Lilian entrou no salão comunal de Sonserina animada, estava eufórica com o casamento do irmão; assim que entrou viu que Sherryl estava lá, e ficou desanimada, com certeza ela ia começar com todas aquelas perguntas chatas, querendo saber tudo sobre a sua vida, sobre Tiago, sobre Alvo. Mas, para sua total surpresa, Sheryl permaneceu quieta, sentada perto da lareira. Lilian subiu para o dormitório, se trocou e ia sair para encontrar Rubinho, mas quando passou pelo salão comunal pensou ter ouvido alguém chorar. Era Sheryl.

— Sheryl?

— Lilian... — a garota enxugou as lágrimas e tentou sorrir.

— Tudo bem com você?

— Anham.

— Por que você tá chorando?

— Deixa para lá, não importa...

— Tá... — Lilian ia sair, afinal, não gostava mesmo de Sheryl, elas não eram amigas, e portanto não tinha motivos para se preocupar com ela, mas de alguma forma se sentiu sensibilizada, ficar sozinha, sem amigos, não era uma coisa legal, afinal. — Hey, Sheryl, o que aconteceu?

— Ai, é que eu sou muito tola, sabe, Lilian... não é à toa que você não é minha amiga.

— Ahm...

— Sabe, o meu pai encontrou o seu outro dia em Hogsmeade, e foi falar com ele, dá pra acreditar? Meu pai foi falar com o professor Harry Potter! Que raiva!

— Você não acha legal seu pai falar com o meu?

— Não, quer dizer, sim, mas, você não entende! Meu pai foi dizer ao Harry que ficava feliz por nós sermos amigas... e o Harry disse que não sabia de quem ele estava falando.

— Oh!

— ... Pode rir, tudo bem eu mereço! Eu só queria ser amiga dos Potter, eu sou uma pessoa muito má, por isso? Talvez, mas, você não sabe como os meus pais ficaram orgulhosos por saber que eu era a melhor amiga de Lilian Potter! Tá, princesa sonserina, pode rir...

— Sheryl eu não... eu não vou rir de você... quer dizer, eu entendo você....

— Entende?

— Claro, todo mundo já mentiu alguma vez pra impressionar alguém, os pais ou... Alguém... — Lilian lembrou de Oly Wood, e de todas as não-verdade que já tinha dito pensando em impressioná-lo, escrevia cartas para ele contando coisas que nunca tinham acontecido; e mais mentia o tempo todo pra si mesma, namorava Rubinho mais para fazer a felicidade dele e dos pais que ficavam tranquilos por pensarem que ela estava bem, e para tentar esquecer Oly de vez, do que por ser apaixonada por ele, o que era completamente errado, principalmente com Rubinho.

— Até você já mentiu para impressionar alguém? Fala sério, Lilian! Você impressiona qualquer pessoa!

— Na verdade não é bem assim, Sheryl... às vezes eu... eu não sei, sabe? Quer dizer, você tem razão, o simples fato de ser Lilian Luna Potter já impressiona, mas eu não queria que as pessoas gostassem de mim por ser Lilian Potter, entendeu, mas por ser Lilian, só que eu não consigo ser apenas eu mesma. Nossa que complicado, né?

— E como! Você é a garota mais incrível dessa escola, Lilian, e eu não acho que seja só por que você seja Lilian Potter. Eu acho que, tipo, deve ser complicado ser filha do Harry Potter, quer dizer, ele é o maior bruxo de todos, ele derrotou você sabe quem, bom, isso não é pouca coisa, enfim, você poderia ser a pessoa mais metida do mundo, mas não é. Então, eu acho que é por isso que todo mundo gosta de você — menos o Oly, pensou Lilian.

— Obrigada, Sheryl, eu não mereço que você diga essas coisas sobre mim.

— Não, claro que merece. Eu sei que sou um boba, muitas vezes exagerada, mas eu queria que eu e você fossemos amigas de verdade, acho que nós temos muito em comum sabe?

— Temos?

— Além de pais famosos — Lilian lembrou que o pai de Sheryl era um conhecido escritor. — Mas tudo bem, eu entendo, a gente não vai se transformar em melhores amigas de uma hora para outra, mas sempre que você precisar conversar com alguém, pode acreditar que eu estarei à sua disposição, Lilian.

— Obrigada, Sheryl, eu, eu vou me lembrar disso. E, ahm, desculpe pelo meu pai ter estragado as coisas, ele faz isso as vezes. É, tchau — Lilian foi direto encontrar Rubinho, que assim que a viu abraçou e girou-a no ar. — Para, me põe no chão! — ele deu um beijo e colocou Lilian de volta ao chão.

— Que foi?

— Eu conversei com a Sheryl.

— Você conversou com a Sheryl? Sobre o que? — sobre você é, claro, Rubinho pensou.

— Uma conversa estranha para falar a verdade. É que, pareceu que por um momento eu e ela seriamos amigas, sabe?

— E isso seria assim tão ruim?

— Não, mas, ela é a Sheryl! Ela me assusta! — Lilian sorriu. — Eu sou uma pessoa estranha, não sou?

— É. Eu amo você! — Rubinho voltou a beijar Lilian, daquele jeito que a deixava sem fôlego, uma coisa a garota tinha certeza, talvez não fosse apaixonada por Rubinho, mas adorava os beijos dele.

— Ah... Rubinho... Alguém... Pode... Chegar... — Lilian dizia, mas não conseguia, ou não queria se soltar dos braços dele.

— Tudo bem, eles não vão voltar tão cedo...

— Anham... — Lilian desistiu de protestar ou de resistir, pensando bem, talvez fosse apaixonada por Rubinho, se não como explicar aquilo que estava sentindo? Ela não sabia, mas era bom demais para parar, mas a alegria dos dois durou pouco, quando uma voz conhecida soou do lado de fora da cabana.

— Hagrid?

— Oh não!

— Essa não! — se afastando rapidamente de Lilian, com seu jeito estabanado, Rubinho derrubou a cadeira que encontrou no caminho, e não conseguiu evitar ficar vermelho; Lilian estava recolocando as roupas. — É o Harry!

— Meu pai! Mas o que ele está fazendo aqui?

— Eu não sei.

— Hagrid! — Harry chamou mais uma vez.

— Já vai. Só um minuto — Rubinho esperou que Lilian terminasse de vestir a blusa, e depois que ela prendeu os cabelos abriu a porta para o padrinho. — Harry!

— Rubinho! O seu pai não está aqui?

— Não. Ele não... está... aqui... — Rubinho esperava que talvez Harry nem quisesse entrar, mas o padrinho já ia entrando enquanto falavam.

— E onde ele foi?

— Não... sei...

— Eu precisava falar com... o que foi, Rubinho, você parece, estranho... Lilian, você está aqui!

— Oi, papai, eu estou aqui — Lilian conseguia disfarçar muito melhor que Rubinho, estava segurando um dos livros que ele tinha derrubado e fez a cara mais dissimulada que conseguia. Ela mente bem, pensou Rubinho.

— Eu precisava falar com o Hagrid, você dar o recado quando ele voltar, Rubinho?

— Claro, claro, pode deixar.

— Ok. Bom, então, eu já vou; e você, Lily não demore a voltar para o castelo, está anoitecendo.

— Tá — Harry foi embora depois de um olhar de sobrancelha arqueada; Rubinho fechou a porta e suspirou aliviado; Lilian estava rindo.

— O que é engraçado?

— O papai. E você.

— Eu não achei engraçado.

— Eu achei. Não sei qual dos dois estava mais vermelho!

— Para com isso, Lily. Poxa!

— Tudo bem, Rubinho, relaxa, não aconteceu nada.

— Ah, eu amo tanto você, Lily.

— Eu... ahm... eu... acho melhor voltar ao castelo, antes que o papai volte aqui, e daí complique as coisas, você sabe, ele faz isso as vezes.

— Anham.

— Então, tchau — Lilian deu um beijo rápido no rosto de Rubinho e se virou para sair, mas parou na porta e voltou a falar com ele. — a gente pode continuar depois, de preferência num lugar que não corra o risco do meu pai aparecer — a garota abriu um sorriso, um daqueles mais lindos que ela conseguia, e isso não era pouca coisa! E deixou Rubinho vermelho mais uma vez, Lilian adorava aquele jeito meigo dele, e antes de sair na direção do castelo voltou e lhe deu um beijo.