Hogwarts, Outra História escrita por The Escapist


Capítulo 44
Capítulo 44




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Tiago saiu da casa dos pais e foi aproveitar o tempo livre em Hogsmeade no Três Vassouras. Lá continuou lendo o diário de Loreley, que fazia questão de carregar na mochila para todos os lugares que ia. Agora já estava quase na metade do diário, e não conseguia parar de ler.

Hoje foi legal. Eu ganhei um chapéu muito engraçado e conheci um lugar incrível, onde tem tudo pra bruxos, se chama Beco Diagonal, fica um pouco longe, mas é muito bom lá.

Depois de ler mais algumas páginas, Tiago chegou a parte mais “marcante” —classificada por Loreley — do diário, a morte dos pais dela.

Nunca pensei que eu escreveria isso... Hoje eu me sinto a pessoa mais sozinha do mundo. Eu acordei e sabia que isso ia dar errado, não deveria ter deixado eles irem... Eu perdi as pessoas mais importantes da minha vida, eles nunca mais voltarão, eu vou estar sozinha pra todo o sempre e ninguém nunca vai me amar como eles me amaram, ninguém nunca vai me fazer feliz como eles fizeram, e tudo isso por culpa minha... Eu perdi tudo que eu mais amava, eu os quero de volta, daria qualquer coisa pra isso, até essa droga de magia, que não serve para nada e que só vai me atrapalhar. Como eu vou viver? como vou cuidar da casa? Não quero vovó e vovô... vai ser um horror, eu não gosto dessa casa, nem dos bombons que a minha vó faz, eu quero meu quarto, meu chapéu, meus sapatos, quero mamãe e papai de volta, quero que volte o tempo... mas, mas, a droga dessa varinha não faz isso, não faz, eu odeio magia, eu odeio...

Eram mais de duas páginas, sobre um único dia, e essas páginas estavam borradas, com manchas que pareciam lágrimas — e realmente eram — recheadas de muita dor, tristeza, culpa, solidão e algum sentimento muito forte, parecia ódio, ódio de uma coisa que era inevitável, ódio de si mesma misturado a culpa, que a tornavam deprimida, frágil, indefesa, infeliz.

Tiago tremeu em pensar em Loreley daquele jeito, e continuou a leitura.

Estou totalmente deprimida. Não há nada que mude essa situação. Hoje eu fui até minha casa, pegar minhas coisas, deu vontade de me trancar lá dentro e... E morrer também. Vou morar com os meus avós, coitados deles, estão fazendo de tudo pra me agradar. Humpf, não vão conseguir.

Estou morando na Londres trouxa, indo pra escola e jogando futebol, me sinto tão vazia, que dá pra ouvir até o oco dentro de mim enquanto eu jogo.

Em menos de uma hora Tiago já estava em mais da metade do diário, ainda tinha muito tempo até voltar para escola, então terminaria hoje de lê-lo. As informações agora eram vazias, e menos tristes, nelas havia uma necessidade muito grande de ocupar esse vazio e como Loreley havia crescido, os sentimentos se tornavam mais fortes e intensos, agora que além da solidão, a rebeldia estava presente mais forte do que em qualquer adolescente de catorze anos.

O cara mais popular da minha escola me convidou pra sair, não tenho nada pra fazer, então aceitei, mesmo sem motivo, afinal não poderia gostar de alguém como o Josh, mas, tirar uma onda com ele pode ser divertido.

Ontem foi tudo. O Josh é um completo idiota e está caído por mim, agora eu vou poder dar uma lição naquele babaca. O lado ruim foi a vodca que me deixou um pouco mau, meu estomago está uma droga, e eu tenho que ficar boa logo, antes das seis, hoje eu vou ao cinema com o Gabriel do segundo ano, não vai ser melhor, também não gosto dele, não poderia gostar de alguém como o Gabriel, mas não posso ficar em casa, vovó fica dizendo o tempo todo “você parece a sua mãe”, ah, ela não sabe como isso dói. Acho que vou beber de novo, a vodca me faz esquecer a dor.

Os pensamentos de Tiago eram totalmente confusos agora, o que ela queria da vida, morrer? Quem começa a beber aquilo aos catorze anos? Se fosse pelo menos cerveja amanteigada... ele pensou, e voltou a atenção para o diário.

Eles não param de falar em Hogwarts, será que não entendem que eu não posso ir pra esta escola? Sei que me amam e querem o meu bem, mas, poderiam entender que ficar longe de qualquer coisa que lembre meus pais é a melhor coisa? E Hogwarts com certeza me faria lembrar deles...

Papai, como eu sinto sua falta...

As pessoas na escola agem como se me conhecessem, mas não podem fazer ideia... acham minhas roupas legais, riem das minhas piadas, não sabem que eu estou morta...

Minerva McGonagall esteve aqui em casa, vovó ficou encantada por ver uma bruxa tão famosa; estava tentando me convencer a ir para Hogwarts, não pude ouvir nada, ela também não entende... ela também me lembra meu pai, ele sempre falava de McGonagall com admiração.

Ontem eu fui à uma festa com o pessoal da escola, todos foram embora mais cedo, e acho que acabei me perdendo depois. Dois caras mal encarados me seguiram pela rua; foi terrível, senti muito medo, queria gritar, chamar por meu pai, mas era inútil. Eles estavam muito perto, poderiam me matar... senti medo, como se minha alma estivesse desaparecendo, e raiva, muita raiva. Aqueles homens eram ruins, muito ruins, não eram como o papai... eles estavam muito perto, e um deles tentou me tocar, eu gritei e ele riu, debochando da minha cara. O que uma garota poderia fazer contra três caras como eles? Eu corri, mas estava num beco sem saída, literalmente, não havia mais nada a fazer, nada, a não ser desejar uma morte rápida e sem muita dor... se eu tivesse uma varinha... Mais uma vez a droga da magia não ia me salvar; quando eu pensei que tudo estava acabado uma coisa aconteceu... fogo... as latas de lixo incendiaram de repente, era eu, eu estava fazendo aquilo, não sei como, não usava meus poderes mágicos desde que meus pais morreram, mas aquilo era impossível... eles estavam assustados, e foi tão prazeroso vê-los com medo, medo, de mim. Seja lá o que pretendiam fazer, eles desistiram, e foram embora, e eu... chorei...

— Tiago? Tiago? — Tiago estava quase sem fôlego com a narrativa de Loreley e nem se dava conta que Louis estava ao seu lado. — Hei, que livro é esse que está pretendo tanto a sua atenção?

— Louis, você tá aí há muito tempo?

— Não... tudo legal com você, Tiago?

— Claro, estou ótimo... só estou lendo, sobre, sobre táticas de quadribol, é isso, eu tenho um campeonato para ganhar, sabe? — Tiago conseguiu disfarçar e manter a conversa com Louis no campo de quadribol.

Depois de alguns minutos os outros colegas também apareceram e ele não pôde mais ler o diário de Loreley antes de voltarem a Hogwarts. Os bruxos estavam animados, discutindo a partida de quadribol que decidiria a casa campeã do ano, mas Tiago não estava mais participando da conversa, estava distante, estava pensando em Loreley, intrigado com todas aquelas coisas que ela escrevia, se tudo fosse verdade, e era provável que fosse, ela deveria sofrer muito, e sofrendo tanto como ela poderia viver?

A primeira coisa que Tiago quis fazer quando encontrou Loreley no salão comunal de Sonserina foi dizer que sabia de tudo e queria ajudá-la, mas na verdade não teve coragem.

— Loreley... — ela se virou e olhou para ele, era a primeira vez que se falavam depois da última discussão.

— Que?

— É que...

— O que foi, Potter? — sempre se fazendo de durona, pensou Tiago.

— Nada, eu só queria avisar que a gente vai estudar em grupo para os NIEMS, se você quiser...

— Tá — Loreley voltou a dar as costas a Tiago.

Ele resolveu que antes de falar qualquer coisa precisava terminar de ler o diário. Ao invés de ir se deitar, ficou no salão comunal depois que todos os colegas se retiraram. Abriu o diário de Loreley na página que tinha marcado.

Ontem foi mais uma noite terrível, mas um carinha sem graça, mais um porre, mais uma ressaca, mais um sermão do meu avô. Ele não entende... é a única maneira de esquecer a dor...

Depois da escola eu vou sumir, acho que será melhor para eles não ter que se preocupar comigo...

Vou para Godric’s Hollow, ficarei essas férias com vovô e vovó Gilmore... os verei pela última vez, depois dessas férias todos irão pensar que eu fui para a universidade, mas não é verdade...

O coração de Tiago disparou, Loreley estava pensando em morrer? Seria mesmo possível?

Estou em Godric’s Hollow, é como está sozinha, gritando sem ninguém ouvir; lá fora está frio, mas não deve ser pior do que ficar dentro de casa... aqui tudo lembra deles... está tudo aqui, as coisas que antes estavam na nossa casa agora estão no porão, encontrei a varinha que papai me deu, vovó me mostrou, ela não fez por mal, mas doeu muito, isso precisa parar, não posso mais aguentar.

Dentro de casa estava impossível, as paredes pareciam gritar e as vozes eram da minha mãe me mandando arrumar os brinquedos, fazer o dever... saí de casa pela primeira vez desde que cheguei aqui. É diferente de Londres, mas não é melhor, aqui as pessoas me olham quando eu saio, isso não é bom... fazia mais de dez anos que não andava por aquelas ruas, da última vez eu andei aqui tinha apenas quatro anos, a lembrança era apenas uma mancha, algo indefinível, mas eu lembro da mão do meu pai segurando a minha...então eu vi a mesma cena repetida, ele sorrindo, segurando minha mão, mas a garotinha não era eu, ele não era o meu pai... eles estavam tão felizes, eu senti inveja...passaram por mim, pai e filha, acho que já tinha visto aquele rosto antes, mas não consegui lembrar. Ele disse ‘bom dia’ cordialmente, eu mal respondi, era pesado demais aceitar que eles fossem felizes e eu não pudesse ser...

Quem disse que inveja é um sentimento ruim? A inveja me mantinha em Godric’s Hollow, me impulsionava a sair de casa todos os dias e esperar que aquela família passasse; era como um vício, algo meio masoquista é verdade... e lá vinham eles. Um dia pai e filha, às vezes mãe e filha, a família toda... Eram os Potter, o casal com os filhos mais novos, vovó me disse que eles tem um filho da minha idade, como se isso significasse alguma coisa pra mim e pareceu ofendida quando eu disse que não sabia quem eram os Potter. Vovô tentou me contar a história, mas eu não estava interessada, fosse qual fosse a incrível história dos Potter não poderia ser pior que a minha...

Chega um momento na vida que a gente tem que decidir, viver ou morrer... eu decidi viver, embora não esteja muito certa se essa é a decisão certa, penso nos meus avós e acredito que eles também sofreram com a morte dos meus pais, e continuam me amando e se preocupando comigo, talvez não seja o momento de deixá-los...

Três semanas em Godric’s Hollow e eu não conheci ninguém, já não sei se viver foi uma boa escolha. Vovó fica me dizendo que eu deveria tentar fazer amigos, eu concordaria com ela se tivesse alguém com mais de cinco e menos de vinte anos naquela cidade, é claro que fazer amigos nunca foi uma coisa simples para mim, ainda mais amigos bruxos...

Estava na hora de fazer alguma coisa, pelo menos tentar agir como uma pessoa normal; depois de dias sem falar com ninguém além de responder com ‘sim’ ou ‘não’ às insistentes perguntas dos meus avós, eu pensei que teria até dificuldade em falar com alguém, principalmente quando eu lembro de quem eu escolhi pra falar... Hoje os Potter não passaram como de costume, nem o pai, nem a mãe, eu saí andando pela rua, pensando que talvez pudesse vê-los em algum lugar. No caminho outra pessoa me chamou a atenção... era praticamente a primeira pessoa da minha idade que eu encontrava em Godric’s Hollow, ele não parecia feliz então eu pensei que alguém infeliz e propenso a cometer suicídio seria um amigo perfeito para mim... o fato é que eu estava enganada... cheguei perto, disse ‘oi’ me apresentei, ele era um bruxo, isso eu percebi pela desconfiança com que me olhou, o olhar dele tinha alguma coisa de mágico, isso era claro. Se eu não estivesse tão desesperada pra ter com quem conversar, alguém que não me fizesse lembrar coisas ruins, teria ido embora, mas resolvi ficar e arriscar... pra ganhar a confiança dele disse que era bruxa... as coisas não melhoraram quando ele disse que era Tiago Potter — o filho mais velho dos Potter, a família perfeita e feliz — como eu tenho inveja dos Potter! Me arrependi de ter ido até lá, é claro que Tiago Potter não poderia ser meu amigo, fingi ignorância, disse que não sabia nada sobre os Potter, nem muito sobre o mundo da magia, que não gostava de ser bruxa, talvez se ele soubesse que nem todo mundo amava os ‘perfeitos Potter’ se sentisse mal, e isso me faria bem... a minha tática não durou muito tempo, por que os olhos dele me hipnotizavam, me deixavam sem saber o que fazer... era uma sensação estranha que eu não saberia explicar, uma sensação que me fez convidar Tiago Potter pra sair! Essa foi de longe a coisa mais estúpida que eu já fiz, eu não deveria brincar com um bruxo chamado Potter. Mas agora é tarde, eu não posso voltar atrás, mesmo que quisesse, meu instinto masoquista me impediria de parar...

Encontrar o próprio nome no diário de Loreley foi uma surpresa para Tiago, estava alucinado, lembrando do dia em que a conheceu, pensava que Loreley era maluca; ver as coisas pela ótica dela era diferente. Para ele aquela noite em Londres tinha sido divertida, diferente, talvez para ela não tivesse o mesmo significado.

Foi provavelmente a coisa mais estúpida que eu já fiz... eu fui para Londres, e levei o Tiago Potter comigo, eu não sei como aconteceu, mas foi divertido e eu nem precisei beber para que fosse assim...

Talvez não tenha sido mesmo uma boa ideia conhecer Tiago Potter, agora ele não sai da minha cabeça... não é mais inveja, é apenas vontade de vê-lo, ouvir sua voz, seu sorriso, como um momento que durou tão pouco faz tanta diferença?

Não o vejo mais, não sei o que aconteceu... na certa o Tiago era apenas uma miragem, um imaginação da minha cabeça doente...

Não posso ficar em Godric’s Hollow sem a esperança de ver o Tiago outra vez, agora que eu sei que ele está na escola... então eu vou para Londres...

As páginas seguintes no diário de Loreley estavam escritas apenas datas e os nomes dos dias da semana; cinco páginas escritas assim, Tiago só adivinhou o que as datas significavam quando passou para a próxima página escrita. As datas eram os dias, dias em que não acontecia nada, portanto não havia o que escrever.

Meus avós acham que eu enlouqueci, querem me internar, talvez eles achem que eu estou usando drogas ou algo do tipo...se é tão importante para eles que eu saia de casa, então eu vou sair.

Encontrar alguns ex colegas de escola era a única alternativa, o que não serviu pra muita coisa, eles não eram interessantes na escola, não é diferente agora que estão na universidade...

E o meu encontro com o Josh foi um desastre, pra ele que levou um soco quando tentou me agarrar.

Agora que a minha sanidade mental é uma dúvida para os meus avós a situação fica mais difícil... escuto os cochichos dos dois, estão preocupados de verdade...esperam que eu volte a estudar, mesmo que seja em Hogwarts.

Vou voltar a Godric’s Hollow, eu sei que as aulas em Hogwarts acabaram, tenho esperança de encontrá-lo.

Já estou aqui há dois dias, e não vejo o Tiago em lugar algum...

Pode parecer loucura, mas eu não consigo evitar, alguma coisa me alucina, eu preciso vê-lo de algum modo, vou à casa dos Potter!

Senti um dor enorme quando entrei lá... a casa tão arrumada, limpa, com ar de alegria, de família feliz... um dia eu vivi numa casa como aquela. Foi a Sra. Potter quem abriu a porta; eu me arrependi de ter ido lá, a felicidade dela me incomodou — por que ela podia ser feliz e minha mãe não teve o mesmo direito? Ela não pareceu ir com a minha cara, mas isso não é surpresa, eu não sou mesmo uma pessoa sociável, mesmo assim me disse onde o Tiago estava. Acho que a Sra. Potter não quer que eu vá atrás do filho dela, mas ela pode ficar tranquila, eu não vou mesmo, prefiro que ele venha até mim; escrevi uma carta ao Tiago, convidei ele pra ir pra Londres comigo, se meus outros avós me virem com alguém, talvez parem de pensar que eu enlouqueci.

Estou em Londres outra vez, esperando o Tiago, pode parecer loucura mas alguma coisa me diz que ele vem. O lado bom de pensar nele é que as lembranças dolorosas ficam longe, pensar no Tiago é o meu remédio.

Tudo estava perfeito, mas eu estraguei... eu sabia que ele vinha, não sei como eu sabia, mas sabia... e ele veio; a ideia de mostrá-lo aos meus avós não parecia boa, resolvi sair de casa antes que eles percebessem a presença de Tiago; fui para o primeiro lugar que me veio à cabeça, corria o risco de encontrar conhecidos, coisa que eu tentava evitar. A paz que eu esperava encontrar quando estivesse com ele não veio, eu sentia adrenalina, tentava parecer natural, mas minhas tentativas deram ao Tiago uma impressão errada a meu respeito.

Eu nunca tinha sentido algo parecido na vida, de repente minhas mãos estavam suando, minha barriga dava voltas, meu coração acelerado, e tudo por que ele estava ao meu lado; eu estava nervosa e resolvi beber pra ajudar.

Primeiro o céu... quando ele me beijou, na verdade eu o beijei primeiro, mas ele me beijou também, foi incrível, eu nunca tinha beijado alguém daquele jeito... enquanto ele me beijava a adrenalina estava aumentando, eu estava com medo, estava nervosa, talvez não estivesse preparada para o que poderia acontecer se ele continuasse me beijando daquele jeito... foi o excesso de vodca que me fez estragar as coisas.

Quando tudo parecia caminhar para um final feliz, se é que tal coisa existe, ele resolveu ir embora; eu estava bêbada, e resolvi provocá-lo; não adiantou, ele foi embora mesmo assim, eu voltei a beber, e encontrei o Josh no bar, tão bêbado quanto eu...

Maldito Josh! Ou eu teria beijado ele mesmo sem o alto teor de álcool no meu sangue? Enquanto eu beijava o Josh lembrava do Tiago, tentava fazer o beijo ter o mesmo efeito sobre mim, mas era inútil, beijar o Josh era como beijar uma tábua, talvez a tabua tivesse mais emoção... quando o Tiago voltou, eu queria que ele não tivesse visto aquilo, mas as coisas nunca acontecem do jeito que eu quero.

Foi horrível, ele me disse coisas horríveis, talvez com razão, e ficou magoado, eu o magoei sem nenhum motivo... o que eu poderia dizer ao Tiago naquela hora? Que fiquei com raiva por ele não ter me convidado pra passar a noite com ele? Isso não ia mudar a impressão dele a meu respeito, o desprezo dele e meu porre me irritaram.

Se ele soubesse, se pelo menos ele soubesse... ele sentiria pena de mim, e essa é a última coisa que eu não quero na vida, principalmente dele.

Eu não acredito em destino, por isso pensei que depois daquela noite nunca mais veria o Tiago Potter, mas aquilo estava apenas começando...

Eu sou uma pessoa ridícula, estúpida de verdade, resolvi ceder à insistência dos meus avós bruxos e ir estudar em Hogwarts, por um motivo nada nobre, pra poder encontrar o Tiago, ah, sim eu sou mesmo uma pessoa ridícula e estúpida, é o meu jeito, não posso evitar.

É possível alguém gostar de sofrer?

Ela estava lá, intocada desde que meus pais morreram, minha varinha. Tocar nela fez meu peito doer, a lembrança do meu pai era forte demais, eu trocaria a vida inteira só pra poder vê-lo outra vez, claro que trocaria...

Mudar de escola já não é uma coisa agradável no mundo de pessoas normais, imagina como vai ser quando eu chegar em Hogwarts?

Resolvi adotar a tática da indiferença, demonstrar fraqueza só me tornaria ainda mais fraca, e isso vale para o Tiago também, principalmente pra ele. Não faço ideia do que vai acontecer quando eu me encontrar com ele, de qualquer forma, eu vou tentar esquecer o que aconteceu em Londres, começar uma nova história.

Eu não acredito em destino, mas algumas coisas que acontecem são mesmo estranhas... já cheguei a Hogwarts, é mesmo um lugar incrível, não sei se é o meu lugar...a professora Minerva foi boa comigo, disse que vai me ajudar com a adaptação à escola, que um dos melhores alunos me ajudaria com as matérias, o nome dele, Tiago Potter... eu gelei...

Tiago parou de ler, dali para frente conhecia a história — pelo menos o seu lado; aquilo era mesmo muito estranho, talvez Loreley tivesse razão, ela era uma pessoa ridícula e estúpida!

Sabe o destino? Me colocou na casa de Sonserina, a mesma dos meus pais, a mesma de Tiago...

Foi um dia terrível, não fui pra nenhuma aula, fiquei meio que escondida no dormitório, ansiosa pela hora que vou ver o Tiago. Algumas pessoas já me viram, talvez ele já esteja sabendo que eu estou aqui.

Tentei ser natural, um pouco indiferente, mas estava nervosa... alguns dos alunos pareciam legais, falaram comigo, cada vez que a porta abria, meu coração pulava diante da expectativa de vê-lo... e quando aconteceu foi pior do que eu imaginei que seria, ele me odiava, pior, me desprezava... desprezo não é um sentimento legal.

Estar apaixonada já é uma coisa terrível, estar apaixonada pelo Tiago Potter, faz de mim a pessoa mais ridícula, estúpida, idiota do mundo inteiro!

Eu desisti de estar apaixonada, como se isso fosse possível...

Eu odeio a Rose Weasley... ela deve se achar a pessoa mais feliz do mundo...

Eu sabia que vir pra essa escola não era uma boa ideia... a dor me persegue, e a única coisa que faz ela passar é estar perto do Tiago, mas isso também é difícil, não sei o que ele pensa de mim, não sei como agir com ele, não sei o que fazer, estou tão sozinha.

Além de ser uma pessoa ridícula, estúpida e idiota, acho que eu vou enlouquecer, isso vai acontecer se eu continuar em Hogwarts...

Eu disse a Minerva que queria ir embora, claro que ela pediu que eu esperasse mais um pouco, aceitei, mais por não ter força pra argumentar do que por vontade...

Acho que o professor Mears é um idiota, pensa que eu não conheço todas aquelas poções idiotas, minha mãe era muito melhor que ele em se tratando de Poções...

Depois de hoje, eu tive vontade de ir embora, o Mears me mandou pra fora da aula, só por que eu não sabia quais os ingrediente pra poção do morto vivo.

Asfódelo e losna, idiota!

Eu chorei e quis morrer, nada de novo pra mim, mas o Tiago apareceu, e despertou aqueles sentimentos estranhos, eu o amo e odeio ao mesmo tempo, acho que vou enlouquecer, de novo...

Chega um momento na vida que a gente tem que resolver, viver ou morrer... eu resolvi viver... talvez eu nunca consiga me livrar das minhas esquisitices, mas eu vou tentar; eu vou tentar esquecer o Tiago, pelo menos aceitar que ele seja apenas meu amigo, talvez começar a fazer outros amigos.

Já faz dias que eu não escrevo, é verdade, me sinto egoísta, tenho dividido com você todos os meus maus momentos, agora que as coisas não estão tão ruins abandonei... desculpe, sou uma pessoa má. Em resumo tudo está normal, depois de muito tempo na minha vida posso me considerar normal, algumas pessoas da escola falam comigo, a maioria são garotos, é verdade, parece que eu intimido as garotas, talvez seja por que eu sou muito linda! Estou mesmo de bom humor, incrível!

Visita a Hogsmeade, uma cidade inteira de bruxos, não é como em Godric’s Hollow onde vivem alguns trouxas, lá todos são bruxos; já ouvi falar de Hogsmeade, mas nunca fui lá...

Eu me diverti em Hogsmeade, por incrível que pareça; não foi com o Tiago, infelizmente ele estava mais ocupado com a namorada dele; os garotos do time estavam muito animados, então eu tive a ideia de chamá-los para duelar; duelo de bruxo era uma das coisas que eu mais tinha vontade de ver, nunca tinha duelado antes, foi incrível, eles nem perceberam, talvez eles estivessem olhando mais para as minhas pernas e por isso foi tão fácil derrotar todos.

O Tiago agora me ignora, acho que é por causa da namorada dele, a Leah, não sei como ele pode gostar dela, ela é tão estúpida, ah, esqueci que a estúpida sou eu.

O Clube de duelos é incrível, pena que o Tiago não vai junto... acho que estou me transformando numa bruxa de verdade...

Tiago me disse coisas horríveis, de novo... acho melhor me afastar dele, se é o que ele quer...

Todos se foram, é férias em Hogwarts, vou ficar aqui...

Eu tentei ficar longe dele, mas não consigo, ele é meu vício, ele é egoísta e infantil, mas não posso evitar, preciso ficar perto do Tiago...infelizmente ele não pode ser nada mais que meu amigo. Amigo, pelo menos eu posso ficar perto dele...

Duelar com o Tiago foi a coisa mais estúpida e ridícula que eu já fiz na vida, é verdade já disse isso antes, mas dessa vez eu consegui superar...eu sabia que não poderia derrotá-lo, mas o vício é muito forte... eu perdi a aposta e ele me levou pra voar... claro que voar é uma coisa terrível, mas voar com o Tiago, foi como estar nas nuvens, literalmente... eu quase estraguei tudo de novo... minha vontade era falar tudo que eu sentia naquele momento, e eu quase fiz isso... felizmente eu parei há tempo... e ouvi ele dizer que quer ser meu amigo, a amizade é tudo que eu posso ter do Tiago Potter.

Aquela Leah retardada veio com uma conversa muito doida pra mim, não é minha culpa se o Tiago não gosta dela, bem que eu queria que fosse, mas eu sei que não é, por que ele só consegue gostar da Rose Weasley, aquela sonsa fingida... mas a Leah levou uma boa surra, talvez ela aprenda a não se meter comigo, bruxa ou trouxa, eu não nasci pra levar desaforo pra casa.

Ok, eu não odeio mais a Rose Weasley... ainda acho ela sonsa e fingida, mas não é culpa dela também que o Tiago seja obcecado por ela...

Noah Willians é nojento, me lembra o Josh...

Eu não gosto da Leah, mas também não acho bacana o que o Tiago está fazendo, eu queria que ele terminasse com ela logo, talvez....

Se ele soubesse, se pelo menos ele soubesse...

Eu ainda tenho inveja dos Potter, principalmente depois que o Sr. Potter veio pra Hogwarts, eles sempre podem contar com o pai...eu queria que o Harry Potter fosse o meu pai, eu sei que não deveria dizer isso...

Acho que dessa vez é o fim de tudo, não posso mais ficar perto do Tiago, ele não faz mais a dor que eu sentia passar, agora ele é a dor...

Eu sempre pensei que todas aquelas coisas que ele falava era da boca pra fora, mas hoje... foi horrível... como eu não consegui conjurar um patrono na aula, fui pedir ajuda ao professor Potter, claro que ele foi muito bom e me ajudou, foi a primeira vez que eu lembrei do meu pai sem dor, estar com o Harry era como estar com ele, mas o Tiago apareceu e me olhou com tanto nojo, desprezo... desprezo não é um sentimento legal...

Agora eu não posso mais ficar perto do Tiago, isso é doloroso, não posso ver o jeito como ele olha pra Rose, só queria que ele me olhasse daquele jeito algum dia...

Tiago...

O Noah disse que tá a fim de mim, que palhaço, será que ele pensa que eu acreditei?

Tiago brigou com o Noah, não, não foi por minha causa, foi pela Rose...

Havia manchas na páginas, e Tiago podia adivinhar que eram lágrimas; era o último registro no diário, foi naquele mesmo dia que encontrou o diário de Loreley e guardou junto com suas coisas.

Desde aquele dia não se falavam, agora que sabia de tudo sobre Loreley, se sentia tão arrependido de tudo que tinha dito, se imaginasse o quanto ela sofria nunca teria agido daquela forma. Ou será que Loreley tinha razão, se ele soubesse, ia apenas ter pena dela? Se ele só conseguia ter ciúmes dela por que ela tinha uma história triste capaz de emocionar Harry.

— Eu sou mesmo um idiota — Tiago percebeu que já era de manhã quando terminou de ler, estava exausto, e resolveu matar aula, quando alguém perguntasse, diria que tinha ficado doente; foi para o dormitório e deitou quando os amigos estavam saindo para o grande salão. Enquanto descansava pensava no que faria depois.

Uma semana passou e Tiago não conseguiu resolver o que fazer, cada vez que via Loreley tinha vontade de conversar com ela, mas ficava sem coragem, até por que ela lhe evitava, se perguntava se aquilo estava sendo difícil para ela, talvez, talvez estivesse sofrendo muito, e não tinha ninguém com quem dividir a dor.


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