Loreley saiu da sede dos White Tigers e caminhou até seu apartamento; não tinha mais o que fazer, não ia mesmo aparatar para a Rússia, para um lugar que ela não fazia ideia de onde ficava, seria perigoso demais.

Naquela noite Tiago venceria mais um jogo e mais uma vez ia comemorar com Natasha, não havia nada que ela pudesse fazer. Entrou no apartamento e a única coisa que lhe parecia certa era que deveria pegar as coisas e sumir dali o mais rápido possível, mas não teve forças para sair; não tinha mais força pra nada, apenas se deixou cair na cama e ser consumida pela dor.

Pesadelos terríveis perturbaram seu sono e ela não teve noção do que aconteceu, nem de quanto tempo passou; mas quando abriu os olhos encontrou os olhos verdes de Tiago; ele estava sentado na poltrona ao lado da cama. Loreley tentou se levantar mas sentiu uma tontura, e voltou a encostar a cabeça nos travesseiros; fechou os olhos e teve medo que ele sumisse; voltou a abri-los; ele continuava ali, agora mais perto.

— Tiago... — falou e sua voz saiu fraca, apenas um sussurro.

— Tudo bem, eu estou aqui, tudo vai ficar bem, eu cuido de você agora, meu amor —ele estava tão perto que Loreley pôde sentir seu cheiro e calor da sua respiração; ele segurou sua cabeça carinhosamente com uma das mãos e com a outra a fez beber alguma coisa de um copo; o gosto não era bom, mas Loreley se sentiu melhor depois de beber o líquido; e mais uma vez voltou a dormir; e isso se repetiu outra vezes.

Cada vez que acordava ele estava ao seu lado, era reconfortante sentir seus braços fortes lhe envolvendo e protegendo. Loreley só acordou consciente no dia seguinte; cinco dias depois que Tiago tinha viajado para a Rússia.

— Tiago, você está aqui? De verdade, então não foi um sonho.

— Como você está se sentindo?

— Não sei, um pouco estranha... minha cabeça... o que aconteceu?

— Quando eu voltei para casa dois dias atrás encontrei você desmaiada e ardendo em febre — Loreley percebeu que os olhos dele estavam vermelhos e cheios d’água.

— Eu não me lembro de nada. Eu não sei o que aconteceu.

— Eu só tive medo que... tive tanto medo de perder você.

— Me perdoa...

— É minha culpa, você não tem que pedir perdão por nada.

— Mas eu não lembro, o que aconteceu?

— Eu não sei, o médico disse...

— Médico?

— Eu não sabia o que fazer, você estava morrendo praticamente e eu não pude fazer nenhum feitiço para impedir, então, foi a única coisa em que pensei; então o médico disse que você teve febre e desidratação, você também ficou muito tempo sem se alimentar... não importa mais, o que interessa agora é que você está bem, e nunca mais eu vou te deixar sozinha.

— Ok, eu vou cobrar essa promessa.

— Eu já perdi a conta de quantas vezes te pedi desculpas desde que a gente se conheceu, mas... eu queria pedir desculpas mais uma vez.

— Tá...

— Eu duvidei de você, e pensei que... quer saber, eu estava tentando justificar meus próprios erros, e...

— Tiago, o que quer que tenha acontecido, não importa, não me conte.

— Eu só quero que você saiba que eu te amo, eu juro.