preencheram minhas narinas, juntamente com o cheiro misturado das outras comidas, sopas, batatas-fritas. Pisei no chão ladrilhado de preto e branco, e me aproximei do balcão.

Encarei cada mesinha e os assentos vermelhos. Cada cliente sentado, todas as conversas juntas, risadas, vozes graves e agudas, até mesmo algumas crianças. Eu sorri comigo mesma, um sorriso gigantesco.

Ali na pequena cozinha eu podia ver o cara que Dolph contratou para ajudá-lo em meu lugar. Era o Pitt, um ex-padeiro de trinta anos, uma figura totalmente simpática. Era bom saber que Dolph teve ajuda depois que o deixei na mão.

Assim que me aproximei do balão, encarando o grande menu da parede, como se fosse uma cliente, Dolph veio correndo, pensando que eu era mais uma pessoa que veio para comer.

Quando ele me olhou e acabou me reconhecendo, parou de andar e ficou imóvel ali, no meio da lanchonete, segurando um grande prato branco e um guardanapo. Encarei meu chefe magricela, vestindo sua camisa xadrez preferida e enrolado no avental branco.

— Cassandra — Consegui ler meu nome em sua boca, bem baixinho.

Eu me aproximei dele com passos sorrateiros e de braços cruzados. Quando ficamos bem pertinho um do outro, bem ali no centro, eu disse:

— Seu bigode continua lindo, Dolph. 

Subitamente ele me abraçou, dando um jeitinho de ainda segurar o grande prato.

— Menina... — Murmurou.

— Senti sua falta.

Enquanto nos abraçávamos, os clientes continuavam a comer e conversar, sua refeição era importante o bastante para que eles não se importassem com o chefe abraçando a sua afilhada no meio de todos.

— Está com o cheiro da sua mãe! — Dolph se afastou, mas continuou segurando os meus dois braços e me observando.

— É o casaco dela. 

— Pitt! Dois sucos de melão e um hot-dog! — Dolph gritou, pedindo meu suco predileto, Pitt fez uma continência. Parece que aqui Dolph é o rei, eu e Pitt somos os seus cupidos.

Quase ri com meu pensamento, enquanto Dolph me guiou até a última mesinha da lanchonete.

A mesa em que David costumava sentar para me observar...

➴ ➵ ➶

Expliquei para ele que tive que ajudar alguns amigos por isso fiquei tanto tempo sumida. Ele fez as mesmas perguntas que minha mãe fez, quem são os meus amigos e um montão de outras coisas. Dolph é osso duro de roer.

Mas ele parece feliz pelo simples fato de que eu voltei.

— Pitt é meio cabeça dura. — Falou um pouco baixinho. — Às vezes ele queima algumas coisas. Não é bom com café e hambúrgueres quanto é bom com pães. 

Dei uma risadinha e beberiquei meu suco de melão.

— Esse lugar se tornou um caos sem você. — Dolph ficou me contemplando, sentado de frente comigo, com os braços apoiados na mesa, me olhando como se eu fosse um anjo que caiu do céu. — Não era nem pela sua ajuda, mas sim por sua presença. Foi como... Como perder a minha filha, de repente, sem aviso prévio...

Eu o olhei com carinho e meu coração apertou. Nunca vou me perdoar por ter deixado Dolph e o meu pequeno mundo.

— Eu não quero sumir outra vez. Eu não vou. — Garanti. — Voltaremos a ser nós dois. E o Pitt. Não quero que despeça ele.

— Está bem. — Dolph deu uma risadinha e balançou a cabeça. — Tudo o que quiser.

Continuei bebendo meu suco e comendo meu hot-dog, enquanto meu chefe me olhava matando as saudades, e enquanto eu olhava para a entrada do Kismet, torcendo para que David apareça ali, vestido com as mesmas roupas escuras que costumava vir, com aquele mesmo olhar misterioso e extremamente sedutor, enquanto cada garota da lanchonete seca ele com os olhos.

Ele se sentaria exatamente onde estou agora, e me chamaria. Pediria qualquer coisa, só para disfarçar, e em seguida iria me observar pelo resto da noite.

Meu cupido, sempre presente, preparado para atirar em mim. Meu peito parece querer explodir quando imagino que ele não vai voltar a entrar aqui, e se assentar nessa mesa. 

➴ ➵ ➶

Dolph quer que volte a trabalhar aqui. Falei que vou voltar, mas não agora. Quero me recompor, tentar me acalmar. Não quero servir clientes e começar a chorar de repente, eles vão se assustar.

Vou voltar a trabalhar porque Bruce pediu isso.

"Você fica ótima de avental", me lembrei das palavras dele e sorri no caminho de volta para a casa da minha mãe.

Fiquei apenas mais um dia ali, dormindo na grande casa da mamãe, então me senti pronta para voltar à minha casa. Estava na hora de enfrentar meus medos e dores. Me despedi da minha mãe e ela prometeu me visitar todos os dias.

Quando cheguei lá, estava tudo como deixei. O mesmo cheiro, só que com um toque a mais de poeira. A minha lixeira estava cheia, com restos de alimentos que eu deixei da última vez que tentei fazer um bom jantar.

O silêncio era ensurdecedor.

Liguei minha velha TV numa tentativa vã de não me sentir sozinha. 

Tentei ajeitar algumas coisas, e logo depois subi para o meu quarto. Enquanto fechava a porta, me surpreendi com o que vi.

Minhas malas estavam ali, em cima da minha cama. Cada uma delas.

Me aproximei assustada, sem acreditar naquilo. Alguém trouxe as minhas roupas até a minha casa! As minhas malas estavam na mansão! 

Quando cheguei perto, havia um bilhete em cima de uma delas. 

Você deixou isso para trás.
Ass: CLF
(Se não entendeu, Cassie, CLF é a abreviação de Colin, Louis e Franklin)
Nós te amamos.

Não tive reação, li o pequeno bilhete algumas cinco vezes e em seguida sorri, tentando adivinhar de qual deles era a letra no pequeno pedaço de papel.

Abri as malas e todos os meus pertences estavam ali, desde as escovas de dente até as roupas que mais gosto. Foi tamanha gentileza da parte deles trazerem minhas coisas. Fiquei me perguntando como decoraram o caminho até a minha casa, e como acabaram entrando. Acredito que ficaram decepcionados por não me encontrarem aqui.

Quando terminei de descarregar minhas malas, encontrei algo pequeno e valioso.

A minha pena.

A pena que David deixou para trás, e que eu guardei com tanto amor.

Ela sempre acaba assim, de volta em minhas mãos. Vou guardá-la como se minha vida dependesse disso.

➴ ➵ ➶

Alguns dias se passaram. Estou tentando retomar minha rotina, sendo a melhor Cassandra que consigo. Às vezes ando pelas esquinas do Brooklyn durante a noite, só para me certificar de que Stacy não continua fumando e bebendo debaixo dos postes de luz.

Ela nunca mais apareceu.

E se caso eu a encontrasse em alguma esquina, com toda certeza ela não se lembraria de mim...

Ao menos, acho que ela finalmente está seguindo em frente.Espero que Stacy seja imensamente feliz, vou sentir muita falta dela, e da Hayley também.

Sempre me lamento da forma como tudo acabou para cada uma de nós. Em um dia desses me peguei relembrando do dia em que eu, Stacy e Hayley estávamos limpando a casa dos cupidos depois de uma noite inteira de festa.

A forma como nos divertimos conversando e falando sobre os meninos... E também da noite das garotas! Quando bebemos cerveja e comemos pizza, compartilhando segredos.

Eu adoraria ter saído com as duas algum dia. Poderíamos ter sido amigas. Seríamos um trio sem igual! Hayley, a garota do Bar dos Cupidos. Stacy, a garota que passava madrugadas nas esquinas, e eu, Cassie, a garçonete fugitiva. 

Ultimamente tenho tido pesadelos com quase todos, às vezes com as duas, mas a maioria é sobre o Bruce e seus gritos de dor. E claro, David. Nos pesadelos ele sempre precisa de mim, sangrando e chamando pelo meu nome. É terrível. Terrível continuar e pensar na ideia de que ambos estão mortos.

Liguei minha TV enquanto comia cereal, e acabei ficando curiosa com uma reportagem que falava sobre o seguinte assunto: O número de jovens misteriosos com idade entre 22 e 23 anos que aparecem sem memória alguma tem duplicado nos últimos anos. 

Na reportagem dizia que esses jovens se lembram apenas do seu nome e idade, nada mais.

Fiquei vidrada naquela noticia. Rapidamente eu soube do que se tratava! São os cupidos que terminaram a sua missão! Eles perdem toda a memória e voltam a se tornam um humano quando juntam o último casal. Me lembrei do Franklin, e do quanto ele quer que isso aconteça com ele. E também me lembrei do Bruce e do David, e que não poderão voltar a ser um humano...

Enquanto assistia, sorri sozinha. Aquilo era incrível... Eles estão por toda parte.

➴ ➵ ➶

Às dez e meia da noite eu penteava meu cabelo, sentada na poltrona do meu quarto. Hoje no almoço minha mãe me fez companhia, mas depois quando voltou para casa eu me senti vazia outra vez.

Agora estou aqui, sozinha em meu quarto, com a luz acesa, penteando meu cabelo e esperando o tempo passar.

Me preparei para ir dormir, já vestida com uma roupa folgada. Foi quando um rápido barulho me assustou. Veio da janela, foi como uma pedra.

Meu coração rapidamente acelerou, tentei acalmar a mim mesma, dizendo para não ter tanto medo. Larguei o pente e me dirigi até minha cama, pronta para ir dormir e tentar deixar de lado o pequeno barulho.

Mas aconteceu outra vez, e depois outra.

Ou é algum engraçadinho jogando pedras na minha janela ou é um superior querendo chamar a minha atenção! Eu já fiquei de cara com muitos superiores! Se for algum, ele não vai me assustar! Pode ser até mesmo o Dean!

Caminhei até a minha janela, puxei as cortinas e tentei ver quem estava lá embaixo.

Havia alguém, e nem mesmo tentou se esconder.

Meu sangue subiu quando eu o vi.

Era David. Meu David no meio da noite, do lado de fora da casa, me olhando pela janela!

Pensei estar alucinando, ou então sonhando.

Mas era ele, tão real, segurando outra pedra em uma das mãos. Quando me viu, ele abriu aquele sorriso que eu tanto ansiava em rever.

— Vai abrir a porta para mim ou vou ter que pedir que jogue as tranças? — Gritou para que eu ouvisse.

Gritei seu nome de lá do meu quarto e corri feito um furacão pela casa toda, em direção à entrada, para abrir a porta para ele. Tomei um escorregão, e me senti sortuda porque ele não viu.

Assim que abri a porta de casa, preparada para descobrir que era só uma alucinação, e que David não voltou de verdade, eu fui surpreendida quando ele apareceu.

Meu cupido estava ali, na minha porta! Tão lindo, vestido de preto, e parecia tão bem e recuperado!

Pulei nele, o apertei com toda a minha força e tirei meus pés do chão, grudando as minhas pernas entre sua cintura.

— Ei! — Ele riu e cambaleou para trás conforme pulei nele, em seguida gemeu de dor. Acho que toquei em suas costas machucadas.

— Isso não é possível! — Comecei a chorar muito, os olhos cheios com lágrimas, mas dessa vez eram de alegria.

David acariciou minhas costas suavemente, e eu não o soltei, fiquei ali, apertando, sentindo o seu cheiro...

Ainda em seu colo, ele entrou em minha casa, me levando. Ele mesmo fechou a minha porta enquanto eu continuava ali, pendurada nele.

Quando finalmente nos soltamos, parei uns segundos para observá-lo. Alto, forte, recuperado. Eu podia sentir o seu calor, tive certeza de que era mesmo ele! Só queria saber como!

— Está bem? — Perguntou, porque no estado em que eu me encontrava estava mesmo parecendo uma louca. Ele carregava uma risadinha no rosto.

Só consegui confirmar com a cabeça, colocando uma mão na boca enquanto as lágrimas escorriam. Ele voltou! Ele está em minha casa! Eu nunca imaginaria algo assim!

— C-como? Quem deixou que você... — Tentei respirar, mas rapidamente voltei a abraçá-lo. Queria senti-lo um pouco mais, para ter certeza de que não estou delirando.

— Estou aqui, Cassie. — Sua voz me fez ter certeza disso.

Descansei minha cabeça em seu peito, e ele ficou em silêncio, esperando pacientemente que eu me acalmasse ali, fui parando de chorar e soluçar aos poucos, ficamos assim, abraçados, por um bom tempo. Quando finalmente me acalmei e molhei sua blusa com lágrimas, levantei minha cabeça para olhar em seu rosto. 

— Melhor? — Me olhou com ternura, enxugando meu rosto molhado.

Confirmei, sem tirar meus olhos dele. A sensação inquietante ainda estava ali, guardada em suas pupilas. A sensação de olhar para os olhos de um cupido.

Enquanto o abraçava, senti um leve volume em seu peito, como se houvesse algo enfaixado ali, por debaixo de sua camiseta.

— O que faz aqui? — Consegui perguntar. — E o Bruce? — Olhei para a porta, esperando que Bruce aparecesse.

O olhar do David ficou sombrio, de repente. Ele desviou os olhos de mim, engoliu a seco e disse:

— Precisamos conversar. 

A felicidade de estar ao lado dele me preencheu novamente, eu peguei sua mão pesada e quente, segurei firme e o guiei até a minha cozinha, para nos acomodar e ouvir tudo o que ele tinha a me dizer.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo, amores!

Faltam apenas 2 capítulos!

Beijos, se preparem e não percam ♥



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